setembro 28, 2005

Bye Bye Sam!


Sam Rael e Nailo Mortos!!!
Esse acontecimento merece alguns comentários especiais, pois desencadeou eventos inéditos para mim até então. Como todos que acompanham esse diário de campanha devem saber, Sam Rael era um npc, um personagem controlado pelo mestre. Como mestre, minha função é garantir a diversão de todos dentro do grupo e, sempre que possível, evitar que todos morram durante a aventura. Bem, os aventureiros cometeram grandes falhas nos últimos dias, falhas que poderiam levar à morte, senão todos, a grande maioria do grupo de personagens. Em momentos assim, os jogadores merecem uma punição para aprenderem a não cometer as mesmas falhas novamente. Era simples para os trogloditas eliminarem todos os personagens, mas se isso acontecesse, seria um ano de esforço da parte de todos jogado fora. Era meu dever como mestre punir os personagens dos jogadores pelas suas falhas, mas também era meu dever impedir que toda a aventura fosse ralo abaixo. O último recurso disponível era distrair os trogloditas para que eles pudessem escapar. E a única forma de fazer isso era com o sacrifício. Sam, ao longo dos tempos vem se mostrando um amigo fiel, sempre fornecendo apoio aos companheiros, muitas vezes à custa de seu próprio bem estar e saúde. O sacrifício do bardo não foi "apelação" do mestre. Sam fez o que ele faria se fosse uma pessoa de verdade e não um personagem imaginário. Sam deu sua vida para salvar seus amigos. Morreu de forma trágica e heróica. Isso foi uma grande lição para todos no grupo. Eu poderia ter matado todos os personagens facilmente, mas isso não serviria para lhes ensinar nada. Em cinco minutos todos estariam de ficha nova nas mãos como se nada tivesse acontecido. Mas a morte de Sam lhes mostraria que quando cometemos erros, temos que pagar por eles. Agora, todos os personagens que sobreviveram (e seus respectivos jogadores) terão que viver com o peso da morte de Sam em suas costas. E tenho certeza de que com isso, eles aprenderão a ser mais cautelosos no futuro, tanto no jogo, quanto em suas vidas reais.
Agora o que me surpreendeu realmente, foi a reação do grupo quando eu olhei para todos, interpretando Sam, e disse "adeus amigos". O jogador de Anix olhou para mim (pro mestre, não pro Sam) e já com lágrimas nos olhos gritou "Não Jé, o Sam não!". O jogador de Nailo abaixou a cabeça e todos pensavam que ele estava rindo do cara ao lado que chorava de verdade. Quando ele levantou a cabeça, seus olhos pareciam duas piscinas de tanto que chorava. Me entregou um papel contendo sua última frase (Squall cuide do Relâmpago) e saltou no abismo para tentar salvar Sam. Ele que sempre foi um dos mais individualistas do grupo, abria mão da vida de seu personagem querido para tentar salvar meu npc. O jogador de Legolas se segurou até o momento em que narrei que Sairf tinha visto a alma de Sam entrar na luz no fim do túnel. Nesse momento ele não conteve as lágrimas. Somente não choraram os jogadores de Sairf (já acostumado com a morte de seus próprios personagens), Lucano (que não chorou, mas tava quase tacando um d20 na minha fuça, só de raiva) e Squall, que neste momento estava assistindo à missa na igreja do bairro e não testemunhou o momento mais crítico (pois é, os rpgistas não tem nada de satanistas como alguns dizem).
Até minha mãezinha querida que todo sábado cuida de nós, preparando uma janta caprichada pra um monte de moleques que adoram rolas dados, ficou chateada com a morte de Sam.
Após os sobreviventes se refugiarem no andar de cima, fui obrigado a dar uma pausa no jogo para que os jogadores pudessem se recompor e relaxar um pouco.
Muito me surpreendeu e emocionou o envolvimento de todos com aquele personagem que eu criei somente para morrer algum dia (é, npcs foram feitos para morrer, ser raptados, etc).
Isso é uma das coisas que vale a pena no RPG. Muito mais que ganhar XP, rolar um sucesso decisivo, matar milhões de orcs e conseguir um tesouro de milhões de moedas de ouro. Mais importante que tudo isso são as emoções vividas enquanto se está em volta de uma mesa jogando. Emoções talvez mais fortes que as sentidas quando se lê um livro, quando se assiste a um filme ou a uma novela.
Se algum dia eu tive alguma dúvida se valia a pena gastar horas criando aventuras fichas de personagens, masmorras, calculando pontos de experiência, etc. Se algum dia eu tive essa dúvida, ela não existe mais. Jogar RPG vale a pena. Mestrar vale a pena. E se você que está lendo isto nunca provou uma experiência como essa, monte seu grupo de jogo e embarque na aventura do RPG, não vai se arrepender, eu garanto.

PS: Essa imagem ai foi uma montagem feita pelo Anix, em homenagem ao Sam, pois é amigo Bardo, bye bye (rsrsrs)

PS2: (isso é um videogame) Quem gosta de se emocionar, leiam o capítulo abaixo ouvindo a música "Ghost of a Rose" do "Blackmore's Night" pra dar um clima a mais. (depois que paramos o jogo no sábado à noite, eu comecei a ouvir essa música e todo mundo voltou a chorar pela morte do Sam ^_^)

2 comentários:

  1. Anônimo9:21 AM

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  2. Anônimo8:30 AM

    PORRA QUE É ISSO JEFFERSON...RSRS
    ATE PESSOAS INTERNACIONAIS ESTA PRESENTE AQUI NO BLOG QUE MASSA......
    ABRAÇO.

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