dezembro 20, 2005

Segundo Parecer favorável ao RPG no Espírito Santo

Por Gizmo, Editora Daemon

Mais uma vitória do bom senso contra os fanáticos religiosos.
Esta decisão também abre Jurisprudência para outros casos parecidos de
outros vereadores que porventura tentem entrar nessa onda oportunista
em outras cidades.
Guardem com carinho este texto e copiem e colem em todos os blogs,
flogs, sites, listas e comunidades do Orkut relacionados com RPG que
vocês puderem.

[ ]´s
GiZmo
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PARECER Nº 116/2005
A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela
MANUTENÇÃO DO DESPACHO DENEGATÓRIO, aposto pela Mesa Diretora ao
Projeto de Lei nº 126/2005, de autoria do Deputado Robson Vaillant.

Sala das Comissões, em 31 de maio de 2005.
JOSÉ RAMOS - Presidente
CLAUDIO VEREZA - Relator
PAULO FOLETTO
EUCLÉRIO SAMPAIO
SUELI VIDIGAL
LUIZ CARLOS MOREIRA
O SR. PRESIDENTE - (CÉSAR COLNAGO) - Publique-se.
O SR. 1º SECRETÁRIO lê:
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

RELATÓRIO
Trata-se de Projeto de Lei de nº 136/05 de autoria do Deputado Estadual Robson
Vaillant cuja ementa assim o diz "Fica proibido no Estado do Espírito Santo a
venda e a exposição, seja em propriedade pública ou privada, de literatura que
faz menção ao jogo RPG e da outras providências.
Com fundamento no artigo 22, inciso I da Constituição Federal, e ainda com base
no artigo 136, inciso VIII do Regimento Interno, o Senhor Presidente desta ALES
despachou no sentido de que fosse o Projeto devolvido para o Deputado Autor,
face o mesmo haver infringido os artigos antes destacados.
Inconformado que ficou com aquele Despacho, aquele Deputado recorreu daquela
decisão.
Posteriormente, chegou o mesmo às minhas mãos para que pudesse apresentar o meu
Parecer, o que o farei numa nas folhas seguintes.
É o relatório.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO
PARECER DO RELATOR
Conforme consignado no Relatório acima, trata-se de Projeto de Lei de nº 136/05
de autoria do Deputado Estadual Robson Vaillant cuja ementa assim o diz "Fica
proibido no Estado do Espírito Santo a venda e a exposição, seja em propriedade
pública ou privada, de literatura que faz menção ao jogo RPG e da outras
providências.
Inconformado com aquele despacho o Deputado Autor recorreu do mesmo.
De maneira sucinta, podemos dizer que, ao apresentar o Projeto de lei em
destaque, aquele Deputado feriu frontalmente a nossa legislação vigente, eis
que, além de não haver observado os ditames contidos no artigo 22, inciso I de
nossa Constituição Federal, não observou ele ainda o que há muitos os mestres de
nosso país, dizem à respeito do referido jogo, quer seja:
Pedagogia - Jogo de Representação Pedagógica (RPG) RPG é uma sigla em inglês que
quer dizer "Role-Playng Game".Jogo de Representação e Interpretação de
personagens. Na realidade não se trata de um jogo, pois não há vencedores nem
perdedores, mas é uma forma de história interativa, em que a narrativa é
estabelecida por todos os partícipes.
Surgiu nos EUA em 1974 e espalhou-se pelo mundo. O RPG é um jogo onde o jogador
interpreta um personagem criado por ele. Este personagem, porém, deverá ser
criado dentro de um determinado cenário, conhecido como ambientação. Nessa
ambientação, os jogadores constróem, em conjunto, suas próprias narrativas e
personagens. Cada jogador estabelece o seu personagem, menos um, que é o mestre
do jogo. Ele é o juiz do jogo. Sobre ele incide o maior encargo, depende dele o
jogo ser um sucesso e todos passarem por situações prazerosas juntos. O RPG
incentiva a criatividade, a participação, e a leitura e a pesquisa de fácil
aplicação em qualquer disciplina e conteúdo didáticos. No RPG (Role-Playng Game)
o participante ativo, é como um ator, que representa um papel e, como um
produtor que escolhe caminhos e toma decisões nem sempre previstas, pelo
orientador (mestre). Utiliza a inteligência, a imaginação, o diálogo para, em
colaboração com os demais partícipes (decisão em grupo), buscar alternativas que
procuram encontrar as melhores respostas para as circunstâncias sugeridas pela
aventura. A aula é transformada em jogo, tornando-a mais aprazível, divertida e
bem sucedida, provocando o aluno a buscar a sua interação com o assunto.
O RPG é por excelência um instrumento didático de ensino/aprendizagem, que
implica alterações de atitude de professores e alunos, diante do jogo e a cada
resultado, dependendo da direção da história; não é competitivo, mas é
empreendedor.
No seu feitio lúdico mora a sua maior capacidade, trazendo para a sala de aula o
prazer de estudar e aprender. Esta ferramenta educacional tem características
peculiares que a tornam um extraordinário instrumento em sala de aula. Estão
presentes nesta ferramenta educacional a socialização, a cooperação, a
criatividade e interatividade e a interdisciplinaridade. Segundo Lino de Macedo,
o uso de jogos como estratégia de ensino é muito eficaz para o aumento da
motivação dos alunos, e uma influente ferramenta do professor para o
procedimento do ensino/aprendizagem.
A resolução de situações-problema é muito enfatizada no jogo, pois o tempo todo,
os alunos se deparam com circunstância que precisam resolver para continuar
jogando. Concretizada de maneira lúdica, essa capacidade é o embasamento do RPG.
Também são desenvolvidas considerações em situações práticas do cotidiano: as
experiências no jogo são preparadas de modo a desenvolver algum conteúdo
curricular ou tema transversal. O jogo é um trabalho a ser resolvido
cooperativamente, e isso é algo que fascina o aluno e é usado por professores de
maneira eficaz. O RPG facilita ao professor explicar o valor, na vida real, de
um determinado contexto didático. É uma excelente ferramenta para a discussão de
assuntos complicados como a violência, as diversidades sociais, os conflitos
raciais.
Neste jogo não existem vencedores. Todos os personagens se unem em função de uma
finalidade comum.
O RPG é um jogo de representação e interpretação coletiva desenvolvendo-se no
plano da imaginação. A proposta deste instrumento educacional não é competir,
mas resolver, em conjunto, as situações apresentadas, através da interpretação
das personagens e do sistema de regras. Os enredos compõem-se de um conjunto de
situações-chave, denominadas nós narrativas a partir das quais a história se
movimenta. O jogo de RPG, merece um olhar cuidadoso por parte dos educadores
devido a sua atitude dinâmica e atraente na expectativa de construção prazerosa
de uma história. Os jogadores desenvolvem sua criatividade no desenrolar da
história ao resolverem como os seus personagens reagem e decidem os obstáculos
das histórias. Os alunos podem inventar seus personagens, históricos e
individualidade. Uma só história pode absorver assuntos de várias disciplinas
interdisciplinarmente.
O RPG estimula um raciocínio global, muito importante para os dias de hoje, pois
através do jogo, é provável resgatar valores morais e éticos.
Funciona, então, como ferramenta para preparar o jovem a interagir na sociedade,
tanto profissional quanto socialmente.
Autora: Amélia Hamze - Educadora - Profª. UNIFEB/CETEC e FISO

Diante da assertiva acima, tem-se claro que, não podemos colocar a culpa no JOGO
DE RPG os atos que foram praticados por aqueles estudantes, para que aprovemos a
proibição do referido jogo, ademais disso, caso o simples ato de jogar/brincar
determinado jogo fosse suficiente para praticar/influenciar na prática de
homicídio, tenho que antigamente brincava-se de "Polícia X Ladrão" e nunca ouvi
falar que durante uma dessas brincadeiras e outras de cunho similar tenha
acontecido qualquer tipo de crime.
Diante disso, tenho como certo que, trata-se de comportamento característico de
ser humano.
Sendo assim, meus Nobre pares além dos motivos que foram exarados pelo Senhor
Presidente para denegar o Seguimento da proposição apresentada pela nobre
Deputada, junta-se àqueles o fato de que, trata-se de um Projeto de Lei repleto
de ILEGALIDADE, eis que fere os ditames contidos nas Leis Federal 9.985/2000,
4771/65 e 7803/89, onde ali restam estabelecidos os procedimentos que devem ser
adotados para declarar área como de preservação ambiental. Ademais disso, e por
força disso, a tramitação do referido projeto de Lei, obrigatoriamente tem que
tramitar junto a SEAMA (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos), bem como junto ao IEMA - Instituto Estadual do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos.
Diante disso, sou pela manutenção do despacho denegatório exarado pelo Senhor
Presidente, vez que, além do Projeto de Lei nº 136/2005, ferir frontalmente o
artigo 63, parágrafo único, inciso III e VI da constituição Estadual, além de
infringir o artigo 136, inciso VIII do Regimento Interno.

http://www.al.es.gov.br/

Clicar em "Diário Online" e pegar o diário de 08/06/2005
Parecer n. 116/2005 pg 41

dezembro 15, 2005

Até a próxima...

É isso aí! Esse ano terminou, e com final feliz. Agora só em 2006. Os heróis (e o mestre, aff...) ficarão de férias até ano que vem. Mas o Cronicas Artonianas não vai parar. Novas ilustrações surgiram, novas aventuras com outros personagens ainda há para serem jogadas. Mas o principal só ano que vem mesmo.
Olha o que vem aí:
- o retorno de Yczar e Batloc
- O retorno de Zulil e Flint Stone
- Perseguições
- Guerras
- Casamentos
- Romances
- Mortes
- Novas cançoes de Sam
- e finalmente, o famoso inimigo da fala mansa dará as caras

Até lá!!!

Capítulo 161 - Sim

Os heróis olharam uns para os outros, compartilhando a emoção que sentiam através do olhar. Legolas abraçou sua amada ainda mais forte, sentindo seu coração pulsando rápido em seu peito. Todos estavam felizes e emocionados por ter conhecido mais uma divindade. Era como se vivessem um sonho. Mas, assim com nas suas visões, o sonho rapidamente deu lugar a um terrível pesadelo.
Das profundezas do lago, surgiu Escamas da Noite. A dragonesa saltou de dentro da água, com a mesma velocidade com que havia caído quando recebera o último ataque dos heróis. O monstro abriu suas asas negras, já feridas e rasgadas e pairou no ar diante dos heróis. Sua cauda surgiu veloz de traz de seu corpo ferido e golpeou com força o pobre Nevan que estava debruçado na mureta de pedras. Nevan foi arremessado a dezenas de metros de distância. Seu corpo atravessou o lago, indo se chocar contra a parede da caverna. O impacto do golpe abriu uma cratera na parede. Nevan caiu no chão, inconsciente e extremamente ferido. Pedras despencaram sobre ele, deixando-o parcialmente soterrado.
_ Malditos! Vou matar todos vocês! Só preciso de mais um sopro! Vocês todos serão dissolvidos com meu ácido! – rugiu a dragonesa, encarando os heróis com o olho que lhe sobrara inteiro em sua face destruída.
Escamas na Noite estufou o peito tomando fôlego. O ácido começou a transbordar de sua boca e a escorrer pelos cortes e perfurações que haviam em seu corpo negro. A quantidade de ácido que ela reunia para atacar seria suficiente não apenas para matar a todos, mas também para destruir a pequena ilha por completo. Liodriel abraçou Legolas com força, tentando protegê-lo.
_ Kamthiaria! - gritou Legolas, apontando o arco que recebera de Draco para a dragonesa.
_ Dare bia natha! – gritou Anix estendendo sua mão.
_ Leusa elbiamfia! – gritou Squall, direcionando seu dedo para a criatura.
_ Leusa bia thiara! – gritou Sairf, com suas mão já semicongeladas apontadas para a inimiga.
_ Glórien! Proteja-nos! Reidüi üsjdemajdarga! – gritou Lucano, envolvendo a todos com uma névoa espessa e escura.
_ Morra maldita! – gritaram Nailo e Sam, respectivamente disparando o arco e tocando o alaúde com fúria.
Os heróis lançaram seu último ataque. Protegidos pela névoa obscurescente conjurada por Lucano, todos viram quando a flecha congelante de Legolas se juntou à bola de fogo de Anix, ao raio ardente de Squall, ao raio de gelo de Sairf, à flecha em chamas de Nailo e às ondas sonoras do alaúde de Sam, formando um grande projétil de energia. O ataque explodiu no peito da dragonesa, arrancando-lhe as escamas que ainda restavam em seu corpo.
_ Malditooooos! – gritou Escamas da Noite, sua última palavra.
Escamas da Noite ergueu sua cabeça para o alto, movida pela dor e pelo impacto da explosão. A boca da dragonesa explodiu, liberando uma gigantesca rajada de ácido para cima. O ácido subiu em altíssima velocidade, até alcançar o teto da caverna, corroendo-o. Tudo começou a tremer, parecia que a montanha desabaria sobre eles. Pedras começaram a despencar sobre os heróis e uma imensa estalactite se desprendeu do teto e caiu. A estalactite desceu com sua ponta afiada sobre o peito de Escamas da Noite, enterrando-se em seu coração negro e repleto de maldade. A estalactite a atravessou como uma flecha e a levou para o fundo do lago, sepultando-a e encerrando seus dias de maldade para sempre.
Os heróis comemoraram a vitória definitiva dentro da montanha de Durgedin e se abraçaram emocionados. Sam finalmente conheceu a bela dama Liodriel, apresentando-se a ela com reverência e admiração. Anix correu até onde Nevan havia sido arremessado. Nevan, estava vivo, muito ferido, no entanto.
_ Ai, acho que preciso de um descanso! – disse Nevan ao seu amigo mago, vários ossos haviam se partido, inclusive a perna recém curada por Glórien.
Anix carregou Nevan, apoiado em seu ombro, e todos foram até a caverna do tesouro. Lá dentro, encontraram uma pilha com milhares de moedas de cobre, prata e ouro, e dezenas de jóias. Peças de tecidos e roupas finas e caras espalhavam-se pelo lugar que brilhava como o próprio sol. Uma caixa grande de carvalho guardava o laboratório químico que Draco havia deixado para Anix. Ao lado dele, um porta-mapas continha diversos pergaminhos mágicos. Sobre o tesouro, presos à parede, existiam grilhões de ferro, os mesmo grilhões onde eles haviam visto Liodriel acorrentada em seus sonhos. Os heróis recolheram todo o tesouro, colocando as moedas e jóias dentro de sacos feitos a partir de suas próprias roupas. Sairf, com toda sua experiência em magias de água e gelo, reconheceu os pergaminhos de respirar na água, mencionados por Draco. O mago lançou a magia sobre todos os seus amigos e todos saltaram no lago, carregando pesadas bolsas de tesouro. O grupo nadou sob as águas até encontrar uma caverna submersa. Depois da caverna, chegaram finalmente à superfície, no mesmo local onde Legolas havia encontrado as pegadas de Escamas da Noite e do grupo de Draco. Os heróis subiram a encosta da montanha e encontraram todos os seus cavalos, sãos e salvos, pastando nos arredores.
As bolsas de tesouro foram amarradas nos cavalos, os heróis secaram seus corpos molhados e, antes de partirem, a emoção novamente tomou conta de todos.
_ Liodriel, minha amada! Aceita se casar comigo! – perguntou Legolas, de joelhos diante de sua amada, segurando sua mão delicada.
Liodriel virou o rosto e baixou a cabeça, fazendo uma expressão triste. Legolas se assustou por um instante, pensando que seu grande sonho não se realizaria. Então ela se virou para ele, sorrindo. Seus olhos radiantes brilhavam mais que o sol e a lua juntos. Liodriel saltou no braços de Legolas beijando-o e respondeu a plenos pulmões.
_ Sim!
Finalmente estavam juntos novamente. Finalmente a missão estava cumprida. Finalmente os heróis poderiam retornar.

Capítulo 160 - Lágrimas de uma deusa

Então, algo mágico aconteceu. O corpo de Draco foi envolvido por uma luz muito forte e brilhante, mas que não ofuscava quem olhasse para ela. Todos ficaram paralisados vendo aquele fenômeno. Não poderiam se mover um centímetro sequer, mesmo se tentassem. Apesar disso, sentiam uma grande sensação de paz e tranqüilidade. A luz vinha do alto, surgindo do nada no céu da caverna. De repente, os heróis ouviram o som de passos atrás deles. Viraram suas cabeças para olhar e testemunharam, maravilhados, o caminhar de uma bela dama élfica que pisava sobre as pedras do lago.
Tinha cabelos lisos e curtos, num tom roxo que ressaltava o brilho de seus belos olhos amendoados. Trajava um vestido verde como a mais bela esmeralda, e seu corpo era adornado com pulseiras, colares e brincos de ouro. A bela elfa passou entre os heróis, indo em direção a Draco. Todos ficaram espantados e muito emocionados quando ela se curvou sobre o corpo do elfo morto e beijou-lhe a testa com doçura.
_ É claro que eu o perdôo, meu filho! – disse a bela elfa com uma voz tão suave a ponto de ser capaz de amolecer o mais duro e gélido coração. Os heróis não contiveram a emoção, ao entender que quem estava diante deles era ninguém menos que a mãe de todos os elfos. Diante deles estava a deusa dos elfos, Glórien.
_ Eu o perdôo meu filho amado! No último instante você se arrependeu de ter traído seus irmãos, por isso, você terá um lugar em meu reino! Eu o levarei para Nivenciuén!
Glórien se levantou, e voltou seus olhos para os aventureiros que testemunhavam a tudo com temor e admiração. Calmamente, a deusa dos elfos se aproximou de Legolas e Liodriel, que se abraçavam com ternura, e continuou.
_ Estou orgulhosa de você meu filho! Seu amor puro e verdadeiro lhe deu forças para superar todos os desafios e chegar até este lugar, para salvar sua amada e ser salvo por ela! O amor de vocês é belo e verdadeiro, e nada pode vencer este amor! Agora que tudo acabou, vocês poderão viver seu amor em paz!
A deusa se afastou do casal sorrindo, e se virou para Nailo, com seus belos olhos amendoados expressando tristeza.
_ Sua coragem, e o amor por seus irmãos são qualidades a serem louvadas! Por diversas vezes você arriscou sua própria vida para protegê-los! Mas essa coragem fez com que você agisse imprudentemente algumas vezes e corresse riscos desnecessários! Tome mais cuidado daqui para frente e valorize sua vida, a vida que eu lhe dei! Você tem uma longa vida pela frente ainda! Não gostaria de vê-lo tão cedo em meu reino!
Nailo compreendeu as palavras de sua deusa mãe e baixou sua cabeça em sinal de respeito. Glórien se afastou dele e foi até Anix.
_ Meu filho querido! Meu doce Anix! Se coração é puro e bondoso! Por diversas vezes você liderou seus amigos, encerrando as discussões que tiveram em momentos de crise. Sua bondade é muito bonita, mas também é perigosa! Você é puro e ingênuo! Deve tomar muito cuidado com a maldade que existe neste mundo! Para não cair em novas armadilhas! Aquela mulher que lhe beijou lá em cima, era uma demônia disfarçada. Ela havia sido convocada há muito tempo por um mago que tentou invadir estas cavernas e padeceu sob os ataques dos monstros que infestam esse lugar! Antes de morrer, porém, o mago lançou um último feitiço aprisionando aquela mulher-demônio! Ela só poderia se libertar caso uma pessoa bondosa ousasse atacá-la, ou fosse estúpido o bastante para lhe dar permissão para sair! E você Anix, caiu na sua armadilha diabólica, se deixou iludir por todas as mentiras que ela disse e a libertou de seu cativeiro! Deves tomar mais cuidado para não ser enganado novamente!
Anix baixou a cabeça, compreendendo as palavras de sua deusa e entendendo o erro que cometera. Glórien se afastou de Anix, e foi na direção de seu irmão Squall.
_ Estou muito triste meu filho! Vocês venceram um grande desafio hoje e eu me orgulho disso! Mas sinto que eu o estou perdendo! Essa marca em sua cabeça é um sinal de que em suas veias corre o sangue dracônico! Sim, você descende dos filhos de Megalokk, e você também Anix! Um de seus antepassados de muitas eras atrás era um dragão vermelho! Essa marca é o símbolo da herança deste ancestral! Essa herança é muito mais forte em você do que no seu irmão! Agora, meu filho, cabe somente a você decidir se irá seguir a herança de Megalokk, ou se permanecerá ao meu lado! Você deve escolher entre ele e eu! Espero não me decepcionar com você Squall! Espero que você não me renegue, não quero perder outro de meus filhos!
Glórien se afastou de Squall. Os olhos da deusa estavam cheios de lágrimas prateadas como a lua. Squall abaixou a cabeça, deixando cair suas lágrimas. Ele não desejava magoar sua deusa, mas já havia feito sua escolha. Squall estava decidido a despertar e dominar seus novos poderes, herdados de seu antepassado dragão. Squall agora era um filho que dava as costas para sua própria mãe.
_ Você meu filho querido, meu amado Nevan! Você passou por diversas provações dentro desta montanha! Foi capturado por aqueles orcs nojentos e desprezíveis, foi espancado por eles, torturado e violentado diversas vezes! Mesmo assim, você nunca perdeu sua fé e sempre confiou em mim! Agora seu sofrimento acabou e você poderá descansar e viver feliz!
Glórien foi até os únicos dois humanos presentes no lugar. Humanos, aqueles que no passado deram as costas aos elfos quando sua cidade sagrada caiu nas mãos das hordas hobgoblin. Humanos, aqueles que se espalhavam como ervas daninhas por todo o território artoniano. Mas Glórien não sentia nenhum rancor por aqueles dois humanos.
_ Vocês dois humanos, são um exemplo a ser seguido pelos da sua raça! Corajosos e leais, vocês nunca abandonaram seus amigos e protegeram as vidas de meus filhos arriscando as suas próprias! Você, bardo, até chegou a dar sua vida para salvá-los! Esta marca em sua testa é o símbolo de Allihanna! Agora sua alma pertence a ela, quando partir deste mundo, você irá para os bosques dela! Ela lhe trouxe de volta do mundo dos mortos, através da maçã mágica que a invocou e selou esse pacto! Ela lhe deu uma nova vida, portanto agora sua vida pertence a ela! A vocês dois, humanos de grande valor, eu agradeço por tudo que fizeram pelos meus filhos! Serei eternamente grata a vocês dois!
Sairf e Sam choraram emocionados ao ouvir as palavras de agradecimento da deusa. Não imaginavam serem capazes de um dia estar diante de um deus ou dois, quanto mais receber dele sua gratidão e reconhecimento. Chegava agora a vez de Lucano ter com sua senhora.
_ Lucano meu filho! Meu amado filho, meu devoto fiel e querido! Estou feliz e triste com você ao mesmo tempo! Feliz porque você sempre cuidou de seus irmãos como se cuidasse de sua própria vida! Isso me deixa muito orgulhosa! Por outro lado, estou triste por vê-lo atacar um de seus irmãos! Mais do que os outros, você deveria zelar pela paz e harmonia entre os elfos, essa é sua missão sagrada! Mas, ao invés de impedir, você participou desta batalha sangrenta e cruel, na qual um de seus irmãos perdeu a vida! Isso me entristece! Lembre-se disso no futuro e não me deixe triste novamente!
Glórien se afastou de Lucano deixando lágrimas sagradas caírem sobre Arton, e ficou no centro do grupo. Olhou para todos com ternura, secando suas lágrimas e prosseguiu.
_ Antes que eu me vá, eu lhes contarei a história deste lugar. Há mais de duzentos anos, o ferreiro anão Durgedin vivia aqui, forjando suas armas que eram famosas e apreciadas em muitos reinos. Um dia, um bando de orcs vindos do oeste tentou invadir este local, mas foi impedido pelos anões. Os orcs tramaram, planejaram e, muito tempo depois da primeira batalha, eles escavaram um túnel para invadir Khundrukar, o salão do esplendor! Os orcs entraram pelo túnel, o mesmo túnel por onde vocês viram os trogloditas fugindo, e mataram todos os anões, conquistando assim a montanha! Os orcs amaldiçoaram o ferreiro Durgedin para que ele nunca mais retornasse a vida, e deixaram um de seus guerreiros vigiando-o por toda a eternidade. Se Durgedin se levantasse, o orc também retornaria para destruí-lo mais uma vez. Anos se passaram e um bando de trogloditas também invadiu a montanha, pelo mesmo túnel escavado pelos orcs e uma nova guerra começou! Os orcs e os trogloditas dividiram o território, ficando cada povo com um andar. Depois chegaram os Duergar, vindos das profundezas da terra. Os anões cinzentos, que podem magicamente aumentar seu tamanho, tomaram para si a antiga forja de Durgedin e lá eles permanecem até hoje, forjando armas e tentando resgatar as técnicas secretas e lendárias do famoso ferreiro para usá-las em seu favor. Então chegou Escamas da Noite e conquistou o território do lago, terminando de repovoar a montanha. Anos atrás, um grupo de aventureiros tentou invadir Khundrukar em busca de tesouros! Vocês encontraram a mochila de um deles ao lado de um dos túmulos. Um destes aventureiros era um mago que durante o combate contra os mortos-vivos, invocou uma súcubo para ajudá-lo na batalha. O mago morreu mas antes disso, aprisionou Idalla. Você Anix, a libertou e agora ela irá procurar pelo mago que a prendeu. Entretanto, o mago já morreu há muitos anos! Você encontrou o corpo dele Nailo, no andar de cima. Aquele homem barbado, que jazia ao lado de um Duergar, era o tal mago!
Glórien deu uma breve pausa, caminhou para perto de Draco entristecida e continuou sua história.
_ Vocês chegaram aqui, destruíram todos os orcs, expulsaram os trogloditas, superaram os duergar, os mortos-vivos e Escamas da Noite! Estou orgulhosa de todos vocês, meus filhos! Agora é hora de eu ir!
A deusa se aproximou de cada um de seus filhos elfos e lhes presenteou com um beijo na testa. A cada beijo, os heróis percebiam que todos os ferimentos e todos os males que haviam sofrido dentro da montanha desapareciam. Glórien tomou as mãos de Sair e Sam, agradecendo-os e curou-os também. Depois da despedida, a deusa foi até onde estava o corpo de Draco.
_ Vamos, meu filho! É hora de irmos embora! – disse a deusa.
O corpo de Draco brilhou como o sol e seu espírito o abandonou para ficar em pé ao lado da deusa.
_ Agora eu irei libertar as almas daqueles que aqui morreram e que ainda não encontraram seu descanso! Quanto a vocês, meus filhos! Sua missão aqui terminou! Partam pelas águas, conforme Draco lhes disse e sigam seus destinos! – continuou a deusa.
Glórien se afastou dos heróis caminhando sobre as águas mansas do lago subterrâneo. Draco a acompanhava de perto.
_ Glórien! O que significam aquelas visões que nós tivemos? – perguntou Anix.
_ Isso, somente Allihanna poderá lhes dizer! – respondeu a divindade.
Draco parou junto com Glórien ao lado dos corpos de Isaulas, Celilmir e Saudriel. Ela os olhou com ternura e fez um delicado gesto com suas mãos.
_ Levantem-se meus filhos queridos! É hora de partir!
As almas dos elfos derrotados pela dragonesa saíram de seus corpos amaldiçoados e ficaram ao lado de Glórien.
_ Você também, meu filho! Venha! – a deusa acenou com a mão, para o local onde Arwind havia sido despedaçado pela magia de Squall. O espírito do elfo caminhou sorridente por entre os heróis e por sobre as águas e se juntou aos seus companheiros.
_ Tomem muito cuidado, meus filhos! Tenham uma vida longa e próspera! E lembrem-se, estarei sempre olhando por vocês! Nos encontraremos novamente no futuro! Adeus! – Glórien acenou para os heróis, despedindo-se com um sorriso e os olhos cobertos por lágrimas.
_ Perdão amigos! E Adeus! – Despediu-se Draco – Perdão amigo bardo! Não me sobrou mais nenhum presente para lhe dar! – concluiu, dirigindo-se a Sam.
_ Não se preocupe com isso meu amigo! Você acaba de me dar o melhor presente que um bardo poderia receber! Esta é a mais bela canção que já ouvi em toda a minha carreira! Sua história será contada por mim onde quer que eu vá! E seu nome, e o de todos que participaram desta história, será levado aos quatro cantos de Arton! Todos vocês serão conhecidos como verdadeiros heróis! – respondeu Sam.
Uma forte luz envolveu Glórien e as almas que estavam ao seu lado. O brilho foi aumentando e se tornando cada vez mais intenso, até tomar conta de toda a caverna. Quando o brilho mágico desapareceu, e a caverna foi novamente entregue às trevas, a deusa e seus filhos já não estavam mais lá. Somente quando Legolas e os outros elfos ali presentes morressem e fossem para Nivenciuén, o reino de Glórien, é que eles poderiam reencontrar Draco e os outros.

dezembro 14, 2005

Capítulo 159 - A redenção de Draco

Liodriel levantou sua cabeça e viu seu amado em pé, vivo. A bela dama correu pela ponte de pedras em direção ao seu amado, saltando em seu colo e beijando-lhe a boca. Após muitos meses, e longas e difíceis batalhas, os dois amantes estavam juntos novamente. Poderiam finalmente ficar juntos e viver seu grande amor. Todos os outros aventureiros, cuja ajuda tinha sido fundamental para permitir aquele emocionante reencontro, olhavam felizes para o belo casal. Os heróis se reuniram no centro da ilha com a consciência de que haviam cumprido sua difícil missão. Mas restava ainda uma coisa. Havia um tesouro para recompensá-los pelos duros momentos que passaram dentro daquela montanha. Nailo e os outros começaram a se afastar para deixar o casal mais à vontade e se dirigiram para a caverna do tesouro. Mas, quando o primeiro deles colocou o pé para fora da ilhota, uma voz sussurrante tirou a tranqüilidade de todos.
_ Legolas! Legolas! Preciso lhe falar! – sussurrava Draco, agarrado à perna de Legolas.
Todos ficaram prontos para reiniciar o combate, mas as palavras que vieram a seguir emocionaram a todos.
_ Legolas! Eu quero lhe pedir perdão! Quero pedir perdão por todo o mal que eu lhe causei! Tenho que me desculpar com você antes que eu parta! Tenho que pedir perdão a todos! – os olhos de Draco estavam cobertos por lágrimas, provando a sinceridade das palavras do elfo. – Perdão meu amigo, por todo o mal que eu lhe causei! Você me derrotou completamente! Eu nunca seria capaz de ter Liodriel! Seu amor por ela sempre foi mais forte que o meu! Além disso, é você quem ela ama! Perdão meu amigo!
_ Não é a mim que você deve desculpas Draco! Você deve pedir perdão a outra pessoa! – respondeu Legolas.
_ Eu sei disso! Perdão Liodriel! Perdão por todo o mal que lhe causei! Eu me arrependo de tudo que fiz, de todo o sofrimento que fiz você passar!
_ Não se esqueça do Nevan! Você o abandonou! Deixou seu amigo à própria sorte! Deve pedir perdão a ele também! – continuou Legolas.
_ Nevan, meu amigo! Realmente eu não fui leal com você! Devo-lhe desculpas! Quando você desapareceu, eu e os outros fomos procurá-lo! Chegamos nas margens do lago enquanto procurávamos seus rastros! Então Escamas da Noite apareceu de dentro das águas! Ela matou todos os nossos amigos! Mas me poupou! Nos apaixonamos um pelo outro e passamos a viver junto! Como eu fui fraco! Entreguei-me a ela e me esqueci completamente de você, meu amigo! Perdão! – Draco falava com dificuldade, devido ao seu estado crítico e à emoção que sentia.
A essa altura, todos estavam reunidos num grande círculo ao redor de Draco. Ouviam emocionados às últimas palavras do pior inimigo que já haviam enfrentado. Nailo pegou sua varinha mágica e tentou parar o sangramento de Draco com sua magia. Mas a varinha não funcionava. Nem mesmo com a ajuda de uma poção mágica Nailo conseguiu interromper a hemorragia de seu ex-inimigo.
_ Não perca seu tempo comigo Nailo, meu amigo! Meu tempo já está se esgotando! Não terei tempo de lhes contar todos os detalhes mas quero que saibam, ainda que resumidamente, o que aconteceu quando partimos. Nós viemos aqui, seguindo as pegadas dos orcs, para exterminá-los e vingar todas as barbaridades que fizeram em nossa vila! Mas Nevan desapareceu quando foi fazer o reconhecimento do terreno e quando fomos procurá-lo, Escamas da Noite apareceu! Eu me entreguei a ela, abandonando minha família e meus amigos e passei a viver com ela, como um dragão! Como todos os dragões tem um tesouro, eu também precisava ter o meu tesouro! Então lembrei de você, Liodriel! Fui com Escamas da Noite até Darkwood e a raptei na calada da noite. Já que ela não aceitava ser minha mulher, seria então o meu tesouro! Eu estava cego, completamente obcecado e agi de forma egoísta! Por isso eu lhes peço perdão, meus amigos! – Draco interrompeu seu discurso, tossindo e vomitando sangue. Sua hora estava chegando.
_ Meus amigos, quero lhes dar alguma coisa para compensá-los por tudo que passaram por minha causa e para provar meu arrependimento! Meu tempo está se esgotando, então serei breve. Legolas! Você sempre foi o melhor arqueiro, que quero que fique com meu arco! Este arco mágico foi retirado de um dragão branco por escamas da noite. Eu não conheço todos os poderes que ele possui, mas basta que diga Kamthiaria e todas as flechas disparadas por ele serão congelantes.
Legolas tomou o arco branco como o leite em suas mãos. Era uma peça de beleza sem igual, construída no mais puro marfim, todo decorado com entalhes de dragões e runas no idioma dracônico. Draco continuou.
_ Nailo! Meu velho amigo Nailo! Sua roupa está toda gasta e suja! Tome, eu quero que você com esta armadura! Você é um grande guerreiro, ela lhe será muito útil!
Draco retirou sua roupa com muita dificuldade e entregou uma camisa feita de anéis metálicos de mithral trançados. Nailo recolheu a cota de malha, emocionado, e agradeceu ao amigo.
_ Nevan, meu grande amigo Nevan! Amigo que eu abandonei, mas que nunca virou as costas pra mim! Eu quero que fique com isto! Sei que nunca trocará sua espada por esta, mas quero lhe dar minha espada, meu amigo!
Nevan pegou a bela espada de Draco. Uma arma tão bela e bem confeccionada quanto as famosas armas de Durgedin. Sua lâmina brilhava como a prata e seu cabo, feito de marfim e cravejado com pequenos rubis era como a lua cheia no alto do céu. Nevan guardou a espada consigo, prometendo que a usaria sim, mas apenas em ocasiões especiais, não gastando seu fio com coisas sem importância.
_ Você mago! Quero que fique com isto! Este anel lhe ajudará a nadar como um peixe! Ele é mágico! – continuou Draco.
_ Obrigado, e muito prazer em conhecê-lo, verdadeiro Draco! – Sairf pegou o anel prateado das mãos do elfo. Em seu interior era possível ler em dracônico a frase “nadar como os peixes”.
_ Você, o outro mago, aproxime-se! Pela marca na sua testa, presumo que você seja o vermelho. Suas roupas também estão sujas e velhas, quero que fique com isto, com este manto mágico! Tome vermelho, ele ajudará a proteger seu corpo e sua mente!
Squall vestiu o manto verde e marrom feito de seda e algodão. Depois se afastou, dando lugar para seu irmão atender ao chamado de Draco, que acenava para Anix. Draco tossiu forte mais uma vez. Seu peito se encheu de sangue. Anix segurou sua mão e ele prosseguiu.
_ Mago! Para você tenho um presente que está dentro da caverna do tesouro! Liodriel conhece o lugar secreto onde vocês devem pressionar a parede e dizer “Inesh” para abrir a porta! Lá dentro, mago, você encontrará uma caixa de madeira e nela há equipamentos para você construir um laboratório de alquimia. Tenho certeza de que isto será muito útil para você! Aliás, para todos vocês magos! Quero que fique com o laboratório para você! Lá dentro também existem alguns pergaminhos mágicos! Quero que você os divida com seus companheiros de magia! Entre estes pergaminhos existem dois que servem para permitir respirar livremente dentro da água. Vocês podem utilizá-los para sair daqui! Basta nadarem sob o lago e chegarão ao lago na superfície, na praia onde conheci Escamas da Noite!
Anix acenou positivamente com a cabeça e se afastou Draco olhou para Legolas, Nailo e Nevan e continuou.
_ Lá dentro também existe muito dinheiro! Eu peço a vocês que dividam igualmente o dinheiro entre vocês e que dêem uma parte dele para meus pais. Eu deveria cuidar deles, mas não poderei mais fazer isso! Este dinheiro servirá para que eles possam se sustentar na minha ausência!
Todos concordaram e prometeram entregar o dinheiro para os pais de Draco.
_ Clérigo! Chegue mais perto! Já não posso vê-lo direito! Minha hora já está próxima! Diga-me clérigo, a qual deus você serve? – perguntou Draco.
_ Eu sou um servo de Glórien! A mãe de todos os elfos! – respondeu Lucano com orgulho.
_ Glórien...há muito tempo não ouço o nome dela! Até minha fé eu perdi quando vim para este lugar! Eu quero que você fique com isto! – Draco retirou de seu pescoço um medalhão de ouro maciço no qual podia se ver o símbolo da deusa dos elfos cunhado em alto relevo e o entregou para Lucano. – Você é um protetor dos elfos, um servo de nossa mãe! Quero que fique com esses vidros também! Os líquidos verdes são poções de cura! O líquido branco serve para proteger do frio, e o amarelo contra eletricidade! Quero que fique com isso e que tome conta de nossos irmãos elfos!
Lucano guardou as poções em sua bolsa e colocou o símbolo dourado em seu pescoço, por baixo do seu velho símbolo de madeira. Draco esticou sua mão na direção de Lucano, com lágrimas de sangue tomando seus olhos e prosseguiu.
_ Perdão padre, por todos os insultos! Perdão a todos vocês amigos, por todos os perigos que tiveram que correr por minha causa! Perdão Liodriel, por todo o sofrimento que causei! Perdão mãe de todos os elfos, por ter virado minhas costas para você! Perdão minha deusa querida, por todos os pecados que cometi! Perdão Glórien! – Draco estendeu sua mão ferida para o alto, implorando pelo perdão de sua deusa criadora e deu seu último suspiro. Draco morreu. Seus olhos se fecharam lentamente e seu corpo deslizou suavemente até repousar no chão. Liodriel e Legolas se abraçaram, com lágrimas nos olhos, assim como todos os outros heróis. Todos estavam emocionados. Aquele que havia sido um de seus piores inimigos havia se arrependido de seus crimes e conquistado o perdão de todos no final. Draco perdeu sua vida, mas reconquistou seus amigos no último instante de sua vida.

Capítulo 158 - A última flecha

_ Você vai morrer agora! – gritou Draco, disparando à queima-roupa no peito de Legolas.
As duas flechas passaram ao lado do herói, sem sequer arranhá-lo. Este ataque já não tinha mais a mesma potência dos anteriores. Draco já estava mais fraco e completamente desconcentrado após a intromissão de Liodriel. Além disso, Lucano havia dissipado o poder mágico do arco que agora não contava mais com sua habilidade congelante. Desta forma foi fácil para Legolas girar seu corpo e se desviar dos disparos. Legolas estufou o peito e encarou Draco, que saltava da mureta para dentro da ilha. Os dois ex-amigos de infância ficaram frente a frente, encarando-se como duas feras selvagens disputando território. Draco prendeu seu arco ao seu corpo e sacou sua espada de forma ameaçadora diante de Legolas.
_ Você queria me enfrentar? Então essa é a hora, maldito! – desafio Draco.
Draco estava pronto para desferir mais um ataque, quando Liodriel surgiu novamente na entrada da caverna, pedindo que ele parasse. Draco e Legolas ficaram se encarando, medindo um ao outro, enquanto Nailo corria até a dama para protegê-la.
Sairf se atirou na água para impedir que Squall afundasse. Nevan também ajudou, segurando os dois pendurado sobre a mureta enquanto Sam segurava suas pernas. Lucano correu para ajudar Legolas, cercando Draco. O guerreiro aparou o machado do clérigo com sua espada sem sequer desviar o olhar de Legolas.
Legolas se afastou de Draco e atirou suas flechas nele. Draco as rebateu com sua espada, sem dificuldade alguma e avançou na direção de Legolas. O guerreiro passou ao lado de Legolas, abrindo-lhe o ventre com a espada ao mesmo tempo em que escapava do machado de Lucano. Draco parou sobre a ponte de pedras, diante de Anix.
_ Não tente nenhuma gracinha, seu verme! – ordenou Draco.
Mas Anix não tinha intenção de obedecer Draco e disparou seus mísseis mágicos nas costas do inimigo. As rajadas energéticas explodiram nas costas de Draco, deixando-o muito mais furioso, além de severamente ferido. Anix e os outros ouviram um ruído agudo, como o de uma taça de cristal se quebrando, e viram o manto de Draco movendo-se como se alguma coisa explodisse em seu peito. Pedaços de metal caíram de dentro de sua roupa, caindo dentro do lago, deixando Draco visivelmente assustado. O elfo apontou sua espada para a garganta de Anix, seus olhos brilhavam de ódio. Quando Draco estava pronto para decapitar o mago, Lucano chegou com seu machado, obrigando o inimigo a se defender. A espada rebateu a lâmina do machado e se posicionou diante de Lucano, pronta para matá-lo. Nesse momento, Squall, que acabara de ser retirado de dentro do lago por seus amigos, disparou uma rajada de energia no corpo do adversário. Draco urrou de dor com o ataque mágico, demonstrando a todos que estava completamente vulnerável. Talvez o medalhão destruído por Anix lhe concedesse algum tipo de invulnerabilidade contra os ataques dos heróis. Sem isso para lhe ajudar, Draco se encontrava próximo de seu fim.
Draco olhou em volta, ameaçando a todos com sua espada. Então, seus olhos pararam diante de Legolas. Seus olhos se tornaram vermelhos e sua boca se encheu de sangue. Draco apontou a espada para seu rival, gritando enlouquecidamente e saltou. O elfo deu um salto magnífico, rodopiando no ar para escapar daqueles que o cercavam. Seu corpo atingiu uma altura impressionante e a distância a ser superada era sobre-élfica. Draco alinhou seu corpo no auge de seu vôo e mirou o corpo de Legolas. Draco viu seu rival com ao arco apontado em sua direção e jogou todo o peso de seu corpo para baixo, enquanto erguia a espada sobre sua cabeça.
Legolas viu que Draco perdera sua invencibilidade e sentiu que o fim da batalha estava próximo. Confiante, Legolas preparou a flecha derradeira em seu arco quando seu inimigo saltou em sua direção. Quando Draco estava no auge de seu vôo, os dois elfos se encararam pela última vez. Legolas disparou sua última flecha e a lâmina de seu inimigo desceu sobre seu corpo.
Draco parou em pé diante de Legolas. A ponta da espada, próxima do chão, vertia sangue. Legolas estava parado, seus olhos arregalados e estáticos. Parecia que estava paralisado. Morto talvez. Liodriel se atirou no chão aos prantos. Draco tinha a cabeça baixa e o rosto oculto pelos seus longos cabelos negros. Apenas seu sorriso brilhava sob a luz das tochas. Draco avançou na direção de Legolas de forma estranha. Legolas cambaleou para trás trançando as pernas. Draco caiu apoiou seu corpo sobre o de Legolas antes de tombar no chão, com uma flecha profundamente cravada no centro de seu peito. Legolas apoiou o corpo do inimigo derrotado até deixá-lo no chão frio e finalmente pode respirar aliviado. Draco havia finalmente sido derrotado. Liodriel estava salva.

Capítulo 157 - O desafio de Legolas

Draco recuou, disparando suas flechas a esmo contra os heróis. Nailo se esquivou sem dificuldade, deixando que a flecha se perdesse na escuridão. Sairf foi atingido, mas apenas de raspão, nada que pudesse preocupar o mago da água. Mesmo assim, Sairf tomou uma poção mágica para recuperar-se do dano, ainda que superficial, causado pela flecha. Sairf pegou a poção que estava com Sam, a mesma que Anix e Nailo retiraram de um orc morto numa sala inundada anteriormente. Era um líquido azulado e muito estranho. Sairf o ingeriu e começou a sufocar. O rosto do mago roxeou por completo, como se ele não pudesse respirar. Sairf foi aos poucos voltando ao normal. Quando se recuperou, percebeu que algo havia mudado em seu corpo. Sairf tinha brânquias como se fosse um peixe. Era a mesma magia usada por Guiltespin. Sairf agora poderia se deslocar dentro da água e surpreender Draco.
Nevan apontou o arco para Draco, mas não foi capaz de disparar. Um erro, por menor que fosse, e ele poderia ferir Liodriel. Nevan não quis arriscar e continuou avançando junto com Anix. Enquanto isso, Nailo dava um salto, ficando cara a cara com o inimigo. Suas espadas passaram tão veloz quanto um relâmpago pelo corpo de Draco. O arqueiro só conseguiu escapar da morte por pura sorte, pois estava completamente desconcentrado e vulnerável.
Draco recuou, segurando seu ventre rasgado pelas lâminas do ranger. Foi até Liodriel e a obrigou a voltar para dentro da caverna do tesouro de Escamas da Noite. Enquanto a porta se fechava, Draco deu mais dois disparos em Nailo. Mesmo com duas flechas cravadas em seu corpo, o herói continuou avançando na direção de Draco, provocando-o o tempo todo para assim dar tempo para seus amigos se recuperarem e voltarem para o combate.
Legolas tomou num gole só todas as poções que lhe restavam. Recuperado, o elfo se levantou com o arco em punho pronto para ajudar seu companheiro. Astutamente, Sam percebeu que Squall apenas dormia, vítima do efeito mágico da flecha do sono, e com um chute o acordou enquanto curava Lucano com sua mágica. Sairf também tratou de seus ferimentos e em poucos segundos, todos estavam de volta à batalha.
Já de pé, Lucano apontou a mão para seu inimigo, segurando o símbolo de sua deusa com fé.
_ Tüliamüji Glórien ! Dojjota üj tüliamaj liajgaj ogarj kea tmüeiril düjjü rüla! (poderosa Glórien ! Dissipe os poderes destes itens que profanam vosso nome!) – gritou Lucano. O corpo de Draco brilhou como que cercado por vários vaga-lumes. O majestoso arco em sua mão, no entanto, parou de brilhar. A aura que até então o envolvia, desapareceu completamente.
_ Maldito mago! O que você fez, seu desgraçado? – Draco estava irritado e confuso ao ver seu arco perdendo os poderes.
_ Mago não! Eu sou um clérigo! – respondeu Lucano com orgulho.
_ Clérigo? Clérigo do que? Só se for dos ratos! Isso, um clérigo das ratazanas! Há há há! Vou matá-lo por isso, seu inseto! – bradou Draco, debochando de Lucano.
Draco apontou seu arco para Lucano, se ele o atingisse novamente, seria o fim do servo de Glórien. Sairf interveio. Com uma ordem, sua imensa centopéia saltou sobre Lucano, tentando jogá-lo na água. No entanto, Lucano desviou-se e o animal caiu na água. Sairf então cancelou a magia que o convocara e a centopéia desapareceu.
Squall tentou enfeitiçar a mente de Draco, da mesma forma que tinha feito com Legolas, mas parecia impossível penetrar naquele cérebro distorcido e cheio de ódio. Entretanto, isso criou distração suficiente para Legolas atacar. As flechas de Legolas perfuraram o corpo de Draco novamente, deixando-o ainda mais furioso. Legolas percebeu que seu rival estava quase perdendo o controle e aproveitou a chance.
_ Então seu idiota! Não disse que iria me matar? Estou esperando! Porque você não vem até aqui pra resolvermos isso de uma vez por todas! Venha seu covarde, vamos nos enfrentar de igual pra igual! – Legolas gargalhava para irritar ainda mais seu inimigo e exibia sua espada, chamando Draco para um duelo.
_ Maldito! Eu vou matá-lo! – respondeu Draco.
_ Então terá que me matar também! Legolas é meu líder agora! Não vou deixar você feri-lo! – gritou Sairf.
_ Depois que eu matar Legolas eu mato você!
_ Mas antes você terá que passar por mim! – desafiou Nailo.
_ Depois que eu matar eles dois eu mato você também!
Aquilo já começava a ficar ridículo. Apenas Draco não percebia isso. O arqueiro saltou para a passarela, desviando-se da chuva de golpes de Nailo, ficando apenas levemente ferido. Draco disparou mais duas flechas certeiras em Legolas. Desta vez, entretanto, os ataques já, não tinham mais tanto efeito quanto antes. E ele continuou correndo até parar diante de Lucano, que bloqueava seu caminho.
_ Saia da minha frente, clérigo das ratazanas! – ordenou Draco para Lucano.
Lucano não se moveu. Ficou ali encarando Draco, enquanto Nailo se aproximava por trás, cercando-o. Quando percebeu que não havia qualquer chance de fazer Draco desistir da batalha, Lucano pegou o machado de Squall que ele estava carregando desde a escada de correntes e se preparou para atacar, mesmo sabendo que isso violaria seus ensinamentos.
Enquanto Sam curava Legolas, Lucano atacava um elfo pela primeira vez. Draco saltou, desviando da lâmina. Sairf conjurou a magia Área Escorregadia para tentar derrubar Draco, mas o guerreiro resistiu firmemente sobre o solo liso que desafiava seus pés. Anix tentou pará-lo com seus mísseis mágicos, mas nem isso, nem o pedido emocionado de Nevan fizeram-no mudar de idéia. Squall tentou novamente enfeitiçá-lo, mas sua mente estava decidida demais para ser dominada. Squall se atirou sobre Draco, tentando jogá-lo na água, mas o inimigo habilmente se esquivou e atirou o feiticeiro no lago. Squall foi obrigado a se agarrar nas pedras mais próximas para não se afogar. Nailo chegou por trás de Draco, atingindo-lhe a nuca com a espada. Mas parecia que nada era capaz de detê-lo. Sam tentou atordoá-lo com seu alaúde, mas Draco novamente resistiu. A explosão sonora, entretanto, atingiu Nailo e Squall também, fazendo com que o feiticeiro perde-se os sentidos temporariamente e começasse a afundar. Draco saltou sobre a mureta da ilha, escapando da lâmina de Nailo e do machado de Lucano com uma cambalhota incrível, ficando sobre as pedras, de frente para Legolas. Em uma fração de segundo, Draco apontava seu arco novamente para Legolas.

dezembro 13, 2005

Capítulo 156 - O grito da dama

Nevan disparou novamente com seu arco, mas foi outra vez insultado por seu ex-amigo ao errar os ataques. Legolas, entretanto, conseguiu ferir seu rival com suas flechas, após tomar uma poção mágica e se recuperar de seus ferimentos. Legolas encarou Draco, desafiando-o com o olhar, dando tempo para Nailo cuidar de Lucano. Entretanto, o ranger optou por usar a poção que possuía em si próprio ao invés de tentar curar Lucano. Nailo temia que Draco o atingisse com suas flechas e ele caísse inconsciente, sem poder ajudar Lucano. Desta forma, Nailo ao menos poderia evitar que Lucano fosse ferido novamente. Os demais avançavam lentamente, atrapalhados pela imensa centopéia que bloqueava o caminho, enquanto Legolas e Draco trocavam insultos.
_ Seu maldito! Ela vai ser minha, Legolas! Eu vou matá-lo aqui mesmo, você vai ficar como esses dois que estão no chão!
_ Cale-se Draco! Eu que vou matar você, seu desgraça...
Legolas sequer teve tempo para terminar sua frase. Draco disparou três flechas no peito do herói, desprotegido sem sua preciosa armadura de Mithral, deixando-o à beira da morte. Legolas caiu, como um granizo vindo do céu, seu corpo parcialmente congelado pelas flechas mágicas. Mas o desejo de salvar sua amada era mais forte que qualquer oponente que se colocasse em seu caminho. Legolas voltou a respirar, diante dos olhos atentos de Nailo que cuidava de Lucano.
Nevan deu cobertura com suas flechas para que seus amigos pudessem avançar e ajudar Nailo e os outros. Uma das flechas, finalmente, atingiu o ombro de Draco, penetrando quase toda no corpo do elfo.
_ Parece que você está melhorando um pouco Nevan! Até que você não é tão inútil assim! Agora terei mais prazer em te matar, maldito! – gargalhou Draco, enrijecendo o braço e quebrando a flecha dentro de seu corpo, apenas com a força de seus músculos.
A centopéia de Sairf finalmente chegou à ilha no meio do lago. Sob as ordens de Sairf, a criatura ficou sobre o muro de pedras para liberar espaço para os outros e para fornecer cobertura para os heróis caídos. Sam correu e saltou sobre a mureta, enquanto o inseto ainda se arrastava para seu lugar. O bardo se equilibrou sobre as pedras e se jogou no chão, ao lado de Legolas. Sam puxou Legolas para cima agarrando-o pelos longos cabelos dourados e jogou um líquido mágico dentro de sua boca, segurando-a para que Legolas pudesse engolir a poção e se salvar.
Draco se irritou ao ver Legolas abrir os olhos novamente e avançou na direção do grupo, pronto para exterminá-lo. Nailo soltou seu arco no chão, se levantou, após usar sua varinha mágica para salvar Lucano da morte, parou sobre as pedras que formavam a passagem por onde Draco avançava e, calmamente, sacou suas duas espadas. Nailo ficou ali parado, impedindo a passagem de seu inimigo e o desafiou.
_ Você está querendo matar alguém? Venha enfrentar minhas espadas então seu verme! – rugiu Nailo exibindo suas armas para Draco.
_ Saia da minha frente Nailo! Seu verme imprestável! – respondeu Draco, disparando duas flechas no peito de Nailo enquanto corria sobre as pedras.
Sairf também já chegava neste momento para ajudar e com uma poção mágica, acabara de livrar Squall da morte certa. Mais atrás vinham Nevan e Anix, completando o grupo novamente. Nevan disparou uma flecha no peito de Draco, dando a Anix a chance de executar uma magia poderosa e que faria a balança pender para o lado dos heróis. Com sua mágica, Anix conseguiu dissipar o poder de vários objetos que estavam em posse de Draco, seu poder estava consideravelmente reduzido.
_ Bruxo desgraçado! O que você fez seu verme? – vociferou Draco enquanto corria.
_ Você já vai descobrir já já! – respondeu Anix, sorrindo.
Nailo aproveitou a distração de Draco para atacá-lo, mas o inimigo reagiu e rebateu a espada do ranger com seu arco. Draco deu um salto para trás, ficando longe o suficiente de Nailo para não ser atacado por ele, pegou outra flecha, puxou o fio de seu arco para trás e apontou diretamente para a cabeça de Legolas. O herói viu a ponta da flecha brilhando diante de seus olhos e sentiu que aquele seria o fim. Mesmo com a enorme centopéia sobre a mureta bloqueando parte da visão de Draco, ele sentia que sua vida teria fim quando aquela flecha fosse disparada.
_ Esse é o seu fim! Você verá agora quem é o melhor arqueiro! Com seu fim eu finalmente terei Liodriel! Morraaaaaaaa! – Draco gritou enquanto esticava seu arco ao máximo. Seus dedos soltaram-se um por um do fio lentamente. Legolas fechou os olhos, já esperando nunca mais abri-los. Sua respiração era curta e ofegante. Enquanto esperava a flecha da morte atingi-lo, somente uma coisa passava por sua mente: Liodriel. Legolas lamentou não poder mais ver seu belo e macio rosto, nunca mais poder acariciar seu maravilhoso cabelo ruivo. Assim, Legolas entregou-se à morte, pensando em sua amada. Parecia até que ele ouvia sua doce voz, enquanto esperava a morte atravessar seu corpo. E ouvia mesmo.
_ Nãããão! Pare Draco! Não faça isso!!! – gritava Liodriel, do lado de fora da caverna do tesouro ao ver seu amado em perigo.
Draco puxou ainda mais a corda do arco. Parecia que ele não resistiria à pressão e se partiria. Draco mirou na cabeça de Legolas e...baixou sua arma.
_ Drogaaaaa! Maldição!!! – gritava Draco, visivelmente transtornado.
Draco não conseguiu atirar. Parecia que seu amor por ela era mais forte que seu ódio pelo rival. Era como se ele não suportasse ir contra o desejo da moça. Mas, Draco se virou e apontou o arco para Liodriel. Draco estendeu o fio e disparou para o alto. A flecha se espedaçou na parede da caverna, totalmente distante de Liodriel.
_ Desgraçados! Eu vou matar todos vocês! – Draco ameaçou novamente os heróis, mas já não era mais o mesmo. Sua derrota acabara de começar.

Capítulo 155 - Draco, de amigo a inimigo

_ Kamthiaria! - gritou Draco enquanto apontava seu arco para seus antigos amigos.
Três disparos certeiros rasgaram o ar dentro da caverna em alta velocidade, terminando suas trajetórias no peito de Nailo, Anix e Sairf. As flechas se enterraram profundamente no corpo dos heróis, que vomitavam sangue e urravam de dor. Além da força do golpe, cada flecha trazia consigo um estranho poder. Eram flechas congelantes. Os três aventureiros viram seus tórax sendo cobertos por uma camada de gelo mortal. Anix foi o mais prejudicado pelo ataque. Seu corpo franzino sentiu mais que os outros os efeitos nocivos do ataque de Draco. Sairf, que sempre teve grande intimidade com o frio, e Nailo, cuja resistência física só era igualada pela de Legolas, continuaram firmes apesar do espanto e do temor que sentiam.
Os heróis contra-atacaram com a mesma intensidade daquele inesperado inimigo. Anix revidou com uma poderosa bola de fogo, obrigando Draco a se saltar e girar no ar para se proteger das chamas. Era fascinante a forma como o elfo se deslocava para se proteger da magia. Entre saltos e cambalhotas, Draco conseguiu evitar os efeitos da magia de Anix, sofrendo apenas queimaduras leves e superficiais. Além de sua incrível habilidade, o elfo contava com algum tipo de ajuda mágica. Parte das chamas foi absorvida pelo corpo de Draco, dando a entender que ele tinha algum tipo de proteção.
_ Idiota! Isso não funciona comigo! Escamas da Noite me avisou da existência de um dragão vermelho entre vocês! Já me preparei para enfrentá-lo, maldito! Legolas, onde você está, seu maldito? Vocês mataram minha mulher, agora me vingarei matando a sua! – gritou Draco, desafiando os heróis.
_ Liodriel está aqui? Onde ela está Draco, seu imbecil? – respondeu Legolas, em desespero.
_ Ela está na sala do tesouro! Ela agora é meu tesouro! Já que não pude tê-la como mulher, agora que sou um dragão, ela será meu tesouro! Todos os dragões têm um tesouro, ela é a primeira peça do meu! – respondeu Draco.
Lucano estava bem na frente de Draco, já no início da ponte que conduzia até a sala do tesouro de onde o traidor havia saído. O clérigo não queria ferir o adversário, pois ele era um elfo, assim como ele. Os ensinamentos de sua deusa diziam que os elfos deveriam se manter unidos sempre, e que um clérigo de Glórien jamais poderia erguer a mão para atacar outro elfo, não importa os motivos que ele pudesse ter. Mesmo assim, Draco estava fora de si, totalmente insano, e precisava ser detido antes que fizesse alguma vítima. Lucano tentou então detê-lo de uma forma pacífica, acalmando sua raiva através da magia. Lucano lançou seu encantamento sobre Draco, esperando acalmá-lo e trazê-lo para seu lado. Entretanto, o ódio que o elfo sentia naquele momento era mais forte que qualquer magia. Draco quebrou o feitiço e voltou seus olhos na direção de Lucano, cheios de ódio de desejos de vingança, e levou a mão a aljava, preparando um novo ataque.
Nevan e Squall tentaram impedi-lo. O guerreiro disparou duas flechas, que foram facilmente rebatidas pelo arco branco de Draco. Squall lançou uma bola de fogo, apenas para comprovar que aquele tipo de magia era ineficaz contra o habilidoso arqueiro.
_ Nevan, seu imprestável! Você deveria ter morrido pelas mãos dos orcs! Não sei porque me preocupei em procurá-lo quando você sumiu! Nem usar um arco direito você sabe! E eu já disse que essa mágica fajuta não me afeta, seu verme! – debochou Draco.
Draco sacou a primeira flecha e a apontou para Lucano. Era uma flecha totalmente azulada, como se tivesse sido pintada naquela cor. Nailo Correu para ajudar o amigo, enquanto os outros avançavam mais lentamente. Legolas e Sairf tentavam se recuperar dos últimos ataques a tempo para salvar Lucano.
Nailo deu um espetacular salto, de mais de seis metros, para chegar até a ponte que era bloqueada pela centopéia de Sairf. Correu com as mãos prontas para sacar suas espadas, mas já era tarde. A flecha já estava atravessada na garganta de Lucano, e o clérigo já caia no chão completamente desmaiado.
_ Cuidado Lucano! Essa flecha é igual à da Guncha! – avisou Anix, agora invisível e protegido atrás de Nevan, mas já não havia mais tempo.
O segundo disparo penetrou levemente no peito de Squall. Mas, apesar do ferimento parecer superficial, o feiticeiro caiu no chão sem sentidos, da mesma forma que Lucano. Parecia que Anix estava certo. Aquelas flechas, além de ferir, faziam com que quem fosse atingido por elas caísse em um sono profundo.
Nailo continuou correndo, saltou sobre o corpo de Lucano e se colocou entre ele e Draco, para proteger o amigo. Bem a tempo. A terceira flecha penetrou acima do umbigo de Nailo. O ranger sentiu um enorme torpor tomando conta de seu corpo, mas resistiu bravamente e permaneceu em pé, protegendo seu amigo.

dezembro 12, 2005

Capítulo 154 - Turbilhão de fogo. O fim do pesadelo

Legolas se afastava cada vez mais de seus amigos, obcecado por chegar ao esconderijo de Draco. A cada passo que dava, caminhando de costas, disparava suas flechas no peito de seu velho amigo de infância, Arwind. Legolas já estava sobre a segunda ponte de pedras, um local traiçoeiro e perigoso caso ele fosse atacado. Lá longe, distante de seus amigos, Legolas não poderia contar com a ajuda de ninguém caso viesse a ficar no mesmo estado de Lucano. Vendo isso, Nailo guardou suas espadas e recolheu seu arco do chão para poder dar cobertura para seu amigo, mesmo à distância. Enquanto isso, Sam trazia Lucano de volta ao mundo dos vivos com sua canção mágica. Nailo entregou a Sam a poção que havia pegado de Anix e preparou seu arco para atacar.
Então, aquilo que Nailo temia aconteceu. Escamas da Noite surgiu de dentro da fria e escura água do lago num salto e caiu sobre os pilares de pedra que se alinhavam na superfície da água. A criatura se colocou entre Legolas e o lugar que o elfo pretendia alcançar. Suas presas penetraram na no crânio do arqueiro, rasgando sua pele e derramando seu sangue quente.
_ Aonde pensa que vai, seu verme? – rugiu a dragonesa, com os dentes manchados de sangue élfico.
Legolas pensou em recuar, mas não havia como fazê-lo. Logo atrás dele estava Arwind, cercando-o e obedecendo cegamente às ordens do monstro. Lucano se levantou e, da mesma forma que Sairf, usou seus poderes para invocar auxílio. Sairf, por sua vez, fez surgir um grande tubarão branco que avançou na direção da dragonesa deslocando-se pela água. Sairf disparou sua besta para tentar ajudar Legolas, mas Escamas da Noite desviou o virote com sua poderosa asa novamente. As outras criaturas invocadas pelo mago avançaram, prontas para atacar assim que possível. Entretanto, isso gerou um problema inesperado. O gigantesco corpo da centopéia ocupou totalmente a única passagem que Sairf e Anix tinham. Anix tentou subir no corpo do inseto, mas não conseguia avançar. Nevan tentava ajudar seu amigo, mas não havia como transpor aquele monstro. Era preciso esperar que ele saísse do caminho.
O único em condições de ajudar Legolas era Squall. O feiticeiro já estava muito perto de seu companheiro e continuou correndo pelo caminho de pedras até chegar à ilha. Uma rajada de energia mágica foi suficiente para eliminar Arwind e liberar espaço para que Legolas pudesse recuar. O segundo disparo explodiu o peito do morto-vivo, deixando-o aos pedaços diante de Legolas. O terceiro tiro atingiu o rosto da dragonesa.
_ Vermelho maldito! Revele-se logo de uma vez e venha me enfrentar! Se não o fizer eu irei destruí-lo do jeito que está mesmo! – gritou Escamas da Noite para Squall.
Legolas aproveitou a distração criada por Squall e sacou uma flecha. Recuou para a pedra de trás ao mesmo tempo em que disparava. A flecha atingiu o peito do monstro mas, ficou em pedaços ao se chocar nas poderosas escamas negras. A criatura voltou sua atenção novamente para o guerreiro, no exato instante em que a segunda flecha atingia seu pescoço. O projétil penetrou fundo no corpo do monstro, arrancando um grito de dor que podia ser ouvido a muitos metros de distância. A dragonesa se irritou com o insulto causado pelo arqueiro e o ameaçou.
_ Você será o primeiro a morrer! Maldito! – gritou o monstro, abrindo sua boca e exibindo seus dentes afiados para Legolas.
Escamas da Noite avançou sobre Legolas, sem nem se importas com as flechas disparadas por Nailo. A ajuda do ranger parecia ser insuficiente para deter a fúria daquela besta. Os dentes rasgaram o peito de Legolas de tal forma que era como se ele não vestisse armadura alguma. As duas asas vieram tão rápidas quando a mandíbula e se fecharam sobre o corpo do arqueiro, escurecendo seus olhos. Os membros se chocaram com tamanha força que o chão estremeceu. Quando Escamas da Noite recolheu as asas, Legolas estava caído, completamente indefeso. O monstro ergueu sua pata direita, fazendo suas poderosas garras refletirem a luz das tochas, e atacou o corpo desfalecido de Legolas. Todos fecharam os olhos, desejando não ver o fim de seu grande amigo, quando olharam novamente, a dragonesa exibia o corpo do elfo e sua mão.
_ Segure isso, vermelho! Olhe bem o estado em que você irá ficar! Você será o próximo! – Escamas da Noite desafiou Squall mais uma vez e arremessou o corpo de Legolas sobre o feiticeiro. – Meu ácido irá corroê-los por completo! – a saliva corrosiva da fera já voltava a transbordar de sua boca.
Squall abriu os braços e agarrou Legolas. A cabeça do arqueiro se chocou na boca de Squall, deixando-o zonzo. Os dois caíram no chão com a força do impacto. Para sua felicidade, Squall ainda ouvia o coração de Legolas pulsando.
_ O Legolas está vivo! – gritou Squall, protegendo-se e a seu amigo atrás da mureta de rocha.
Lucano abriu os olhos, seus lábios se moveram lentamente, formando as últimas palavras mágicas para concluir sua evocação. Sam o interrompeu.
_ Lucano! O Legolas ainda está vivo, mas o monstro vai atacá-lo novamente! Corra até lá e o salve com sua magia de cura!
_ Sim! Itimali dieü! Ae ü dürdüdü! – Lucano concluiu o feitiço chamando ajuda em seu idioma. Um enorme cachorro surgiu em sua frente. – Vamos, corra o mais rápido que puder! – gritou Lucano para o animal ao saltar sobre seu dorso.
O cão correu conforme ordenado, carregando Lucano em suas costas. Lucano levantou-se e, quando o animal alcançou a passarela de pedras, saltou de seu lombo. O clérigo passou sobre a mureta que cercava a ilha, caindo em pé sobre ela. Aproveitou o impulso dado pelo salto e se atirou de joelhos sobre o chão. Lucano deslizou de joelhos sobre as peles que cobriam o lugar, parando diante do corpo de Legolas. Estendeu suas mãos sobre o amigo e orou por ele.
_ Tüliamüji Glórien, liea liüj aneüj, dema ajga düjjü eonü igmideij lia lorij lieüj! – (poderosa Glórien, mãe dos elfos, cure este vosso filho através de minhas mãos!) as mãos de Lucano emitiram um brilho dourado que envolveu todo o corpo de Legolas. O arqueiro despertou agradecendo ao fiel amigo e deslizou sua mão para dentro de sua bolsa, retirando dela um frasco com um líquido verde-escuro. Legolas tomou a poção mágica, enquanto Lucano o puxava para trás do muro de pedras. Enquanto isso, longe dali, os heróis preparavam o contra-ataque decisivo.
_ Sairf, Anix, preparem seus feitiços de ataque mais poderosos! Nevan, Nailo, preparem seus arcos! Todos vocês vão atacar ao meu sinal! – Sam tinha um tom de voz firme e decidido. Enquanto falava, suas mãos corriam ligeiras sobre seu alaúde, ajustando suas cordas uma a uma. - Squall! Você ainda tem aquela magia sonora? – gritou o bardo.
_ Sim, Sam! Por que pergunta? – respondeu o feiticeiro que se encolhia atrás das pedras.
_ Proteja-se bem e prepare-se para usá-la ao meu sinal! Você vai usá-la quando vir meu sinal no céu! Quando você estiver no céu! – ordenou Sam, deixando todos confusos.
Sem entender o que o bardo pretendia, mas também sem perder tempo com perguntas, todos atenderam ao seu pedido. Nevan e Nailo prepararam seus arcos e apontaram na direção de Escamas da Noite. Sairf já tinha usado todas as suas magias mais poderosas, mas Anix lhe entregou o colar mágico de Kaarghaz e os dois se prepararam para lançar suas bolas de fogo quando o bardo desse o sinal. Squall se encolheu ainda mais atrás do muro e ficou a olhar para cima, esperando pelo misterioso sinal de Sam.
Escamas da Noite continuou avançando sem se importar com o plano do bardo. Esticou seu pescoço sobre a mureta e viu Legolas terminando de ingerir sua poção. Seu peito ganhou volume enquanto a dragonesa tomava fôlego e encarava o arqueiro.
_ Não adianta tomar essa poção! Você não escapará maldito! – rugiu a dragonesa, cuspindo uma rajada de ácido sobre o peito de Legolas. O elfo tentou se proteger, mas não havia meios para isso. A saliva cáustica do monstro queimou seu corpo e corroeu toda a parte de frente de sua armadura, deixando Legolas totalmente desprotegido e muito enfraquecido. – Vou dar o último golpe! É o seu fim! – continuou o monstro.
_ É agora! – Sam tocou seu alaúde. Era uma melodia que todos conheciam, a mesma música que Sam havia tocado no caminho para Tollon, fazendo surgir uma dama ilusória no meio da estrada. A mesma música usada para fazer surgir um homem nu diante dos trogloditas e permitir a fuga de todos. Mas agora ela estava diferente, era um som mais grave e mais rápido, que chegava a ferir os ouvidos. Todos viram então a figura de um dragão vermelho surgir voando sobre o lago. Imediatamente, Squall compreendeu o sinal e agiu.
_ Você queria enfrentar o vermelho? Pois então venha maldita! – gritou Squall, usando sua magia para fazer sua voz parecer sair do dragão que pairava no céu. Ao mesmo tempo, Sam dedilhava seu alaúde fazendo com que a boca do dragão ilusório se movesse em sincronia com a voz de Squall.
_ Então resolveu se mostrar?! Vermelho maldito! Agora eu vou destruí-lo por completo! – gritou escamas da noite, batendo suas asas e levantando vôo.
A dragonesa voou na direção da ilusão, afastando-se de Legolas e dos outros. Suas garras foram direto na direção da garganta de seu inimigo rubro, atravessando a ilusão como se fosse um fantasma. Quando ela percebeu a armadilha em que caíra era tarde demais.
_ AGORA!!! – gritou Sam para seus amigos ao seu lado.
Anix apontou sua mão na direção do monstro. Uma esfera voou pela caverna, acompanhada de uma conta avermelhada arremessada por Sairf. Duas flechas seguiram lado a lado. Uma em chamas, disparada por Nailo, e a outra disparada por Nevan. Quando se aproximaram do monstro os objetos desviaram sua rota, como que atraídos pelo corpo da dragonesa, colidindo diretamente sobre seu coração. Uma enorme explosão se formou, iluminando toda a caverna. Todos ficaram espantados com o poder do ataque. Junto com a explosão vieram as chamas, que envolveram o corpo da fera, criando um turbilhão incandescente. O redemoinho de fogo se desfez numa nova explosão, fazendo tremer todo o teto da gruta. Quando tudo se acalmou, todos viram o corpo negro de Escamas da Noite caindo, já sem vida, em direção ao lago. A terrível dragonesa, que há tempos tirava o sono dos heróis com pesadelos horríveis, deu seu último e definitivo mergulho nas águas escuras. Escamas da Noite afundou lentamente, levando consigo suas ameaças e seus desafios. Seu couro negro desapareceu completamente, submergindo sob as dentadas e os poderosos golpes desferidos pelo tubarão e pelo elemental de água invocados por Sairf.
_ Nãããããooo!!! Malditos! Mataram minha mulher! Vou matar todos vocês! Desgraçados!!!
Saindo de dentro da caverna secreta do tesouro, estava Draco. O elfo vestia um manto esverdeado sobre uma armadura feita do mais refinado metal. Um arco branco como a neve emitia um brilho frio em suas mãos. Sacando suas flechas com os olhos vermelhos de ódio, Draco avançou na direção dos heróis.

dezembro 07, 2005

Aff.......

Ufa!!! Cabei por essa semana. Sabadão a gente finalmente termina a saga dentro da Forja da Fúria e ai... férias moçada, só ano que vem.

Capítulo 153 - O triste destino de Isaulas e seus amigos

Com o inimigo ausente, todo o grupo avançou, alguns até passaram para a segunda plataforma. Sairf ficou para trás, chamando reforços para o grupo. Sam ajudou-o, curando os ferimentos causados pelo ácido da dragonesa. Legolas correu para alcançar a ilha central e ir até o lugar onde Draco havia entrado. Tinha quase certeza de que sua amada estaria lá dentro. O grupo já estava na metade da segunda plataforma, quando Escamas da Noite surgiu de dentro do lago. Esticando seu longo pescoço, a fera abocanhou o peito de Nevan, e soltou seu peso, permitindo que seu corpo voltasse a afundar no lago.
_ Agora, meus comandados! Esse é o momento! Ataquem! – gritou a criatura antes de submergir totalmente.
De uma caverna até então não vista pelos heróis, surgiram vultos que aos poucos foram tomando a forma de zumbis. Os mortos-vivos foram avançando na direção dos heróis, impedindo sua passagem adiante. Legolas, Nevan e Nailo sentiram um aperto em seus corações ao ver que entre os que atacavam estavam seus amigos. Isaulas, Celilmir, Saudriel e Arwind caminhavam, já sem vida, ao lado de um troglodita, um orc e um duergar, com seus punhos fechados, prontos para atacar seus antigos companheiros. Escamas da Noite os havia transformado em seus escravos zumbis e agora, ao invés de salvá-los, os heróis teriam que destruir seus antigos amigos.
Lucano curou-se com sua magia e se preparou para enfrentar os mortos-vivos. Um elemental surgiu ao lado de Sairf , saltou na água e ficou aguardando a chance de atacar o monstro. Sairf preparou uma magia e a apontou na direção da água, esperando para dispará-la quando o inimigo surgisse. Ao seu lado estava Anix, com três contas de bola de fogo preparadas para atacar Escamas da Noite de surpresa.
Na outra plataforma, Nevan girou sua espada, com os olhos cheios de lágrimas e, num único golpe, cortou ao meio o corpo putrefato de Isaulas. Nailo atirou seu arco no chão e sacou suas espadas também. Suas lâminas atingiram o corpo de Celilmir, arrancando-lhe os braços, uma das pernas e por fim, rasgando-lhe o ventre. Celilmir caiu no chão sem se mexer. Mais um de seus amigos estava morto. Nailo e Nevan Lamentaram, mas não tinham outra escolha a não ser lutar com todas as suas forças.
Legolas tentou jogar Saudriel para dentro do lago e passar por ele sem lutar. Desejava apenas chegar até onde sua amada estava, mas isso não seria nada fácil.
Então, a monstruosa inimiga saltou das águas, caindo na plataforma quase sobre os heróis. Seus enormes dentes se cravaram nas costas de Nailo. O vortex criado pelo elemental de Sairf não foi suficiente para detê-la. Nem a magia conjurada pelo mago, nem as bolas de fogo atiradas por Anix. O feitiço de Sairf novamente foi derrotado pela resistência do monstro, e das três contas atiradas por Anix, somente uma funcionou.
Lucano tentou tocar no corpo de Escamas da Noite para descarregar uma magia nela, mas foi atingido antes pela mandíbula da dragonesa. A dor do ferimento tirou a concentração do clérigo, e a magia se dissipou.
Uma área do piso sob os pés de Escamas da noite foi recoberta por um líquido viscoso e escorregadio. Mas, a criatura demonstrava ter um grande equilíbrio, e suas quatro patas a ajudaram a evitar a armadilha escorregadia preparada por Sairf.
Anix disparou seus mísseis mágicos, dando cobertura para que Squall pudesse tomar uma poção e se fortalecer antes que fosse atacado. A espada de Nevan se chocou contra a perna da dragonesa, mas nem uma gota de sangue foi derramada. As poderosas escamas eram quase impenetráveis. O raio ardente de Squall foi facilmente dissipado por um simples bater de asas de Escamas da Noite.
_ Vermelho! Você já está me irritando! Pare com isso e mostre-se de uma vez! – ordenou a fera ao feiticeiro.
Nada parecia ferir o monstro. Nem mesmo as poderosas espadas de Nailo surtiam efeito. Nailo era profundo conhecedor de dragões. Sabia exatamente em que lugares atingir para causar maior dano a uma criatura deste tipo. Uma criatura que ele tanto odiava. Seu inimigo predileto. Mesmo assim, Nailo conseguiu apenas ferir superficialmente a perna de Escamas da noite.
Sam usou sua explosão sonora. As paredes tremeram e um ruído ensurdecedor tomou conta de tudo. A dragonesa parecia nada sentir, e atacou com todas as suas armas. Suas asas cortaram a carne dos heróis com tanta força quanto suas garras afiadas. Sua mandíbula afiada penetrou novamente no corpo de Squall, e sua cauda vigorosa se ergueu no ar para logo depois esmagar Relâmpago contra o chão.
Lucano tentou usar sua magia novamente. Mas outra vez foi impedido pela mordida voraz do monstro. O clérigo, já muito cansado e ferido, foi forçado a recuar para se restabelecer. Relâmpago o seguiu e os dois se afastaram momentaneamente do perigo.
Sairf pôs-se a invocar mais um aliado para auxiliar seus amigos, enquanto Anix lhe fornecia cobertura com seus disparos mágicos. Nevan empurrou Squall sobre Saudriel, e Squall usou toda a força que tinha para jogar o elfo zumbi dentro da água. O morto resistiu ao empurrão, mas recuou o suficiente para permitir a passagem de Legolas. O arqueiro abriu caminho flechando Arwind e escapando dos golpes de seu antigo amigo e do duergar que o seguiam. Legolas correu até a passagem de pedras sobre o lago, seguido de perto por Arwind, e disparou outra flecha certeira em Escamas da Noite. Novamente, seu ataque não surtiu efeito. Um movimento de asa simples foi o suficiente para jogar a flecha para dentro do lago.
Squall era atacado por Saudriel, e já estava a ponto de cair de exaustão. Esquivou-se de seu adversário e tomou uma poção mágica para se curar. Lucano correu para ajudá-lo também, mas não houve tempo para isso. Um som, parecido com uma rajada de vento se formou atrás do clérigo. Quando ele se virou, viu Escamas da Noite cuspindo uma rajada de ácido em sua direção. Todos que estavam no caminho, incluindo Legolas que estava mais distante, foram atingidos. Nem mesmo os comandados da dragonesa foram poupados do ataque. Quando o ácido terminou, Lucano estava caído no chão, inconsciente. Escamas da Noite bateu suas asas e voou para dentro da lagoa novamente, ficando fora do alcance dos heróis.
Sairf terminou sua magia, e uma gigantesca centopéia surgiu ao seu lado. Fez uma magia em si próprio e segurou seu bordão, pronto para atacar assim que possível. Anix preparou para lançar mais uma bola de fogo. Com um poderoso golpe Nevan terminou de retirar o que restava de vida no corpo de Saudriel. Legolas flechou novamente o corpo de Arwind e finalmente conseguiu chegar até a ilha no meio do lago. Enquanto isso, Squall se jogava sobre Lucano para trazê-lo de volta à vida com uma poção mágica. O estado do clérigo teve uma sensível melhora, mas ele ainda continuava desacordado. Anix e Sam avançaram até a outra plataforma, enquanto Nailo e Nevan se encarregavam de eliminar os últimos zumbis que restavam de pé. O duergar e o troglodita caíram aos pedaços sob os pés dos dois heróis. Sairf voltou usar sua magia de invocação e todos ficaram aguardando ansiosos e temerosos o retorno de sua terrível inimiga.

Capítulo 152 - Squall, o vermelho


Anix pegou uma poção em sua bolsa e a tomou num gole só. Sentiu um formigamento familiar em seu corpo e todos olhavam para ele com ar de espanto. Aos poucos o elfo foi desaparecendo, até ficar completamente invisível.
_ Não pense que ficando invisível você vai conseguir fugir de mim! Eu irei encontrá-lo e comerei sua carcaça! – rugiu a dragonesa ao ver Anix desaparecer.
Enquanto seu irmão buscava uma posição melhor para poder atacar, Squall olhou para a criatura com coragem e de sua mão partiu uma pequena esfera escura. A bolinha de guano e enxofre passou por baixo de Escamas da Noite e explodiu quando estava atrás dela. As chamas se expandiram quase seis metros e atingiram a dragonesa, arrancando urros de dor e ódio da fera. Escamas da noite se contorceu e encarou Squall com ódio no olhar. O ódio deu lugar ao espanto. Escamas da Noite farejou o ar e novamente se enfureceu, ainda mais do que ante.
_ Quem é você vermelho? O que quer aqui em meu território? Vá embora daqui agora vermelho, ou então eu o matarei! – gritou a fera para Squall que nada compreendia.
De fato, nenhum dos aventureiros entendia o que ela queria dizer com aquilo. Squall tinha o rosto claro, como o de qualquer elfo. Não havia nada de vermelho nele. Estaria a dragonesa enxergando mal? Mesmo sem entender o que se passava, os heróis continuaram firmes, sem perder tempo com conversas ou divagações. Anix recuou até onde Nailo estava, e este pegou em sua bolsa um frasco com um líquido azul que haviam tirado do orc que jazia solitário na sala inundada onde estiveram. Depois fez uma magia em si e em Relâmpago, uma magia que os tornaria invisíveis aos olhos de qualquer animal.
_ O que você fez aí seu verme? – rugiu Escamas da Noite ao ver Nailo conjurando a magia. Ficou claro então que ela não era um animal comum, e que a magia não tinha efeito sobre ela.
Sam avançou até Legolas, e tocou seu alaúde de forma diferente, tentando tirá-lo daquele estado lastimável em que se encontrava. Mas falhou. Tanto Legolas quanto Nevan continuavam tomados por um medo sobrenatural. Então, o que todos temiam aconteceu.
Escamas da Noite aproveitou a distração do bardo e avançou em sua direção. A bocarra do monstro foi na direção do menestrel e se fechou sobre sua frágil cabeça, esmagando-a com suas presas. O sangue jorrou por entre os dentes da fera, e Sam interrompeu seu repertório. Seus braços e suas pernas amoleceram enquanto o sangue escorria pelo seu corpo. Os corações dos heróis quase saltaram por suas bocas ao ver que, conforme haviam sonhado, o monstro havia arrancado a cabeça de seu amigo Sam Rael. A dragonesa abriu sua boca lentamente, já buscando um novo alvo com seus olhos. O corpo de Sam pendeu para trás, e suas mãos subiram na direção de sua cabeça.
_ Ah! Monstro desgraçado! Mordeu minha cabeça! Maldita! Ainda por cima engoliu meu chapéu! Meu lindo chapéu, você vai me pagar, sua maldita! – gritou Sam, segurando sua cabeça toda cheia de cortes e perfurações, para alívio de todos.
Rapidamente, Lucano conjurou uma magia de cura sobre Sam, e o puxou para trás, afastando-o do perigo. Sairf, Anix e Squall murmuraram seus feitiços ao mesmo tempo.
_ Não vai fazer nenhum feitiço! Eu vou matá-lo vermelho! – gritou a dragonesa ao morder o ombro de Squall.
Squall resistiu à dor e as três magias foram lançadas em conjunto. Duas bolas de fogo explodiram nos dois flancos da criatura, enquanto que uma tempestade glacial se formava sobre seu ventre. As chamas a atingiram e queimaram suas escamas negras. Escamas da Noite novamente amaldiçoou o “vermelho” pela dor que sentia e jurou matá-lo. O turbilhão de gelo se dissipou ao tocar o corpo do monstro de forma estranha. Era como se ela tivesse algum tipo de resistência contra as magias do grupo.
Nailo disparou mais duas flechas contra a fera, mas outra vez elas foram desviadas pelas asas da criatura. Sam resolveu tentar um trunfo que até então mantinha em segredo. Tocou uma melodia que falava sobre coragem e heroísmo. Legolas e Nevan se levantaram e pegaram suas armas. Os dois estavam de volta ao combate.
_ Vermelho! Revele-se mostre sua verdadeira face para mim! Chega de se esconder seu maldito vermelho! – os olhos de Escamas da Noite brilharam enquanto ela gritava com Squall. Da mesma forma, a testa do feiticeiro começou a emitir um brilho dourado. Squall gritava enquanto sua testa queimava. Todos queriam ajudá-lo de alguma forma, mas não sabiam como. Quando o sofrimento de Squall finalmente cessou, havia uma cicatriz em sua testa.
_Maldito vermelho! Juro que vou matá-lo, seu desgraçado! – rugiu a dragonesa pouco antes de saltar e mergulhar nas profundezas do lago.
Lucano tentou curar o ferimento de Squall com sua magia, mas não houve efeito algum. Anix tentou dissipar a marca com sua mágica, mas também não conseguiu. Esbofeteou a cabeça de seu irmão, mas nada fazia efeito contra aquilo. Na testa de Squall, havia uma marca, parecida com uma cicatriz ou uma tatuagem. O mais estranho de tudo, é que a misteriosa marca lembrava o formato da cabeça de um dragão. Qual era o significado daquilo? Era o que todos se perguntavam. Mas não havia tempo para perguntas. O inimigo, o pior que já tinham enfrentado ainda estava vivo e voltaria a atacar em breve.

Capítulo 151 - Flechas, ácido e gelo

Legolas apontou seu arco para a dragonesa. Concentrou todo o seu poder e, com confiança, disparou duas Flechas Infalíveis, uma após a outra. As flechas atravessaram o lago juntas seguindo na direção do monstro que se elevava aos céus. Era impossível errar uma criatura tão grande quanto aquela. De fato, as flechas atingiram o alvo, mas as poderosas escamas negras do monstro amorteceram o impacto e a criatura nada sofreu.
Quase ao mesmo tempo, Nailo também deu dois disparos com seu arco. Suas flechas, entretanto, nem sequer tocaram a pele de Escamas da Noite. Com um simples bater de asas, a criatura desviou a trajetória das flechas, fazendo-as caírem no lago. Era exatamente com eles haviam sonhado antes de chegar a Darkwood. O monstro negro de asas e cauda tinha um formidável poder de defesa. Restava saber o tamanho de seu poder de ataque.
Escamas da Noite avançou pelo ar na direção dos heróis. Soltou um rugido feroz que fez estremecer toda a caverna. Não só a caverna, mas também os corações daqueles valorosos heróis tremeram diante da besta. Legolas e Nevan não resistiram ao efeito sobrenatural que o rugido impunha sobre eles. A dragonesa tinha uma presença aterradora, capaz de fazer fraquejar qualquer ser que se julgasse valente. Os dois guerreiros não resistiram e entraram em pânico. Legolas e Nevan soltaram suas armas e recuaram, ficando acuados, encolhidos na parede da gruta. Mesmo a ajuda de Sam, que tocava seu alaúde com fervor para inspirar os amigos, não foi suficiente para impedir que os dois fossem vencidos pelo medo.
A fera pousou seu pesado corpo sobre a primeira fileira de pedras em frente ao grupo e abriu sua enorme bocarra. Seu hálito quente e fétido invadiu os narizes dos heróis e o pavor tomou conta de seus corações. Um brilho alvo se formou no fundo da garganta do monstro, uma secreção corrosiva começou a escorrer entre suas presas afiadas. Escamas da Noite cuspiu um jato ácido sobre os heróis. O líquido cáustico alcançou até os que estavam mais distantes, corroendo tudo em seu caminho. Os heróis se protegeram saltando e se esquivando para os lados, conseguindo minimizar os efeitos do ataque devastador. Netuno e Posseidon, os dois elementais conjurados por Sairf foram destruídos instantaneamente, retornando ao mundo do qual haviam sido trazidos.
Tudo era como nos sonhos. Inclusive o sopro de ácido expelido pela criatura. Se a batalha continuasse seguindo como anunciada nas visões, o próximo alvo seria Sam. Tentando proteger a vida do amigo, Lucano se colocou entre a dragonesa e o bardo. Pediu ajuda para Glórien e encarou o monstro. Pretendia impedir a todo custo a passagem daquela fera.
Sairf concentrou todo seu poder e recitou um feitiço novo que terminara de desenvolver dentro de Khundrukar. O mago apanhou um punhado de pó e pingou sobre ele algumas gotas de água. Seus olhos brilharam, um brilho branco como a neve, ao mesmo tempo em que um círculo luminoso se formou sobre os pés de Escamas da Noite. Então, incontáveis pedaços de granizo extremamente afiados brotaram magicamente do chão e subiram, atingindo o corpo do monstro. O granizo carregava consigo uma poderosa rajada de ar congelado que feria a pele espessa da dragonesa. Uma verdadeira tempestade glacial se formou ao redor do monstro e mostrando a todos que a criatura podia ser ferida. Ainda havia esperanças de vencer.

Capítulo 150 - Escamas da Noite

Então uma cabeça surgiu por trás da muralha. Legolas não quis ver, mas seus olhos não puderam deixar de olhar. Uma mulher, de longos e sedosos cabelos negros olhava-os com seus olhos tão escuros quanto o lago que os cercava. Não era Liodriel. Legolas respirou aliviado por um instante, mas logo sentiu que algo de ruim estava para acontecer.
A mulher se abaixou novamente, e sussurrou algo nos ouvidos de seu amante. Depois se levantou, exibindo seu belo corpo. Seus seios fartos e redondos como a lua cheia no céu noturno, seu quadril largo e sua cintura fina, apoiados sobre dois pares de pernas longas e curvilíneas, eram delicadamente envolvidos por um comprido e apertado vestido de couro negro que brilhava sob a luz das tochas que o iluminavam.
_ Levante-se amor! Seus amigos vieram visitá-lo! Vamos querido, vá se vestir enquanto eu recebo seus amigos! – sua voz suave como uma pluma encantava a todos.
Então um elfo surgiu de trás das pedras. Seu corpo seminu trazia apenas um pedaço de peles para cobrir seus músculos saudáveis e bem modelados. O elfo escondeu suas partes íntimas e foi andando na direção da cavidade depois da ilha enquanto observava os visitantes.
_ Sejam bem vindos! Olá Nevan! Que bom vê-lo novamente! Fico feliz em saber que você não foi pego pelos orcs! Legolas, meu amigo, há quanto tempo não o vejo! Nailo, você também voltou, que prazer em revê-lo! E os demais, quem são todos? – o homem falava e gesticulava calmamente, enquanto ia se afastando.
Nevan estava paralisado. Aquele que se levantara era quem eles imaginavam estar morto ou preso em algum lugar dentro da montanha. Era o mesmo homem que tinha salvado a vida de Liodriel durante o primeiro ataque dos orcs a Darkwood. A mesma pessoa que depois partiu junto com Nevan e outros para eliminar os orcs e vingar os que haviam sido feridos. Aquele elfo que agora caminhava sorridente, como se nada tivesse acontecido era Binah Baenlyl, conhecido por todos como Draco.
Draco caminhou até sobre as rochas até a plataforma além delas. Tocou na parede da caverna e uma grande rocha se moveu, revelando uma caverna escondida. Um brilho dourado emanava de dentro da caverna e, enquanto Draco entrava, os heróis o ouviram falando com alguém:
_ Bom dia! Você nem imagina que acaba de chegar! – e a caverna se fechou.
Todos estavam mais do que confusos e ansiosos por explicações. A mulher começou a caminhar na direção do grupo, com um sorriso maliciosos nos lábios.
_ Venham todos! Eu vou recebê-los adequadamente! Eu só irei trocar a minha roupa rapidamente para tratá-los adequadamente! Venham! Venham para as garras de Escamas da Noite! – a figura da bela e estranha mulher começou a se transformar. Seu corpo aumentou de tamanho e foi se tornando escuro, até ficar tão negro quanto uma noite sem lua. Asas enormes e uma longa cauda formadas de sombras surgiram em seu corpo negro. O vulto da mulher foi se arqueando até ficar sobre quatro patas. Quando a transformação estava completa, os heróis viram uma gigantesca dragonesa de escamas negras diante de seus olhos.
_ Vou matar todos vocês, malditos!!! – a dragonesa bateu suas asas, levantou vôo e avançou na direção dos heróis. A última batalha acabava de começar.
_Escudos serão quebrados! Espadas serão partidas! Um dia de glória! Um dia de sangue! Antes que o sol nasça!!! – recitaram Legolas e Nailo, antes de partirem para o ataque.

Capítulo 149 - A lagoa do pecado

Desceram por um longo tempo na fenda úmida de fria. O som da água que despencava com violência, os acompanhava o tempo todo e ia aos poucos se tornando cada vez mais distante. Após uma longa e tediosa descida, os heróis finalmente chegaram ao chão firme, mais de trinta metros escuridão abaixo. Chegaram a uma plataforma de pedra polida, cercada por uma grande caverna natural que se abria à direita e à esquerda. Ao redor da plataforma onde estavam, um rio subterrâneo corria veloz em direção à direita, até desaparecer completamente sob a parede da caverna. Diante deles uma grande e bela cascata despencava do andar superior, formando um pequeno lago e um riacho que se juntava ao rio que os cercava. À esquerda do grupo, a caverna ia se estreitando até formar um túnel de pouco mais de três metros de largura e altura desconhecida. Era impossível, mesmo para os elfos, enxergar o teto que ficava além do alcance de seus olhos. Diante dos heróis, uma ponte arqueada de pedras cruzava o rio na direção da cachoeira. À esquerda, uma outra ponte, igualmente sólida e bela, cruzava o rio e penetrava no túnel.
Sairf usou os olhos apurados de seu familiar para enxergar além do túnel e relatou aos demais o que Ho-oh via. Após a ponte e o túnel, existia uma grande caverna, e luzes da mesma cor das tochas dos heróis brilhavam muito distante dali. Sem hesitar, todos seguiram na direção das luzes, curiosos e apreensivos.
Cruzaram com temor a ponte, já desgastada pelo tempo e corroída de forma estranha. Uma fina camada de gelo revestia as pedras que a formavam, assim como as pontas das várias estalagmites que se levantavam do chão com graça e beleza. Pequenas nuvens de vapor se formavam diante de suas bocas ao respirarem, revelando que o inverno havia finalmente atingido seu ápice.
Depois da ponte, encontraram uma nova plataforma de pedra beirando a parede de uma gigantesca caverna. Um lago subterrâneo preenchia toda a câmara com suas águas geladas e alimentava o rio que corria na direção de onde tinham vindo. Uma bruma branca e fria cobria toda a superfície do lago, dando um aspecto sombrio ao lugar. Algumas rochas alinhadas dentro do lago formavam uma ponte natural que conduzia até uma outra plataforma na beirada do lago. A plataforma se estendia muitos metros adiante. Num determinado ponto as águas do lago a invadiam, dividindo-a em duas partes. A porção que continuava após a fenda formada pelo lago terminava em uma nova ponte natural, formada por várias rochas que se elevavam do fundo do lago para formar um caminho até uma pequena ilha no meio do lago. A ilhota era cercada por estalagmites que se uniam formando uma pequena e baixa muralha ao redor da ilha. Após a ilha, uma nova fileira de pedras conduzia até o outro lado da lagoa e terminava numa pequena plataforma encravada numa cavidade na parede de rocha. Todo o lugar era iluminado por vária tochas presas às paredes que seguiam todo o caminho em direção à ilha. A muralha que cercava a ilha tinha também vária tochas cravadas em sua estrutura e duas outras tochas uma de cada lado da cavidade da parede, permitiam enxergar o caminho além da ilha.
Os heróis avançaram cautelosos, até que seus ouvidos e seus olhos os alertaram da presença de alguém. Peles de animais se debruçavam sobre a mureta na ilhota, como se formassem uma cama ou um ninho macio. Sussuros, gemidos e gritos de prazer ecoavam por trás do muro de pedra. Duas vozes, uma masculina e outra feminina, se confundiam entre um orgasmo e outro.. Era quase possível sentir o cheiro de suor que emanava daquele lugar repleto tomado pela luxúria e pelo pecado. Dois corpos se entregam de tal forma aos prazeres carnais que faziam com que mesmo o mais devotado paladino fraquejasse em sua vontade e sentisse o desejo de participar daquela deliciosa orgia.
Todos pararam, espantados, imaginando o que se passava atrás daquele muro. Legolas mantinha sua cabeça baixa. Seus olhos fitavam a ilha com ódio e angústia. Era tarde demais. Eles haviam chegado muito tarde. O maldito mago, que havia aprisionado Idalla, e que controlava o dragão e possivelmente os orcs e os trogloditas, já havia feito uma nova vítima. A essa altura, ali bem diante de seus narizes, ele já havia tomado para si a pureza de uma nova donzela. Mais um corpo havia sido maculado por suas mãos imundas e malignas. A bela e inocente Liodriel já havia sido possuída.

Capítulo 148 - A partida

Partiram. Sam deu uma última olhada na biblioteca, com uma expressão solitária. Disse a Anix que tinha uma estranha sensação de que nunca mais voltaria àquele lugar e saiu. Atravessaram em fila única o corredor secreto que tanto trabalho haviam tido para encontrar, até finalmente chegarem à beira do precipício. Enquanto Sam testava a escada, para constatar se ela realmente estava segura, Lucano, Sairf e Anix Squall reforçavam o grupo com suas magias.
Anix e Lucano encantaram ambas as espadas de Nailo. A mais longa foi untada pelo mago com um óleo mágico, trazido da caverna do kopru no fundo do mar. A menor recebeu as bênçãos da deusa dos elfos pelas mãos de Lucano. As lâminas brilharam por um breve instante, e ficaram ainda mais poderosas do que já eram. Após isso, Lucano reforçou seu próprio corpo, aumentando sua força física magicamente.
Sairf convocou seus amigos que habitavam o reino do Grande Oceano, Posseidon e Netuno, os dois elementais da água. Para isso, Sairf usou o bastão mágico que pertencia a Kaarghaz. Desta forma, a magia teria sua duração aumentada e os dois seres extraplanares poderiam permanecer por mais tempo em Arton.
Squall usou seus feitiços para aumentar a força de Legolas, Nailo, Nevan e a sua própria. Todos ficaram fortes como touros, e sentiram-se prontos para derrotar qualquer coisa. Squall ainda usou sua varinha mágica, retirada do navio naufragado na costa de Ortenko, para invocar um bando de vaga-lumes gigantes. Os animais seriam a escolta do grupo, enquanto todos estivessem vulneráveis durante a descida na escada.
_ Bem amigos, a escada parece bem firme! Podemos descer sem medo por ela! – anunciou Sam com bom humor.
_ Ainda não Sam! Antes eu quero lhe dizer uma coisa! – respondeu Nailo num tom sério.
A emoção tomou conta do grupo neste instante. Nailo começou a recordar o momento triste em que Sam se atirou de cima da escada sobre as lanças dos soldados de Kaarghaz. Pediu para que Sam nunca mais fizesse aquilo e jurou que não o faria também, desculpando-se com seus amigos por ter saltado também. Num apelo sincero e emocionado, Nailo pediu aos seus amigos que se unissem, para que aquele evento triste nunca mais ocorresse. Sabia que agora eles não tinham mais a maçã mágica de Allihanna, e que qualquer erro agora seria fatal. Sam pousou sua mão no ombro de Nailo e, com os olhos cheios de lágrimas, sorriu para ele.
_ Não se preocupe meu amigo! Prometo que não vou deixar aquilo acontecer de novo! Não deixarei que ninguém aqui tenha que se sacrificar! Nenhum de nós morrerá desta vez! – disse Sam, emocionado.
Todos formaram um grande círculo e uniram suas mãos no centro dele. Novamente juraram não deixar que qualquer integrante daquele valoroso grupo morresse. Desta vez sentiam que a promessa seria cumprida e que ninguém mais teria o trágico destino de Loand.
Sairf aproximou-se de Legolas, olhou-o nos olhos e, muito emocionado disse:
_ Legolas! Durante esse tempo em que estivemos juntos, você se mostrou um homem de valor! Eu cometi erros que quase causaram o nosso fim, todos cometemos! Para que estes erros não aconteçam, todo grupo precisa de um líder, alguém que oriente as ações de todos! Além do mais, é a vida da sua noiva que está em risco aqui hoje! A responsabilidade maior nas decisões será sempre sua! Por isso, não sei quanto aos outros, pois falo por mim apenas, mas de hoje em diante, eu peço que você me lidere, pelo bem do grupo! – Sairf demonstrava sinceridade em suas palavras.
Legolas se emocionou com as palavras do amigo. Sabia que agora a vida de Sairf estava em suas mãos. Não só a dele, como também as vidas de todos os outros, pois sabia que nenhum deles exporia Liodriel a qualquer risco, mesmo à custa de suas vidas. Legolas sabia que precisava libertar sua amada antes que a vida de seus amigos fosse tomada. E ele estava decidido a fazer isso, mesmo que tivesse que pagar com sua própria vida para tanto.
Assim, Legolas iniciou a jornada rumo ao fundo do abismo, descendo pela antiga e enferrujada escada construída pelo povo de Durgedin. Um a um, todos foram seguindo o arqueiro, inclusive Nevan que, apesar das limitações impostas por sua perna quebrada, demonstrou extrema habilidade ao deslizar pelas correntes e descer sem forçar sua perna ferida.

Capítulo 147 - Noite tranquila

Assim, todos retornaram para junto de Sairf, e na biblioteca eles passaram aquela que poderia ser a última noite deles dentro dos corredores de Khundrukar. Todos esperavam ter um sono agitado devido à ansiedade que sentiam. Seus corações batiam acelerados de emoção, pois faltava apenas uma etapa a ser superada para que finalmente pudessem retornar às suas vidas normais. Entretanto, assim que deitaram, o cansaço tomou conta de seus corpos e todos logo adormeceram. Caíram num sono pesado e profundo. Somente uma emergência, ou uma ameaça poderia tirá-los daquele torpor antes do amanhecer. Imaginavam que teriam novas visões atormentadoras sobre o futuro. Mas nada lhes veio à mente nesta noite a não ser sonhos comuns e tranqüilos. Sonharam com suas coisas alegres e cotidianas. Sam, como sempre, estava pescando, enquanto os demais sonhavam com as pessoas e lugares que tanto amavam. Nada de monstros desta vez. Nada de mortes, de sofrimento ou dor. Tudo era suave e belo. Desejavam que esta noite nunca acabasse e que aqueles sonhos nunca terminassem.
Mas, a manhã do vigésimo dia de Luvitas veio e sua chegada interrompeu aqueles poucos momentos felizes que os jovens heróis tiveram. Todos se levantaram e notaram que algo estava diferente. Aquela noite tranqüila que tiveram, havia sido extremamente revigorante. Não sentiam cansaço algum, seus ferimentos do dia anterior estavam quase totalmente cicatrizados, e sentiam uma disposição sem igual. Era como se cada um deles pudesse sozinho derrotar os desafios que estavam por vir.
Aos poucos, os heróis prepararam seus corpos para o dia que estavam por vir. Arrumaram seu equipamento, prepararam suas magias, fizeram suas preces aos seus deuses. Tudo pronto. Agora só restava irem em frente, de encontro ao seu destino. De encontro ao momento que há tempos aguardavam. Naquele dia frio de inverno eles finalmente salvariam Liodriel.