abril 28, 2009

De cara nova!

Pronto! Mudanças concluídas, contador zerado, vamos de novo! Ainda não está do jeito que eu gostaria que ficasse, mas, com meus parcos conhecimentos de web design, já está de bom tamanho. Visual novo, mais bonitinho, mais limpo. Links mais bem organizados. Masi espaço para os posts, para os links. Enfim, pode não estar aquilo que considero ideal, mas melhorou bastante, o suficiente para me agradar e para eu dar por encerrada essa reforma. Fica faltando agora mais links, que serão adicionados aos poucos, conforme eu for me lembrando deles, e uma imagem bacanuda para colocar no cabeçalho da página. Agora é só esperar o próximo fim de semana de jogo e voltar a postar.

abril 24, 2009

Reformas!

Estou reformando o blog. Não assustem com as alterações, logo logo estará pronto. Os motivos? Estava cansado daquele visual antigo, sem graça, e resolvi mudar. Também queria botar ordem nas coisas e usarei um template de 3 colunas para deixar os links mais fáceis de encontrar. O visual ainda terá aquela cor creme no fundo, para tornar a leitura mais suave e não forçar a vista (e também pq combina bem com o tema do blog: medieval). Pensei em mudar para o Wordpress. Lá há uma interface mais agradável para a postagem de textos, mas as vantagens param por ai. Não há opções boas de personalização como aqui, NÃO HÁ LIBERDADE. Por isso resolvi ficar por aqui onde tenho toda a liberdade do mundo para mexer na coisa. Além disso, vou confiar no Todo Poderoso Google, pois ele está sempre inovando e se hoje o Wordpress tem uma ou outra coisa melhor, logo logo o Google passa na frente de novo. Em breve as coisas estarão novamente em ordem. Aguardem...

abril 20, 2009

Morto-vivo é f***!

Isso ai, mexe com que quem tá morto, mexe!

Deram uma bobeada e por causa disso gastaram outra pulseira e 2 carvões da sorte. Agora, além de tudo, vão ter que procurar os vampiros escondidos antes que eles acordem. E nesse meio tempo, podem acordar outras coisas indesejáveis. Sem mencionar o fato de eles não estarem dormindo e recuperando as forças. E tudo isso no 1º andar da torre, hehehehe...

O bicho vai pegar!

Capítulo 349 – Caça aos vampiros

_ Anix, o que pretende fazer? – perguntou Nailo que, junto com os outros, acabara de chegar ao interior da torre já em sua forma original, separado de Relâmpago.

_ Vou transportá-los ao plano das sombras. Vou usar a mesma magia com a qual viajamos ao castelo de Zulil quando ele pegou nossas mulheres. Vou deixar esses vampiros perdidos na dimensão das sombras e retornar para cá – respondeu o mago.

_ Isto não é perigoso? – Perguntou Orion.

_ Sim, a magia é imprecisa, mas vou tentar mesmo assim. Esperem, preciso de um recipiente, uma garrafa – disse Anix.

Nailo abriu a mochila e retirou uma garrafa de lá de dentro. Era a garrafa que encontrara na casa de Velta, e que continha o líquido mágico de cura que tanto utilizavam em suas aventuras. Nailo passou a garrafa para Legolas, o mais ferido do grupo, que tomou vários goles até ter seu corpo todo restaurado. O ranger despejou o restante do líquido mágico em seu cantil, após jogar toda a sua água fora, e entregou a garrafa vazia para Anix. Com todos preparados, Squall abriu a primeira tumba.

A tampa de pedra deslizou ruidosamente e revelou o conteúdo macabro da tumba. Um vampiro repousava adormecido como se não desconfiasse ou temesse a presença dos intrusos. O corpo do morto-vivo exibia diversos ferimentos, obtidos no último embate contra os heróis, que se curavam gradativamente. Anix começou a murmurar o final do feitiço, mas foi detido por Lucano.

_ Espere, Anix. Não use essa magia. Tenho uma idéia melhor – disse o clérigo. – Lembrei de algumas coisas sobre vampiros, algo de conhecimento popular, mas que deve resolver nosso problema.

_ Então diga logo! – pediram os outros.

_ Há algumas formas simples de destruir um vampiro. São tarefas muito difíceis de se realizar quando eles estão despertos, mas nessas condições em que estão, creio que conseguiremos executá-las facilmente. A primeira delas é, óbvio, o sol. Deixá-los expostos ao sol os matará instantaneamente. A segunda é a água corrente. Jogá-los em um riacho os matará com certeza. A terceira é destruir seus corpos totalmente, queimá-los por inteiro. E a outra forma, a que conseguiremos realizar mais facilmente, é decapitá-los. Temos que cortar as cabeças deles, separá-las dos corpos. Podemos queimar as cabeças ou enterrá-las cheias de hóstias ou alho, bem longe dos corpos, e destruir os corpos com fogo. Há também uma forma mais simples de paralisá-los, cravando uma estaca em seus corações. Mas se alguém remover a estaca, eles voltarão à vida.

_ Poderíamos usar flechas como estacas? – perguntou Legolas.

_ Acho que não. As flechas são muito finas. Pode ser que o poder de cura deles consiga vencer o furo da flecha e expulsá-la do corpo. Melhor não arriscar – respondeu o clérigo.

_ Vamos então juntar todos os corpos e vocês lançam bolas de fogo neles – sugeriu Nailo.

_ Mas se tentarmos queimar os corpos inteiros, pode ser que não consigamos destruí-los por completo. É quase certo que os ossos restarão e eles poderão voltar a se regenerar ainda assim. O melhor mesmo é arrancar as cabeças e queimá-las. Sem as cabeças os corpos não se irão mais se regenerar mesmo que as cabeças não queimem completamente – Disse Lucano.

_ Vamos fazer assim, então. Vamos esvaziar uma tumba e colocar todas as cabeças lá, enroladas em suas roupas. Jogaremos óleo sobre elas e atearemos fogo. Usaremos essas velas que estão espalhadas por aqui, assim nem precisaremos desperdiçar magia e poderemos guardá-las para nos protegermos caso necessário – disse Anix. Todos concordaram.

Legolas subiu no túmulo aberto e com sua espada atacou a garganta do vampiro adormecido. Todos ficaram apreensivos, mas logo se tranqüilizaram ao ver que o monstro não se mexia mesmo sendo golpeado. Contudo, os golpes do arqueiro não surtiam efeito, mesmo sua espada sendo mágica.

_ Armas normais não funcionarão. Precisamos de algo diferente. Parece que apenas a prata consegue feri-los com eficácia. Vamos usar aquela faca de caça que encontramos com o explorador morto – sugeriu Anix.

De posse da faca prateada, Nailo foi capaz de decapitar o primeiro dos monstros. Orion retirou o corpo de dentro da tumba enquanto Anix envolvia a cabeça em tecido e derramava óleo de lanterna sobre ela. Nailo e Squall partiram para o segundo esquife, enquanto Legolas revistava o corpo decapitado em busca de algo útil para usarem em sua jornada. Uma a uma as tumbas foram abertas, seus ocupantes degolados e suas cabeças incendiadas dentro do primeiro ataúde aberto. O fogo se espalhou rapidamente, formando uma grande fogueira da qual se desprendeu grande quantidade de fumaça escura e fétida. No corpo do líder dos vampiros Legolas encontrou um anel mágico. Era um aro de cobre retorcido, lembrando uma corrente e que, como descobriu Anix, servia para proteger o corpo do usuário tão bem quanto um gibão de peles. Dentro da cripta do vampiro chefe também havia um pequeno baú de madeira reforçada com ferro. Legolas tentou destruir o cadeado que o fechava, mas não conseguiu. Subiu numa das tumbas, então, e jogou a arca no chão com toda a força. A madeira apodrecida se partiu e espalhou todo o seu conteúdo pelo chão. Eram cerca de cinco mil moedas de ouro, duas hematitas belamente lapidadas e uma pequena chapa metálica com o tamanho de uma pena de escrever e forjada no formato de uma armadura de batalha. Anix examinou o estranho objeto e descobriu tratar-se de uma varinha mágica. Bastava um usuário de magia arcana empunhá-la e pronunciar a palavra Brunea para dar a alguém escolhido pelo conjurador a mesma proteção que uma armadura de placas seria capaz de fornecer.

Cerca de dez minutos foram gastos na destruição definitiva dos vampiros. Contudo, apenas seis inimigos repousavam naquele salão. Desconsiderando aquele que Anix tinha desintegrado por completo com seu olho diabólico, restavam ainda três vampiros a serem encontrados.

_ Destruímos seis deles, mas ainda temos que encontrar os outros três antes que eles se recuperem e voltem para nos atacar novamente – disse Nailo. – Não temos escolha, devemos explorar estas outras salas, mesmo estando feridos e cansados.

_ E o que estamos esperando, então? Vamos logo abrir estas portas e caçar os bastardos! – uma voz maliciosa veio do corredor, era o dragão azul. – Por acaso estais com medo, elfos?

_ Se está tão confiante assim, por que não abre uma delas você mesmo? – respondeu Nailo irritado. – Assim, se houver alguma armadilha atrás dela, será você a cair nela e não nós!

_ Elfo covarde! Abrirei a porta, pois não tenho medo de nada! – respondeu Mexkialroy. O dragão foi ao corredor e escolheu uma das portas, a que ficava em frente ao salão das tumbas e a abriu. Squall e Nailo mal tiveram tempo de chegar ao seu lado quando a porta de pedra rangeu e revelou a sala atrás dela. Legolas e Anix chegaram logo depois, enquanto Lucano cuidava de destruir os restos das cabeças queimadas dos vampiros e Orion vestia sua armadura, sem a qual fora obrigado a travar o segundo combate contra os vampiros.

_ Vejam! – gritou o dragão. Um pequeno vulto correu na escuridão, atravessando a pequena saleta de um lado para o outro. Mexkialroy agiu rápido, golpeando o fugitivo com sua garra direita. Depois agarrou alguma coisa no local onde havia atacado e a ergueu. Nailo levou suas espadas à frente, iluminando o ambiente. Era uma cripta pequena, não mais que dois metros de largura e cinco de profundidade. Tomada por poeira, teias e escombros, guardava quatro sarcófagos apoiados em pé nas paredes. Todos eram feitos de pedra maciça e suas tampas tinham esculpida a imagem de um humanóide que combinava aparência élfica e características reptilianas. A luz das espadas parecia enfraquecer ao chegar perto dos caixões, tornando o lugar assustador. Mexkialroy pouco se importava com o interior da sala, estava ocupado com a vítima de seu ataque, que se debatia desesperadamente em suas garras: um rato.

_ Animal tolo! Achaste mesmo que poderias escapar de Mexkialroy? Tua carne irá aplacar minha fome por agora – disse o dragão, levando o pequeno animal à boca.

_ Pare! – gritou Nailo. – Você não vai comer este rato!

_ Não me de ordens, elfo! Eu o achei, tenho fome, logo, comê-lo-ei.

_ Não vou permitir! – bradou o ranger, entre dentes. – Ele não lhe fez nada, dragão. É só um ratinho inocente. Solte-o já!

_ Cala-te, elfo! Este rato é minha caça, meu alimento! Se quiseres um rato, caça um para ti, ou arranja-me outra coisa melhor para comer!

_ Coma-o então, e você vai se ver comigo! – Nailo brandiu as espadas em ameaça. A arrogância do dragão ultrapassara o limite que ele podia tolerar e o desrespeito com o pequeno filho de Allihanna fizera com que o ranger se enfurecesse.

_ Nailo! – gritou Squall. – Pare com isso. Mex não está fazendo nada de errado desta vez. Está apenas se alimentando. Isso faz parte da natureza dele. Ele só está fazendo o que o próprio Relâmpago faria.

_ Não importa, Squall! Ele já nos ofendeu demais, já estou farto dele. E ele não precisa comer este pobre rato – retrucou Nailo.

_ E o que eu vou comer então, elfo? – questionou o dragão.

_ Por que você não come os vampiros? Destruímos as cabeças, mas os corpos ainda estão inteiros – sugeriu Anix.

_ Elfo estúpido! Não sou um carniceiro, não vou comer carne podre! Quero comida fresca, sangue novo, vivo! – rugiu Mexkialroy, ofendido. O dragão azul abriu a bocarra, exibindo seus dentes e aproximando-os do rato.

_ Pare! – gritou Nailo.

_ Parem os dois! – gritou Squall. – Cansei dessa discussão. Eu mesmo vou comer essa droga de rato e acabar com isso!

_ Nem tente, vermelho. Já disse, esta caça é minha! Caça um para ti se quiseres comer!

Irritado com tudo aquilo, Legolas pôs uma flecha no arco e mirou o rato. Iria se livrar do motivo da discussão. Mas, algo dentro da saleta chamou sua atenção.

_ Olhem! – disse o arqueiro.

Dentro da pequena sala, diante de todos, uma nuvem negra se formava, rodopiante. A massa de trevas aumentava de tamanho, vindo do nada, até que algo surgiu de dentro dela. Duas pequenas esferas brilharam como brasas dentro da névoa disforme, envoltas por uma figura animalesca. Lembrava um cão, mas tinha o tamanho de um cavalo de guerra e sua face ferina assemelhava-se mais à de uma gárgula. Dentes brancos pontiagudos brotaram da boca da fera, destacando-se em relação à pelagem espessa e negra como a noite. O animal rosnou em desafio e preparou o bote.

_ Cuidado todos vocês! É um mastim das sombras. E não está sozinho. Ele foi invocado por magia. Alguém o trouxe de outra dimensão – alertou Anix.

_ Queres saber? Fiquem com o rato. Encontrei caça melhor! – sorriu Mexkialroy, arremessando o rato para trás, na direção de Nailo. O animalzinho caiu perto do ranger e rastejou, ferido, para o canto da parede. Usando o poder concedido da Deusa da Natureza, o herói convenceu o roedor a ficar parado, aguardando sua ajuda. Enquanto isso, Mexkialroy se exibia, debochando dos demais e se aproximando do mastim. Enquanto falava e caminhava, Legolas agiu.

Uma rajada de vento frio passou pela porta, culminando num esguicho de sangue negro que se desprendeu do ombro esquerdo do monstro conjurado. A segunda flecha passou tão rápido quando a primeira, cravando-se no outro membro do animal e retirando dele um primeiro gemido. O terceiro ataque veio seguido de uma nevasca, que explodiu na face do monstro, deixando-o desfigurado e arrancando dele um ganido de agonia. O cão das sombras arqueou o corpo, deixando-se vencer pela dor quando uma rajada de chamas os eliminou do campo de batalha. Squall surgira na porta, gesticulando a garra e proferindo palavras arcanas. Três raios ardentes partiram de seus dedos dracônicos, queimando o que restava de vida no corpo do mastim. O animal, agora uma massa carbonizada, tombou no chão, inerte. Seu corpo desfez-se em uma névoa negra e desapareceu tal qual surgira, confirmando as suspeitas de Anix: alguém o havia invocado de outro plano. Mas, nem bem o mago confirmara suas suposições, os responsáveis pela evocação do mastim surgiram atacando. Três aglomerados de escuridão, com formato semelhante ao humano, apareceram através das paredes, atacando os aventureiros.

Legolas, Nailo e Squall foram atingidos pelas sombras que flutuavam acima do solo. Seus peitos foram invadidos pelas mãos das criaturas fantasmagóricas e suas forças se esvaíram, drenadas pelos espíritos. Seus corpos tornaram-se pesados, seus membros rígidos. Nailo evocou o poder de suas espadas e uma coluna de fogo se ergueu do chão, atingindo as duas criaturas que estavam à sua frente. A sombra que o havia ferido diminuiu de tamanho, consumida pelas chamas, mas a que lutava com Squall nada sofreu, escapando do fogo graças à sua natureza incorpórea. Squall também foi envolvido pelas chamas e descobriu de forma amarga que, apesar de sua forma de dragão ser imune ao fogo, aquelas chamas ainda assim eram capazes de feri-lo, pois não eram chamas comuns, mas sim chamas com poder divino. Enquanto as chamas consumiam seus inimigos, Nailo abaixou e recolheu o rato ferido do chão para salvá-lo. Entretanto, seu corpo ficou exposto enquanto salvava o animalzinho permitindo ao monstro enfrentado por Legolas drenar ainda mais de sua força.

Mexkialroy saltou para o corredor e cuspiu uma faísca elétrica nos vultos que atacaram Squall e Nailo. Novamente, a sombra adversária de Squall escapou ilesa do ataque. Mas Anix surgiu no corredor ao lado de Squall e causou o primeiro ferimento ao fantasma. Diversos disparos de energia arcana pura atingiram a sombra de forma indefensável.

Legolas urrou, tentando em vão intimidar os inimigos, recuou afastando-se deles e preparou-se para atacá-los à distância, enquanto Squall e Mexkialroy atacavam com unhas e dentes sem conseguir ferir os inimigos imateriais. As sombras revidavam sem se intimidar, drenando as forças dos adversários. Os dois dragões começaram a demonstrar sinais de cansaço e, apesar da situação desfavorável, Legolas não perdeu a oportunidade de desforrar sua raiva.

_ Squall, essa sua lagartixa não presta pra nada mesmo! – zombou o elfo ao disparar contra uma das sombras. A flecha atravessou o monstro liberando uma explosão de gelo ao perfurar o alvo. Com isso, o primeiro dos espíritos desapareceu no ar, vencido.

_ Cala-te elfo ingrato! – respondeu o dragão azul. – Lembra-te que até agora quem estava reclamando de cansaço e fraqueza era você.

_ Dragão imbecil! – retrucou Anix. – Esse seu orgulho idiota e essa sua arrogância ainda serão sua ruína. Por isso é que eu odeio ter o sangue da sua espécie correndo em minhas veias. Veja como se faz e aprenda alguma coisa! - Anix voltou a atacar com seus projéteis mágicos, incessantemente, até liquidar o segundo inimigo. A última aparição fantasmagórica sucumbiu ante as espadas mágicas de Nailo, encerrando mais um combate na vida de batalhas daqueles heróis.

Lucano e Orion chegaram ao corredor quando a batalha já tinha terminado. Para sorte de todos, a ajuda dos dois não tinha sido necessária desta vez. Vendo o clérigo, Squall teve uma idéia. O dragão voou para o topo da torre, onde seus pertences ainda esperavam, pegou todas as suas coisas e desceu de volta ao encontro dos amigos.

_ Por favor, Lucano. Quero que faça uma magia. Tenho aqui alguns pergaminhos que roubei... Digo, ganhei da minha mãe. Quero que conjure esta magia em mim, para que eu recupere minhas forças – disse o Vermelho.

_ Está bem, Squall, dê-me os pergaminhos – respondeu Lucano. Squall entregou a ele os pergaminhos e com eles Lucano conseguiu restaurar as forças que as sombras haviam sugado de Squall, Mexkialroy, Legolas e Nailo.

_ Bem, ainda temos uma tarefa a cumprir – disse Legolas.

_ Sim! Bem lembrado, elfo! – exclamou Mexkialroy. – Onde estará aquele animal? – o dragão farejou o ar e virou-se para onde Nailo estava. Viu o Guardião curando os ferimentos do camundongo enquanto conversava com ele como se fosse também um rato. Frustrado, o orgulhoso dragão se deu por vencido. – Maldita hora em que desisti daquela caça para ficar com uma maior. Agora não tenho mais caça alguma. O rato agora é teu, elfo. Faças bom proveito dele. Só me resta agora abrir estas tumbas e procurar outra caça.

Enquanto o dragão resmungava, Anix invadiu a saleta, armado da faca de prata.

_ Deixe-me passar, dragão! Depressa! – ordenou o mago, tentando tirar o azul de seu caminho.

_ Mais respeito elfo! Não sou um qualquer para me tratares desta forma! Espera a tua vez – resmungou o dragão.

_ Por favor, Mexkialroy. Deixe-me passar. Tenho que verificar os caixões e eliminar os vampiros antes que eles acordem. Não podemos perder tempo – continuou o elfo.

_ Está bem! – disse o dragão esboçando um sorriso. – Faças o que deve ser feito. Mas ficarei aqui ao teu lado, caso algo te aconteça. E ajudar-te-ei a abrir estas tumbas imundas. Também quero me vingar daqueles bastardos e, caso haja algum tesouro ai dentro, quero garantir minha parte nele.

_ Por que quer tesouro? Isso não compra honra para ninguém, por exemplo – perguntou Anix.

_ Honra? E quem disse que eu quero comprar honra. Apenas quero minha parte do tesouro. Não disse que queria honra. Tu me entendeste mal. Agora prepara logo esta faca, pois vou abrir esta tumba agora.

Juntos, e finalmente em cooperação, Anix e o dragão abriram os quatro sarcófagos. Em três deles havia apenas cadáveres ressecados há centenas de anos, provavelmente pertenciam aos espíritos que tinham acabado de atacá-los. No último encontraram enfim um vampiro. Pelos ferimentos não restava dúvidas de que era um dos nove que os tinham atacado. Anix arrancou a cabeça do monstro a golpes de faca e a jogou para Lucano, que correu até a outra sala e ateou fogo à cabeça decepada, destruindo-a. Dentro de um dos sarcófagos Anix encontrou um pequeno e belo tesouro: um diamante. Anix deixou a sala levando a jóia, que seria somada aos espólios que o grupo juntaria naquele lugar. Muitos outros tesouros ainda os aguardavam. Contudo, agora o grupo tinha mais um exigente membro para a partilha dos bens.




abril 16, 2009

Capítulo 348 – Golpe traiçoeiro


Cerca de uma hora havia se passado desde que Legolas se deixara vencer pelo sono. Dormia profundamente, na esperança de repor as energias perdidas no combate contra os vampiros para então estar pronto para derrotar seu pior inimigo: Zulil. Galanodel vigiava o precário acampamento, alternando momentos de sono e de alerta. Por ser noctívaga, a ave tinha facilidade em se manter acordada durante a noite, dormindo apenas o mínimo necessário para mantê-la acordada no dia seguinte, para acompanhar seus novos aliados. Embora ainda não confiasse totalmente nela, Legolas sabia que poderia dormir em paz. A vida da coruja havia sido salva mais de uma vez por seu grupo e seu comportamento desde o instante em que se juntara aos aventureiros não dava motivos para desconfiança. Era um animal, motivado por objetivos simples como comer, dormir e ficar em segurança. E como ela havia encontrado tudo isso ao juntar-se àquele grupo, não havia motivos para traição. Além de tudo, era benéfico para o grupo deixar que um combatente como Nailo ou Orion descansasse para poder lutar bem no dia seguinte, ao invés de passar a noite em vigília. Os sentidos da coruja, adaptados ao ambiente noturno, eram tão aguçados quanto os de Nailo, garantindo a certeza de que qualquer aproximação inimiga seria notada a tempo de uma reação. Com tudo isso em mente, Legolas dormia profundamente. Mas, embora Legolas se sentisse seguro, a traição ocorreria ainda naquela noite. Um golpe sujo seria desferido contra o grupo, da forma mais covarde possível, pois, enquanto os aventureiros dormiam, foram traiçoeiramente atacados.

Legolas acordou num susto. Dor, o som de uma explosão atrás da sua cabeça, vinda da sua mochila, fumaça preta. Carvão. Legolas abriu os olhos e viu alguém agachado sobre seu corpo. Pele pálida, dentes pontiagudos, punho fechado retornando para junto do corpo após desferir um golpe certeiro no pescoço do elfo. Um golpe que para sorte do arqueiro não fora fatal. Um vampiro. Legolas pegou o arco que repousava ao seu lado e disparou velozmente. Três flechas certeiras, cravadas no peito do vampiro, fizeram-no desfazer-se numa nuvem de fumaça, poeira de carvão e neve. Olhou ao redor, não gostou do que viu. Oito nuvens gasosas que flutuavam acima de seus companheiros se transformaram em vampiros diante de seus olhos, silenciosos, indetectáveis. Os malditos haviam voltado como alertara Anix. Seus punhos fechados golpearam os pescoços de Anix Nailo, Lucano e Orion. Três deles se manifestaram agarrando Mexkialroy e o último segurava Squall. Os dragões não deveriam morrer ali, seriam sacrificados ao seu deus. O som dos golpes explodiu como tambores. Lucano e Orion despertaram assustados, extremamente feridos. Anix não se mexeu, vagava novamente entre dois mundos. Por sorte e generosidade. Squall e o dragão azul acordaram lutando para se libertarem de seus captores, sem entender direito o que acontecia. Nailo estava envolto por uma nuvem negra. Uma fração de segundo antes do Guardião ser atingido, algo explodiu dentro da mochila na qual ele apoiava a cabeça. A nuvem de poeira negra se espalhou rapidamente, cegando momentaneamente o vampiro e impedindo um golpe fatal. O carvão da noite da alegria, pensou Legolas. O carvão que, segundo Sam, trazia sorte. A lenda era verdade. Nailo, assim como Legolas e anteriormente Lars Sween, havia sido salvo pelo carvão. Legolas levou a mão à aljava, puxando novas flechas. Nem bem havia descansado, um novo combate se iniciava.

Despertos e com as vidas por um fio, os heróis começaram uma rápida reação. Nailo evocou o poder da natureza, a vegetação rasteira que crescia em meio à sujeira do pináculo começou a curvar-se sob sua vontade. Mas, antes que ele pudesse concluir seu intento e aprisionar os inimigos, recebeu um novo golpe, tão potente quanto o que o tirara do sono, quebrando sua concentração e dissipando sua magia. O ranger rolou para trás, agarrando suas espadas e pondo-se de pé num só movimento. Encarou o inimigo, com relâmpago ao seu lado, e o reconheceu.

_ Não disse que me mataria? Ainda estou esperando por isso! – desafiou o vampiro, o mesmo que dominara a mente de Relâmpago. Nailo esboçou uma resposta, mas um rugido o calou, assim como a seu oponente.

A metros dali o dragão azul se erguia. Suas escamas reluziam refletindo o brilho alvo do arco de Legolas. Agitou as asas, pateou o chão e conseguiu livrar-se de dois pares de braços que o prendiam. Apenas um vampiro tentava imobilizá-lo, sem muito sucesso, enquanto outro ao lado tentava o mesmo com Squall. Os demais monstros continuavam atacando os heróis que mal haviam despertado.

Squall liberou o poder do anel e num piscar de olhos transformou-se num enorme dragão vermelho. Mexkialroy sorriu. Orion levantou-se, escapando dos golpes do adversário que o perseguia. Brandiu sua espada de fogo e correu para perto de Galanodel, que preparava um bote contra os inimigos. O humano urrou, chamando a atenção dos inimigos. Tinha um plano.

Lucano levantou-se clamando por Glórienn. Tocou Anix, desacordado, e correu em direção aos demais companheiros. Orion viu os vampiros confusos, como se não enxergassem o clérigo e o mago. Os monstros então correram na direção do guerreiro e ele viu seu plano começando a funcionar.

_ Ataquem os três de uma vez! – gritou o guerreiro, saltando para fora da torre. Galanodel mergulhou para a escuridão atrás do humano, salvando-o da morte certa. Lucano compreendeu a intenção do guerreiro e agiu.

_ Dililiümi! Preciso de sua ajuda! – gritou o clérigo. A espada brilhou e inflamou-se e uma explosão de chamas atingiu os monstros que perseguiam Orion. Lucano evocou então o seu poder arcano e lançou uma segunda bola de fogo nos vampiros, tirando-os do combate. Apenas três pequenas nuvens de vapor restaram dos monstros em meio aos escombros, movendo-se lentamente rumo às suas criptas no interior da torre.

Na borda oposta, Legolas disparava se arco sem parar, sem ao menos se levantar para atacar. Um dos vampiros que atacavam o dragão azul se desfez em fumaça e o outro perdeu metade da face, congelada por uma flecha. Ao seu lado, os dois dragões lutavam com eficiência. Squall levantou vôo e cuspiu chamas em seus inimigos que saltitavam entre as labaredas para escapar de seus efeitos. Mais um dos inimigos foi destruído, libertando o azul de suas garras. Mexkialroy atacou então com dentes e garras, deixando dilacerado o corpo do vampiro que o atacava. Os invasores eram perigosos e se os vampiros não os vencessem logo, fatalmente seriam destruídos. Traiçoeiros, agiram de forma a aumentar suas forças.

_ Junte-se a nós! Ataques seus companheiros! – sussurraram os vampiros. Seus olhos brilhavam como chamas. Legolas, assim como Mexkialroy, não resistiu.

O arqueiro disparou suas flechas. Desta vez, os alvos eram seus companheiros. Squall escapou por pouco do ataque, mas o mesmo não ocorreu com seu aliado de escamas azuis. Mexkialroy recebeu duas flechas no dorso, sentindo suas escamas congelarem.

O azul revidou. Mas seu alvo não era o elfo. Cuspiu um relâmpago naquele que seus instintos apontavam como um inimigo natural, o dragão vermelho. Ferido, Squall deixou o combate, mergulhando no buraco onde antes caíra para o interior da torre. Não fugia, perseguia as os vampiros em forma gasosa, para eliminá-los de vez quando assumissem suas formas sólidas novamente.

Fora, no andar superior, Nailo atracava-se contra seu inimigo declarado. Fundido ao lobo Relâmpago, a nova criatura sobrepujava o vampiro pela força. Nailo, ou Nailâmpago, golpeava o oponente com suas garras e o mordia com ferocidade. Entretanto, os ferimentos se fechavam instantaneamente. O vampiro tentava dominar a mente do lobisomem que o atacava, tentava sugar seu sangue, mas todas as suas tentativas eram falhas. Certo de que aquela luta não daria em nada, decidiu recuar. Transformou-se em vapor e flutuou até a entrada da torre. Outro monstro o acompanhava, fugindo para se regenerar após ser rasgado pelas garras do dragão azul.

Somente um dos vampiros permanecia lutando. Era ele quem dominava a mente de Legolas e obrigava o arqueiro a atacar os companheiros. Sob o domínio do monstro, Legolas retesou o arco, mirando a cabeça lupina de Nailo. Os dedos foram soltando a corda um a um quando, inesperadamente, Orion e Galanodel surgiram por trás da muralha de dentes de pedra. O guerreiro caiu ao lado do vampiro, abrindo um largo corte em sua barriga com a espada. Lucano veio em seguida, braço estendido exibindo o símbolo de Glórienn, lançando o poder da Deusa dos elfos sobre a criatura, fazendo sua pele pálida queimar e se dissolver, quebrando finalmente sua concentração e o encanto que prendia Legolas. O arqueiro desviou rapidamente o arco e disparou. A flecha explodiu em gelo na cabeça do vampiro que se desfez por completo assumindo a forma de vapor.

As três nuvens restantes flutuavam rumo à cripta no andar inferior, duas delas já desapareciam fosso abaixo quando Anix finalmente despertou. A pulseira de flores que pertencera a Squall murchara e caíra de seu pulso. Já habituado àquela situação, o mago levantou-se sem hesitar e voou para o buraco por onde Squall descera. Anix encontrou o irmão, transformado em dragão, aguardando na câmara das criptas. Os vapores entravam nas tumbas um a um, lentamente. Uma das nuvens, que descia pelo fosso de entrada, transformou-se novamente em vampiro. Squall o atacou com todas as forças, obrigando o monstro a recuar. A criatura transformou-se novamente em fumaça e subiu para a superfície, onde assumiu novamente a forma física e recebeu uma flecha nas costas. Legolas disparou seu último ataque, encerrando o combate, destruindo o inimigo restante e libertando Mexkialroy de seu controle mental. Todos correram para o fosso onde Anix, ressuscitado, preparava um plano.

_ Squall prepare-se. Quando eu der o sinal, abra as tampas dos túmulos! – o mago entoava um feitiço esperando, dessa forma, livrar-se de vez daquela terrível ameaça.

abril 08, 2009

Capítulo 347 – Filho da Luz

Lucano levou a mão à testa, enxugou o suor que brotava. Conferiu a perna ferida no salto para dentro da torre. Nada grave, apenas pequenos arranhões e uma torção leve. Faltava conferir a situação dos companheiros, mas algo mais urgente chamava-lhe a atenção. O dragão. Squall conversava com o monstro azul em cima do altar de pedra, usando a linguagem própria das feras lendárias. Pareciam estar se dando bem.

_ Quem és tu, Vermelho? O que fazes neste lugar maldito? – perguntava o prisioneiro. – E por que raios estás sob esta forma indigna?

_ Eu sou Squall – respondeu o elfo, rompendo o último grilhão que acorrentava o dragão. – Me transformei desta forma para me misturar melhor com meus companheiros. Estou aqui para resgatar algumas pessoas. E você, por que está aqui?

_ Eu sou Mexkialroy! – respondeu o monstro elevando a voz com orgulho ao pronunciar o próprio nome, que significava filho da luz no idioma dos dragões. – Estou aqui, pois fui um tolo! Esperava fazer desta torre meu covil! Mas outros já o haviam tencionado antes de mim. Entre eles aquela besta cheia de braços lá no alto e esses mortos que teimam em andar. Capturaram-me e prenderam-me aqui. Queriam sacrificar-me ao deus imprestável deles, a quem chamam de Ashardalon, para revivê-lo. Parece que tu serias o próximo, Vermelho, de acordo com as intenções dos bastardos – Mexkialroy ergueu-se. Esticou as asas e verificou se estavam feridas. Movimentou as patas, estalando os ossos e saltou para o chão olhando ao redor. – Mas, diga-me, Squall. Quem são esses a quem desejas resgatar? Teu tesouro? Teus escravos? – perguntou, por fim.

_ Não, não são nem uma coisa, nem outra. São meus amigos – respondeu Squall.

_ E esses que o acompanham? Vejo que tens bons escravos a servi-lo. Foram de grande valia agora há pouco. Quem são eles? – Mexkialroy caminhou entre os heróis, fitando e cheirando cada um, exibindo-se com imponência.

_ Bem, eles não são escravos! São livres – balbuciou Squall, sendo logo interrompido.

_ Livres? Percebo que és generoso, Vermelho! És generoso com essas criaturas inferiores. Curioso, muito curioso! – o azul falava com desdém, gargalhando e exibindo seus dentes pontudos. Legolas, que compreendia cada palavra, enervou-se. Decidiu não discutir com o monstro. Deitou-se sobre o altar e, rodeado pelas velas, ajeitou-se para dormir. Lucano, também irritado, alertava Dililiümi sobre o perigo que o dragão poderia representar, pondo-se em alerta num canto do salão enquanto conversava com sua espada.

_ Quero conhecer estes seres livre que o acompanham e servem a ti, Vermelho! – bradou o azul. Depois, voltou-se para Anix. – Tu, qual teu nome? – O mago não respondia. Não compreendia sequer uma palavra daquele idioma. O dragão irritou-se. – Estou falando contigo, três-olhos! Responda-me! Qual é teu nome?

_ Mex! Ele não compreende nosso idioma. Deixe que eu os apresente – disse Squall. – Esse é meu irmão Anix. Aqueles são Nailo, Orion, Lucano e Legolas.

_ Irmão? Estás me dizendo que este franzino é teu irmão? – Mexkialroy riu novamente. – Mas o cheiro dele é estranho. Não vejo como é possível que seja teu irmão, Vermelho. Bem, isso agora não importa. Irmão ou escravo, não faz diferença para mim. A única coisa importante agora é que, graças a ti, estou vivo. Por isso tenho uma dívida a pagar. Tua paga será meu serviço, Vermelho!

_ Hã? Como assim? – perguntou Squall.

_ Salvaste minha vida, Squall, o Vermelho! Por este ato, hei de acompanhá-lo e auxiliá-lo até que eu sinta que minha dívida esteja paga – Mexkialroy falava na língua comum, para que todos os presentes pudessem compreendê-lo. – Ajudar-te-ei a resgatar as pessoas que lhe são caras. Ouçam-me todos vocês! – bradou o dragão dirigindo-se ao grupo. – Estou em dívida com vosso mestre. Por isto irei acompanhá-los de hoje em diante. Bem vindos ao inferno! – sorriu o dragão por fim.

O anúncio surpreendeu todos. Inesperadamente agora havia um dragão no grupo. Não alguém como Squall que apenas possuía em suas veias o sangue dracônico cada vez mais forte. Desta vez era um dragão real, em forma, aparência e maldade. Se os Deuses os ajudavam, como dissera Marah, dessa vez era Megallokk, Deus dos Monstros, quem interferia no destino dos Escolhidos.

_ Vamos, Vermelho! Vamos procurar aqueles a quem vieste resgatar! – chamou Mexkialroy, ganhando o corredor a passos largos.

_ Não faça barulho! – reclamou Anix devido às passadas despreocupadas do dragão que ecoavam por todo o andar.

_ Ora, elfo. Não me dê ordens, criatura inferior! Por que estás tão assustado? – rugiu o azul.

_ Não faça barulho, idiota! Vai alertar nossos inimigos desse jeito! – respondeu o mago, enervando-se.

_ Modere tua língua, Três-olhos! Pois que venham todos os inimigos! Acabaremos com todos e assim pagarei logo minha dívida! – retrucou Mexkialroy.

_ Você não entende mesmo! Não podemos chamar a atenção, não sabemos que tipo de inimigos há nesse lugar. Enfrentar todos de uma vez é estupidez. Além do mais, estamos todos cansados e fracos. Precisamos dormir e recuperar nossas energias. Gastei quase todo o meu poder mágico – explicou Anix.

_ Pois fique descansando, então. Anix, certo? Teu mestre e eu iremos explorar este lugar enquanto vocês dormem. Se precisarmos de teus serviços, chamaremos! – o dragão desapareceu da visão do mago, rapidamente acompanhado por Squall. Antes de deixar o salão, o feiticeiro se virou e disse:

_ Não se preocupe, só quero dar uma olhada nessas portas para ter certeza que estamos seguros. Já volto!

Squall saiu. Legolas já dormia, Lucano limpava sua espada e Orion descansava sentado em um canto, calado. Nailo chamou Relâmpago e foi até a porta que dava para o corredor.

_ Vou dar uma olhada lá em cima – disse ele usando o idioma dos elfos. Quero ter certeza que não ficou nenhum monstro escondido naquela sujeira. Tome cuidado com aquele dragão. Se ele aprontar alguma, me avise. Sou especialista em caçar esse tipo de bicho, se ele tentar nos fazer algum mal, vou adorar fatiá-lo!

_ Tudo bem, Nailo! E como pretende chegar lá em cima? – perguntou Anix.

_ Escalando, oras!

_ Tome isto, então! – Anix enviou a vassoura mágica para o amigo. Nailo montou no objeto e segurou Relâmpago, assustado, no colo. Pretendia terminar logo a checagem, deveria estar realmente cansado, pois o lobo estava muito mais pesado. Até seus olhos eram enganados pelo cansaço, pois além de pesado, o lobo parecia maior.

Voaram para cima, através da entrada e chegaram ao piso externo da torre. Nailo pôs o lobo no chão e juntos os dois começaram a vasculhar todo o andar. Uma dupla de criaturas se aproximou voando, chamando sua atenção. Eram Galanodel e sua filha.

_ Nailo! O que aconteceu? Onde estão todos? – perguntou a ave.

_ Estão lá embaixo – respondeu o ranger apontando para o buraco no chão. – Estão bem. Tivemos alguns problemas, uns monstros nos atacaram, mas agora tudo está seguro.

_ Vou até lá! – disse a coruja, saltando pela entrada.

Nailo retomou sua busca. Dejetos, carcaças de animais devorados, escombros e sujeiras diversas estavam por todos os lados. Próximo da borda, ao norte da torre, Nailo encontrou um vasto tesouro escondido. Milhares de moedas e ouro, prata e cobre formavam uma grande pilha reluzente. Jóias davam um brilho colorido ao tesouro que havia sido cuidadosamente depositado naquele local como descobriu Nailo. Um rastro de moedas, que conduzia para a entrada, denunciava o intuito dos seres inumanos que tinham atacado Legolas. Estavam levando o tesouro de volta para dentro da torre. Nailo investigou e descobriu pegadas antigas ao redor do tesouro, pegadas de dragão. Uma escama negra e velha sobre a montanha de moedas terminou por desvendar o mistério. O dragão negro cujo corpo jazia há tempos no topo da torre, havia invadido a torre e a transformado em seu covil, tal qual o próprio Mexkialroy desejava fazer. O dragão negro roubara o tesouro de dentro da torre e o fizera de cama. O mesmo dragão tentara devorar Tork conforme o troglodita relatara e, não muito recentemente, fora derrotado pela tal cria da lua e seus ajudantes mortos-vivos para logo depois ser sacrificado em nome do misterioso Ashardalon.

Nailo terminou sua busca aliviado. Não havia mais ameaças naquele andar. Deixou o tesouro, do qual tomariam posse mais tarde, e foi procurar um local para descansar. Levava consigo dois objetos importantes que encontrara no meio das moedas: um frasco de poção e um anel. No pequeno pote havia um líquido esverdeado e viscoso. Pensou tratar-se de uma poção de cura, mas o cheiro do líquido logo fez com que desistisse da idéia. O anel era de ouro puro e possivelmente tinha algum poder mágico. Entalhes internos mostravam o desenho de um pé sobre uma linha sinuosa. Deveria ter algo a ver com movimentação, pensou o ranger. Assim, Nailo pôs o anel em seu dedo e passou a testá-lo. Saltava, corria, pulava tentando andar nas paredes, sem resultado. Somente quando pisou sobre uma das muitas poças d’água que se acumulavam no piso desgastado e irregular que ele percebeu o poder do anel. Seus pés não afundaram na poça, o anel permitia que seu dono caminhasse sobre a água como se estivesse sobre o chão maciço. Satisfeito, Nailo limpou um pedaço de chão, protegido pelas presas rochosas da garoa fina na qual se transformara a tempestade, e sentou-se. Acendeu seu cachimbo e pôs-se a esperar pelos companheiros.

Abaixo dali, Orion explicava a Galanodel o que acontecera, narrava a batalha contra os vampiros e contava à coruja do novo integrante do grupo: Mexkialroy. Legolas dormia enquanto Lucano e Anix investigavam o aposento, espantados com o que descobriam.

_ Olhe, Lucano! – disse Anix. – As paredes não fora simplesmente derrubadas. Elas foram corroídas. Ácido. E pela forma como foram dissolvidas, tenho certeza de que isso foi obra daquele dragão negro lá em cima.

_ Impressionante! – respondeu o clérigo. – Isso aqui também. Olhe o altar. Veja esses símbolos e velas. Eles não estavam simplesmente matando o dragão azul. Isso aqui era um ritual complexo de sacrifício. Já vimos isto antes. Teztal fazia isso para dar vida àquela estátua de pedra. Esses vampiros querem fazer a mesma coisa para dar vida a esse tal Ashardalon, a quem eles chamam de deus.

_ E você conhece algum deus com esse nome, Lucano?

_ Não, não conheço! Nunca ouvi falar.

_ Engraçado, porque eu tenho a impressão de já ter ouvido esse nome em algum lugar. Mas não sei onde.

_ Talvez seja o nome pelo qual eles conheçam Teztal. Mas não creio nisso.

_ Eu também não. Bem, e quanto aos vampiros? Acha que podem retornar? Afinal eles apenas viraram fumaça e desapareceram.

_ Acredito que sim. Não sei muito sobre essas coisas, mas sei que eles não foram destruídos. Temos que nos proteger e... – Um ruído forte, vindo do corredor, calou Lucano. Os dois elfos foram ver o que acontecia. Mexkialroy conversava com Squall, quase gritando.

_ Silêncio! – alertou Anix. – Querem nos colocar em perigo?

_ Mas que afronta! Como permites que este elfo fale desta maneira contigo, Vermelho? – bufou o dragão.

_ Ele está certo, Mex! Estamos fazendo muito barulho. Dessa forma só vamos atrair os inimigos – respondeu Squall.

_ Pois vamos logo acordar esses mortos e devorar suas carcaças podres. Onde está seu orgulho de dragão? Coragem, Vermelho! – Mexkialroy empurrou uma das portas ao norte, no final do corredor e a abriu. Ela, assim como todas as outras, trazia o emblema da testa de Squall entalhado sob a aldrava.

A porta aberta revelou uma pequena sala na borda da torre. Estava vazia, a não ser por sujeira e escombros espalhados pelo chão, pedaços do teto e do revestimento das paredes vencidos pela ação do tempo. Squall entrou na saleta, iluminando-a com magia.

_ Mex! Entre aqui, depressa! – chamou o feiticeiro. O dragão obedeceu.

_ Mex? Parece que já somos íntimos, não? – debochou o azul. – O que queres?

_ Tenho que lhe dizer algumas coisas.

_ Pois diga, Vermelho!

_ Pois bem! – começou Squall. – Primeiro. Aqueles lá fora não são meus escravos, nem são meus servos. Somos iguais, eles e eu. Eles são meus companheiros e, mesmo eu não confiando neles, eu os respeito. E exijo que você faça o mesmo.

_ Ora, mas por que? São inferiores. Como podes chamá-los de iguais?

_ Preste atenção! É melhor deixar de ser arrogante desse jeito. Você só está vivo graças à ajuda deles. Cada um deles sozinho tem poder para destruí-lo se assim desejarem. Lembre-se disso antes de menosprezá-los da forma como faz. Espero que tenha entendido isso.

Mexkialroy fez um muxoxo, riu e meneou a cabeça concordando em tom irônico.

_ Segundo. Nós o salvamos, mas, assim como meus amigos, você é livre. Não precisa ficar me seguindo por ai. Pode ir embora se quiser, viver a sua vida – continuou Squall.

_ Ora, não tomes decisões por mim, Vermelho. Escutai, Squall. Não entendo bem o que está se passa. Tu não te portas como um dragão, não permaneces com a aparência de um e ainda por cima chamas aqueles inferiores de iguais. Dizes não confiar neles, mas não creio que tentas me enganar. Chamas um dos elfos de irmão, o que tem três olhos e não tem cheiro de dragão. Andas com outros tipos estranhos. Um deles é tão frio quanto os mortos, outro passa o tempo a conversar com a espada, o terceiro trata aquele lobo gigante como se fossem da mesma espécie e por fim há aquele humano entre um bando de elfos. Não entendo essa situação, mas logo entenderei. Quanto mais fico com vocês, mais isto atiça a minha curiosidade. Quero entendê-los e tenho uma dívida a lhe pagar. Enquanto eu não saciar minha curiosidade e não sentir que tua paga foi feita, não irei embora. Podes te acostumar com minha presença, pois nada irá me fazer desistir.

_ Está bem, então. Pague sua dívida se é o que quer. Mas respeite meus amigos e tome cuidado com essa sua curiosidade. Há um ditado em minha terra que diz: “a curiosidade matou o dragão” – disse Squall.

_ Não te aflijas. Não temo teus amigos, mas tentarei tratá-los melhor. E lembra-te, os dragões não morrem – zombou Mexkialroy.

_ Veremos. E, por falar em morte, você por acaso acredita nos deuses?

_ Deuses? Não me importo com eles!

_ Nem com Megallokk?

_ Por que seria diferente com ele?

_ É o Deus dos Monstros, dos dragões.

_ Dos monstros pode até ser. Dos dragões, nunca! Não somos como estas bestas ridículas e estúpidas criadas por Megallokk! Somos dragões! Não precisamos deste deus!

_ E você por acaso já viu algum deus?

_ Não!

_ Pois se ficar conosco, verá! Vamos!

Squall e Mexkialroy retornaram para o salão de sacrifício. O dragão não perdera o ar imponente e arrogante durante toda a conversa e adentrava a sala como se fosse um rei se exibindo para os servos.

_ Squall, vamos todos lá para cima! – chamou Anix enquanto acordava Legolas.

_ Por que? – perguntou o feiticeiro.

_ É mais seguro! Lucano e eu achamos que aqueles vampiros podem reaparecer.

_ Pois então vamos ficar e esperar que apareçam! Vamos acabar com todos! – rugiu o dragão.

_ Não, precisamos descansar! – disse Anix. – Ainda não estamos prontos para outra batalha.

_ Covardes! – zombou o monstro, indo para a saída.

Legolas parou embaixo do buraco de saída e evocou seu poder. O chão sob seus pés se congelou num instante e duas colunas de gelo começaram a surgir do chão, erguendo-o. Em poucos segundos Legolas já alcançara o andar superior. Abaixo dele, sob seus pés, uma escada de gelo se formara para permitir a saída dos amigos que logo o acompanharam.

_ Nossa, mas não é que ele sabe fazer algo interessante? – cochichou o dragão para Squall, em seu próprio idioma. Legolas ouviu, mas não respondeu.

_ O que fazem aqui? – perguntou Nailo.

_ Vamos passar a noite aqui fora. É mais seguro que lá embaixo – respondeu Anix.

_ Ainda acho que deveríamos esperar os inimigos aparecerem e acabar com todos – resmungou o dragão.

_ Cale-se, dragão! – gritou Legolas. – Sua arrogância já está me cansando! Você se acha tão superior, mas se não fosse por nós, você já estaria morto. Se não calar essa boca logo, vou transformar seu couro numa peneira. Fique quieto e deixe-nos dormir em paz, e pela manhã você verá se somos covardes e conhecerá nosso poder.

_ Está bem, elfo! Se insistes, podes dormir tranqüilamente. Não precisas ficar nervoso. Durma, elfo. Durma enquanto eu vigiarei teu sono – zombou Mexkialroy. O dragão desfilou sorridente pelo meio do grupo e acomodou-se perto da borda da torre. Tomados pelo cansaço, os heróis não responderam à provocação e foram dormir.

D&D 4.0 - A...D...O...R...E...I...!

Calma, não estou falando da 4ª edição do jogo de Dungeons & Dragons (que, por sinal, não é minha praia), mas sim do 4º cd de músicas tema para se jogar D&D que eu montei.
Fiz uma coletânea das melhores músicas dos outros 3 cds que eu usava enquanto mestrava, para aumentar o clima, e adicionei algumas outras músicas perfeitas para ouvir enquanto se joga. Catei essa seleção de músicas e criei 10 faixas temáticas mixando os melhores trechos de cada música. tem uma música só para combates, misturando temas de Conan, Escaflowne, Lodoss, etc., tem música para quando se está invadindo masmorras, música para quando o grupo está numa vila ou numa taverna, música para quando acontece algo triste na aventura, música para conclusão de aventura, etc. Esse cd é o melhor de todos, pois tem o melhor dos outros 3, tudo combinado em poucas faixas para facilitar o trabalho com o botão repeat do player.
As músicas podem ser baixadas diretamente aqui:

D&D Themes 4

Para quem ainda não conhecia, as outras três coletâneas podem ser baixadas aqui:

D&D Themes 1, 2, 3, 4.

abril 03, 2009

Capítulo 346 – Dentes!

Relâmpagos voltaram a iluminar o céu e o topo da torre. Distanciavam-se, a tempestade cessava. Os heróis se preparavam, conferiam armas e munição. A entrada não fora difícil de encontrar. Um buraco redondo no centro do piso circular dava acesso ao interior da fortaleza. Em poucos minutos os jovens desbravadores invadiriam o covil do inimigo para se vingarem, para fazer justiça. Squall era o único que não precisava de preparação. Em sua forma dracônica, o feiticeiro sentia-se pronto para qualquer desafio. Enquanto seus amigos conferenciavam e planejavam a invasão, o Vermelho decidiu investigar o local.

Havia grande quantidade de moedas acumuladas nas bordas da torre, ocultas sob a sujeira composta de escombros e carcaças de animais devorados. Provavelmente o dragão negro que Tork mencionara tinha feito aquele pináculo de covil e reunido ali todo seu tesouro. Seu reinado deve ter caído quando Zulil e seus asseclas chegaram à torre, matando o dragão, caçando outros de sua espécie e acordando os mortos. Um mistério permanecia sobre as razões da tal Cria da Lua caçar os dragões. Mas, não restava dúvidas, pela fúria com que investira contra Squall ,de que, além de vigiar a entrada, o monstro caçava as feras aladas para seu mestre. Três carcaças jaziam ali para provar esta perturbadora teoria. Legolas já esticava os olhos sobre o couro do animal branco, clamando para si a posse de sua pele para fazer a sua sonhada armadura. Se tudo desse certo, o poderoso Coração de Gelo forjaria sua indumentária com aquele couro e escamas. Curioso com as carcaças, Squall foi até onde as três repousavam para investigá-las. Passou silenciosamente ao lado do fosso de entrada, não queria chamar a atenção dos inimigos, e foi até o lado oposto da torre onde os dragões jaziam. Súbito, o grande peso de seu corpo transmutado em dragão fez com que o chão antigo e deteriorado pelo tempo cedesse. Duas placas enormes de pedra se desprenderam sob os pés de Squall e despencaram para o andar debaixo levando o dragão consigo. As placas giraram e, enquanto uma extremidade ia para baixo, a outra subia velozmente. As placas se chocaram e se espedaçaram, criando um amontoado de estilhaços que cobriu o buraco por onde Squall caíra. Todos correram assustados, preocupados com o companheiro. Por uma pequena fresta nos escombros, Nailo conseguiu enxergar o amigo quase dez metros abaixo de si, cercado de inimigos.

Squall despencara quase dez metros, sem ter tido tempo de se agarrar à borda do buraco ou de bater as asas para voar. Seu pesado corpo vermelho se chocou contra o chão violentamente. Refeito do susto, tentou descobrir onde estava. Cerrou os olhos e observou os arredores. Estava em uma sala comprida que terminava numa das bordas da torre. Tudo estava escuro. Somente alguns lampejos de luzes fracas e bruxuleantes chegavam a seus olhos, vindos da direita. O Dragão não precisava de luz para enxergar, logo, Squall não se preocupou. O salão onde estava parecia um cemitério. Meia dúzia de tumbas de pedra tomavam conta do solo, todas fechadas. Squall não se preocupou. Ouviu um som. Sussurros. Vozes ritmadas como num cântico entoando versos no idioma dos dragões. Squall olhou para a direita, para a direção de onde vinham os sons e as luzes. A parede estava destruída, corroída por algum ácido muito forte ou pelo tempo, restando apenas pedaços esparsos em pé. Além da barreira tombada viu os inimigos, e o temor tomou conta de seu corpo de dragão. Estava encrencado.

Dez pessoas vestidas com mantos cerimoniais vermelhos estavam ao redor de um altar de pedra. Tinham a pela estranhamente pálida, pareciam mortos. Entoavam cantos em coro, faziam gestos ritmados. Participavam de algum ritual que Squall logo compreendeu do que se tratava. O que parecia conduzir a cerimônia empunhava uma adaga prateada, apontando-a para baixo, para o altar. Sobre o altar, rodeado de velas negras, havia uma criatura que seria sacrificada. Um dragão azul. Ao notarem Squall, os homens interromperam o ritual.

_ Um intruso! – gritou um deles.

_ Um vermelho! – alertou outro.

_ Um vermelho era o único que faltava. Vamos pegá-lo! – gritou o que brandia o punhal. – Será o próximo sacrifício. Peguem-no!

Os dez homens se voltaram para Squall, fecharam os punhos em ameaça. Squall abriu as asas, rugiu e exibiu os dentes ameaçando-os. Os inimigos o imitaram. Seus olhos acenderam-se como brasas, os caninos brotaram para fora das bocas e cresceram assustadoramente. O dragão azul, acorrentado sobre a pedra fria, ergueu a cabeça e alertou Squall:

_ Fuja daqui vermelho! São vampiros!

Squall tremeu. Vampiros. Mortos-vivos da pior espécie. Seu único temor, seu ponto fraco. Precisava fugir.

_ Squall! – gritou Nailo, que assistia a tudo do lado de fora. – Squall está em perigo! Temos que ajudá-lo! Vampiros!

O grupo se pos em prontidão. Precisavam combater novamente. Legolas praguejava. Estava ferido e fraco por causa do último embate. Lucano ainda não tivera tempo de usar suas magias para ajudá-lo. Pegou o cantil mágico que tinham encontrado com o explorador morto e tomou uma golada. O líquido escorreu por sua garganta, ardendo como um vinho forte. Sentiu os músculos inchando, seu corpo enchendo-se de força. Não era o que queria, mas serviria. Preparou o arco, Anix e Nailo já saltavam no fosso para encontrar Squall.

Nailo despencou até o piso inferior. Suas pernas doeram ao se chocar no piso, sentiu uma fisgada na coxa esquerda. Por pouco não partira um osso. Estava em um corredor. Portas por todos os lados, velas chamejando nas paredes sobre candelabros de metal com a forma de um dragão se erguendo para voar. À sua direita, além de um buraco que tomava quase toda a extensão da parede, viu os inimigos lançando seus olhares maldosos sobre ele. À sua frente uma porta de pedra que, conforme vira de cima, conduziria até a sala onde Squall estava. Olhou a fechadura. Complexa, difícil de abrir até para um profissional. Notou algo estranho. Um símbolo cunhado no metal da tranca, a cabeça de um dragão estilizada. Igual ao desenho que aparecera na fronte de Squall após o confronto com Escamas da Noite. Nailo ficou intrigado com aquilo, Mas não tinha tempo para charadas, viu os inimigos se aproximando pelo corredor, ouviu o rugido de Squall além da porta e a chutou. Sorte. Não estava trancada. Nailo abriu uma rota de fuga para o amigo que já combatia contra vários inimigos. Anix pousou ao seu lado, suave, ainda sobre efeito da magia de vôo. Evocou seu poder mágico e disparou diversos relâmpagos nos inimigos que surgiam no corredor. Os raios atravessaram os corpos sem feri-los. Lembrou-se tarde demais do que aprendera nos livros. Vampiros eram resistentes contra eletricidade.

_ Nailo! – gritou o mago. – Suas espadas não funcionarão! Eles são fortes contra eletricidade. E se regeneram rápido.

_ Como posso feri-los então? – perguntou Nailo já preparando o corpo para interceptar o ataque do primeiro inimigo que corria em sua direção.

_ Prata! Eles são vulneráveis a prata! – respondeu Anix, num grito.

Os inimigos saltaram sobre os dois. Atacavam de mãos limpas, mas com força e técnica tamanhas que pareciam lutar armados. Além de sacrificar dragões em rituais profanos e tomar sangue, aqueles vampiros ocupavam seu tempo infinito com algo mais. Seus corpos eram treinados, verdadeiras máquinas de combate, capazes de enfrentar inimigos armados de igual para igual.

Nailo foi rapidamente cercado. Os inimigos avançavam em velocidade espantosa pelo corredor, faziam acrobacias para desviar dos companheiros e num segundo estavam às costas de seus alvos. Um deles saltou na parede e continuou correndo por ela como se andasse no solo. Os malditos mostravam seu poder. Mostraram os dentes pontiagudos e atacaram. Socos, pontapés. Nailo e Anix sentiram a dor dos golpes e algo mais. O ar parecia escapar dos pulmões, as pernas amoleciam. Os golpes rasgavam a alma, tiravam a energia vital dos inimigos na mesma proporção que tiravam sangue. A cada novo golpe os vampiros enchiam os pulmões de ar, coisa que não necessitavam, e socavam ao mesmo tempo que expiravam e emitiam brados de guerra. Eram os piores golpes além da dor no corpo e na alma, pareciam carregados de uma estranha energia que envolvia os atingidos e fazia seus corpos formigarem, seus músculos enrijecerem. Por pouco Nailo e Anix não ficaram completamente paralisados.

No alto, do lado de fora, Legolas banhava suas flechas com o pó mágico que recebera dos anões de Cold Valley. O reflexo prateado aderia magicamente às pontas dos projéteis. Se a prata era a única coisa capaz de ferir os vampiros, então Legolas os faria comer prata. Sem perder tempo, Lucano despejava o poder de Glórienn no arqueiro, fechando as feridas do último combate e deixando-o em igualdade com os seus próximos adversários. Orion mandou Galanodel e sua filha se abrigarem e correu para o amontoado de escombros que cobriam o buraco onde Squall caíra. Saltou. O peso de seu corpanzil, somado ao de sua armadura foi suficiente para provocar um desmoronamento. As pedras ruíram, levando o que restava das duas lajes e Orion para o andar debaixo. O guerreiro se ergueu, todo empoeirado e com ferimentos leves, e brandiu sua espada contra um inimigo que se aproximava. Era o líder dos vampiros.

_ Humano! Junte-se a nós! Por que anda com esses elfos? Junte-se a mim e eu lhe darei poder ilimitado. Farei-te imortal. Junte-se a nós e quando nosso mestre retornar, tua recompensa será grande – sussurrou o líder das criaturas para o guerreiro.

_ Nunca! Jamais me unirei a vocês! Estou aqui apenas para matá-los, Malditos! – respondeu Orion.

_ Você não entendeu, tolo. Isso não foi uma sugestão, não foi um pedido. Foi uma ordem! – gritou o vampiro líder. Seus olhos chamejaram, vermelhos, hipnóticos. Orion sentiu sua mente latejando, vozes em sua cabeça falando da glória do líder dos vampiros alguém com um nome estranho.

_ Não! Saia da minha cabeça, desgraçado! Vou matar vocês!­ – gritou Orion, libertando-se da hipnose do inimigo.

_ Então você selou seu destino, humano, inferior. Morrerá como todos os outros!

O vampiro deu ordem de ataque aos seus asseclas. Os olhos brilharam intensamente e os caninos brotaram para fora das bocas em ameaça. Mesmo assustado, o dragão Squall resistiu ao medo e decidiu lutar. Virou-se para o azul, preso sobre o altar, na esperança de descobrir o ponto fraco dos inimigos.

_ Eles são muito fortes? - perguntou Squall ao dragão azul.

_ Sim, são fortes. Mas pior que isso, são traiçoeiros – respondeu o prisioneiro. – Fuja vermelho! Salve sua pele antes que eles o sacrifiquem também.

_ Não, eu vou lutar! – respondeu Squall rugindo.

_ Então ajuda-me a escapar daqui. Liberta-me e terá minha gratidão. Servir-te-ei como paga! – resmungou o azul.

_ Como posso matá-los? – perguntou Squall. – Qual o ponto fraco deles?

_ Queima-os! – respondeu o azul, sorrindo maldosamente. A bocarra de Squall se abriu, cuspindo fogo sobre os vampiros, mostrando aos companheiros o modo de combater a ameaça.

Do lado de fora do mausoléu, Nailo brandia suas espadas e via seus golpes surtirem pouco efeito nos inimigos. Os vampiros curavam-se dos cortes com velocidade espantosa e a cada golpe desferido em retaliação, Nailo ficava cada vez mais fraco. A situação era desesperadora. Ao seu lado, Anix recuou sob uma chuva de socos mortais. Seu corpo formigava, enrijecendo aos poucos. Anix evocou o poder do seu cajado mágico, o poder dos dragões e com isso fortaleceu seu corpo e seu espírito. Estava pronto para contra-atacar. Fora dali, no andar de cima, Lucano e Legolas estavam sobre o fosso por onde Squall despencara.

_ Dililiümi! Preciso de seu poder! Inimigos dos elfos tentam matar meus irmãos. Ajude-nos, Caçadora Prateada! – bradou o clérigo. A espada ardeu tomada pelas chamas e uma pedra incandescente voou para dentro do campo de batalha. Chamas explodiram e se alastraram, queimando os corpos dos vampiros. Lucano repetiu o truque da espada, conjurando também uma bola de fogo sobre os inimigos. O fogo chegou até o corredor onde Nailo combatia, atingindo-o levemente. Para surpresa de todos, os próprios vampiros pouco tinham se ferido. Hábeis, treinados durante os longos anos de servidão ao seu mestre profano, esquivavam-se e evitavam todo o poder das chamas do elfo. Mas ao menos a distração provocada pelas explosões permitiu a Orion apanhar um dos monstros de surpresa. O guerreiro desferiu um poderoso golpe, atravessando o tórax do vampiro que estava a sua frente. O monstro transformou-se em névoa e começou a flutuar lentamente até um dos esquifes que existiam no salão.

Já livres do fogo, os vampiros voltaram a atacar. Seus socos potentes feriam corpo e alma dos aventureiros. Mesmo Squall e Orion, com suas couraças impenetráveis, sentiram o toque mortal dos monstros roubando-lhes a vida e tentando paralisá-los. O líder das criaturas continuava tentando dominar a mente de Orion, mas o guerreiro resistia bravamente.

_ Renda-se, mortal! Ataque os elfos e torne-se meu servo. Junte-se a nós e torne-se imortal! - gritava o vampiro chefe.

_ Nunca! – rebatia Orion enquanto golpeava os inimigos.

_ Una-se a nós e venha louvar o retorno de nosso mestre, nosso deus, o poderoso Ashardalon! – insistia o inimigo. Ao ouvir o nome, um calafrio percorreu a espinha de Anix. Ouvira aquele nome antes.

_ Nunca! Vou matar esse seu Asharda-vaca! Maldito!

Imitando seu líder, alguns vampiros mudavam de tática. Tentavam jogar os invasores uns contra os outros. Tolo, um dos vampiros tentava romper a vontade de pedra do dragão vermelho a sua frente. No corredor, um dos inimigos desafiava Nailo quando ouviu um latido vindo do alto. Era Relâmpago. Nailo sentiu um temor tomando conta de seu corpo, algo ruim poderia estar acontecendo. Olhou para cima, assustado, e viu o amigo lobo latindo para ele através da entrada, tentando afugentar os monstros. O vampiro notou a preocupação do ranger com alegria. Encontrara um ponto fraco.

_ Venha animal! Desça aqui e ajude-me a liquidar esse imprestável! – os olhos do vampiro brilharam com fervor. Relâmpago deu um ganido e logo em seguida começou a rosnar. Saltou. O lobo caiu desajeitadamente no solo, ferindo-se na queda. Ergueu-se e avançou contra Nailo, mordendo-o.

_ Desgraçado! – gritou Nailo. O vampiro machucara seu melhor amigo, jogara-o contra ele. Fizera algo imperdoável. - Ëüpü nabirga-já! – gritou o Guardião. Chamas se ergueram sob seu comando, acompanhando o movimento de suas espadas gêmeas, incinerando dois monstros ao seu lado que combatiam Anix. Soltou as espadas a foi de encontro ao maldito que dominara Relâmpago. Fechou os punhos com força, estalando os ossos, mostrou-os para o vampiro em desafio. – Você vai me pagar, maldito! – Dessa vez eram os olhos de Nailo que começavam a se acender.

Legolas Saltara rodopiando no ar e disparando projéteis cobertos de prata e gelo. O vampiro atingido ficou fora de combate, sentindo a dor causada pelo metal argênteo. Squall aproveitou a chance e escapou dos inimigos, colocou-se entre os vampiros e aquele que considerava um parente distante, o dragão azul. O próximo a chegar foi Lucano, saltando após Legolas no buraco. O medalhão de prata brilhava, exibindo glorioso o símbolo da Mãe dos elfos, transformando vampiros em névoa e enviando-os de volta para suas tumbas. No corredor, Anix evocava seu poder maldito.

_ Olhe para mim, desgraçado! Morra! – gritou o mago. Seu olho, o terceiro, brilhou, roxo, e um raio esverdeado serpenteou na direção do vampiro. O monstro tremeu em agonia e seu corpo explodiu numa nuvem negra que se dissolveu sem deixar vestígios. Nada sobrara. O vampiro tinha sido desintegrado completamente. Anix gargalhava, apreciando seus novos poderes, estreitando a ligação com seu hóspede maldito. No salão de sacrifício, Orion fazia mais um dos oponentes transformar-se em fumaça com sua espada flamejante. Os monstros começavam a perder a batalha.

_ Malditos! Subestimei vocês. Mas não são páreo para Zulil, nem para Gulthias! Vou cumprir minha tarefa para que nosso senhor Ashardalon retorne e esmague todos vocês! – o vampiro mestre gargalhou ensandecido e correu até o altar. Apanhou o punhal e cravou sua lâmina nas costas do dragão azul. Legolas disparou uma flecha certeira na cabeça do inimigo que se desmaterializou e se tornou uma nuvem de vapor graças ao poder mágico da prata. O dragão azul desfaleceu. Estava morrendo.

No corredor os vampiros apelavam para suas táticas sujas e traiçoeiras. Tentaram dominar a vontade de Anix, mas o mago, dotado de uma mente prodigiosa e auxiliado pelo simbionte em seu corpo, resistiu. O maldito que dominara Relâmpago saltou sobre Nailo.

_ Não vai fazer nada imbecil! Sugarei seu sangue até a última gota! – cravou os caninos pontudos na jugular do elfo, sorvendo o precioso líquido rubro. Nailo gritou. Dor. Ódio. Fúria. Livrou-se dos dentes do maldito e começou a golpear o rosto da criatura com força insana. Seus olhos pareciam brilhar como os dos vampiros. Nailo Urrava como um monstro enlouquecido, seu corpo parecia inchado de ódio, sua força aumentara com a fúria. O maldito morreria. A chuva de golpes desfigurou uma metade do rosto pálido do adversário, mas ainda não era suficiente. Num piscar de olhos, o vampiro se curou.

_ Malditooooo!!! Diga adeus aos seus amigos! – Nailo gritou enfurecido, seu urro parecia capaz de acordar os mortos. Abriu a boca do monstro com as mãos e jogou algo lá dentro. Sorriu. Vencera. O vampiro explodiu, transformou-se em névoa como os demais. De seu corpo caiu uma imensa quantidade de água que atingiu o monstro ao seu lado, queimando sua carne pútrida. Era água benta. O precioso pó-da-seca, comprado em Vectora e utilizado para secar uma tina de água abençoada por Lucano, mostrava todo o seu poder. O elfo deu as costas para o inimigo vencido sem testemunhar seu fim. Recolheu suas armas do chão e foi ao encontro dos amigos no salão de sacrifício. Lá dentro, a situação era preocupante.

Squall abandonara a forma de dragão para socorrer o parente moribundo. Jogou apressadamente uma poção mágica na boca da fera, forçando-a a engolir o líquido mágico. O dragão despertou.

_ Vermelho? É você? Sim, reconheço seu cheiro e sua marca! Salvaste minha vida. Estou em dívida com ti – disse o dragão azul.

_ Apenas ajudei um irmão! – respondeu Squall, lançando fogo contra as correntes que prendiam o prisioneiro. Legolas o ajudava.

Orion ainda combatia os monstros restantes entre as tumbas. Anix enfrentava seu último oponente no corredor. A espada do humano fez um arco de fogo na escuridão, retalhando e queimando seus oponentes. Cloud Surgiu do alto, cuspindo fogo nos dois vampiros, intensificando o poder das chamas da espada e os vampiros tornaram-se névoa. Restava apenas um morto-vivo, no corredor, confrontando o mago. Anix evocou mais uma o poder do olho, mas o monstro desviou do raio mágico com agilidade. Lucano abençoava todo o salão com o poder de Glórienn, enfraquecendo as crias de Tenebra, facilitando as coisas para Anix. O mago tentou um feitiço. Um fantasma negro surgiu atrás dele portando uma foice. Avançou sobre o vampiro. Qualquer pessoa comum teria morrido só de vislumbrar aquela figura. Mas o vampiro já era um não vivo e não temia a morte. O assassino fantasmagórico se chocou contra o inimigo, desfazendo-se. Ferimentos superficiais brotaram na pele no vampiro, iniciando o processo de regeneração da criatura. Lucano apareceu na porta, estendendo o símbolo sagrado para o morto-vivo. O medalhão brilhou e o corpo do monstro de desfez em fumaça, flutuando de volta à sua cripta.