Anix adormeceu e,
como já se tornara rotina, o ser que abrigava em seu corpo despertou.
_ Onde estou? – perguntou o beholder. – Aqui não é a floresta!
_ Estamos dentro da torre, no subsolo – respondeu Legolas.
_ E onde é a saída? – quis saber o monstro. - Vou me alimentar.
_ Espere! Não pode sair ainda. O sol ainda não se pôs,
ainda é dia.
_ Não importa! Tenho um trato com meu hospedeiro. Quando
ele dorme eu fico livre. Não se intrometam.
_ Por favor, ouça-me – pediu Legolas. – Sabemos do seu acordo, e nós o respeitamos.
Mas hoje precisamos de sua compreensão. Estamos prestes a enfrentar nossos
maiores inimigos e precisamos de todos os nossos poderes para enfrentá-los. Há
um mago poderoso além daquela porta, o qual precisamos derrotar. E para
vencê-lo precisaremos dos poderes de Anix. Por isso ele precisa descansar,
recuperar todas as suas forças. Então eu lhe peço, volte a dormir e permita que
o corpo de Anix descanse. Só desta vez, por favor!
_ Mago poderoso? – repetiu o monstro, pensativo. Depois de um
instante ele sorriu maliciosamente e anunciou sua decisão – Está bem! Permitirei que o hospedeiro
descanse desta vez, mas com uma condição! O corpo deste mago poderoso será meu,
para eu fazer o que bem entender com ele. O que me diz elfo, temos um trato?
_ Sim, nós concordamos – respondeu Legolas após receber a
aprovação dos amigos.
_ Então até o próximo anoitecer! – O corpo do mago
fechou os olhos e desceu lentamente até o chão. Anix dormia profundamente.
· · · · · ·
Anix caminhava num
imenso vazio, um local isento de fronteiras ou qualquer outra coisa que o
limitasse. Estava imerso numa brancura infinita que o atordoava e ofuscava.
Então na imensidão alva à sua frente surgiu a sombra.
A sombra foi se
avolumando à medida que Anix caminhava em direção a ela. Ou não, pois mesmo
quando tentava desviar, o elfo notava que continuava a se aproximar daquele
ponto escuro que assomava diante de si. Anix continuou andando, até estar
diante da massa esférica e escura que flutuava circundando-o.
_ Quero conversar com você – disse Anix, sem se
deixar intimidar pela enorme criatura à sua frente. – Tenho uma proposta para você. Quer fazer um acordo!
_ Diga o que quer, hospedeiro! – respondeu o
beholder entre dentes.
_ Quero o poder de seu olho principal, o poder de anular
a magia. Peça o que quiser em troca.
_ Proposta interessante, elfo. Pensarei no seu caso.
_ Espere! Quero uma resposta logo. Preciso muito deste
poder e...
_ Já disse que pensarei! – vociferou o
beholder, interrompendo Anix. A criatura virou-se e flutuou para longe de Anix,
afastando-se rapidamente.
_ Espere! – Anix correu, mas seus pés não alcançavam o
monstro. Então ele acordou.
Anix despertou
subitamente. Era manhã como lhe contou Orion, o vigésimo sétimo dia do mês. O
humano havia passado a noite toda em claro, vigiando o sono de seus
companheiros enquanto conversava com sua espada devoradora de almas. Nenhum
inimigo aparecera, mas algo estranho acontecera durante a madrugada. A torre
estremecera, como se afetada por um terremoto. E a origem dos tremores parecia
ser o interior da câmara lacrada pela chave mágica, onde seus inimigos os
aguardavam. Era preciso se apressarem, pois os inimigos preparavam alguma
surpresa desagradável para os heróis.
>>> Próximo episódio: O retorno do inimigo >>>
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