outubro 22, 2012

Capítulo 385 – Pacto com o monstro


Anix adormeceu e, como já se tornara rotina, o ser que abrigava em seu corpo despertou.
_ Onde estou? – perguntou o beholder. – Aqui não é a floresta!
_ Estamos dentro da torre, no subsolo – respondeu Legolas.
_ E onde é a saída? – quis saber o monstro. - Vou me alimentar.
_ Espere! Não pode sair ainda. O sol ainda não se pôs, ainda é dia.
_ Não importa! Tenho um trato com meu hospedeiro. Quando ele dorme eu fico livre. Não se intrometam.

_ Por favor, ouça-me – pediu Legolas. – Sabemos do seu acordo, e nós o respeitamos. Mas hoje precisamos de sua compreensão. Estamos prestes a enfrentar nossos maiores inimigos e precisamos de todos os nossos poderes para enfrentá-los. Há um mago poderoso além daquela porta, o qual precisamos derrotar. E para vencê-lo precisaremos dos poderes de Anix. Por isso ele precisa descansar, recuperar todas as suas forças. Então eu lhe peço, volte a dormir e permita que o corpo de Anix descanse. Só desta vez, por favor!
_ Mago poderoso? – repetiu o monstro, pensativo. Depois de um instante ele sorriu maliciosamente e anunciou sua decisão – Está bem! Permitirei que o hospedeiro descanse desta vez, mas com uma condição! O corpo deste mago poderoso será meu, para eu fazer o que bem entender com ele. O que me diz elfo, temos um trato?
_ Sim, nós concordamos – respondeu Legolas após receber a aprovação dos amigos.
_ Então até o próximo anoitecer! – O corpo do mago fechou os olhos e desceu lentamente até o chão. Anix dormia profundamente.

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Anix caminhava num imenso vazio, um local isento de fronteiras ou qualquer outra coisa que o limitasse. Estava imerso numa brancura infinita que o atordoava e ofuscava. Então na imensidão alva à sua frente surgiu a sombra.
A sombra foi se avolumando à medida que Anix caminhava em direção a ela. Ou não, pois mesmo quando tentava desviar, o elfo notava que continuava a se aproximar daquele ponto escuro que assomava diante de si. Anix continuou andando, até estar diante da massa esférica e escura que flutuava circundando-o.
_ Quero conversar com você – disse Anix, sem se deixar intimidar pela enorme criatura à sua frente. – Tenho uma proposta para você. Quer fazer um acordo!
_ Diga o que quer, hospedeiro! – respondeu o beholder entre dentes.
_ Quero o poder de seu olho principal, o poder de anular a magia. Peça o que quiser em troca.
_ Proposta interessante, elfo. Pensarei no seu caso.
_ Espere! Quero uma resposta logo. Preciso muito deste poder e...
_ Já disse que pensarei! – vociferou o beholder, interrompendo Anix. A criatura virou-se e flutuou para longe de Anix, afastando-se rapidamente.
_ Espere! – Anix correu, mas seus pés não alcançavam o monstro. Então ele acordou.
Anix despertou subitamente. Era manhã como lhe contou Orion, o vigésimo sétimo dia do mês. O humano havia passado a noite toda em claro, vigiando o sono de seus companheiros enquanto conversava com sua espada devoradora de almas. Nenhum inimigo aparecera, mas algo estranho acontecera durante a madrugada. A torre estremecera, como se afetada por um terremoto. E a origem dos tremores parecia ser o interior da câmara lacrada pela chave mágica, onde seus inimigos os aguardavam. Era preciso se apressarem, pois os inimigos preparavam alguma surpresa desagradável para os heróis.


>>> Próximo episódio: O retorno do inimigo >>>

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