Os olhos de Legolas
se abriram lentamente e se depararam com a luz solar invadindo-os com ternura. O
elfo mexeu a cabeça e, com as mãos, apalpou o corpo, checando os ferimentos. Não
estavam mais lá. Seu corpo estava ileso, sem marcas, sem dores. Algo estava
errado.
Legolas levantou-se,
ainda meio tonto, a mente confusa, tentando recordar-se do que acontecera, de
como tinham derrotado Flint. Olhou ao redor e viu que estava em um lugar
diferente e belo. Estava em uma grande floresta de árvores milenares, mas, ao
contrário do que acontecera quando estivera no Bosque de Livara Austini, o ar
ali não era pesado. Ao contrário, Legolas sentia-se muito à vontade naquele
lugar, aconchegado, como se estivesse em casa. Algo estava errado.
Legolas caminhou,
buscando a borda da mata, e suas lembranças foram aos poucos retornando. Lembrou-se
das catacumbas, de trocar ameaças com Flint Stone e de ser atacado por ele. Lembrou-se
de sentir uma dor aguda em seu corpo, antes de finalmente perder a consciência.
Algo estava definitivamente muito errado e agora Legolas sabia o que era. Ele
estava morto.
Continuou caminhando e minutos depois
encontrou a fronteira da floresta. E viu que algo ali estava muito errado. Não
pode crer no que via. A mata terminava em um desfiladeiro que desembocava em um
vasto deserto. Este, por sua vez, se estendia à direita a à esquerda até onde a
visão do elfo alcançava, e seguia à frente por alguns quilômetros até algo que
chocou o recém-falecido arqueiro. Era uma imensidão desolada, coberta por uma
espécie de névoa ou poeira vermelha que se estendia até o céu. Um céu rubro.
Trovões ribombavam e mesmo estando tão distante, Legolas era capaz de ouvi-los
e se arrepiar. Relâmpagos riscavam o céu escarlate e, vez ou outra, rumavam em
direção ao chão, abrindo grandes crateras na terra vermelha. Aquilo sim estava
muito errado.
Então, subitamente ele
ouviu um ruído atrás dele, e viu a silhueta de um enorme animal quadrúpede que
se esgueirava entre as árvores, rosnando, indo em sua direção. Legolas sentiu
que fora avistado pelo animal e, para sua surpresa, os rosnados cessaram. Parecia
um gigantesco lobo, mas, quando Legolas pensou em se aproximar do animal para vê-lo
melhor, outro som chamou a atenção do elfo, vindo da mata. Ele viu que quatro
pessoas se aproximavam, seguindo o animal. Estavam bem próximos, mas, quando
ele pensou que iria ser capaz de ver suas feições, Legolas sentiu-se sendo
puxado para trás, como se despencasse. Sua visão tornou-se turva e confusa.
Esfregou os olhos por um instante, e quando os abriu novamente, Legolas não
estava mais na floresta, estava em uma caverna. Estava de volta a Arton.
---> Próximo capítulo: Pactos Demoníacos
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