Invisível, Anix foi procurar seus amigos. Precisava encontrá-los rapidamente, pois, poderiam estar
Zulil, o sinistro inimigo, jazia sem vida no solo. Seu corpo partido por um golpe poderoso desferido com uma lâmina pesada. Orion, pensou Anix, mas como não havia marcas fogo, descartou a hipótese. Ou viu um grito logo abaixo de seus pés. Orion. O humano sofria. Anix procurou rapidamente por uma entrada, encontrando um buraco no centro do círculo formado pela torre. Nele encontrou estranhas inscrições em um idioma antigo que diziam: “Pague para entrar, reze para sair”. Anix saltou para dentro do buraco. Chocou-se contra algo sólido, uma parede invisível que bloqueava a entrada. Magia. Tentou dissipá-la. Não conseguia. Procurou nas inscrições por alguma pista, uma alavanca ou outra coisa que lhe revelasse a forma de desativar a barreira. Encontrou uma pequena fenda retangular do tamanho de um dedo ao lado da entrada. Sem hesitar, inseriu uma moeda de ouro no buraco e a barreira se desfez instantaneamente. Anix entrou.
O piso inferior era estranho e grotesco. As paredes eram decoradas com pedaços de tecido amarrados em formas de fitas, e com objetos esféricos coloridos. Anix tocou uma das esferas com a ponta do cajado e ela explodiu. Era um tipo de tripa de algum animal que fora enchida com ar e amarrada na parede. Luzes coloridas brilhavam fracamente nos cantos das paredes, sem produzir chama ou calor. Magia. Anix continuou avançando, seguindo o som da batalha que chegava a seus ouvidos. Algo estranho acontecia. O som da batalha era cadenciado, quase harmônico. Espadas se cruzavam em batidas constantes e em intervalos igualmente espaçados Anix ouvia os gritos de Orion, seguidos do ruído dos disparos do arco de Legolas e do faiscar das espadas de Nailo. A voz de Squall chegou a seus ouvidos num rugido. Bradava algo que ele não compreendia, acompanhando o ritmo cadenciado do combate. Anix tentou compreender o significado daquelas palavras estranhas que Squall gritava:
_ One - Nothing wrong with me! – gritava o elfo transmutado em dragão. - Two - Nothing wrong with me! Three - Nothing wrong with me! Four - Nothing wrong with me!
Logo depois veio novamente o grito de Orion:
_ Nooooooooooow!
Em seguida, Anix ouviu a voz de Lucano, como se conjurasse uma magia, ou expulsasse mortos-vivos com o poder de Glórienn:
_ Let the bodies hit the floor! Let the bodies hit the floor! Let the bodies hit the floor! Let the bodies hit the floor! Let the bodies hit the floor!
Um outro grito de Orion:
_ Aaaaaaaah!
Vieram então os sons dos ataques de Nailo e Legolas, repetidos várias vezes. Inimigos responderam com gritos e as estranhas frases em dracônico, como se imitassem os heróis. Talvez fossem monstros capazes de copiar os poderes dos adversários. Anix precisava ser rápido, aparecer de surpresa e fazer um ataque devastador para destruir os inimigos antes que eles copiassem seu poder. Correu.
Finalmente chegou ao estranho campo de batalha. O chão do local era feito de vidro, uma armadilha, com certeza. Pequenos ladrilhos vítreos cobriam todo o piso. Sob cada um havia um buraco quadrado, donde emanavam luzes coloridas, piscando, alternando-se no mesmo ritmo dos sons da batalha. As paredes tinham a mesma decoração de fitas e esferas cheias de ar e do centro do teto pendia uma enorme esfera sólida, recoberta por minúsculos espelhos quadrados, girando e refletindo as luzes que vinha do chão e das paredes, criando mosaicos e efeitos visuais hipnotizantes. No centro do chão vítreo a batalha se desenrolava. Orion cruzava espadas com um minotauro girantesco que portava uma arma tão grande quanto a do humano. A cada golpe, repetiam a estranha frase que Anix não conseguira traduzir: Let the bodies hit the floor. Ao lado deles estava Lucano, combatendo o que parecia ser um elfo alado. O inimigo do clérigo tinha orelhas pontudas como as de um elfo, mas possuía também um par de asas em suas costas. Uma asa era negra como o manto de Tenebra, enquanto a outra era feita de vidro puro e movia-se por magia. Os dois chacoalhavam os corpos freneticamente, no mesmo ritmo das batidas as espadas de Orion e do minotauro, repetindo também as estranhas palavras dracônicas. Nailo agitava as espadas diante de uma humana que disparava raios mágicos nas lâminas gêmeas, produzindo sons cadenciados. Legolas combatia uma elfa arqueira, assim como ele. Nenhum disparo era feito. Ao invés disso, os dois puxavam e soltavam as cordas dos arcos de forma ritmada, produzindo sons que acompanhavam os golpes dos demais. No alto de um pedestal de pedra no canto da sala, que lembrava um palco de taverna, Squall travava uma batalha mental contra um humano de vestes negras decoradas com o símbolo de Thyatis e de olhos insanos que estava ao seu lado. Ambos seguravam pequenos cetros negros próximos a suas bocas e gritavam compassadamente:
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the ...
FLOOR!
One... Two... Three... Four...
Beaten why for? (why for?)
Can't take much more...
(Here we go! Here we go! Here we go! Now!)
One - Nothing wrong with me
Two - Nothing wrong with me
Three - Nothing wrong with me
Four - Nothing wrong with me
One - Something's got to give
Two - Something's got to give
Three - Something's got to give
Now!
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Anix tentou resistir, mas era impossível. Aquelas luzes piscantes, aquele som contagiante e aquele agitar frenético dos corpos em movimento eram mais fortes que sua vontade. Sem hesitar, o mago largou o cajado, saltou sobre o piso de vidro, começou a movimentar seu corpo como se dançasse ao som da batalha e soltou a voz, acompanhando a cantoria dos dois grupos:
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Let the bodies hit the floor
Isso ai, deixem os corpos atingirem o chão e feliz 1º de Abril para todos!
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