maio 26, 2005

Capítulo 44 - Prisioneiros

Os heróis acordaram em um túnel escuro e comprido. No final do túnel, havia uma fonte de luz branca muito intensa. Eles começaram a se aproximar da luz, cada vez mais rápidos, até verem uma criatura escamosa, com barbatanas por todo o corpo e braços e pernas que terminavam em garras afiadas. Sua boca, repleta dentes afiados, movia-se como se pronunciasse alguma coisa. Os heróis abriram seus olhos por completo e viram que estavam dentro de uma jaula no fundo do mar. Junto com eles, estavam Yczar e mais oito piratas que haviam sobrevivido ao naufrágio. Ao redor da jaula, no leito oceânico, os destroços do navio pirata podiam ser vistos. Atrás deles, uma imensa mancha negra no chão revelava um abismo quase sem fim. A jaula era carregada por dois enormes selakos. À frente dela, mais dois animais de mesmo tamanho, a puxavam por cordas feitas de algas. Conduzindo os tubarões, Uma criatura humanóide que lembrava um homem peixe, olhava para os prisioneiros com um olhar frio e cruel. Dois deles carregavam uma caixa de madeira com os pertences dos heróis, enquanto vários outros reviravam os escombros do navio á procura de objetos de valor. Por fim, uma das criaturas, ao lado da jaula, batia o cabo de um tridente nas barras de ferro, enquanto proferia ofensas em uma língua própria para os heróis. Eram Sahuagins, como explicou Sairf. Criaturas marinhas inteligentes e extremamente cruéis, que viviam em sociedades rígidas. Os Sahuagins, conhecidos como demônios do mar, conduziram a jaula em direção a uma verdadeira floresta de algas marinhas imensas. Os seres mostravam ter grande intimidade com os selakos, e os tratavam como animais de carga, ou até mesmo de estimação. Nenhum deles lembrava do que havia acontecido após terem perdido os sentidos enquanto o navio afundava. E, ainda mais estranho, ninguém entendia como estavam vivos e respirando no fundo do mar. A resposta para o mistério veio por parte de um dos piratas.
_ Ar molhado! – disse um dos seguidores de Léo Seis Dedos, quer não se encontrava entre os sobreviventes. Sairf sabia muito bem do que se tratava, eram as lendárias águas mágicas nas quais uma criatura da superfície podia respirar normalmente.
Legolas rasgou um pedaço de sua camisa e retirou a adaga que guardava escondida em sua bota. Enrolou o pedaço de tecido nas barras da jaula e começou a torcê-lo com a ajuda da adaga. As grades começaram a se entortar lentamente. Os sahuagins se agitaram e ameaçaram Legolas com seus tridentes. O elfo atirou sua adaga, ferindo um dos monstros superficialmente. Sem mais nenhuma arma remanescente, os heróis e os piratas não tiveram outra escolha senão aguardar pacientemente para ver o que aconteceria em seguida.
Os sahuagins os levaram por entre uma floresta de algas gigantes. Peixes abissais, com orbes luminosas em suas cabeças, nadavam em volta deles. Quando a selva submarina terminou, o grupo estava na entrada de um vale que abrigava uma vila de sahuagins. Construídas com corais, dezenas de casas abrigavam a comunidade sahuagin que vivia em harmonia com os tubarões. Atravessaram a vila até chegarem a uma grande construção, parecida com um coliseu ou um palácio.
Dentro do palácio, todo construído com corais multicoloridos, dezenas de soldados montavam guarda, ao longo de todo o complexo. O chão, cuidadosamente pavimentado com conchas, conduzia a um trono numa elevação no fundo do palácio. Sobre o trono, um enorme sahuagin de quatro braços reinava absoluto. Ao seu lado, um sahuagin de aparência esguia, parecendo ser uma fêmea, servia de conselheira para o soberano. Junto com ela, mais quatro fêmeas, todas com tiaras prateadas em suas cabeças, observavam a chegada dos prisioneiros.
Os selakos pararam a cerca de vinte metros do trono. A caixa, com os pertences do grupo, foi virada no chão. Os sahuagins começaram a vasculhar os objetos como se procurassem alguma coisa. O rei fez um gesto, apontando para os prisioneiros, e deu uma ordem em seu idioma, com sua voz rouca.
A jaula foi aberta, e os prisioneiros foram soltos dentro do palácio. O rei falava alguma coisa para o grupo, e estava visivelmente irritado. Três dos piratas se afastaram lentamente, e quando julgaram ser o momento adequado, correram para a saída do palácio. Nenhum dos soldados fez qualquer gesto para prender os fugitivos. Os três alcançaram a saída, e quando pensavam estarem livres, foram atacados por dois selakos do tamanho de grandes baleias. Seus corpos foram estraçalhados pelos animais e seu sangue se espalhou pela água do mar. Os sahuagins olhavam como se estivessem se divertindo com a carnificina. Um dos três fugitivos conseguiu retornar para dentro do palácio antes de ser devorado. Foi preso pelos soldados e levado até a presença do rei. O soberano desceu de seu trono e foi até o prisioneiro. Acariciou seu rosto com suas garras afiadas, enquanto dois soldados seguravam o pirata pelos braços. O rei sahuagin deu uma ordem para seus soldados, e um deles cravou um tridente nas costas do prisioneiro ao mesmo tempo em que os outros arrancavam seus braços e pernas de forma cruel.

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