junho 15, 2006

Capítulo 213 – Aparições...busquem a luz, heróis!

Capítulo 213 Aparições...busquem a luz, heróis!

Lucano foi o último a sair da cozinha. Embainhou sua espada, manchada de sangue, após dar o golpe de misericórdia no último rato que permanecia vivo. Matara a sangue frio o indefeso animal, que se encontrava inconsciente após o piedoso golpe de Glorin. Vira uma lágrima solitária escorrer pelo rosto do animal ao cravar friamente a lâmina de sua espada na cabeça da pobre criatura. Estaria o animal chorando por ter sido assassinado de forma tão fria e cruel? Lucano não sabia a resposta. E também não havia tempo para pensar nesses detalhes. O clérigo recolheu seu equipamento e guardou em sua mochila um machado de cozinha, feito de prata pura, que havia encontrado no meio da sujeira e comida estragada. Seguiu adiante, junto com seus companheiros, que já aguardavam-no diante da próxima porta.

Estavam de novo no salão de festas do castelo. A pedido de Legolas, o clérigo invocou o nome de sua deusa e conjurou uma magia. Começou a analisar os alimentos, pratos e instrumentos musicais. Constatou as suspeitas do arqueiro. Tudo estava envenenado. E pelo tempo que havia se passado, séculos, Lucano sabia que o veneno usado era muito poderoso, ou em grande quantidade, para ainda existir resquícios dele. O veneno estava presente até mesmo nos corpos dos ratos, que haviam invadido o lugar para devorar os restos do antigo banquete e morrido, vítimas de um misterioso e antigo complô. Glorin suspirou, aliviado, por ter agora a certeza que o que causara a ruína do castelo fora um traidor, e não alguma criatura mágica misteriosa e maligna. Era um inimigo a menos para enfrentarem. Seguiram adiante, até a porta em que Anix havia entrado sozinho.

Entraram. A porta estava destrancada, facilitando o trabalho do grupo. O local parecia um salão para repouso, como sugeriu Legolas. Havia uma fonte desativada, com várias estátuas decorativas e várias almofadas e tapetes felpudos encostados nas paredes, onde se podia deitar e relaxar ao som da água jorrando. Mas, não havia mais água para jorrar. Em seu lugar, apenas os restos de um lodo escuro e fétido, que contaminavam a outrora majestosa fonte. As almofadas e tapeçarias, tomadas pelo pó, teias e escombros, serviam apenas de lar para pequenas criaturas peçonhentas como aranhas.

Duas grandes estátuas de pedra, de uma mulher cantando para um pequeno pássaro pousado em sua mão, ornamentavam os cantos noroeste e sudeste da câmara. Três cadáveres ocupavam o recinto, um antes, um sobre e um após a fonte. Tinham marcas que revelavam as causas de suas mortes, ocorridas eras atrás. Um profundo corte de machado ou espada larga, uma flechada e um braço arrancado, respectivamente. Vasos se espalhavam por todo o salão, com os restos mortais de plantas secas e ocas. Uma grande porta jazia ao fundo, decorada com entalhes que representavam pássaros e flores. Acima da porta, janelas, todas lacradas com tábuas, como já era padrão em todo o castelo.

Squall seguiu até a porta, invisível pelo poder de sua varinha, acompanhado por Glorin. Os demais começaram a investigar o local, em busca de pistas ou tesouros. Squall e o capitão abriram a porta, que dava para o quintal do castelo, todo cercado por mato e árvores. Viram a muralha e a torre ao fundo, mas nenhum sinal de perigo. Tudo parecia calmo, calmo até demais. Deveriam apenas revistar o local rapidamente em busca de pistas das crianças, passagens secretas e itens de valor. Tudo rápido e sem perigo, para depois saírem dali e continuarem a jornada. Com toda aquela tranqüilidade aparente, Legolas se retirou, indo para o corredor, levado pela curiosidade de saber o que se ocultava atrás da última porta do andar inferior. Mas, aquela calmaria toda era incomum, algo os aguardava para tirar-lhes a tranqüilidade.

Lucano gritou, um grito sufocado de desespero e agonia. Glorin alertou os demais e todos viram algo terrível. Uma figura sinistra e espectral envolta em trevas e desprovida de características específicas, agarrava Lucano com o que vagamente lembrava um braço ou um tentáculo. O clérigo estava abaixado, diante de um dos corpos caídos com um colar de prata na mão, que tentava retirar do cadáver. A criatura, saía do cadáver para tentar tirar a vida do clérigo.

Duas outras aparições fantasmagóricas surgiram, saídas dos outros cadáveres, e atacaram Nailo. O ranger tentava resistir e evitar o ataque das criaturas, enquanto Squall tentava conter o seu pavor diante de tais monstruosidades. Nailo sufocou, sentiu a mão gélida da criatura atravessar o seu corpo e pressionar seu coração, como se tentasse arrancá-lo. O ranger empalideceu, sentido sua vitalidade drenada pela criatura, enquanto assistia aos seus olhos vermelhos aumentarem o brilho de forma assustadora.

Anix correu para ajudar o companheiro, enquanto seus dedos disparavam poderosas rajadas de energia numa das terríveis criaturas. O estranho ser olhou para Anix, sua forma estava distorcida pelos disparos do mago, mas seus olhos brilhavam ainda mais forte, carregados de ódio que sentia pelo mago. Anix estremeceu, sabia que seria o próximo alvo dos monstros.

Então ele ouviu os gritos de seu amigo Lucano que, após se afastar do agressor, tentava expulsá-los com seu poder de clérigo. Duas criaturas ficaram visivelmente transtornados com a presença de Lucano, dando chance para que Glorin e Squall agissem. O anão correu até Nailo, golpeando o fantasma com seu machado. Infelizmente, a arma de madeira atravessou a essência da aparição, sem feri-la. Squall teve mais sorte. Seus ataques mágicos, baseados em energia pura, eram capazes de ferir a criatura sem qualquer chance de falha. Trás dardos mágicos enfraqueceram ainda mais o monstro ferido por Anix. Mas, o ataque custou a vantagem que Squall possuía, agora ele estava visível. Temendo ser atacado pelos mortos-vivos de que tanto tinha medo, o feiticeiro correu para a porta que dava para o jardim, pronto para fugir de medo, caso necessário. Mas, além do medo, outra coisa impulsionou o feiticeiro, a luz solar. Squall sabia que as janelas estavam lacradas para impedir que os mortos-vivos tivessem contato com a luz solar. Talvez então estas criaturas tivessem aversão a ela e talvez o lugar mais seguro fosse do lado de fora do castelo.

Sem ter com o que lutar, Nailo atacou com o que tinha à mão, sua varinha mágica de cura. Não surtiu efeito. Nailo sentiu as pernas tremerem e fraquejarem, enquanto os monstros pareciam sorrir com seus olhos vermelhos, enquanto avançavam na sua direção.

O monstro que atacara Lucano fugia do clérigo e em sua fuga, tentou atacar Squall. Mas, Squall estava protegido pelo sol, e por isso o monstro foi forçado a desviar sua trajetória e ir de encontro a Glorin, atacando-o silenciosamente.

O anão estava cercado, sendo atingido várias vezes pelos monstros. Mas, a determinação e o vigor daquele pequeno anão fazia com que as aparições não conseguissem sugar-lhe a vida. Apenas ferimentos superficiais eram causados a Glorin. Nailo, entretanto, estava em maus lençóis. Enfraquecido e ferido, o ranger era uma vítima fácil para as criaturas. Mas, novamente foi ajudado por seus amigos.

Anix abriu totalmente a porta externa da sala, enquanto Lucano empunhava com fé o símbolo sagrado de Glórien diante das criaturas, forçando-as a recuar. Recuar em direção à luz, estavam encurraladas. Cercadas de um lado pelo sol quente da manhã, e de outro pelo poder divino de Lucano, as aparições eram agora presa fácil para os heróis.

Glorin as atacava com toda sua fúria, mas seus ataques eram pouco eficientes contra aqueles seres incorpóreos. Squall continuava a atacar, mesmo apavorado, com seus disparos de energia, até que o primeiro dos inimigos tombou em combate. O monstro ferido por Anix e Squall, desapareceu em pleno ar, vítima dos disparos do feiticeiro. Isso abriu caminho para Nailo fugir.

O ranger correu, desviando das mãos negras das criaturas, em direção à luz solar. Em suas mãos, carregava algo precioso, um espelho. O mesmo espelho encontrado por Lucano no dia anterior, dentro do alojamento feminino. Nailo direcionou o espelho, de forma que o reflexo do sol atingisse em cheio uma das criaturas. A aparição se contorceu, visivelmente incomodada com a luz. Estava descoberto o seu ponto fraco.

Enquanto se torcia de dor, uma flecha atravessou o fantasma, explodindo em gelo. Legolas, que estava no corredor, retornava para ajudar seus amigos. O monstro tentou fugir da luz, indo na direção de Legolas. Glorin acertou-lhe com o machado, deixando-o mais fraco. A criatura revidou, ferindo Legolas com seus membros distorcidos envoltos em trevas. O outro monstro, assustado com Lucano e com o espelho nas mãos de Nailo, recuou e se refugiou dentro da estátua no fundo da sala.

Lucano e Legolas tentaram ferir o monstro que estava visível com suas flechas. Mas os projéteis atravessavam o corpo da criatura,m sem feri-la. Glorin aproveitou a distração criada pelos elfos e desferiu um poderoso golpe com seu machado. Desta vez a criatura sentiu a lâmina de madeira ferindo-a, e se contorceu de dor.

Nailo e Squall tentavam destruir o monstro oculto na estátua com o reflexo do sol e chamas. Nada disto parecia funcionar e Nailo decidiu tentar outra estratégia, retirando de sua mochila um dos frascos de óleo preparados para serem usados como projéteis incendiários.

Legolas conseguiu atingir duas flechas no inimigo que estava à sua frente, destruindo-o por completo. Não teve tempo sequer para respirar, pois o outro inimigo que desaparecera na estátua finalmente ressurgiu, atravessando a parede ao lado de Legolas e ferindo-o com seus ataques. Anix tentou defender o amigo com suas flechas, mas sem poder mágico, os projéteis eram incapazes de ferir o ser incorpóreo.

Legolas tentou se defender com suas flechas, mas não foi capaz de impedir o avanço do monstro. Glorin o atingiu com o machado, mas nem isso foi capaz de pará-lo. Então Lucano se lembrou de algo que poderia ser devastador contra o inimigo, magias de cura. O clérigo invocou o poder da mãe dos elfos e esticou sua mão, imbuída com magia divina, na direção do inimigo. Entretanto, Lucano baixou a guarda sem perceber enquanto conjurava as palavras mágicas. O monstro o atingiu primeiro, drenando a força vital do clérigo que, enfraquecido e desestabilizado, errou o ataque.

Lucano estava por um fio. Outro ataque daquele certamente lhe tiraria a vida. Estava pálido e ofegante, uma vítima fácil. Mas o brilho do sol o salvou. Da porta, Nailo refletiu o sol com o espelho, tirando os poderes da criatura que atacava seu amigo. O monstro se viu obrigado a fugir, através da parede, desaparecendo da visão dos heróis.

Anix até achou que a batalha tinha terminado, mas foi advertido pelo anão, que ordenou que todos ficassem em alerta e que Lucano fugisse para a luz. Todos recuaram lentamente até a fonte, e se prepararam, esperando que o inimigo voltasse através da parede para atacá-los. Mas a criatura era astuta, e surgiu do teto, atrás dos heróis, tentando surpreendê-los. Mas, felizmente, Nailo percebeu o inimigo e conseguiu se desviar do ataque mortal da criatura, que agora flutuava acima de sua cabeça. Glorin se virou e arremessou seu machado, sem hesitar, destruindo a assustadora aparição.

_ É! Funcionou! Ainda bem! – suspirou Glorin, ao ver o monstro se desfazer no ar.

Um pouco mais tranqüilos, os heróis retomaram, após alguns minutos, os seus afazeres. Investigaram a sala em busca pistas, sem sucesso. Não havia ali qualquer sinal das crianças raptadas, de passagens secretas ou de pistas que revelassem o que causara o abandono daquele castelo. Restavam apenas os corpos. Com muito medo, e observados pelos amigos atentos e prontos para atacar, Squall, Lucano e Nailo revistaram os três cadáveres e retiraram deles os pertences valiosos.

Nailo estava agora com o item que desencadeara o ataque das aparições, um belíssimo colar de prata, com contas de turmalinas esverdeadas. Squall tinha nas mãos um par de brincos de opalas azuis e um par de braceletes de ouro, com entalhes de águias em baixo relevo. Já Lucano possuía dois anéis, um de ouro com um pequeno diamante incrustado, e um de prata, cravejado com vários topázios azulados.

Legolas também conseguiu um precioso tesouro. Enquanto investigava a fonte, descobriu que os dois olhos da estátua central eram feitos de rubis, e com sua faca de caça, os retirou e guardou. Restava agora apenas uma porta a abrir, antes de subirem as escadas no corredor das armaduras, rumo ao segundo andar do castelo.

junho 14, 2006

Capítulo 212 – Cozinha infestada

Capítulo 212 Cozinha infestada

Retornaram para a biblioteca, onde retomaram sua busca por passagens secretas e por informações importantes escondidas nos tomos ali guardados. Glorin, juntamente com Legolas e Anix, usaram o baú abandonado para lacrarem todos os pedaços das armaduras derrotadas. Desta forma estavam seguros de que elas não poderiam voltar a se levantar para atacá-los.

Pararam um instante para descansar. Enquanto respiravam, Nailo insistia numa idéia estapafúrdia. O ranger teimava em retornar para o povoado de Carvalho Quebrado, sozinho. Dizia-se preocupado com Relâmpago, e desejava ir buscá-lo o quanto antes. Mesmo com Glorin o advertindo e tentando convencê-lo de que o lobo prateado estaria mais seguro na vila, sob os cuidados dos moradores, ainda assim Nailo não desistia da idéia. Estava determinado. No máximo se comprometia a partir durante a noite, enquanto seus amigos dormiam e não precisavam de sua ajuda para combater os inimigos. Farto de toda aquela insubordinação e das atitudes irresponsáveis e inconseqüentes do elfo, Glorin desistiu de tentar mantê-lo no grupo.

_ Hunf! Está bem então! Faça como você preferir! E se quiser ir, pode ir agora mesmo! Nós podemos nos virar muito bem sem você! Não precisamos da sua ajuda! – resmungou o anão, com total descaso, convocando o restante do grupo para prosseguir.

Legolas, que conseguira habilmente destrancar o livro do Código do Dragão encontrado por Lucano, foi cobrar uma atitude enérgica de seu capitão. Exigia que Nailo, ou qualquer outro que contrariasse as ordens do comandante, fosse severamente punido. Não se sabia se Legolas desejava realmente ver Nailo punido, ou se ele desejava apenas que o anão impedisse que seu amigo se separasse do grupo para se arriscar sozinho na selva. Talvez o que ele desejasse fosse somente parecer um bom soldado aos olhos do capitão para poder ganhar algum benefício durante o tempo em que passaria no exército.

O grupo deixou a biblioteca, desta vez reunido, como sempre deveria ser, e se dirigiu à porta imediatamente em frente. A entrada simples, sem nenhuma pompa, estava destrancada, de modo que foi fácil para eles invadirem o lugar. Glorin foi o primeiro a entrar, seguido de perto por Squall com sua lanterna iluminando o lugar. Estavam numa enorme cozinha. Armários de mantimentos e talhares, mesas, com resquícios de comida e utensílios de cozinha, repousavam intocadas há eras encostadas nas paredes. Enormes sacas rasgadas espalhavam farinha e grãos podres por todo o piso. Barris, ânforas e outros recipientes se amontoavam nos cantos no fundo do aposento. O cheiro de mofo e podridão imperava no lugar, causando repugnância nos jovens heróis. Mas uma brisa fria ajudava a aliviar o fedor. Uma das janelas, que também estavam lacradas com tábuas, tinha um rombo, do tamanho de cabeça humana, permitindo a entrada da luz e do ar exterior.

Sob orientação do capitão, o grupo se espalhou pela cozinha, para procurar por pistas, objetos de valor, mortos-vivos escondidos e, principalmente, as crianças raptadas. Enquanto todos vasculhavam a sala, Nailo aguardava do lado de fora, vigiando o corredor.

Glorin e Squall foram até o fundo do aposento, para olhar atrás das pilhas de barris que mofavam ali. Quando se aproximaram das barricas, foram surpreendidos pelo repentino aparecimento de um grupo de ratos. Vários camundongos saíram de trás dos barris, dando um susto em todos. Inicialmente, todos ficaram assustados com todo aquele alvoroço, mas logo depois sorriram, ao ver que eram apenas pequenos ratos inofensivos tentando fugir. Talvez tivessem sido os ratos os responsáveis pelo buraco na janela, escavado a dentadas para alcançar a comida estocada na despensa.

Já refeito do susto, Squall iluminou os barris com sua lanterna, e o que viu o deixou verdadeiramente assustado. Uma assustadora ratazana de mais de um metro de comprimento saltou de trás do tonel na direção do feiticeiro. O monstruoso animal investiu com suas presas afiadas, rasgando a perna esquerda de Squall. Outros ratos, de dimensões exageradas surgiram também, atacando quem quer que se colocasse entre eles e a saída.

Squall revidou o ataque com uma poderosa rajada de fogo, cozinhando as costas do pobre animal. Glorin o golpeou com toda sua força, ceifando a vida do agressor com seu machado. Ao perceber a fragilidade das criaturas, o anão suspirou, decepcionado.

Rapidamente os heróis reagiram, atacando os inimigos com suas flechas, espadas e magias. Legolas disparou com seu arco, matando duas outras criaturas. Anix atingiu outro dos ratos com um orbe mágico de ácido, deixando o animal atordoado bem diante de Lucano. O clérigo brandiu sua espada e, sem piedade, decapitou o rato que tentava se esgueirar por entre suas pernas.

Era uma batalha fácil. Fácil demais. Os ratos pareciam apenas querer fugir dos heróis, o que era sábio, já que não tinham chances de vencer uma batalha. Entendendo isso, Nailo se sensibilizou com a situação dos animais e pediu a seus amigos que não os matassem.

Glorin também já tinha concluído o mesmo que Nailo ao desferir seu primeiro ataque no agressor de Squall. O anão demonstrou uma compaixão até então não exibida, atingindo o último rato que saia do esconderijo com a lateral de seu machado. O animal caiu no chão inconsciente, mas vivo.

Restava ainda um animal, que corria desesperado em direção à porta, passando sob as mesas para não confrontar os aventureiros. Anix saltitou no chão, abrindo caminho para que o rato passasse livremente. Nailo saiu da frente da porta, deixando o caminho livre para que o animal pudesse fugir sem riscos.

O rato passou pela porta em disparada, correndo para a frente do castelo. Nailo saiu atrás do animal para segui-lo. Mais um animal de estimação, deve ter pensado ele. Enquanto isso, seus amigos retomavam a exploração do aposento, um pouco mais atentos para surpresas desta vez.

Nailo seguiu o animal até fora do castelo, perseguindo o pobre rato no meio do matagal seco que cercava o terreno da fortaleza. Então, o capim subitamente parou de se mexer. Nailo se aproximou devagar pensando em saltar sobre o animal e agarrá-lo de surpresa. Mas, não o encontrou. O ranger seguiu os rastros deixados pela criatura até próximo da muralha, onde viu um pequeno e profundo túnel que avançava solo adentro na direção do muro do castelo. Era uma toca, ou talvez apenas um túnel para passar por baixo da muralha.

O ranger desistiu do animal e decidiu retornar para seu grupo. Antes, constatou que o túnel sob a muralha ficava bem próximo à janela arrombada da cozinha, confirmando a autoria do buraco. Os ratos. Nailo voltou, em meio às arvores e ao mato alto e viu algo que lhe chamou a atenção. Perdida, no meio da vegetação, uma enorme engenhoca de madeira aguardava imóvel que o tempo e as intempéries lhe consumissem por completo. Uma catapulta.

Nailo observava a catapulta, admirado, enquanto em sua mente idéias sinistras e amalucadas começavam a se formar. Nailo tinha encontrado uma forma simples e rápida de retornar para Carvalho Quebrado e buscar seu amigo Relâmpago. Iria voando. Ao menos era para isso que ele pretendia usar aquela catapulta antiga.

O ranger voltou para dentro do castelo, ignorando o que seus amigos faziam e foi novamente até o corredor das armaduras. Sentou-se em um pedestal e pôs-se a fumar um cachimbo tranqüilamente, até que Squall foi chamá-lo.

Squall trazia consigo vários pergaminhos que havia encontrado num armário, junto com talheres, pratos e temperos, dentro da cozinha. Como os pergaminhos só poderiam ser utilizados por alguém que usasse magia provinda dos deuses, Squall os dividiu entre os dois conjuradores divinos do grupo, Lucano e Nailo. Além dos pergaminhos, os jovens haviam encontrado diversos talheres feitos de prata pura, que eles guardaram para, segundo a sugestão de Glorin, vender e comprar cerveja. De posse de seus novos tesouros, os heróis seguiram adiante, rumo à próxima sala, onde uma misteriosa fonte os aguarda, junto com novos desafios.