julho 26, 2007

Campanha A - Capítulo 288 – Perigo na chuva!

Capítulo 288 Perigo na chuva!

Anix, Legolas e Orion se aproximaram do navio pirata. Não havia mais nada que o prendia à ilha, precisavam encontrar uma forma de alcançá-lo. Orion tomou distância, assumindo para si a responsabilidade. Correu até a beirada do abismo que o separava da superfície da água e saltou. Foi um pulo poderoso, o guerreiro transpôs os quase seis metros que o separavam do navio com facilidade. Mas seu impulso não foi suficiente para colocá-lo sobre o convés, em segurança. Orion agarrou-se à lateral do casco, ficando pendurado. Começou a escalar sem grandes dificuldades. A chuva caía pesada e fria sobre seu corpo emoldurado na armadura metálica, mas isso não diminuía sua determinação. Quando estava quase dentro do navio algo estranho e assustador surgiu de dentro da água.

Inicialmente, Legolas e Anix pensaram ser algum fenômeno causado pela chuva e pelas adversas características do reino, mas logo depois perceberam que era uma criatura que estava diante deles. A imagem de Orion no meio da chuva ficou distorcida, como que por trás de um vidro sujo e irregular. À medida que aquela coisa emergia do oceano, seu corpanzil transparente se colocava entre o humano e os elfos. Seus tentáculos longos e translúcidos, uma dezena deles, agitavam-se ritmicamente em movimentos coordenados, que davam a impressão de que a criatura escalava os pingos d’água que se precipitavam do céu. Diante deles flutuava uma imensa água viva, um tipo exótico de criatura que mais tarde seria chamado de Medusa da Chuva.

Com um dos tentáculos, o monstro atacou Orion, indefeso, que se agarrava ao casco do navio. O som da pancada superou o rugido da tempestade que caía sobre eles, dando a noção exata da dor que o humano sentia. Uma secreção pegajosa e incolor escorreu para dentro da armadura do guerreiro, queimando-o. Era ácido. Orion tentou segurar o grito de dor, em vão, pois ao entrar em contato com a água da chuva, o líquido cáustico sofreu uma reação química explosiva, entrando em combustão e abrindo feridas na pele do guerreiro.

Legolas disparou, suas flechas penetravam na criatura, congelando-a por dentro, para logo depois serem espedaçadas pelo movimento do corpo gelatinoso do monstro. Orion, já em pé no navio, combatia com sua espada de chamas ferozmente. Anix fulminava a criatura com suas magias, arrancando pedaços de seu corpo mole. Iam vencer, tinha a certeza disso. E estavam errados.

O monstro contra-atacou, chicoteando com seus tentáculos assassinos. A cada golpe uma explosão, um grito de dor. As pancadas atordoavam, esmagavam ossos e carne e vinham acompanhada do ácido mortal, que corroia a carne e explodia em chamas azuladas ao entrar em contato com a água da chuva. Os heróis transformavam sua dor em gritos ou gemidos. O monstro avançava silencioso.

Do alto da torre do farol, Silfo foi o primeiro e único a ouvir as súplicas de seus amigos. Quando olhou para baixo, Legolas era o único que ainda restava em pé, envolto por seis tentáculos que o esmagavam, corroíam e queimavam.

_ Aniiix!!! – gritou o sátiro, desesperado. Seu grito alcançou as nuvens escuras e conseguiu chegar aos ouvidos de Nailo, que pescava na praia. Silfo desceu as escadas do farol em disparada. Em seu caminho encontrou Lucano, Squall e Rael e, embora nenhum deles entendesse as palavras de Silfo, todos entendiam que algo de grave acontecia e correram junto com ele para salvar os amigos. Nailo lembrou-se que Anix tinha ido para o navio, junto com Legolas e Orion e deduziu que estavam em perigo. Abandonou sua rede na areia e correu, sacando suas armas. No campo de batalha, a consciência deixara o corpo do arqueiro e Legolas tombara, vítima dos ataques do monstro.

Quando chegaram à cena da batalha, Nailo e os outros viram Legolas e Orion caídos no chão, desacordados. Anix era segurado delicadamente pelos tentáculos da criatura, e algo como uma boca gigantesca se abria diante do monstro para devorá-lo.

Rael tomou a frente do grupo, correndo como louco e gritando o nome de Wynna com fervor. Sua fé o movia mais rápido que as gotas que caíam do céu. Jogou seu corpo ao ar, esticando os braços e caiu, suas mãos tocavam o peito de Legolas, cujo sangue jorrava em abundância semelhante à da água que despencava sobre o mundo. Um brilho cálido envolveu o corpo do elfo, o sangue deixou de verter e o arqueiro despertou, já agarrando o arco que jazia a seu lado.

Squall se aproximou, com menor velocidade, disparando rajadas de energia mágica de suas mãos, dando chance para que Nailo avançasse e cortasse um dos tentáculos do monstro, salvando Anix de ser engolido vivo. Lucano e Silfo vinham mais atrás, tentando alcançar os amigos, e Cloud, a pedido de Squall, voou para o topo do farol, para vigiar o pirata de seis dedos.

O monstro reagiu rápido aos inimigos que chegavam, golpeando com violência Nailo e Rael. O clérigo não resistiu aos ataques, vindo a desmaiar logo em seguida. Como Nailo se demorava a cair na mesma situação, a criatura o agarrou, envolvendo-o com seus tentáculos e sufocando-o.

Legolas rastejou para fora do alcance do inimigo e suas flechas começaram a chover sobre o monstro. Lucano investiu contra a criatura, Dililiümi brilhando em suas mãos. Entretanto, o clérigo errou o ataque, confuso com a aparência difusa do monstro. Então uma voz o chamou.

_ Lucano! Solte-me sobre o corpo de Anix! Depressa!

O clérigo reconheceu a voz que ecoava em sua mente, era Dililiümi. Soltou a espada sobre o peito do amigo que jazia a seus pés, um brilho tomou a arma e depois envolveu o corpo do mago. E Anix despertou.

_ Anix! Ataque o monstro! Ataque!

O mago se espantou ao ver-se cercado pelos amigos, e ao ouvir aquela voz que não sabia de onde vinha. Mesmo confuso, não hesitou e tocou o corpo do monstro com a espada mágica. Descarregou através dela uma magia que nunca tinha usado antes e uma aura negra envolveu a criatura drenando sua energia vital.

Mas, o monstro continuava forte o suficiente para continuar atacando. Seus tentáculos golpearam Legolas, Lucano e Nailo, deixando o ranger completamente imobilizado com sua pele ardendo sob o ácido explosivo.

As flechas de Legolas começaram a partir os tentáculos que agarravam o companheiro e outras flechas começaram a chover sobre a criatura, disparadas por Silfo. Com a varinha que pertencera a Zulil, Squall disparou um raio de trevas que enfraqueceu a criatura, afrouxando a prisão de Nailo. Sacando uma espada reserva, Lucano cortou o que restava do membro fibroso, libertando o amigo de seu abraço mortal.

As espadas de Nailo saltaram sobre o monstro como as gotas que vinham do alto, rasgando, furando e eletrocutando. A medusa da chuva revidava, lançando seus apêndices contra todos a seu redor. Anix, com Dililiümi na mão, arrastava o corpo de Rael para um local seguro.

Espadas e flechas se cruzaram, imbuídos com poder mágico, perfurando, rasgando e arrancando pedaços da criatura. Cercada e em desespero, o monstro tentou fugir enquanto desferia seus últimos golpes nos heróis. Mas não resistiu aos ataques e abateu-se. Seu corpo gelatinoso caiu no chão encharcado de água e sangue, e começou a murchar lentamente. Nailo ainda teve tempo de recolher em alguns frascos a essência do monstro, esperando aproveitar seu ácido explosivo em outra ocasião. Rael despertou, ajudado por Anix e reconheceu o rosto do amigo, após longo tempo sem o ver. Estavam todos feridos, e muito, mas a batalha estava ganha, ao menos por enquanto. A chuva descia com força, para lavar seus corpos ensangüentados e limpá-los do muco corrosivo do inimigo vencido. No alto do farol, Cloud dava o alerta. Algo havia acontecido. Léo Seis Dedos estava tramando alguma crueldade. Desesperado, Squall correu, deixando os amigos para trás, para proteger a sua amada das maldades do pirata.

julho 17, 2007

Campanha A - Capítulo 287 – Exploração na ilha do farol

Capítulo 287 Exploração na ilha do farol

Enquanto todos descansavam e interrogavam o pirata, Legolas saiu para explorar o navio, após saber, pelas palavras de seus amigos, que não havia outras criaturas dentro da embarcação. O arqueiro percorreu cada um dos aposentos da nau, em busca de outros tesouros ou informações importantes escondidos. Mas não havia mais o que encontrar além das coisas mundanas usadas pelos piratas goblinóides e sua capitã bruxa. Legolas, então, retornou para a torre.

Enquanto isso, no farol, Nailo vasculhava o terceiro andar, em busca de outros prisioneiros e de mais monstros para serem exterminados. Não encontrou tesouros ou itens úteis, e nenhum sinal de outros prisioneiros, mas encontrou algo para fazer. Usou os frascos de óleo que trazia em sua mochila mágica para fazer bombas incendiárias e com elas exterminar os goblinóides que haviam sido transformados em animais, antes que eles pudessem voltar ao normal e ameaçá-los. Após isso, o ranger deu-se por satisfeito, decidindo continuar a exploração no dia seguinte e retornando para junto de seus companheiros.

No alto da torre, os demais tentavam secar e aquecer os seus corpos, enquanto interrogavam Léo Seis Dedos.

_ Tem certeza que não sabe mais nada? – Anix era incisivo em sua voz. Seu olhar fulminava o pirata com promessas de sofrimento eterno, caso ele omitisse algum fato ou mentisse.

_ Já disse, senhor! Tudo que eu sei é que a bruxa procura esse tal amuleto num navio naufragado! Não sei de mais nada! – Léo tinha um tom choroso e suplicante em sua voz.

_ E qual era o nome desse navio? – rugiu Lucano.

_ Deixa ver...era algo com Tê! Tina...Tiade...lembrei! Trinidade! Esse era o nome do navio, Trinidade! – respondeu o pirata.

_ Vocês sabem algo sobre este navio? – Perguntou Orion aos elfos nativos de Ab’ Dendriel. A resposta foi negativa.

_ Bem, esqueçam isso! Amanhã pela manhã teremos que ir atrás dessa bruxa de qualquer jeito mesmo! Tem outra coisa importante que eu quero dizer! Eu encontrei as coisas da Deedlit dentro do navio. Na bolsa dela havia vários pergaminhos! Mas, alguns deles eram pergaminhos de magia divina, que somente um clérigo pode utilizar, e ela não é uma clériga! Tenho certeza de que ela não veio sozinha para cá! O Rael, o sacerdote de Ab’ Dendriel, deve ter vindo junto! E ele deve estar preso em algum lugar dessa torre. Isto é, se ele ainda estiver vivo! Nós teremos que achá-lo também! – disse Squall.

_ Está certo, pela manhã resolveremos tudo! Vamos dormir agora! – sugeriu Anix.

_ E o que vamos fazer com esse inútil? – rosnou Lucano, apontando para Léo Seis Dedos.

_ Não se preocupe com ele! Ele não tentará fazer nenhuma gracinha! Não é mesmo Léo? – Anix encarou o pirata com um olhar ameaçador, fazendo-o concordar com suas palavras. Anix lhe deu água e comida e o desamarrou. E todos foram dormir. Lucano ainda permaneceu mais algum tempo acordado, preparando algumas flechas incendiárias, usando o material de uma tocha. Pouco tempo depois, Legolas e Nailo retornaram.

_ Vocês podem dividir todo o tesouro daquele goblin esquisito! Eu fico com o navio! – anunciou o arqueiro.

_ Como assim? Não pode! Aquela nau é minha! Eu planejei tudo, me deixei capturar pela bruxa e tudo mais! Você não pode vir agora e roubar ele de mim! – ralhou Léo.

_ Cale-se, ou eu furo você com minhas flechas, seu desgraçado! Aquele barco é meu a partir de agora e pronto! – Legolas gritou, quase acordando os companheiros. Léo se assustou, mas continuou, dessa vez, com outra tática.

_ Então, senhor, nomeie-me seu capitão! Eu conduzirei a nau sob sua bandeira, nobre senhor!

_ Idiota! Eu sou o capitão! – outro grito.

_ Desculpe senhor! – Léo quase chorava.

_ Mas você se quiser pode ser meu contra-mestre! – o arqueiro sorriu quase num deboche.

_ Sim senhor capitão! Contra-mestre Léo Seis Dedos a seu dispor! – uma continência feita com a grotesca mão do pirata. Nailo e Lucano começaram a resmungar e a reclamar do barulho.

_ Calem-se homens! Respeitem o capitão Legolas, ou os farei andar na prancha! Seus insolentes! – dessa vez, Léo Seis Dedos berrou, entusiasmado.

_ Léo! Quieto! Vá dormir! – disse Legolas, achando graça de tudo aquilo.

_ Sim senhor, capitão! – e o pirata finalmente se calou e deitou. Legolas, passou a noite inteira acordado, velando o sono de seus companheiros e vigiando o traiçoeiro e atrapalhado Léo Seis Dedos.

O 26º dia de Aurea chegou trazendo uma forte chuva. Entretanto, apesar da grande pluviosidade, o céu estava calmo. Era verdade que nuvens negras o cobriam por completo, mas naquela manhã não havia relâmpagos ou vendaval, e não havia sinal algum de céu esverdeado ou cheiro de cloro no ar. Os heróis estavam mais tranqüilos e tinham certeza de que, sem os caprichos de Wynna ou Nimb, suas magias e armas funcionariam normalmente e eles teriam todas as chances de derrotar a tal bruxa e restaurar Deedlit à sua forma original.

Nailo foi um dos primeiros a levantar. Fez suas orações a Glórienn e a Allihanna, se alimentou e saiu para continuar a explorar o restante do farol. No andar térreo, encontrou algumas redes de pesca, além de pequenos botes de madeira. Pegou uma das redes para ir até a pequena praia da ilha e pecar. Enquanto isso, Orion e Lucano, já de pé, atiraram o corpo do ogro derrotado no alto do farol para baixo. O cadáver se precipitou no solo com força, fazendo um estrondo que chamou a atenção de Nailo. O elfo sacou suas espadas e foi averiguar o que acontecia. Viu o corpo do monstro jogado no chão e compreendeu que ele havia caído do alto. E pensou consigo: “Esse reino é realmente estranho! Agora está chovendo até ogros! Melhor irmos logo embora daqui!”. De posse de sua rede, o ranger retormou a exploração do andar térreo do farol.

Todos os outros se preparavam para o dia que começava. Afiavam suas armas, checavam sua munição, preparavam as magias que seriam usadas na batalha, oravam aos deuses por sua bênção e proteção.

Squall foi o próximo a descer, junto com Lucano, para explorar os andares abaixo. Legolas, Anix e Orion decidiram irem juntos até o navio, em busca novamente de alguma pista que pudesse lhes revelar alguma fraqueza da bruxa. Silfo permaneceu no alto do farol, cuidando da namorada petrificada de Squall.

No segundo pavimento, após não muito tempo de investigação, Squall encontrou uma enorme caixa de madeira, trancada dentro de uma pequena sala de ferramentas. O feiticeiro se aproximou cuidadosamente e ouviu um ruído vindo de dentro do caixote. Deu duas batidas na madeira e algo lá dentro começou a rosnar e a se debater contra as paredes da caixa. Era algum monstro. Squall pegou seu livro mágico, o Código de Arnlaug, e pronunciou a palavra mágica que ativava o tomo. O livro se transformou em uma manopla e envolveu o braço do feiticeiro, protegendo seu punho e aumentando sua força. Com um forte soco, o elfo abriu um arrombo na tampa da caixa e atingiu algo que estava lá dentro. Squall olhou pelo buraco e reconheceu o que viu. Era Rael.

Squall libertou o homem de sua prisão. Rael era um humano pequeno e magro, de cabelos loiros, lisos e curtos e olhos castanhos. Vestia apenas trapos sujos e rasgados, que outrora foram suas vestes de sacerdote. Em seu peito, sob a roupa, trazia uma corrente de prata e preso a ela, um anel de ouro que o rapaz conferiu e respirou aliviado ao constatar que não havia sido roubado pelos monstros. Aquele anel era o símbolo sagrado de sua deusa, Wynna, um bem mais do que precioso para ele. Logo depois, Lucano, que vinha mais atrás, se juntou aos dois.

_ Squall! Que bom vê-lo aqui!Vamos depressa, temos que encontrar a Deedlit! Ela também está aqui e foi capturada pelos monstros! Eles disseram que iam fazer com ela coisas que eu não me atrevo a repetir! Temos que ir depressa! – gritava o rapaz, afoito.

_ Calma Rael! Nós já encontramos a Deedlit!

_ Ufa! Que bom! E ela está bem? Onde ela está? E o que aconteceu com sua aparência, você está tão diferente!

_ Bem, deixe a minha aparência pra lá, isso é uma longa história! Quanto a Deedlit, bem, ela não corre mais perigo contra os monstros! Nós matamos todos eles! O Anix também está aqui, e alguns outros amigos meus também!

_ Isso é ótimo! Fantástico! Vocês conseguiram matar todos, isso é incrível! Bem, vamos até a Deedlit, então! Temos que encontrar a bruxa antes que ela consiga encontrar o amuleto dos planos e seja tarde demais!

_ Rael! Deedlit...era foi transformada em pedra... – lamentou Squall. Rael ficou atônito.

_ Como assim transformada em pedra? Do que você está falando, Squall?

_ Venha, vamos encontrar os outros, eu lhe conto no caminho! – concluiu o feiticeiro. Deixaram a sala e foram para os andares inferiores do farol. Lá embaixo, Nailo quando Legolas, Anix e Orion saíram da torre, mas não se importou com a presença deles, decidiu ir pescar alguns peixes para comerem, como havia planejado. Tudo estava em ordem, e nada de mal poderia acontecer. Ele teria tempo para conseguir algum alimento no mar e, até irem enfrentar a bruxa, todos estavam seguros, pensava ele. Estava enganado.