Orion, já de volta ao
estado normal após testemunhar a morte do inimigo, tomou a caixa em suas mãos e
a abriu. Chamas se elevaram de dentro do baú numa explosão e atingiram o rosto
do guerreiro. Sem sentir qualquer dor devido às queimaduras, Orion continuou
sua tarefa assim que o momento de ofuscação passou. Pegou a terceira peça
metálica, semelhante às demais em composição e cor, confirmando que de fato
tratavam-se de partes da chave que necessitavam, e um pequeno bilhete que
estava sob ela, no qual leu a seguinte mensagem:
“ Vê se vai esfriar a cabeça um pouco, ela deve estar
quente agora.
Cordialmente,
Flint Stone”
Orion, incapaz de
sentir as queimaduras, não entendeu a ironia na mensagem do halfling. Começou
então a analisar a peça metálica em suas mãos, tentando buscar uma forma de
encaixá-la às outras duas.
No corredor, Anix
batia a cabeça contra a parede, irritado por não conseguir causar sequer um
arranhão no diabo. Yczar foi tentar acalmá-lo, enquanto os demais vasculhavam a
sala em busca de tesouros, passagens secretas, ou qualquer pista ou outra coisa
que pudesse ser útil em sua jornada.
_ Calma, Anix. Nós vencemos, está tudo bem agora! – disse Yczar,
tocando gentilmente o ombro do amigo.
_ Tire suas mãos de mim! – gritou o mago,
enfurecido. – Não encoste em mim. Não adianta tentar
me acalmar, e pare de tentar me paralisar – Anix golpeou o rosto de Yczar
com o cajado, rasgando-o, sem sequer desconfiar que quem tentava dominá-lo era
na verdade a espada de Orion. Depois, virou-se novamente para a parede. - Como eu pude falhar? Logo eu, que tenho o
nome de duas Deusas, Glórienn e Wynna, em minhas mãos! Eu sou um escolhido! Como
pude falhar?
_ Talvez o nome seja dos Deuses, mas o poder com certeza
vem cada vez mais das trevas – Lamentou Yczar, num murmúrio, enquanto se
afastava de Anix, cabisbaixo. O paladino deixou o salão, retornando pelo
corredor até a caverna que servira de prisão para os girallon. Lá aguardou
sozinho pelos demais.
Quando todos se
reuniram novamente, decidiram retornar e terminar de explorar as áreas que já
conheciam, ao invés de seguir adiante pelo novo túnel que se abria para a
escuridão.
De volta ao salão
onde havia a câmara de teletransporte, os heróis iniciaram a exploração. Desta
vez todas as portas foram abertas, todas as salas foram vasculhadas, cada canto
revirado, sem deixar qualquer detalhe para trás. Encontraram o túnel que ligava
os dois salões onde as câmaras de teletransporte repousavam, encontraram o
caminho alternativo que levada à prisão dos escravos girallon, o túnel pelo
qual tinham decidido não seguir horas antes. Todos os caminhos foram
investigados e os segredos das catacumbas finalmente revelados.
Numa das câmaras
havia um fosso que descia dez metros escuridão abaixo. Nele, Orion encontrou
uma antiga câmara de torturas, onde vários cadáveres jaziam acorrentados em
eterno sofrimento. Havia homens, anões, elfos, girallon e até raças que o
humano jamais havia visto em toda sua vida. Os corpos ergueram-se e tentaram
atacar o humano, ainda presos às suas correntes. Mas Orion os evitou facilmente
e passou a Yczar a tarefa de libertar aquelas pobres almas de sua dor.
Em outra sala, um
fosso semelhante descia ainda mais para as trevas. Lá dentro, trinta metros
abaixo do nível das catacumbas, havia uma imensa caverna escavada na rocha. No
fundo dela havia um grande baú de metal, escondido na escuridão, como disse
Soul Eater ao seu portador. E diante dele estava o seu guardião, um dragão
metálico tão grande quanto o próprio Squall. O dragão avançou contra o
guerreiro e todos puderam ouvir com assombro o ranger de suas patas e seu
rugido assustador.
Orion deixou
rapidamente o salão, carregado por Anix para cima em sua vassoura mágica. Ambos
puderam ver os olhos da criatura surgirem no fosso, brilhantes como fogo, como
se uma fornalha ardesse dentro do corpo férreo do monstro. Nem Anix nem
Guiltespin conheciam aquele tipo de criatura, por mais que tivessem estudado e
lido em suas vidas. Mas uma coisa era certa, o dragão com certeza guardava a
última parte da chave, que os levaria até Gulthias, até Zulil e até Teztal.
Os heróis deixaram
para trás o buraco com o monstro de aço e continuaram a exploração. Encontraram
tesouros, milhares de moedas de ouro, uma câmara cheia de vestimentas cerimoniais
feitas de fios de ouro, uma ótima compensação para pagar os pelos gastos que
haviam tido durante aquela jornada. Finalmente, quando tudo havia sido
investigado, os heróis abriram as duas últimas portas que restavam: aquela por
onde os vampiros haviam escapado no dia anterior e outra, igualmente grande e
muito parecida, do outro lado do complexo subterrâneo, onde os aventureiros
tinham combatido as bruxas.
Atrás de cada porta
havia um corredor que terminava em uma parede convexa na qual havia uma única
porta. Em cada corredor havia também uma pedra destacada do chão, na qual se
via o entalhe de uma árvore, a marca de Gulthias. As marcas foram destruídas e
as portas restantes foram forçadas. Mas, por mais que os valentes combatentes
tentassem, as passagens não cederam aos seus poderes, pois só poderiam ser
abertas da maneira correta, pois nelas havia entalhado em baixo relevo a figura
estilizada de um dragão, a mesma figura que a chave formaria quando completa.
Cientes do que tinham que fazer, os heróis voltaram para o salão onde o
misterioso dragão metálico os aguardava, em busca da última parte da chave.
>>> Próximo capítulo: Ancião de ferro >>>
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