novembro 05, 2012

Capítulo 387 – O coração negro sob a montanha


Pendurado na corda dos cavaleiros, Legolas foi o primeiro a atingir o topo do coração da espiral. Num salto ele atingiu o último nível, sendo alvejado por uma esfera de chamas, lançada por Gulthias, que explodiu em seu peito. Lá ele pode entender porque aquele lugar era conhecido como coração e imediatamente lembrou-se dos sonhos premonitórios que Allihanna lhes havia dado. Um coração negro, sem corpo, do tamanho de uma pequena cabana, flutuava próximo ao teto, cerca de dez metros acima da passarela que rodeava a abertura central. Queimava com labaredas negras e azuladas que de alguma forma sombria forneciam iluminação ao lugar. E estava vivo. O coração pulsava de maneira bizarra diante dos olhos de Legolas. Era o coração de Ashardalon.

O arqueiro, ainda estarrecido pela visão perturbadora, disparou suas flechas contra o inimigo que, extremamente ágil, desviava da maioria delas. Nailo chegou logo a seguir, enquanto as flechas ainda voavam pela câmara, e partiu para cima do adversário, golpeando-o com suas rosas gêmeas. Novamente o monstro esquivava dos ataques de forma sobrenatural. Mexkialroy foi o próximo a chegar, ganhando altitude no aposento e cuspindo um relâmpago sobre o vampiro.
Gulthias gargalhava ante os esforços dos três atacantes. Suas táticas eram ridículas e pouco efeito tinham contra ele, isso nas poucas vezes em que o atingiam. Revidando de forma maldosa, o mago morto-vivo evocou os poderes das trevas e fez surgir do chão uma dúzia de tentáculos negros que agarraram Legolas, Nailo e Mex, esmagando-os. O vampiro se deleitava com os gemidos de agonia dos aventureiros. Desceu até perto do dragão azul e mostrou-lhe suas presas.
_ Vou sugar seu sangue, e oferecê-lo a Ashardalon! – ameaçou o vampiro.
Mas, Anix também chegava ao último nível e rapidamente usou seus poderes para dissipar os tentáculos mágicos e libertar seus amigos. Gulthias virou-se para o elfo, enfurecido e fez menção de atacá-lo. Mas Anix foi mais rápido e descarregou uma corrente de relâmpagos no peito da criatura que recuou. Entretanto, apesar da potência estrondosa do ataque de Anix, Gulthias sofrera pouco dano.
Guiltespin e Yczar finalmente alcançaram o piso superior e se juntaram ao combate. O paladino atirou sua lança contra o inimigo, que desviou com facilidade do ataque. O anão, por sua vez, despejou uma chuva de fogo sobre o vampiro, que não surtiu efeito algum devido ao fato de ele também ter sangue de dragão vermelho em suas veias. Orion surgiu a seguir pelo fosso, montado em Galanodel. O vampiro disparou relâmpagos contra os dois, deixando a ave inconsciente. Os dois despencaram e Orion teve que se agarrar à borda para não ir ao encontro de Zulil. Yczar amparou a coruja e usou seus poderes sagrados para salvá-la da morte.
Legolas, Nailo, Anix e Mex voltaram a atacar, mas seus poderes eram pouco efetivos contra o vampiro. Gulthias era imune a fogo, seu corpo tinha uma resistência sobrenatural ao frio e à eletricidade e apenas armas mágicas feitas de prata eram capazes de penetrar em seu corpo e feri-lo. Com sérias dificuldades os heróis conseguiram causar algum dano a ele, ainda que mínimo. Dessa forma conseguiam ganhar algum tempo até que todo o exército que os acompanhavam chegasse para ajudar no combate. Entretanto, Gulthias tinha um plano em mente. O vampiro flutuou no ar, subindo em direção ao teto, indo até o coração de Ashardalon. Seus poucos ferimentos fechavam magicamente e a recuperação era cada vez mais rápida à medida que ele se aproximava do coração. Parado no ar diante do gigantesco músculo pulsante, o odioso inimigo sorriu com perversidade.
_ Vocês recusaram minha oferta generosa. Então, preparem-se para seu fim! – ameaçou o morto-vivo. Suas mãos começaram a gesticular de forma ritmada enquanto seus lábios pálidos murmuravam o que parecia ser um feitiço. Anix ouviu atentamente à conjuração, mas se espantou ao perceber que não conhecia aquela linguagem. Era um idioma estranho e complexo, algo que só poderia ser profano. Anix vasculhou sua mente, mas nem todos os anos de estudo foram suficientes para lhe revelar qualquer detalhe daquele idioma. Por vezes o elfo ouvia algo fonemas que lembravam algum outro idioma, mas Gulthias também pronunciava coisas que pareciam ser impronunciáveis até saírem da boca do vampiro. Para Anix, aquele idioma era algo que não poderia existir. Mas, existia.
O vampiro desapareceu dentro do gigantesco músculo flutuante. O coração começou a bater mais rapidamente e suas chamas negras se avolumaram ainda mais. Legolas aprontou suas flechas, esperando o retorno do inimigo, Nailo recuou, afastando-se do coração e Mex tentou em vão feri-lo com seu sopro elétrico. Guitespin usou sua magia e tornou seu corpo em puro ferro, preparando os punhos diante do coração. Tentando antecipar e impedir o próximo ataque do vampiro, Anix voou até o coração.
O elfo esticou a mão em direção ao órgão profano. Num impulso reflexo tentou recuá-la, tarde demais. Como que dominado pelo poder do coração, Anix esticou ainda mais o braço, tocando-o. Sua pele enegreceu ficando tão escura quando o coração. Anix desfaleceu e a vassoura mágica pendeu sem controle, raspando na parede, até pousar desastrosamente no chão. Em sua mente, bilhões de imagens e vozes passavam em uma fração de segundo, como se todas as vidas que tivessem existido e que estivessem por existir passassem diante de seus olhos. Anix não resistiu a tamanha informação e desmaiou.
Metros abaixo, pendurado na borda do fosso, Orion chamou Galanodel para ajudá-lo. A ave, já curada graças a Yczar, voou em direção ao companheiro, trazendo-o de volta à área do combate num instante. Os demais combatentes, Luskan e seus amigos e os Cavaleiros da Luz, galgavam os andares da torre, embasbacados com o combate titânico que se desenrolava no último nível.
Yczar correu até Anix e, analisando seus sinais vitais, percebeu que ainda respirava. Porém, o mago ofegava e tinha espasmos, como se convulsionasse. E, quando tentou fazer algo para remediar a situação, Yczar, o paladino de Khalmyr, se assustou. Espantado, o guerreiro sagrado se levantou e se afastou de Anix.
_ Por Khalmyr! O que está acontecendo? – gaguejou ele.
Anix se levantou. De sua pele negra brotavam diversos olhos, abrindo-se um a um de forma sinistra. Alguns eram roxos, outros azuis, outros brancos ou mesmo negros. Todos estavam pasmos com a transformação sofrida pelo amigo. Seria ele agora um inimigo também? Apenas Legolas se mantinha firme no alvo, esperando o reaparecimento do vampiro. Quando Gulthias surgiu de dentro do coração, o arqueiro disparou.
As flechas passaram pelo corpo do vampiro, como se ele desaparecesse e ressurgisse no mesmo local um instante depois dos projéteis terem passado por ele. Além disso, o vampiro parecia envolto numa espécie de névoa, seu corpo tinha a aparência distorcida e confusa, dificultando a mira.
_ Tolo! Será o primeiro a pagar pela insolência! – gritou o vampiro. Estendeu a mão na direção de Legolas e um raio negro, circundado por uma serpentina faiscante, foi disparado, atingindo o rosto do elfo.
_ Idiota, Não adianta criar uma zona de escuridão! – gritou Legolas em resposta ao desafio. – Vamos dissipar isso e acabar com você – Todos os outros olharam para Legolas, confusos. Ele não estava dentro de uma zona de escuridão, como afirmava. Estava cego.
O vampiro flutuava ao lado do coração, gargalhando triunfante. Irritado, Nailo quis atacá-lo com suas espadas, fatiá-lo por completo. Mas pensou em algo melhor. Buscou em sua mochila a garrafa que tinha pegado na casa da curandeira Velta, ainda em Carvalho Quebrado, e a atirou contra o coração. O frasco explodiu e o líquido esverdeado e curativo escorreu sobre o órgão flutuante, causando dano a ele. No local onde a poção escorrera, as chamas diminuíram e o que era músculo tornou-se uma massa negra e espessa a escorrer como sangue putrefato.
_ Ataquem o coração com magias de cura! – alertou Nailo.
Anix se contorceu, ouvindo em sua mente um grito que, sabia, não vinha daquele mundo. O elfo apanhou sua vassoura e voou para perto do inimigo. Sua mente fundira-se a outra e ele agora compartilhava diversas lembranças que não eram suas. Sabia que suas próprias memórias eram agora acessadas pela outra mente, cujo nome ecoava em seus pensamentos: Garrack. Anix evocou seu poder, girando os braços e reunindo chamas negras à frente de seu corpo até formarem uma esfera flamejante. O mago a expulsou com força na direção do vampiro e ela explodiu ao se chocar com ele. As labaredas se expandiram muito além do esperado pelo elfo, ferindo Lucano, Mexkialroy, Orion e Yczar. O vampiro e o coração, nada sofreram. Mas, para sua surpresa, Squall, mesmo em forma de dragão vermelho, fora ferido. A bola de fogo não causava dano apenas por calor, eram chamas profanas, que queimavam mesmo quem era imune ao fogo comum. Porém, o poder do qual Anix tinha tomado controle ao tocar o coração começava a cobrar seu preço. O mago sentiu a exaustão tentando dominá-lo e por pouco não desfaleceu novamente.
_ Anix, vai matar a todos assim! – esbravejou Yczar.
_ Não, meu alvo é somente ele! – respondeu o elfo sem olhar para o amigo. Sua voz não era a mesma, parecia a fusão de duas vozes distintas. - Você nos deu três opções, vampiro: fugir, nos aliar a você ou morrer. Pois nós escolhemos a quarta. Vamos matá-lo!
_ Tolo! Você sentiu o poder do coração de Ashardalon! Todos vocês poderiam ter acesso a este poder, bastaria que se juntassem ao culto. Mas se sua decisão é me enfrentar, então só lhes restará a ruína.
O vampiro começou a gesticular, pronto para usar novamente seus poderes maléficos. Orion e Mexkialroy tentaram atingi-lo, mas a imagem do inimigo piscou e evitou os ataques facilmente. Enquanto Lucano tentava se curar dos ferimentos causados pela magia de Anix, Yczar correu até debaixo do coração e, erguendo para o alto o seu medalhão sagrado, gritou por Khalmyr. O símbolo do Deus da Justiça brilhou como o sol, ferindo o coração e o vampiro. Devido à influência maligna do órgão, o paladino tinha que desprender grande esforço para conseguir causar algum dano. Mas seus esforços foram recompensados e ele viu a parte inferior do músculo se desmanchando lentamente, enquanto o corpo de Gulthias fumegava.
Sem dar tempo de reação ao inimigo, Squall saltou sobre ele, agarrando-o com seu corpanzil. Os dois se atracaram no ar, lutando. Os olhos do vampiro brilharam de forma sinistra, enquanto ele ameaçava o dragão. Squall sentiu sua mente fraquejar e cedeu ao comando de Gulthias quando este ordenou que ele o soltasse. O dragão vermelho pousou no chão, indefeso, totalmente subjugado pelo vampiro. Mexkialroy foi até ele.
_ Vermelho? O que tens? – perguntou o dragão azul.
_ Ele está controlando minha mente – respondeu entre dentes. – Não consigo me mover.
Gulthias apontou o dedo para Squall e disparou um raio de energia negra. O feiticeiro estava indefeso, não podia fazer nada, seria atingido em cheio. Mas, para sua surpresa e de todos, Mexkialroy saltou na frente de Squall, protegendo-o com seu corpo. O dragão caiu no chão, seu corpo envolto por uma poderosa energia maligna. Tentou erguer-se, mas sentiu suas forças se esvaindo rapidamente. Num último esforço, conseguiu erguer a cabeça e encarar Squall.
_ É, Vermelho...parece que minha dívida finalmente foi paga... – e assim, Mexkialroy, o orgulhoso dragão azul, deu seu último suspiro de vida.
Aproveitando a distração do vampiro, Guiltespin pegou na bolsa de Legolas todos os frascos de poções de cura que ele possuía. Voou por cima do coração e despejou os potes, que se quebravam ao colidir com o músculo pulsante, espalhando o líquido mágico que o feria. Mesmo sem enxergar, Legolas disparou uma saraivada de flechas no local onde se lembrava que estava o coração. Três delas perfuraram o órgão, ferindo-o com a prata mágica. Ao mesmo tempo, Nailo invocou o poder de suas espadas, fazendo com que uma coluna de chamas sagradas despencasse do teto sobre o coração. O poder divino explodiu, arrancando pedaços de carne negra e fazendo Anix se contorcer novamente ao ouvir outra vez o grito ensurdecedor dentro de sua mente.
O mago usou os poderes novos que despertara e comandou seus olhos para atacarem. Disparou três raios contra o coração. Tentou, com a primeira rajada, derrubá-lo no chão, mas além de não conseguir, sentiu uma poderosa força emanando do órgão tentando ferir sua mente. Ele cedeu no momento exato, a tempo de não ser ferido. Seu segundo ataque afetou o coração, transformando-o em pedra lentamente, mas o terceiro tiro, um raio de desintegração, só o fortaleceu ainda mais, cancelando o efeito do segundo.
Ao seu lado, Yczar e Lucano usavam seus poderes sagrados para atacarem o coração, enfraquecendo-o pouco a pouco. Os demais se ocupavam em atacar Gulthias. Orion pouco conseguia fazer, mesmo usando Soul Eater. O inimigo era evasivo e suas proteções mágicas o tornavam quase inatingível. Legolas disparava guiado pelo som da batalha e, mesmo sem poder ver, era o que mais danos causava ao inimigo. Como suas flechas era feitas de prata mágica, o corpo do vampiro não as repelia, como fazia com outros ataques. No entanto, os poderes congelantes do arqueiro nada faziam contra ele. Vendo a dificuldade dos companheiros, Guiltespin agiu de maneira decisiva. Sua mão brilhou enquanto ele a apontava na direção do inimigo e proferia um encanto. O corpo de Gulthias, antes desfocado, voltou a ficar nítido e uma fina aura protetora que o envolvia se estilhaçou como vidro.
_ Ataquem com tudo! Dissipei as proteções mágicas dele! – gritou o anão. O vampiro voou sobre o fosso, parando logo acima da cabeça de Legolas. Squall, tomado de ódio pela morte de Mex, e Orion o seguiram e o atacaram. Soul Eater finalmente conseguiu derramar o sangue grosso e escuro do morto-vivo e Squall tentou novamente segurá-lo, mas desta vez não teve tanta sorte. Nailo fez suas espadas brilharem como o sol, esperando que isso destruísse o inimigo como já acontecera com outros vampiros. Mas, Gulthias apenas riu ao ver o brilho das lâminas do ranger.
_ Idiota! Esta luz artificial não me afeta! Não sou tão fraco assim, seu tolo – debochou o monstro.
Legolas disparou novamente, ao ouvir a voz do inimigo e uma flecha se cravou em seu peito no momento em que ele atacava Nailo. Infelizmente, o tiro de Legolas não conseguiu impedir o ataque do vampiro.
Os olhos de Gulthias brilharam, assim como sua palma direita estendida para o alto, sobre a cabeça de Nailo. O Guardião arqueou o corpo, como se não resistisse ao próprio peso. Seus cabelos se alongaram e branquearam para logo em seguida começarem a cair. Rugas surgiram profundas em seu rosto, suas orelhas e nariz ficaram flácidos e deformados e a pele do elfo se enrugou por todo seu corpo. Nailo caiu de joelhos, ofegando, seu corpo deteriorado, não por ferimentos, mas pelo tempo. Estava mais velho, centenas, talvez milhares de anos mais velho. Mal tinha forças para se manter em pé. Guithias riu novamente, triunfante, e voou para o alto, ficando próximo ao teto da câmara.
Usando o pouco de energia que restava em seu corpo envelhecido, Nailo comandou o ar e criou um turbilhão ao redor do inimigo, tentando desestabilizá-lo. No entanto, Gulthias era extremamente poderoso e o ciclone nada fez a ele. Legolas continuou disparando às cegas e Orion e Squall continuaram a combater corpo a corpo contra o vampiro. Do outro lado do fosso, Anix, Lucano, Yczar e Guiltespin atacavam incessantemente o coração, na esperança de destruir a fonte de poder do inimigo. Lucano e Yczar usavam poderosas magias de cura, mas seu poder naquele lugar era extremamente reduzido. Anix começou a petrificar o alvo novamente, depois passou a atacá-lo com projéteis de energia, enquanto o anão usou magia para criar um gigantesco punho para golpear o órgão. Em segundos o globo de carne negra tornou-se rocha, mas, antes que pudessem comemorar, o coração pulsou com violência, estilhaçando a prisão pétrea criada pelo mago.
O vampiro revidou, criando uma lâmina negra de energia pura ao redor de seu braço direito. Golpeou Orion de forma violenta. A energia escura transpassou o corpo do guerreiro, arrancando-lhe o braço esquerdo, que despencou, inerte, no chão metros abaixo. Protegido contra a dor pelo poder de sua armadura, o humano continuou atacando, sem sequer se dar conta que seu sangue se esvaia rapidamente.
O som de uma explosão tomou conta do salão. Lucano evocara uma coluna de chamas sob o coração, fazendo-o se incendiar, não com chamas negras, mas com fogo divino. Gulthias pareceu entrar em desespero ao ver o elo com seu mestre sendo destruído. Os heróis aproveitaram sua distração. Nailo, quase impotente, ajudou Legolas a mirar seu arco, enquanto Orion rasgava a carne do inimigo com sua espada. Squall voou de encontro ao coração, com as presas prontas para dilacerá-lo. O vampiro tentou impedi-lo, mordendo seu dorso com seus dentes profanos. O heróis continuou seu vôo, mas ao tocar sua carne, o dragão caiu na mesma armadilha que seu irmão caíra. Sua mente tocou algo muito poderoso e antigo e um vasto conhecimento passou diante de seus olhos. Não resistindo a tamanho poder, o Vermelho desabou pesadamente no chão. Antes que o vampiro pudesse comemorar o resultado da ação de seu inimigo, duas setas prateadas atravessaram seu crânio de forma fatal.
O vampiro sentiu seu corpo desmanchando, sua consciência desvanecendo. Em um último e desesperado esforço, Gulthias evocou o poder do coração e drenou sua energia através de um raio. De sua outra mão partiram diversas rajadas de energia escura. Anix, Orion e Lucano foram atingidos. Os dois primeiros sentiram suas vidas sendo drenadas de seus corpos, como se um espectro agarrasse seus corações e os esmagasse, por pouco não morreram. Já o clérigo foi acometido por uma onda de pânico e caiu, agarrado aos próprios joelhos, em pranto e desespero.
O corpo de Gulthias começou a despencar, inerte, quando Orion desferiu o golpe final. A massa pálida transformou-se em uma nuvem gasosa ao ser golpeada por Soul Eater e a pequena nuvem começou a flutuar lentamente em direção ao seu jazigo: o coração.
Guiado por Nailo, Legolas disparou uma última flecha, atingindo o que restara do coração no momento em que a fumaça terminava de entrar nele. O coração foi batendo caba vez mais lentamente, suas chamas se extinguindo, até parar completamente. Ficou imóvel durante alguns instantes, então o órgão inchou em velocidade espantosa e explodiu. Carne putrefata voou por toda a câmara e uma onde de energia se expandiu e derrubou a todos. Os heróis sentiam-se atordoados, suas mentes e almas feridas pela explosão. Anix e Squall estavam inconscientes. Apesar das baixas, eles haviam finalmente vencido.

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