maio 26, 2010

Capítulo 365 – Horda




Anix e Lucano tentavam a todo custo tirar Orion de seu estado de catatonia. O guerreiro não respondia a qualquer estímulo, permanecendo absorto em seus próprios pensamentos. Vez ou outra o humano gritava desesperado, como se algo terrivelmente assustador o atacasse e tentava, de todas as formas, fugir correndo. Vez ou outra ele também alterava sua condição para um estado de fúria, no qual Orion tentava atacar quem quer que estivesse perto de si. E eram raros os momentos em que Orion voltava à lucidez, e estes não duravam muito, lançando a mente do rapaz novamente à loucura completa. Legolas e Nailo vigiavam as escadas, enquanto os demais descansavam, aguardando o momento de assumirem seus turnos de vigília. O grupo repousava no mesmo laboratório onde Nailo quase fora morto pelo monstro que tentara afogá-lo no barril. Nailo fumava seu cachimbo, pensativo, enquanto Legolas construía flechas de gelo para abastecer sua aljava já quase vazia. À exceção da situação de Orion, a noite corria tranqüila, até que os olhos de Legolas viram o perigo se aproximando.
_ Nailo! Avise os outros e venha aqui depressa – disse o arqueiro alarmado. Era visível a preocupação em seu rosto e em sua voz. – Vamos ser atacados.
O Guardião avisou aos companheiros e correu para a escada que lavava para baixo, vigiada pelo companheiro. Seus olhos viram uma horda de criaturas pútridas caminhando vagarosamente escada acima. Eram zumbis.
_ Chegou a hora! – disse Nailo com temor, sacando sua arma. Os zumbis foram se amontoando no piso inferior, tomando conta de todos os espaços enquanto se aproximavam perigosamente dos dois elfos. Liderando o batalhão de mortos-vivos, duas nuvens de vapor flutuaram ao lado de Legolas e Nailo. As fumaças se adensaram e transformaram-se em vampiros sedentos de sangue.
Legolas usou seus poderes para congelar o fosso da escada, para impedir que os zumbis chegassem até eles. Os vampiros o atacaram, ferindo seu corpo com suas garras pontiagudas. Um enorme cão cinzento de olhos escarlates surgiu de um portal de trevas, invocado pelos vampiros, e derrubou o elfo no chão enquanto suas mandíbulas rasgavam a perna do arqueiro. Legolas revidou com uma saraivada de flechas de gelo. Nailo ergueu sua espada, a bastarda que retirara de uma das armaduras que o atacaram no castelo de Zulil, e desceu a lâmina com vigor sobre o peito de um dos vampiros. O fio da espada penetrou superficialmente no peito da criatura, abrindo um corte pequeno que começou a se fechar velozmente. Anix apareceu na entrada da sala, disparando mísseis mágicos nos vampiros para ajudar os companheiros. Os demais já se aproximavam para combater, inclusive Orion que seguira Anix por instinto, sem entender o que acontecia.
Os zumbis chegaram ao gelo criado por Legolas e começaram a forçá-lo. Várias trincas surgiram na placa congelada, alertando os heróis.
_ Não temos muito tempo. O gelo não vai agüentar. Temos que sair daqui – gritou Legolas, disparando mais uma flecha no cão que o mordia. O animal tombou no solo pesadamente e desapareceu num turbilhão de sombras.
Nailo afastou-se dos vampiros, enquanto Legolas e Anix ganhavam algum tempo. Pegou em seu bolso um frasco de óleo mágico e o despejou na lâmina da espada. A arma começou a brilhar intensamente, ofuscando a todos. Nailo ergueu a espada e correu em direção aos vampiros. A luz, quase tão forte quanto o sol, fez os vampiros se esvaírem em fumaça e evadirem. Nailo os perseguiu pelo corredor até que as duas nuvens de vapor se desintegrassem por completo. O ranger não teve tempo para comemorar a vitória sobre os vampiros, pois o gelo que segurava a horda de zumbis não resistiu à pressão e quebrou.
Uma dezena de zumbis saltou para dentro da sala numa fração de segundo. Legolas os abateu com flechas, enquanto Anix queimava outros, que terminavam a subida da escada, com sua magia. Orion corria de um lado para outro no corredor, completamente fora de si, quando Nailo finalmente retornou à escada.
_ Recuem! – rugiu Nailo. – Eu vou segurá-los o máximo que conseguir.
_ Você não fará isto sozinho – disse Legolas. – Eu vou ajudá-lo. Anix, dê um jeito no Orion e prepare-se. Quando nós cairmos, será sua vez de lutar.
Uma centena de zumbis se atirou sobre os dois elfos. Mãos putrefatas e dentes apodrecidos agarravam os dois, rasgavam seus corpos já cansados de tantas batalhas. Legolas e Nailo revidavam com suas armas. O ranger retalhava, agora com suas espadas gêmeas, numa dança bela e mortal. O arqueiro perfurava os monstros com suas setas congelantes, criando estátuas tétricas que eram rapidamente pisoteadas pelos próprios companheiros mortos-vivos.
A horda foi ganhando terreno lentamente. Nailo e Legolas recuaram para o corredor, exaustos, deixando dezenas de corpos destruídos em seu encalço. Legolas lembrou-se de quando conheceram o ranger Mavastus, nas florestas de Tollon, quando ele sozinho derrotara um horda igualmente numerosa de goblins. Surpreendeu-se ao ver que a quantidade de corpos abatidos por ele se igualava à do amigo. Porém, estes inimigos eram imunes à dor e ao medo, e não paravam de chegar. O corredor já estava tomado de cadáveres caminhantes quando Legolas e Nailo, vencidos pelo cansaço, cederam lugar para Anix e Squall.
Dragão e elfo combateram com ferocidade, queimando os inimigos com seus sopros mágicos. Os inimigos continuaram avançando, ganhando terreno, sobrepujando o poder de fogo dos dois irmãos. Anix e Squall foram obrigados a também abandonar o combate, Squall com suas forças exauridas e Anix sem magias para usar e com todo o poder do cajado mágico esgotado. Lucano e Mexkialroy lutaram lado a lado com Luskan e os demais, até que suas forças também se esgotassem e Nailo e Legolas voltassem à linha de frente.
Cerca de uma hora se passou até que o último morto-vivo finalmente parou de se mexer. O corredor era um mar de cadáveres e os heróis, exaustos e cobertos de poeira e suor, mal se agüentavam em pé. Foi quando ouviram o som de passos vindo da escada lentamente. Como um filme em câmera lenta os heróis assistiram à chegada e mais um inimigo Aoket, a múmia que os jurara de morte, pisou confiante sobre os cadáveres no corredor, caminhando vagarosamente em direção ao grupo, saboreando cada momento da sua iminente vitória.
_ Maldito! – cuspiu Legolas. Disparou uma flecha, mas esta foi agarrada por Aoket e esmagada facilmente.
_ Temos que recuar! – disse Luskan, constatando o óbvio. O grupo começou a rastejar para trás, enquanto seu algoz avançava com um sorriso sádico no rosto coberto de ataduras.
_ Sam! Precisamos da sua ajuda! – gritou Anix. O colar de Orion brilhou uma vez mais. De dentro da jóia o bardo viu a gravidade da situação e agiu.
_ Fujam, amigos! Eu vou detê-lo! – Sam usou sua mágica para criar uma parede de tijolos entre seus amigos e a múmia. Uma ilusão que apenas serviria para ganhar alguns segundos e permitir que alguns escapassem com vida da fúria da múmia.
O grupo fugiu o mais rápido que pode para o cemitério onde havia ocorrido o reencontro com os genasis. Aoket continuou avançando em seu ritmo lento até a parede ilusória. Desferiu um soco contra a barreira, confiante em poder estraçalhá-la. Surpreendeu-se ao ver sua mão atravessá-la sem dificuldade e finalmente pode ver através da ilusão. A múmia entrou no cemitério onde os heróis permaneciam encurralados, exaustos e sem poderes.
_ Chegou sua hora! – gritou a múmia. O monstro correu até Anix numa velocidade surpreendente. O punho envolto em faixas golpeou o peito do mago, Anix empalideceu e sentiu que desmaiaria a qualquer instante.
Então, Orion que até aquele momento não passava de um fardo, teve um breve surto de sanidade. O guerreiro saltou por cima dos companheiros e se atirou sobre Aoket. A múmia esquivou facilmente, deixando o corpo do humano estatelar-se no chão de terra. Este foi seu primeiro erro. Orion agarrou-se às pernas de Aoket, impedindo-o de avançar até seus amigos. O guerreiro sacrificaria a própria vida se necessário, para permitir que seus amigos exaustos pudessem escapar. Mas não houve fuga.
Nailo e Squall avançaram contra o inimigo. Squall saltou sobre ele, pousando em suas costas e agarrando seu corpo poeirento. Nailo juntou-se a Squall e Orion, prendendo os braços e as pernas de Aoket.
_ Isto termina aqui! – rugiu Legolas, disparando sua última flecha contra o elmo de Aoket. A peça voou para longe da cabeça de seu dono, garantindo que este não fugiria novamente. ­– Anix! Agora!
Anix pulou diante de Aoket com um sorriso de escárnio nos lábios. Ergueu a mão direita, exibindo uma pequena e inofensiva pulseira de flores que um instante antes estava no pulso de Legolas.
_ E agora você morre de vez! – Anix segurou a pulseira com as duas mãos, alargando-a o máximo possível e a colocou no pulso de Aoket, que estava firmemente seguro por Nailo e Squall.
O mago saltou para trás, Squall voou para cima, Nailo pulou de lado e Orion, já novamente imerso em loucura, apenas ficou deitado no chão. Aoket recuou um passo, seu corpo movendo-se com dificuldade. A múmia levou a mão ao pulso com as flores, mas não conseguiu completar o movimento. Seu corpo inteiro ficou paralisado, seus olhos tétricos em uma expressão de pavor. O corpo da múmia desmanchou-se numa nuvem de pó amarronzado que se precipitou no solo, misturando-se à terra que o formava. Restou apenas uma pequena trança de flores no chão que foram murchando até também desaparecerem completamente. Ironicamente o que trazia a vida para as criaturas normais, trazia a morte para os não vivos. E assim terminava finalmente a longa existência de Aoket, o honrado campeão de Ashardalon.

maio 25, 2010

Capítulo 364 – Adeus a um amigo – terrível armadilha




_ Mestre! Mestre! – repetiam os animais, com devoção. Compadecendo-se das pobres criaturas, Squall lhes deu permissão para irem embora. Antes, porém, o Vermelho aproveitou a oportunidade que surgira.
_ Eu sou seu mestre – vociferou Squall para os macacos. Todos se encolheram instintivamente, cobrindo seus rostos com seus dois pares de mãos. – Vocês estão livres a partir de agora. Mas antes de irem embora, quero saber o que há lá embaixo. Quantos andares faltam para nós chegarmos até onde está o antigo mestre de vocês?
_ Mestre desce...depois mestre sobe...então mestre vê grande coração mestre batendo – respondeu a criatura, contando nos dedos a quantidade de andares a percorrer. Ao todo mais três andares para baixo e, curiosamente, outros três para cima. A torre ainda guardava muitos mistérios a serem desvendados.
_ Há mais outros mestres lá embaixo? Outros cor de ouro e de prata? – quis saber Squall.
_ Sim mais mestres. Muitos mestres – respondeu o girallon, de forma simplória.
_ Bem, podem ir agora – Squall liberou os animais. Inicialmente todos correram em direção à saída, mas pararam abruptamente se virando para o dragão.
_ Mestre vir libertar outros? – perguntaram os ex-escravos.
_ Sim, vou libertar todos. Vocês já podem ir embora, enquanto eu vou soltar os outros. Mas lembrem-se, se o que me contaram for mentira, irei persegui-los e matá-los um pó um – respondeu Squall. Os gorilas fugiram apressadamente em direção à liberdade, escalando as escadarias rumo ao topo da torre e à saída.
_ Bem, vamos logo adiante – chamou Legolas. – ainda temos seis andares para percorrer antes de colocarmos as mãos no Zulil.
O grupo prosseguiu. Legolas arrombou as portas das três salas restantes no andar. Em duas encontrou pilhas e pilhas de entulho. Numa rápida busca em meio aos escombros, o arqueiro achou um belo anel de ouro, com o formato de um dragão abocanhando a própria cauda, que ele guardou consigo. Finalmente, atrás da terceira porta o elfo encontrou a escada que levava para o andar inferior.
_ Bem, vamos descer logo, afinal já deve ser fim de tarde e a múmia disse que morreríamos antes do fim do dia. Estou ansioso para encontrar a morte e meter uma flecha congelante no meio do peito dela – disse Legolas com ironia, enquanto avançava escada abaixo. Um a um os outros o seguiram pela escuridão.
O acesso terminava após uns dez metros torre abaixo, como os anteriores, em uma saleta retangular tão estreita que era possível tocar as duas paredes ao estender os braços. Uma porta na parede sul da sala era a única saída do aposento. Sem hesitar, o arqueiro puxou a aldrava com força, movendo a pesada placa de pedra que bloqueava sua passagem.
Uma luz ofuscante atingiu os olhos de Legolas e seus amigos. O feixe cintilava em diversas tonalidades distintas ao mesmo tempo, vindo da parede curvilínea após a porta e surpreendendo a todos. Legolas sentiu-se zonzo, as idéias, planos e memórias se embaralhando em sua mente, deixando-o confuso. O arqueiro fixou o pensamento em sua amada, resistindo ao efeito enlouquecedor. Já Orion, que vinha logo atrás, não teve a mesma sorte. O humano teve sua mente completamente devastada pelo efeito mágico que atingia seus olhos, começou a babar e a balbuciar coisas sem sentido e a andar a esmo ao redor de si próprio.
Nailo, o próximo na fila, sentiu o fôlego desaparecer, as pernas fraquejarem, como se a própria alma estivesse sendo arrancada de dentro de seu corpo. Por pouco o Guardião não foi ao encontro de Glórienn no outro mundo. Os que estavam atrás dele, por sorte, estavam fora do alcance da rajada mágica e não sofreram seus efeitos maléficos. Mas, para desespero de Nailo, Relâmpago, que estava ao seu lado, sofreu a pior das maldições. Uma esfera de energia envolveu o lobo, fazendo-o levitar. Relâmpago gania, assustado, enquanto a esfera girava e tremeluzia ao seu redor, cada vez mais rápida, cada vez menor. O corpo do animal foi tornando-se translúcido, até desaparecer por completo, sem deixar qualquer rastro do lobo para trás.
_ Relâmpago! Não! – gritou Nailo, em pânico. – Anix, o que aconteceu com ele? Diga-me! Ele morreu? Cadê o Relâmpago?
_ Não sei, Nailo. Acalme-se saia já daí, feche esta porta maldita. Eu vou pensar em alguma coisa. Nós vamos trazer ele de volta – Anix tentou consolar o amigo, sem suspeitar que sua promessa estava totalmente fora de seu alcance. Relâmpago não retornaria. Como Anix compreendeu depois, o lobo havia sido tragado para outro plano de existência, outra dimensão, completamente desconhecido. O grande amigo de infância de Nailo estava completamente inacessível. Mais uma vez o Guardião perdia um de seus amigos sem nada poder fazer para impedir.
Legolas empurrou Nailo para trás, enquanto fechava a porta, protegendo a todos da energia prismática que lançara Relâmpago em outro mundo. Foi preciso nocautear Orion para conseguirem recuar, já que o guerreiro tinha perdido completamente a sanidade e nem as magias de Anix ou de Lucano foram capazes de curá-lo.
Levaram um longo tempo até Nailo voltar a si e estar em condições de cuidar de si próprio, o que não acontecia com Orion, que jazia desmaiado no chão. Anix explicou o que acontecera com o lobo, que ele ainda poderia estar vivo, ainda que numa dimensão desconhecida, dando um pouco de esperança a Nailo.
_ Vamos logo em frente – disse o ranger, enxugando as lágrimas e se levantando num salto. ­– Vamos destruir esta armadilha maldita e seguir adiante. Vamos resgatar nossas mulheres e depois vamos buscar o Relâmpago onde quer que ele esteja!
Nailo pegou o espelho de Squall, o mesmo que Anix usara para observar a múmia horas antes. Abriu a porta e rapidamente bloqueou a luz mágica antes que esta pudesse agir. Com o espelho diante de seu corpo, Nailo caminhou lentamente até encostar o objeto na parede, bloqueando completamente a ação da armadilha. Carion aproximou-se e tateou atrás do espelho até encontrar a fonte da luz mágica. Com uma adaga o jovem aventureiro quebrou a pequena pedra incrustada na parede, desativando a armadilha. Carion recolheu os cacos do rubi de onde a rajada saia os deu a Anix. Aquele pó seria útil para a conjuração de magias poderosas. Anix guardou o pó em sua bolsa de componentes mágicos e parou por alguns instantes para analisar a armadilha enquanto fazia anotações em seu grimório. Aquele poder seria seu, pensou o mago enquanto escrevia. Seus amigos vasculhavam o salão que se revelara Além da armadilha. Era de formato triangular e ficava na borda sudeste da torre. Diversas pegadas de gorilas estavam espalhadas pelo chão, revelando a presença de inimigos por perto. Uma grande estátua de um dragão, feita de mármore branco decorado com veios escarlates, adornava a parede curvilínea. Uma única porta no canto leste levava adiante, para o norte e o cheiro de óleo impregnava o ambiente, deixando-o nauseante. Legolas e Nailo avançaram rumo à porta.
_ Esperem! – disse Kátia para os dois elfos em tom sério. – Não é prudente abrirmos esta porta ainda. Estamos enfraquecidos e cansados. Perdemos um membro do grupo e o outro está incapacitado de lutar. Seria melhor descansarmos por hoje e continuarmos pela manhã.
_ Tem razão – concordou Legolas. – Vamos nos acomodar nesta sala para passarmos a noite.
_ Não! Ficar aqui também é estupidez. Vamos retornar para o andar de cima. Nós já os exploramos por completo e sabemos que lá é seguro. Aqui ficaremos expostos aos perigos que estiverem escondidos atrás desta porta. Também não devemos sair da torre, pois desta forma perderemos o terreno já conquistado para nossos inimigos. Vamos ficar no andar acima de nossas cabeças. Vigiaremos a escada as duas escadas que lá existem e pela manhã retornaremos aqui para abrir esta porta – disse a clériga com firmeza. Sua decisão não foi questionada.
_ Está certo – falou Legolas. – E a menos que a promessa daquele monte de ataduras se confirme, arrombaremos esta porta amanhã e mataremos quem quer que se coloque em nosso caminho além dela.
E assim o grupo recuou, esperando ter o merecido descanso que seus corpos tanto desejavam.

maio 24, 2010

Virada Cultural com RPG

Neste final de semana tivemos a Virada Cultural Paulista aqui em Araraquara. E, como não poderia deixar de ser, nossos amigos da Supimpa levaram o RPG para a Virada.
No sábado à noite tivemos um fantástico Live Action de mitologia grega. Cada jogador assumiu o papel de um deus, semi-deus, titã, etc. numa intrincada trama para desvendar o miterioso desaparecimento de Perséfone, a esposa do senhor do submundo, Hades. Duas horas de muita investigação, intriga, ameaças, conchavos, roubos, etc. levaram o panteão ao Olimpo para uma acalorada acariação. Zeus com seus trovões calou a todos e deu início ao juri. Ao final, Pirito, Menti e Afrodite foram condenados (independente de terem ou não participado da conspiração) a passarem a eternidade aos "cuidados" de Hades (coitados, hehehe).
O live contou com a participação de cerca de 40 pessoas de várias idades, muitas delas iniciantes, vivenciando sua primeira experiência com o RPG. O evento agradou tanto jogadores quanto mestres, além dos organizadores da Virada Cultural e funcionários da Casa da Cultura de Araraquara que nos acolheram carinhosamente.
No domingo, logo após o almoço, foi a vez do tradicional jogo de mesa. Várias mesas se encheram de jogadores para experimentar diversos jogos, enquanto outros apenas aproveitaram para se reunir, rever velhos amigos e conhecer outros novos numa descontraída tarde de bate-papo rpgístico. Também tivemos muito Magic, agradando também aos duelistas que passaram pelo evento. Novamente tivemos a presença de muitos jogadores novatos, que voltaram para o segundo dia de evento famintos por mais RPG.
Às 18:00h a Virada Cultural se encerrou com sorteio de brindes (livros doados pela Prefeitura Municipal de Araraquara) entre os participantes, coroando om esplendor mais um belo evento. Mas a diversão não acabou, pois algumas mesas ainda se mudaram para uma galeria próxima à Casa da Cultura, onde continuaram suas aventuras até por volta das 20:00h.
E mais uma vez os dados foram rolados, a diversão se fez presente e novas amizades foram formadas, provando novamente que bom é jogar RPG.
Veja abaixo algumas fotos do evento:

maio 18, 2010

Tirando da tomada

Mestre: Legolas, o beholder vai saindo da caverna enquanto conversa com você. Cada vez que ele se volta em sua direção para lhe responder as suas perguntas, seu arco mágico apaga. Cada vez que ele se vira para a saída, indo para fora, seu arco volta a acender.
Legolas: Putz! Então eu vou desligar meu arco, assim ele não vai queimar!

maio 07, 2010

Capítulo 363 – Reencontro – inimigos metálicos




_ Maldito! Fugiu novamente! – esbravejou Anix.
_ Não se preocupe, nós ainda o pegaremos - disse Legolas enquanto entrava na sala onde a múmia desaparecera.
O arqueiro começou a vasculhar em meio aos escombros que cobriam o chão. Aparentemente, o antigo local de sacrifício fora transformado em um depósito de lixo pelos atuais moradores da torre.
_ Pessoal, achei uma daquelas pedras com a árvore do Gulthias – avisou o elfo. – E também tem duas pessoas mortas aqui.
Legolas desenterrou os cadáveres com dificuldade. Um deles possuía as mesmas feições dracônicas de Squall. Seu crânio fora esmagado por uma maça de aço que misteriosamente resistira ao tempo e a ferrugem. O outro corpo era de um humano ou elfo, que morrera perfurado pela lança já apodrecida do meio-dragão. Além da maça, o manto que envolvia o corpo do ser híbrido e as botas do outro combatente ainda estavam em perfeito estado, mesmo tendo estado ali abandonados por dezenas, talvez centenas de anos. Só havia uma coisa que poderia explicar o estado de conservação daqueles itens: mágica.
Legolas levou os itens até Squall, que os estudou com cuidado. Com a ajuda de seu conhecimento e de um dos pergaminhos mágicos que roubara da mãe, Squall confirmou que os objetos eram mágicos e descobriu seus poderes. A arma, embora grande e robusta, era extremamente leve e balanceada, o que proporcionava maior precisão e, conseqüentemente, maior poder de destruição ao seu possuidor. Já o manto, vermelho sangue com forro interno aveludado e púrpuro, tinha a capacidade de aumentar magicamente a resistência de quem o vestisse, fosse contra venenos ou doenças, fosse contra feitiços e encantamentos. Por fim, as botas de couro curtido cuidadosamente trançado eram capazes de fazer seu dono levitar magicamente. Pequenas inscrições bordadas com fios dourados ao redor do cano das botas revelaram como ativar seu poder. Bastava calçá-las e pronunciar a palavra de comando, somaave, para flutuar pelo ar livremente.
Rapidamente os tesouros foram distribuídos. A Kátia foi dada a maça mágica, já que ela era a única que costumava usar aquele tipo de arma. Nailo apossou-se do manto mágico, enquanto que a Legolas coube a guarda das botas de levitação.
_ Tenho certeza de que aquele desgraçado do Gulthias está nos observando através desta pedra – Disse Legolas. – Vamos destruí-la.
A pedra com a escultura da pequena árvore que representava o vampiro mestre da torre foi golpeada e congelada. Por fim, Nailo a cobriu com entulho, logo após lançar uma provocação ao vampiro:
_ Ouça bem, Gulthias. Não há nada que você possa fazer para nos impedir. Você sabe que não pode fazer nada, sabe que não somos simples aventureiros. Somos enviados dos deuses. Você está com nossas mulheres, e se há algum motivo para os deuses terem permitido isto, é para que nós acabemos com você.
Nailo ainda derramou um vidro de água benta sobre o bloco de granito, sentindo-se por fim satisfeito.
O grupo seguiu então pelo corredor Onde três outras portas aguardavam para revelarem seus mistérios. Nailo ia à frente com os ouvidos atentos. Como tudo era silêncio, abriu a primeira passagem e nela descobriu a escada que conduzia para a escuridão metros abaixo do andar em que estavam. Luskan invadiu a pequena saleta de acesso aos pisos inferiores e, com seus amigos ao seu lado, pôs-se a vigiar a escada enquanto os demais investigavam o restante do corredor.
A segunda porta era uma visão aterrorizante.Esculpida com crânios, espinhos, tentáculos, olhos e bocas que se sobrepunham e misturavam num padrão caótico, parecia ser a prisão de um grande mal. Acima da verga da porta havia inscrições no idioma dracônico que Nailo leu para sés companheiros:
_ Oggunon Sathaar jaz aqui! Apenas os tolos violarão esta entrada.
_ Não só os tolos, mas também os corajosos! – bradou Legolas, chutando com violência a porta. Ao seu pé juntou-se o de Nailo, forçando a bizarra barreira de pedra para dentro. A porta foi arrombada com sucesso, mas antes de se abrir totalmente, brilhou como a lua cheia, um brilho prateado que percorreu toda extensão da porta até concentrar-se na boca central esculpida em sua face. A luminosidade explodiu em faíscas que eletrocutaram Nailo e Legolas, surpreendendo-os.
_ Uau! Isso queima – exclamou o Guardião. Refeito do susto, Nailo passou pela porta.
O chão amarelado do ambiente estava todo rachado e suas paredes eram forradas com pedaços irregulares de tapeçarias apodrecidas, muito danificadas para se determinar suas imagens originais. Um cano de ferro de um metro e meio de diâmetro emergia do colo próximo ao fundo da sala de pouco menos de seis metros de comprimento. O cano era selado por uma válvula metálica, entalhada da mesma forma que a entrada da sala.
_ Todos parados! – pediu Nailo. – Não façam nada.
_ Por que? Está com medo? – perguntou a halfling, com ironia.
_ Deve haver algo muito perigoso dentro deste cano. Não vamos abri-lo. Fui claro?
_ Não se preocupe! Posso não ter medo dessas esculturas feitas para espantar os menos corajosos. Mas também não sou estúpida para arriscar a todos desnecessariamente.
Lentamente, os heróis deixaram a sala, trancando-a novamente a seguir. Ao menos sabiam que enquanto não tocassem na válvula o que quer que existisse dentro do cano não poderia ameaçá-los. Squall lançou uma magia sobre a porta, criando nela uma marca mágica idêntica à de sua testa. Agora, a única porta que não continha o símbolo do feiticeiro também estava demarcada como todas as outras. Com cautela, os heróis abriram a última porta daquele andar, onde encontraram apenas mais escombros e sujeira.
_ Bom, este andar está seguro. Vamos descer logo, pois já está escurecendo e durante a noite nossos inimigos ficam mais fortes – convocou Nailo.
_ Além do mais, quando o sol se por nós morreremos, não é mesmo? – Zombou Anix, ao lembrar das palavras da múmia.
Confiantes, todos riram do comentário de Anix. Um pouco menos tensos, os heróis rumaram para o terceiro piso da torre. Vários degraus abaixo, chegaram a uma saleta ao final da escada. A porta entreaberta desembocava em um corredor em formato de “L”, todo iluminado por tochas já prestes a se apagarem após passarem um dia inteiro acesas. Duas portas de pedra uma em frente à outra, conduziam para fora do corredor que fazia uma curva para trás, em direção à borda da torre sem, porém chegar até ela.
Desconfiado, Squall decidiu investigar o final do corredor. O Vermelho teve uma surpresa ao ver o chão se abrir num enorme alçapão sob seus pés. Assustado, Squall se debateu tentando evitar a queda fatal. Porém, seu enorme tamanho, ainda maior que antes, impediu que ele passasse pelo fosso. Seus pés bateram em uma superfície escorregadia e tocaram em afiadas lâminas que quase rasgaram seu couro escamoso. Já mais calmo, o Vermelho saiu de dentro do buraco e voltou novamente sua atenção para a parede diante dele.
_ Tenho certeza de que aquele cano passa atrás desta parede – Disse Squall. Batidas na parede que ecoaram com um som metálico confirmaram sua suspeita.
Enquanto isso, Nailo olhava, intrigado, para as marcas no solo. Pegadas de botas do tamanho de humanos e outras, várias delas, com formato de pés de enormes macacos aguçavam a curiosidade do ranger.
Um estalo estridente e os gritos de dor que se sucederam a ele, fizeram com que todos voltassem a atenção para a porta à esquerda do grupo. Carion colou o ouvido à porta e alertou os companheiros.
_ Ouço barulho de ferramentas. E mais. Gemidos! Alguém está sendo torturado e obrigado a trabalhar.
_ Abra a porta, e deixe que o desgraçado engula uma de minhas flechas – ordenou Legolas.
_ Luskan, nos dê cobertura! Vigie a outra entrada – Pediu Nailo, enquanto chutava a porta, esperando ver uma flecha congelante passar ao seu lado e abater mais um inimigo. Mas, ao invés disso, a surpresa paralisou Legolas e todos os outros.
_ Intrusos! Ataquem! Matem todos! – gritou o homem de pele prateada que comandava o trabalho de limpeza na sala após a porta.
_ Vocês novamente?! Estão Vivos? Mas não será por muito tempo, pois nós finalmente iremos nos vingar de todos vocês! – ameaçaram os dois homens de pele cor de bronze. Paralisados, os heróis reviam, atônitos, velhos inimigos: genasis.
O enorme salão ocupava quase metade da torre. A parede curvilínea terminava naquela por cuja porta os heróis viam seu pesadelo renascer. Três genasis, dois de cobre e um de prata, escravizavam um grupo de gigantescos gorilas de quatro braços. Os três animais labutavam no chão de terra fofa impulsionados pelas chicotadas e pelo medo. Três outras enormes criaturas moviam-se grotescamente pelo lugar, caminhando entre as lápides daquilo que se revelava um pequeno cemitério particular. Eram seres bizarros, formados por pedaços de corpos, pernas, braços, mãos e pés ligados uns aos outros e animados magicamente. Quatro pares de membros distribuíam-se ao redor dos corpos das criaturas, e uma cabeça putrefata de humano ligava-se sem pescoço a cada corpo. Eram mortos-vivos criados com pedaços de gente por uma mente insana para se parecerem com gigantescas aranhas. Não bastasse isso, pequenos troncos plantados na terra fofa ergueram-se do chão, apontando seus galhos, que se revelaram garras afiadas, na direção dos invasores.
_ Leusa Thiareba! – gritou Legolas, despertando de seu estado de choque. Um turbilhão de gelo invadiu a câmara congelando cinco dos ramos secos que corriam para atacá-lo. O arqueiro arremessou sua bolinha mágica dentro da sala, e um enorme tigre surgiu dela, atacando, sob o comando do elfo, outro dos troncos assassinos.
Lucano agiu rapidamente, ficando magicamente invisível e posicionando-se no fundo do cemitério, cercando os inimigos. Durante seu avanço, o clérigo quase foi atropelado por um dos genasis de cobre que corria para atacar Legolas. O arqueiro recebeu dois potentes golpes dos manguais dos genasis. O primeiro chegou rodopiando a esfera de metal e acertando-a com força contra a cabeça de Legolas. O segundo passou correndo por Lucano, deu um salto para tomar mais impulso e atingiu com violência o peito do guerreiro glacial. Enquanto sentia o ar lhe escapar e a dor invadir seu corpo, Legolas via uma mão fantasmagórica surgir acima de sua cabeça, conjurada pela magia do genasi prateado que já se refugiara atrás de seus lacaios.
Nailo tomou a frente, dando cobertura ao amigo ferido. Suas espadas gêmeas faiscavam, ansiosas por rasgarem os oponentes.
_ Parem! – gritou Nailo, tentando ganhar algum tempo.
_ Só pararemos quando vocês estiverem mortos! – respondeu com ódio um dos genasis.
_ Por que diz isso?
_ Porque eu os odeio!
_ Mas por qual motivo?
_ Vocês destruíram nossa casa, agora terão que pagar com suas vidas, escravos!
_ Vejo que não tenho escolha – lamentou Nailo. Suas espadas foram de encontro ao corpo do adversário. O primeiro golpe perfurou o peito do genasi que aparou o segundo ataque com a corrente de seu mangual. Nailo girou rapidamente a espada, retirando-a do peito do inimigo enquanto abria um corte largo em seu tórax. O quarto ataque foi também detido, desta vez com o cabo da arma do inimigo. A outra espada subia rasgando a carne metálica e noutro giro, ainda mais veloz que o anterior, abriu um talho raso no pescoço do genasi. Este reagiu violentamente, golpeando a espada que retornava para uma nova estocada e quase a arremessando para longe de Nailo.
Mexkialroy passou voando sobre os dois elfos, vomitando faíscas sobre os mortos-vivos e abrindo espaço para Orion passar entre os inimigos, evitando seus golpes com seu escudo. O guerreiro tinha apenas um alvo em mente, o mais poderoso dos inimigos, o genasi de prata. Concentrado em sua presa, o humano foi facilmente alvejado por um dos genasis, recebendo o golpe da pesada bola de aço em suas costas.
_ Idiotas! Matem todos! – gritou o homem prateado ao ver a perigosa aproximação de Orion. Os gorilas avançaram contra Legolas e seu tigre mágico, distribuindo socos imprecisos e ineficazes. Os dois troncos restantes rasgaram a pele do tigre e arrancaram algumas escamas de Mexkialroy. As pequenas criaturas de madeira pareciam se deliciar ao levar os galhos que serviam de dedos ao que seriam suas bocas.
Squall, protegido por uma poderosa magia, voou para dentro do salão, rugindo furiosamente. O som de sua voz e sua aparência assustadora deixaram em pânico os gorilas, além de fazer com que os genasis de cobre hesitassem, espantados com a presença do enorme dragão vermelho. Squall pousou no solo, orgulhoso do seu poder e deixou-se cercar pelos estranhos zumbis-aranha. Os monstros atacaram com uma saraivada de golpes de mãos e pés tanto Squall quando o tigre de Legolas. Sem poder contar com a proteção das grossas escamas vermelhas de Squall, o animal ficou atordoado por alguns instantes.
Anix e Kátia tentaram em vão destruir o genasi de prata. O raio negro disparado pelo mago foi facilmente evitado pelo inimigo, assim como o golpe do machado espectral invocado pela clériga da guerra.
Legolas assoviou para o tigre, que abandonou o combate contra os ramos secos para atacar os genasis. Legolas disparou suas flechas à queima roupa, enquanto o animal rasgava com suas garras as costas do ser metálico. Ferido, o genasi recuou e escolheu outro adversário, atacando Orion com seu mangual. A arma ricocheteou no escudo do guerreiro, produzindo faíscas brilhantes. Ao seu lado, Nailo enfrentava dificuldades, sendo violentamente atingido pelo adversário.
A situação se agravou quando, sob o comando do genasi de prata, a mão espectral tocou suavemente a cabeça de Orion. O guerreiro sentiu uma dor aguda, como se recebesse uma facada, e viu suas forças se esvaindo lentamente. Em seguida Legolas e Nailo sofreram os mesmos efeitos quando a mão mágica os atacou.
Pressentindo o perigo e o poder do inimigo, Anix usou sua magia para criar uma muralha de fogo ao redor do genasi de prata e para isolá-lo do combate. As chamas ardiam em sua pele prateada, mesmo assim, o inimigo parecia confiante.
Mais confiante que os genasis era Mexkialroy, que acabava de destroçar um dos troncos e banhar-se em seu sangue. Sim, estranhamente os ramos secos possuíam sangue dentro de seus corpos, e desejavam enchê-los ainda mais, como se fossem vampiros.
Com os macacos fora de combate, e o genasi de prata aprisionado nas chamas, Nailo pode se concentrar no guerreiro de cobre que o desafiava. Suas lâminas rasgaram a pele cobreada, desta vez, sem serem detidas pelo inimigo. Enfraquecido, o genasi cambaleou para trás, para perto de Orion.
Com uma seqüência de golpes devastadores, o humano abateu o primeiro genasi de cobre. Sua espada passou pelo pescoço do inimigo, arrancando-lhe a cabeça. Orion girou o corpo, sem deixar que a espada perdesse o impulso, e golpeou o outro genasi na altura da cintura, abrindo-lhe o que restava do ventre perfurado por Nailo, e encerrando seus dias em Arton.
Kátia, Nailo e Orion concentraram seus ataques nos zumbis, enquanto Mexkialroy destruía o último tronco vampiro. Legolas disparava seu arco sem parar, alvejando o genasi prateado mesmo estando ele atrás da barreira de chamas. Squall voou na direção do inimigo, ficando cara a cara com ele.
_ Acaba logo com este fogo, elfo! Estamos vencendo! – mandou Mexkialroy. Anix dissipou sua magia e, usando o poder de seu cajado mágico, começou a cuspir fogo sobre os gorilas amedrontados.
_ Agora você vai morrer! – rugiu Squall em sua língua monstruosa. O genasi murmurou um feitiço com rapidez, e desapareceu diante dos olhos do dragão. Estava invisível. Squall sorriu. – Acha que pode se esconder de mim? Posso sentir seu cheiro, ouvir sua respiração. Sei exatamente onde você está!
O dragão vermelho atacou com suas garras boca e asas. Surpreendido, o genasi recebeu todos os ataques sem conseguir se defender. Os gritos chamaram a atenção de Legolas, que mirou seu arco nos pontos em que o dragão golpeava. A cada intervalo entre um ataque e outro de Squall, Legolas disparava um de suas flechas, totalmente concentrado. Quando a primeira seta se cravou em algo e ficou como que flutuando no ar, o arqueiro teve a certeza que atingira o inimigo. Quando Squall desferiu seu último golpe e as várias flechas à sua flutuando á sua frente foram em direção ao chão, ele soube que o inimigo fora finalmente vencido.
Restavam apenas os zumbis octópodes que, cercados por vários guerreiros, não resistiram por muito tempo. As criaturas foram ao chão, seus corpos cortados e esmagados pelas espadas e Nailo e Orion e pela maça de Kátia. Os últimos inimigos vivos eram os amedrontados gorilas. Acuados num canto, os animais conseguiam apenas tremer de medo.
_ Não os ataquem! – gritou Squall. Anix só parou de avançar contra os gorilas quando Legolas traduziu as palavras do dragão. Mexkialroy continuava a cuspir seus relâmpagos nas criaturas.
_ Mex! Pare de atacá-los. Eles são apenas escravos, não são nossos inimigos! – insistiu Squall.
_ Ora, e por que eu deveria parar? Eles não são úteis para nós. Além do mais, eu estou faminto! – respondeu o dragão azul.
_ Porque eu salvei sua vida, seu tolo! Você é meu servo! Sou eu quem manda aqui, você é inferior a mim e deve me obedecer! Agora pare com isso ou você vai conhecer minha fúria! – vociferou o dragão vermelho. Seus gritos poderiam ser ouvidos a centenas de metros dali.
_ Está bem, então, Vermelho! Se queres poupar as vidas destes inúteis, o problema é seu! Mas ouça bem. É bom você me respeitar ou vai se arrepender. – Mexkialroy se virou, contrariado, saindo pela porta com imponência. – Vamos logo, seus humanos inúteis. Abram logo esta porta! – ordenou a Luskan.
Legolas correu para o corredor, tentando acalmar o dragão e impedi-lo de abrir outra sala antes que tivessem certeza que o cemitério estava seguro. Squall se aproximou dos gorilas apreciando as reverências que estes faziam ao dragão.

maio 04, 2010

Capítulo 362 – Jurados de morte




_ Vamos traçar um perímetro de segurança! – ordenou Luskan para seu grupo. Rapidamente os mercenários se espalharam pelo corredor da cripta e pelas salas anexas montando guarda.
O grupo retornara, após o último combate contra Aoket, para a câmara cheia de sarcófagos que servia de lar para a criatura. Anix recolhia pó e ataduras no esquife de Aoket, enquanto Lucano criava magicamente comida para todos se alimentarem.
_ Squall, empreste-me aquele seu espelho – pediu o mago. O dragão vermelho resmungou algumas palavras em seu idioma próprio, como sempre fazia quando usava o poder de seu anel. Nailo, que, ao contrário de Anix, entendera as palavras de Squall, pegou o espelho na mochila mágica e o entregou a Anix.
_ O que vai fazer? – perguntou o Guardião.
_ Vou tentar localizar aquela múmia com magia. Isso vai demorar quase uma hora, aproveitem para descansar e para comer enquanto isso – respondeu Anix.
Nailo explicou aos amigos o que se passava e todos agradeceram pela oportunidade de descansar um pouco. Lucano acabara de preparar m verdadeiro banquete e todos, à exceção de Carion e Kátia, fartaram-se na comida.
_ Não vai comer? – perguntou Nailo.
_ Não, essa comida é muito pesada, me deixaria sonolenta – respondeu a halfling. - Como uma guerreira, vou comer apenas minhas rações de viagem que são mais fáceis de digerir. Enquanto vocês se entopem de comida, vou ficar vigiando com Carion.
_ Não te preocupes, elfo. Comerei a parte da pequenina! – Mexkialroy avançou salivante sobre a comida, devorando-a sem cerimônia.
Vários minutos depois, quando todos já tinham terminado de comer, Anix chamou seus amigos ao redor do espelho.
_ Prestem atenção ao que eu vou narrar para me ajudarem a memorizar tudo. Vou tentar localizar a múmia e se tudo der certo, irei vê-la neste espelho.
Uma névoa densa e espessa formou-se dentro do espelho. As brumas se abriram lentamente, revelando a imagem de Aoket recostado em um altar de pedra em ruínas cheio de manchas de sangue. A múmia olhava ao redor, como se procurasse por alguém. Ou como se soubesse que era observada. Atrás dela havia uma parede na qual uma gravura de uma criatura dracônica Ra deteriorada pelo tempo e pelo abandono. À direita de Aoket, Anix viu uma parede curva, revelando que o inimigo estava próximo à borda da torre. O local se assemelhava muito à câmara de sacrifícios pela qual já haviam passado. Então, Aoket subitamente virou o rosto como se encarasse Anix e esboçou um sorriso malicioso enquanto cruzava os braços.
_ Acho que ele sabe que estou observando – disse Anix, narrando sua visão mágica para os amigos. Legolas retornava após ir investigar a sala de sacrifício parecida com o lugar onde Anix enxergava o inimigo. Aoket olhava para baixo e mexia os lábios como se conversasse com alguém. – Squall – chamou o mago. – Dê um rugido agora. Urre o mais alto que puder, como se quiséssemos acordar toda essa torre.
_ Não acho isso um,a boa idéia – reclamou Luskan.
_ Cala-te humano. Finalmente vamos parar de agir como ratos e agir feito dragões. Vamos lá Vermelho, mostre a todos do que somos capazes – disse Mexkialroy, animado.
O rugido do dragão vermelho ecoou por todos os lugares, abalando os corações menos valorosos. Pelo espelho, Anix viu a múmia girar a cabeça na direção do som. Como sua cabeça não se ergueu nem abaixou, o mago soube o que queria. Aoket ainda estava no mesmo andar que eles. Após isso, a criatura olhou para baixo e novamente conversou com alguém. Lendo seus lábios putrefatos, Anix conseguiu compreender parte da conversa.
_ Tentando nos intimidar, tolos! Ele está falando com alguém, mas a sala está vazia. E ele ainda está neste andar.
_ Talvez ele esteja conversando com alguém invisível – disse Rafael.
_ Creio que não. Pode estar falando através de magia. A outra pessoa não tem motivos para se ocultar – discordou Anix.
_ Tolos! Esqueceram o que o vampiro nos disse quando chegamos a este andar? O mestre dele está vendo tudo, tudo que fazemos.
_Sim, é verdade – alarmou-se Anix. – O tal do Gulthias deve estar nos observando, droga! Bem, eu poderia criar uma barreira mágica para impedi-lo de nos ver, mas acho que demoraria um longo tempo para isso.
Mexkialroy levantou-se lentamente do local onde estava repousando. Caminhou com imponência em direção a Anix, enquanto se espreguiçava e, com sua costumeira arrogância, disse:
_ Isso não seria nem agradável ou necessário, elfo. Deixe que eles vejam tudo o que fazemos, deixe que conheçam nosso poder e se aterrorizem com isso. Será mais divertido assim – o dragão azul terminou seu pequeno discurso com uma gargalhada.
_ Se for o poder que você mostrou quando meu irmão se transformou e soltou aquele rugido, duvido muito da veracidade dessas suas palavras – rebateu Anix com sarcasmo.
_ Do que falas, elfo? – quis saber o azul.
_ Não tente esconder. Sei muito bem que você ficou com medo ao ver o Squall ficar tão grande.
_ Ora, como tu és tolo – zombou o dragão. – Não confunda surpresa com medo, elfo. Tens muito que aprender ainda, seu tolo – Mex deu as costas para Anix com desprezo e voltou a deitar-se tranquilamente.
_ Ah! Eu odeio esse dragão – resmungou Anix num sussurro. – Bem, vamos seguir adiante.
_ Já era tempo! – comemorou Legolas, reabrindo a porta que saía da cripta. Os heróis adentraram em um novo corredor, paralelo ao anterior e de mesmas dimensões. Havia quatro portas no corredor, todas na parede da direita, todas fechadas e ocultando perigos desconhecidos. Nailo colou o ouvido à primeira porta e, ao constatar que só havia silêncio após ela, a abriu.
Além da porta havia uma pequena sala triangular, coberta de escombros iluminada apenas pela luz das armas dos heróis. Dentro dela, à esquerda, havia um altar de pedra, coberto de manchas de sangue. Atrás dele havia uma pintura castigada pelo tempo de um humanóide alado com feições reptilianas. E logo à frente do altar, diante da porta em pé e com os braços cruzados, estava Aoket.
A múmia encarou calmamente cada um dos heróis, depois estendeu a mão direita para frente e gritou:
_ Parem, e ouçam o que tenho a dizer para vocês, invasores!
_ Nada de parar, vamos acabar com você, seu monte de ossos e poeira fétida! – ameaçou Kátia.
_ Não, calma. Vamos ouvir o que ele tem a dizer – pediu Anix.
_ Melhor assim, invasores. Ouçam com atenção, pois não irei repetir minhas palavras. O valor de vocês já foi testado. E todos se mostraram bravos guerreiros. Meu mestre Gulthias, lhes oferece uma oportunidade única. Curvem-se diante dele, tornem-se seus servos e unam-se a nós. Só terão a lucrar.
_ E o que nós lucraremos? – indagou Anix com sarcasmo.
_ Vocês se tornarão mais poderosos ainda. Terão a honra, o prestígio de testemunharem o retorno do grande Ashardalon, que não tarda a acontecer. Vocês têm apenas três opções, e lhes digo, isto não é um pedido, mas sim uma oferta generosa de meu mestre Gulthias, senhor da Espiral da Presa Noturna. Vocês têm três opções a escolher. Unam-se a Gulthias, tornem-se seus seguidores e de Ashardalon. Desfrutem da vida eterna, sejam ricos e poderosos. A segunda opção. Vão embora daqui agora, sem levar nada e suas vidas serão poupadas. E a terceira opção. Recusem qualquer uma das outras duas e suas vidas terminarão antes que este dia acabe.
_ Uma pergunta, dona múmia – disse Anix. – Se nós formos embora como você nos propõe, o que acontecerá com Zulil? Afinal de contas, é só ele que nos interessa nesta torre.
_ Zulil o mago? Nada acontecerá a ele, a não ser ter o mesmo destino oferecido a vocês. Honra, glória, riqueza, pois ele está trabalhando neste momento para ajudar a trazer o nosso Deus, o grande Ashardalon de volta – respondeu Aoket.
_ Bem, Zulil está com algo que nos pertence. Então você, aliás você não, já que é apenas um lacaio. Mas se seu mestre se mostrar digno e vier até aqui e nos deixar acertar nossas contas com Zulil, nós poderemos ir embora daqui sem incomodá-lo.
_ Insolente! Como se atreve a exigir a presença de Gulthias. Já disse que isto não é um pedido, mas sim uma oferta generosa. Vocês não estão em posição de exigir qualquer coisa. Escolham logo se vão aceitar a oferta de Gulthias ou se vão escolher a morte.
_ E quem irá nos destruir caso nós recusemos a oferta?
_ O exército de Ashardalon, o exército de Gulthias! O mestre mandará suas hordas sobre vocês até que não sobre nada de suas carcaças. Serão eliminados pelos soldados e sequer terão a honra de serem destruídos por meu mestre, pois ele não sujará suas mãos com criaturas inferiores como vocês. E agora chega de conversa, elfo. Diga qual a sua escolha e aceite as conseqüências dela.
_ A justiça será feita. Espere e verá, você e seus aliados! – disse Nailo.
_ MORRA!!! – gritou Anix, disparando um raio de energia azulado de seu terceiro olho.
_ Cumpri a missão, meu mestre, eles recusaram – disse a múmia olhando para baixo no exato instante em que o olho de Anix brilhou para atacar. – Quanto a vocês, aproveitem bem seus últimos momentos de vida, pois suas vidas chegarão ao fim antes que o sol se ponha – e dizendo estas palavras, Aoket novamente desapareceu, teletransportando-se para outro lugar. A escolha estava feita, restava agora pagar o preço por ela.

maio 03, 2010

Diário de Campanha em PDF

Seguindo a brilhante sugestão do amigo Danielfo, do Pensotopia, vou disponibiliar os arquivos do meu diário de campanha em formato PDF. Assim, que desejar ler tudo desde o início, poderá fazê-lo mais facilmente baixando os arquivos para seu computador. Geralmente eu espero juntar um monte de capítulos até encerrar uma fase da campanha para então fechar um volume e imprimi-lo. vou seguir o mesmo formato aqui. Por hora publicarei os quatro primeiros volumes de respectivamente 100, 125, 189 e 254 páginas em formato A4 (o que daria um total de aproximadamente 1400 páginas em formato de livro, um bom tanto pra um escritor meia-boca como eu). Como os dois primeiros volumes foram fechados antes de eu iniciar o blog, e portanto estão sem numeração de capítulos, vou levar uns 15 dias para corrigir isso e então os arquivos estarão disponíveis para quem quiser ler, imprimir, distribuir, etc. É só um pouquinho mais de paciência e a coisa ficará mais fácil para quem quiser acompanhar desde o início essa campanha que está cada vez melhor.