A sala em frente
ficava na borda leste da torre. Era de formato triangular, com uma das paredes
curvilínea acompanhando o contorno externo da construção. Por todos os lados
havia mais urnas funerárias empilhadas, várias delas estavam pelo chão, aos
pedaços. Uma das ânforas despertou a atenção do grupo, era dourada, feita de
ouro maciço e nela podia se ler em dracônico o nome de seu ocupante. Trossurkan, o Vermelho, era o nome
inscrito com runas no jarro de ouro. Deveria ter sido alguém importante, um
descendente de Ashardalon talvez, assim como Squall que coincidentemente
partilhava a mesma alcunha. A urna foi recolhida pelos aventureiros, seus
vários quilos de ouro seriam úteis quando todos estivessem de volta à
civilização.
Retornaram então para
a sala anterior e dela partiram através da porta que restava. Além dela havia
outra saleta pequena e repleta de urnas, porém um pouco melhor organizada do
que as anteriores. Havia sido limpada recentemente, como observou Nailo, de
modo que os inimigos deveriam estar próximos. E estavam.
O grupo atravessou o
corredor livre no meio da sala, que conduzia a uma saída. Nailo abriu a porta,
que dava para um cômodo triangular na borda oeste da torre, e o que ele e seus
amigos viram deixou todos espantados.
_ Trabalhem! Macacos inúteis! Tratem de arrumar esta
bagunça
– ordenava um halfling atrevido ao grupo de girallon que trabalhavam na limpeza
do lugar. O pequenino notou a presença dos visitantes e, surpreso, acrescentou –
Ih! Sujou! Esqueçam a limpeza, matem
estes invasores! – mal acabou de dizer estas palavras, Flint Stone partiu
em disparada através da porta às suas costas, em direção ao centro da espiral.
_ Desgraçado! Volte aqui! – gritou Legolas. O
elfo avançou em direção ao traidor, mas sua passagem foi bloqueada pelos
gorilas. Sem hesitar, o arqueiro abriu caminho atingindo friamente um dos
animais com um disparo fatal.
Squall passou voando
por cima de todos no encalço de Flint enquanto Legolas já recarregava o arco
para mais um disparo. Nailo invadiu o salão, abrindo o ventre de um dos
girallon com suas espadas. O animal tombou pesadamente, sem vida.
Outro macaco caiu
morto vítima dos tiros de Legolas, Squall já atravessara a porta, permitindo
que um grupo de zumbis que trabalhavam na sala posterior invadisse o campo de
batalha. Orion, Anix, Mex, Lucano e o próprio Legolas correram atrás de Squall,
ignorando os adversários. Nailo ficou para trás com Luskan e seus companheiros,
cobrindo a retaguarda do grupo. O último girallon foi facilmente derrotado pelo
Guardião e os zumbis foram rapidamente subjugados pelo grupo de Luskan.
Enquanto Nailo
combatia os inimigos restantes, Legolas avançava na dianteira em busca do
principal inimigo. Flint Stone não escaparia, era o que pensava o arqueiro. Ele
atravessou a sala sem se importar com o que havia nela e arrombou a porta de
saída com brutalidade, estava completamente enfurecido. Seguiram vários metros
por um corredor tortuoso que descrevia um S, passando pelo centro da torre e
terminava em uma porta ao norte. Um alçapão se abriu sob os pés de Legolas na
metade do corredor, uma armadilha mortal que foi facilmente evitada pelo elfo em frenesi. Legolas
gritou aos companheiros para pularem o fosso e seguiu até chegar à porta. Além
dela havia um enorme salão em forma de meia lua. O teto se elevava nove metros
acima do chão, tinha forma abobadada com um mosaico com desenhos abstratos como
adorno. O centro do teto era negro como um chão sujo de restos de fogueira. No
chão havia restos mortais e ossos incinerados espalhados por vários pontos e no
centro dele havia uma pira com um fogo crepitante em seu interior. Atrás da
pira havia uma porta dupla, ricamente decorada com entalhes de motivos fúnebres
e nos dois cantos do salão, a leste e a oeste, havia duas áreas circulares
completamente escuras, resistindo à iluminação da pira e dos heróis como se
estas não existissem.
Orion invadiu o
crematório, acotovelando-se com Legolas, e correu para a porta além da pira.
Foi então que o fogo ardeu com maior intensidade e cresceu até atingir o teto
da câmara. As chamas se moldaram como vivas, formando braços e pernas,
transformando-se num gigantesco ser humanóide de fogo.
_ Intrusos! Não podem passar! – gritou o ser
ígneo. Seu punho flamejante desceu como um meteoro sobre o peito de Orion,
atirando-o para trás. O Elemental de fogo rugiu furiosamente e bloqueou a
passagem. Defenderia a porta mesmo ao custo de sua vida.
Legolas recuou,
tentando puxar Orion consigo para adiarem o embate até a chegada dos demais. Mas
o humano permanecia firme, encarando o novo inimigo sem medo. O arqueiro recuou
ainda mais, apressando seus amigos que vinham pelo corredor.
O dragão foi o
primeiro a chegar. Mexkialroy passou voando por cima de todos, adentrando a câmara
e cuspindo relâmpagos no elemental. O dragão voado em círculos pela sala, com
imponência. Mas o inimigo não se intimidara com o ataque, que sequer o
arranhara. E ele não estava sozinho.
Da sombra de Orion,
projetada no chão pelo brilho das chamas do adversário, emergiram dois seres pálidos
e aterrorizantes. Eram vampiros, lacaios de Gulthias, e mais que isto, eram
também genasis dourados.
Os filhos de Guncha
rasgaram as costas de Orion com suas garras, deixando-o seriamente ferido. O
guerreiro caiu de joelhos, fulminado pela dor lancinante. Os três inimigos já
preparavam uma nova investida, quando Anix invadiu o salão e salvou o amigo. O
elfo jogou seu corpo sobre o do companheiro ao mesmo tempo em que seus lábios
proferiam versos arcanos. Um portal mágico se abriu sob os dois e eles
desapareceram por ele. O portal se fechou em seguida. Se tivessem sorte, e o
campo profano da torre não atrapalhasse, os dois estariam a salvo em algum
lugar.
Sem tempo para se
preocuparem com Anix e Orion, os heróis restantes invadiram a câmara. Squall,
após lançar uma magia protetora sobre Legolas, engajou-se em combate corpo a
corpo com o elemental. Arranhões, mordidas, socos e chamas eram desferidos
pelos dois combatentes, no entanto, ambos eram incapazes de ferir um ao outro
por suas resistências ao fogo. Mex disparava rajadas elétricas incessantemente,
mas seus ataques também eram ineficazes contra o inimigo. A fim de desequilibrar
o combate a favor dos vilões, os dois vampiros cercaram Squall, prontos para devorá-lo
com suas presas. Porém, Legolas e Nailo finalmente tomaram parte na batalha,
fazendo a balança pender a seu favor. O Guardião usou seus poderes mágicos para
invocar a luz do sol dentro da torre e assim afugentar os vampiros. As
criaturas transformaram-se em fumaça e desapareceram além da porta guardada
pela criatura de fogo. Ao mesmo tempo, Legolas disparava suas rajadas
congelantes, transformando o elemental em uma gigantesca estátua de gelo. O corpo
gélido começou a se trincar lentamente. Os heróis se prepararam para atacar,
temendo um contra-ataque do inimigo. As trincas cresceram e se multiplicaram,
transformando-se em grandes rachaduras, até que finalmente a criatura congelada
se partiu em milhares de pedaços.
Legolas saltou a pira
e avançou pela porta atrás dela, sendo rapidamente seguido por todos. Estavam
novamente na borda da torre, num corredor curvo e estreito que circundava a
construção de leste a oeste. Seguiram pela esquerda correndo o máximo que
podiam. Legolas foi surpreendido quando, cinco metros depois de entrar no
corredor, o chão se abriu sob seus pés. Era um alçapão, uma armadilha estrategicamente
montada para eliminar os incautos. O elfo, entretanto, conseguiu evitar sem
dificuldades o destino fatal. Os companheiros seguiram-no, saltando sobre o
fosso.
Chegaram a uma porta
após correrem por todo um quadrante da torre. Sem hesitar, Legolas abriu-a a
força e seguiu em frente. Estavam agora em uma sala de nove metros de
comprimento. À direita, colado à borda, havia um buraco circular no piso que
descia para uma escuridão aparentemente infinita. À esquerda havia uma porta
entreaberta, que dava para uma saleta cheia de entulho. Nailo correu até a
saleta, enquanto os demais rodeavam o fosso. Não havia sinal do halfling em
parte alguma.
_ Pelo outro lado! – gritou Legolas, correndo de volta pelo túnel.
Em poucos segundos ele chegou a outra sala, parecida com a anterior em dimensão
e formato. Nela havia apenas outro poço, idêntico ao anterior, colado à borda
da torre. Legolas retornou rapidamente para onde estavam seus amigos.
_ Vamos descer! Do outro lado só tem outro fosso igual a
este. Vamos descer e matar aquele halfling! – exclamou o arqueiro.
_ Mas e o Anix e o Orion? Devemos esperá-los – alertou Nailo.
_ Se eles estiverem nos andares acima, eles irão nos
alcançar – respondeu
Legolas. - Os – andares anteriores já estão
seguros, então eles não terão problemas em chegar aqui. Mas se eles estiverem
abaixo de nós, então temos que nos apressar ainda mais. Não podemos perder
tempo!
Os heróis se
entreolharam e concordaram todos com um aceno de cabeça. Mexkialroy sorriu com
malícia. E, sem hesitar, o grupo saltou para a escuridão.
\o/
ResponderExcluirsimplesmente emocionante!!!
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