junho 30, 2008

Capítulo 311 – A bruxa da noite

O grupo avançou rapidamente pelo túnel, recuperando em poucos segundos a diferença entre eles e a inimiga. Encontraram Legolas espreitando na entrada de uma ampla caverna no final do corredor subterrâneo.

_ Onde ela está? Onde está a bruxa, Legolas? – sussurrou Squall. Ele agora tinha uma porção de cópias mágicas, criadas para enganar a bruxa quando ela tentasse atingi-lo.

_ Não sei. Ela sumiu. Quando cheguei aqui, só estava esse bicho ai. – o arqueiro apontou para o meio da caverna, onde um corpulento urso negro estava a observá-los.

_ Tomem cuidado! Ela deve estar invisível. – disse Nailo, passando à frente do grupo e entrando na gruta.

Era uma caverna de grandes proporções, escavada pela ação da água e do tempo. Do teto abobadado pendiam diversas estalactites pontiagudas e gotejantes. Por todo o solo suas contrapartes se aglomeravam formando armadilhas a cada pisada. Cerca de uma dúzia de estalagmites maiores se erguiam do chão de forma impressionante, formando verdadeiras pilastras de rocha calcárea. A maior delas se elevava no centro da gruta, tinha quase três metros de diâmetro e seu topo era plano, formando um patamar de onde se podia observar tudo dentro da caverna. Fungos luminescentes brotavam em todos os cantos, fornecendo uma claridade roxeada e lúgubre ao lugar.

_ Amigo urso, onde está a bruxa? – perguntou Nailo ao animal. Seus companheiros apenas ouviam rosnados e grunhidos que somente o ranger era capaz de compreender. Como o animal permanecia em silêncio, como se não tivesse entendido a pergunta, Nailo insistiu. Após alguns instantes, o animal respondeu com rosnados e grunhidos incompreensíveis para o ranger.

Com a cabeça o urso apontou para trás do grande pilar centrar da câmara e se deslocou na direção apontada, como se quisesse que o seguissem, desaparecendo atrás da coluna de pedra. Nailo seguiu o animal cuidadosamente, circundando o pilar rochoso. Squall, seguido por suas cópias mágicas, dava a volta pelo outro lado do pilar, na intenção de cercar a bruxa.

Os dois avançavam lentamente, observado pelos demais, quando de trás do pilar, surgiu um enorme morcego voando que se pendurou em uma estalactite sobre os aventureiros.

Nailo e Squall pararam. O ranger tentou se comunicar com o animal, sem sucesso. Anix, vendo que os animais não serviriam de ajuda para o grupo, tentava detectar a presença da inimiga com seus poderes mágicos, mas isso também era em vão.

Enquanto isso, não muito longe dali, Orion, após despencar pateticamente da parede da caverna, observava a irmã de Lucano pendurada nas estalactites do teto já quase alcançando a jaula com as crianças.

Na outra caverna, o morcego finalmente respondeu para Nailo, grunhidos que ele não compreendia. O animal se desprendeu do teto e pousou sobre a pilastra no meio da caverna. Como se chamasse Nailo com a cabeça, ele se jogou para trás do pilar, desaparecendo da visão dos heróis. A conclusão era óbvia, a bruxa estava atrás do pilar, talvez escondida atrás de alguma passagem secreta, talvez invisível. Logo após o morcego desaparecer, ouviram os rugidos do urso e o som de suas unhas raspando na rocha da estalagmite gigante.

Impaciente, Squall avançou até o pilar e, inesperadamente foi atacado pelo urso. Para sua sorte, o animal apenas mordeu uma de suas cópias falsas, quando ela passou pelo pilar na frente do animal. Mas essa não foi a maior das surpresas, pois o urso se contorceu e se deformou magicamente após o ataque e, num instante, diante dos olhos de Squall, transformou-se na bruxa da noite.

Nailo chegou por trás da inimiga após Squall dar o alerta. Entretanto a bruxa foi mais rápida e mordeu o ombro do elfo com seus dentes podres e afiados. O sangue escorreu em abundância e a baba asquerosa da bruxa se misturou a ele, contaminando o corpo de Nailo.

Squall tentou atingi-la com sua espada imbuída de poder mágico, mas a bruxa se esquivou habilmente do ataque, soltando Nailo. Quando ela avançava contra Squall para revidar o ataque, Nailo sacou a arma explosiva que pertencera ao goblin Grinch e, pressionando-a com força nas costas da bruxa, disparou. Um estampido abafado ecoou pela caverna, Nailo retirou a arma, esperando ver um enorme buraco nas costas da inimiga, mas ela estava intacta. Nenhum arranhão existia na pele repugnante e azulada da bruxa, apenas os trapos que ela vestia estavam queimados.

_ Ela é imune a fogo! Não usem fogo! – gritou Nailo.

_ Gelo também não funciona! – respondeu Legolas, após disparar seu arco duas vezes contra a inimiga e perceber que ela não se abalava ao ser atingida por suas flechas.

A horrível mulher rosnou uma ofensa e novamente cravou suas presas no ombro de Nailo. Anix tentou atingi-la com um raio de energia necromântica, mas novamente ela largou o corpo do ranger e desviou com incrível destreza do ataque, que acertou apenas uma das cópias de Squall, fazendo-a desaparecer. Squall tentou atacá-la com uma técnica semelhante à do irmão, e novamente a criatura desviou. Coube a Nailo causar o primeiro ferimento na inimiga. O ranger sacou as espadas e com um golpe veloz atingiu o ventre da adversária. A grossa pele da bruxa sequer foi arranhada, mas a eletricidade da espada mágica de Nailo foi capaz de arrancar um leve gemido de dor da criatura. Furiosa, ela revidou o ataque novamente rasgando o corpo de Nailo com seus dentes imundos e letais.

Enquanto a batalha se desenrolava, com uma grande vantagem a favor do inimigo, Orion também enfrentava problemas na outra caverna. Após escalar a parede e o teto da caverna, Luise finalmente alcançou a jaula onde as crianças estavam aprisionadas. Saltou sobre o teto da gaiola de madeira e ferro e com um golpe preciso rompeu o cadeado enferrujado que a trancava. A porta foi aberta e as crianças saltavam uma a uma para os braços de Orion. Entretanto, Isabella, a penúltima criança a saltar, estava com medo da altura e não queria pular. Para encorajá-la, o último garoto dentro da jaula a empurrou. Isabella se desequilibrou e caiu, antes que Orion estivesse preparado para pegá-la. O guerreiro ainda tentou agarrá-la, mas não foi capaz de alcançá-la a tempo. A menina caiu no chão, desmaiada e muito ferida. Anakin, o pai de Lucano, correu para ajudar a menina com as bênçãos concedidas por Allihanna. Felizmente a menina foi salva, ainda que por um triz.

Com todas as crianças no chão, foi a vez de Luise saltar. Orion a pegou sem dificuldade e a colocou rapidamente no chão, sob os gritos e protestos da elfa.

_ Idiota! Como pode deixar a Isabella cair? Imbecil! – Luise gritou furiosa com Orion e desferiu um soco no rosto do humano.

_ A culpa não foi minha. Eu tentei pegá-la, mas foi impossível, você mesma viu isso. Ela saltou antes que eu dissesse e eu não tinha como agarrar duas crianças ao mesmo tempo. – respondeu o guerreiro, friamente. Depois virou as costas e correu pelo túnel, de encontro aos companheiros.

Nesse mesmo instante, Anix usava uma de suas magias mais poderosas para tentar matar a bruxa da noite e encerrar aquele difícil combate. Mas, ao invés de surgir algo tremendamente assustador para ceifar a vida da criatura, a magia simplesmente pareceu não fazer qualquer efeito sobre ela. Além de ser imune a fogo, frio e ter uma pele resistente aos poderosos golpes de espada e flechas de Nailo e Legolas, a bruxa também era totalmente imune ao medo.

_ A eletricidade é a única coisa que afeta ela! – gritou Nailo. – Joguem água nela, para tornar minhas espadas mais efetivas, como aconteceu no fundo do mar!

Sem hesitar, Squall e Lucano descarregaram seus cantis sobre a bruxa. Ao mesmo tempo, Nailo descarregou uma enxurrada de golpes de espada na inimiga, causando-lhe graves ferimentos.

Seriamente ferida pelos raios e cortes das espadas de Nailo, a bruxa foi obrigada a recuar. Usou sua habilidade mágica para novamente se transformar num morcego gigante e voar para o topo do pilar central da caverna. Nailo ainda a golpeou novamente antes que ela escapasse, quase conseguindo impedir sua fuga. Mas, apesar dos esforços do grupo, a inimiga alcançou a segurança no alto da gigantesca estalagmite que se erguia do chão. Não por muito tempo.

_ Legolas! Carregue-me até lá em cima! – gritou Anix, já proferindo palavras mágicas e concentrado.

O arqueiro saltou sobre sua vassoura mágica e voou até o mago, carregando-o para o alto. Com uma curva habilidosa, Legolas os colocou em um instante acima do pilar onde a bruxa estava. Anix saltou da vassoura, sua mão faiscava como uma nuvem de tempestade, e caiu sobre o morcego que era a bruxa. Uma forte descarga se formou, mesmo assim, a inimiga não sofreu qualquer ferimento, o que levou Anix a concluir que além de tudo, ela era extremamente resistente à magia.

Anix lutava sozinho no alto do pilar, tentando agarrar a bruxa e impedi-la de agir de qualquer forma. Squall via a dificuldade de seu irmão e desejava ajudá-lo de alguma forma. Queria poder voar, voar como Cloud que estava agora em seu ombro, mas seus pergaminhos mágicos tinham se acabado. Squall passou a mão esquerda em seu familiar e desejou ter asas como as dele. Uma pequena pena se soltou do pássaro e ficou presa na mão do elfo, misturada com seu sangue que havia sido arrancado de seu corpo durante as batalhas anteriores. Squall olhou para aquela pena misturada ao seu sangue e, enquanto seu irmão sofria, as palavras do misterioso Segê vieram à sua mente: “...A ligação sobrenatural que vocês possuíam se aprimorou! Você está mais ligado a ele do que nunca esteve! É melhor que você cuide muito bem desse falcão daqui por diante, para seu próprio bem e dele! Seu sangue corre nas veias dele, e o dele nas suas! Vocês agora são quase um só!...”. Quase um só. Essas palavras retumbavam na mente de Squall e, sem perceber, ele estava tão concentrado quanto no momento da conjuração de uma magia. E então, um novo poder despertou.

Por um lance de sorte, ação do destino ou talvez por intervenção direta de Wynna, a pena brilhou na mão de Squall e depois o seu sangue e seus ferimentos e, numa fração de segundos, todo o corpo do feiticeiro e o do seu familiar formaram uma bola de luz dourada. E no momento em que a luz ofuscante se dissipou, não havia nem Squall, nem Cloud, apenas uma criatura nova, uma estranha figura, mistura de elfo e falcão que mais tarde seria apelidada de Sqloud.

Squall e Cloud haviam se fundido, se transformado num só, como havia previsto Segê, tempos atrás. Era um híbrido, um elfo altivo com o corpo coberto de penas castanho-avermelhadas. Possuía garras longas e afiadas nas mãos e fortes asas nas costas. E seu rosto se alongara, seu nariz se transformara para dar lugar a um robusto bico de falcão.

Todos estavam admirados com a transformação a que tinham assistido. Mas o momento de espanto não durou mais que um suspiro, pois ainda havia uma batalha a ser vencida. Nailo e Lucano derramaram magias de proteção e melhoria de habilidades sobre o novo Sqloud para que ele pudesse ajudar o irmão.

_ Squall, ajude o Anix, Depressa! – gritaram os dois.

No alto, Legolas descarregava seu arco sem eficácia no corpo da bruxa que se debatia lutando com Anix. Squall bateu suas novas asas e alçou vôo mas, antes que pudesse chegar até Anix, a bruxa simplesmente desapareceu no ar. Primeiramente ela se tornou translúcida e depois ficou cada vez mais transparente e insubstancial até sumir completamente.

_ Isso não foi teletransporte comum. Ela usou magia para viajar para uma dimensão paralela à nossa, para o plano etéreo­ – anunciou Anix.

_ Aproveitem a chance para se curar! – gritou Nailo. E rapidamente os heróis feridos pegaram suas poções e pergaminhos mágicos.

Nesse instante, Orion chegou ao campo de batalha e encontrou seus amigos se protegendo e curando com magia. Relatou como fora o resgate das crianças, enfurecendo Nailo por causa do acidente com Isabella, e se preparou para o combate, esperando o retorno da bruxa.

A inimiga ressurgiu, em sua forma real e totalmente curada de seus ferimentos, em cima de uma das estalagmites menores. Orion arremessou seu mangual sem conseguir atingi-la, Anix lançou uma onda de energia negativa mas novamente a magia não afetou a adversária. Squall a atacava com suas garras, mas a bruxa foi capaz de desviar de cada golpe. Lucano e Legolas pouco podiam fazer, embora as flechas não parassem de chover sobre a mulher.

Nailo se posicionou embaixo do pilar, esperando por uma chance de atacar, enquanto a bruxa disparava rajadas de energia mágica em Squall. Mas o feiticeiro estava preparado, protegido por um escudo arcano invisível que bloqueava os disparos da bruxa sem dificuldade. Squall, ou Sqloud, voltou a atacá-la com todas as forças enquanto, no chão Orion tentava em vão destruir o pilar sobre o qual a inimiga estava quando, subitamente, Anix despencou do alto, atirando-se da vassoura de Legolas e caindo sobre a bruxa com as mãos repletas de magia e eletricidade.

Novamente a magia de Anix foi incapaz de superar a resistência da criatura, mas o impacto da queda foi suficiente para jogar a bruxa no chão. Em uma fração de segundo, ela estava cercada.

Mesmo deitada, a monstruosa mulher disparou um raio de energia negativa em Nailo, enfraquecendo-o. Ela se levantou e uma chuva de ataques caiu sobre ela, sem grande efetividade. Quando ela se preparava da revidar novamente, Anix atacou. Uma onde de energia negra saiu das mãos do mago, atingindo os heróis e a bruxa. E, ao menos desta vez, a magia de Anix funcionou.

A bruxa arqueou o corpo, fatigada, ofegando como se tivesse corrido vários quilômetros. Nailo, que não tinha sido atingido pelo ataque do companheiro, atacou com suas espadas. Foram seis golpes precisos e rápidos, que abriram profundos cortes no corpo da adversária e o eletrocutaram. A bruxa cambaleou para o lado de Orion. O guerreiro, mesmo sem fôlego, ergueu sua espada e desferiu um golpe meio impreciso, mas cheio de força. O corpo da bruxa da noite foi partido ao meio e despencou no chão sob uma rajada de lâminas, flechas e magias, encerrando de uma vez a vida daquela vil criatura.

A dura batalha estava terminada e as crianças salvas. Agora os heróis poderiam retornar com elas em segurança para a vila e descansar. Mas antes, havia algo a fazer. Orion revistou o corpo da bruxa, enquanto Squall olhava ao redor da gruta onde estavam e os outros descansavam e se curavam.

No corpo da bruxa, preso a seu pescoço havia um colar de prata, uma corrente prateada emaranhada em dezenas de cordões sujos e grotescos. Pendurada na corrente havia uma bela jóia, uma pedra azul cuidadosamente lapidada em formato de coração. O guerreiro colocou o colar no pescoço para tentar em vão descobrir seu funcionamento.

Pouco depois retornou Squall carregando um saco de tecido preto que encontrara escondido num buraco coberto de pedras no fundo da caverna. Dentro do saco havia um belo cálice prateado engastado com pedras de lápis lazuli, um rosário confeccionado com pérolas rosadas, um anel de ouro com pequeno rubis incrustados, um pequeno frasco cujo líquido parecia ser alguma poção mágica, dois pergaminhos e um punhado de moedas de ouro que, após contado, revelou a quantia de 1100 peças. O grupo se reuniu, olhando com admiração para os espólios daquela aventura.

_ Pra que será que servem essas coisas? – perguntou Nailo. – Será que são mágicas?

_ Deixem comigo! – respondeu Squall instantaneamente. O feiticeiro retirou então de sua mochila um pergaminho mágico. Usou uma de seus feitiços e começou a analisar cada item encontrado. Por fim, usou o pergaminho mágico para desvendar os segredos da jóia portada pela bruxa.

O cálice, o rosário e o anel não eram mágicos, apenas itens mundanos. Os pergaminhos continham três magias distintas cada um, sendo um deles de magias arcanas e o outro de magias divinas.O que continha magias arcanas era capaz de invocar um animal para servir de montaria para o seu usuário, de criar uma teia mágica tal qual Anix já tinha feito em outra ocasião e de encontrar portas secretas, por mais que elas estivessem escondidas. O pergaminho que tinha sido feito com magias divinas era capaz de detectar animais ou plantas que estivessem ocultas e informar a localização dos mesmos, também podia consagrar um determinado local e preenchê-lo com energia positiva, além de poder imbuir um medo sobrenatural em um inimigo do conjurador.

A poção tinha o poder de proteger quem a tomasse contra criaturas de comportamento caótico, como os habitantes do plano do deus Nimb. E a jóia da bruxa tinha vários poderes distintos.

Além de fornecer proteção mental e física ao usuário, a pedra com formato de coração era capaz de curar qualquer doença contraída pelo usuário. Porém, como alertou Squall, o poder do colar só poderia ser ativado por mais dez vezes, já que ele continha uma parte da essência vital da bruxa e com a morte de sua criadora ele se tornara extremamente instável. Após a décima ativação dos poderes da jóia, ela se destruiria completamente.

Finalmente, com a bruxa morta e de posse de um novo tesouro, os heróis reuniram suas coisas e começaram a caminhada de volta para onde estavam Anakin, Luise, Relâmpago e as crianças da vila.

junho 24, 2008

Estamos de volta!!!

Finalmente retornamos. Após um longo período de ausência de rolagens, estamos de volta à ativa. Desde o dia 1º de março (nosso último jogo) até o retorno no dia 21 de junho foram quase 15 semanas sem jogar, mais precisamente 104 dias de pausa na campanha.
Apesar disso, o mestre infelizmente não teve férias. Trabalho, construção, organização de eventos, tudo contribuiu para que eu continue estressado. Mesmo assim, a campanha retornará em ritmo normal, na medida do possível. Nesse fim de semana tenho reunião do evento daqui de Araraquara, logo não haverá jogo. E, como todos sabem, semana que vem tem EIRPG e nós estaremos em Sampa (ao menos o mestre (eu) e o Legolas). Ou seja, após o retorno, ficaremos duas semanas ausentes, mas depois tudo voltará ao normal. Quem se dispõe a ler o que escrevo aqui pode ficar tranqüilo pois mandarei as teias de aranha e a poeira embora.
Ah, e quem vai pro EIRPG, não esqueça, faremos o 2º campeonato nacional de Munchkin no sábado (dia 05/07) às 14:00h. Espero vocês lá!

Capítulo 310 – O último troll

_ Fogo! – gritou Anix. – Vamos atear fogo aos pedaços, depressa, para que não se regenerem!

Rapidamente os heróis atiraram pedaços de roupas velhas e óleo sobre os corpos picados dos trolls. Orion passou a lâmina flamejante de sua espada lentamente sobre cada um deles, até que estivessem totalmente em chamas. Os heróis assistiram ao pequeno incêndio que se formou no chão, até que não restasse nada além das cinzas dos monstros. Seguiram adiante.

O túnel continuava cada vez mais para baixo. Ora se estreitava, ora se alargava até ficar quase do tamanho de uma grande gruta. A terra era fofa e exalava um cheiro de mofo. Vermes rastejavam ruidosamente por entre raízes úmidas, formando uma cacofonia repugnante. O calor era exaustivo. Muitos metros de caminhada após a batalha, o túnel se tornou regular e plano. A terra foi desaparecendo do chão e das paredes aos poucos, dando lugar à rocha dura. Chegaram a uma grande caverna.

Era um amplo salão de pedra, esculpido pela ação da água, que se precipitava pacientemente em pequenas gotas do teto, formando mosaicos de estalactites e estalagmites por todos os lados. Vinte ou trinta passos separavam o túnel pelo qual chegaram do outro extremo da câmara, como puderam ver os apurados olhos élficos. Um túnel saia da caverna e continuava adiante, profundezas adentro, de onde vinha um brilho róseo e tênue. Outro saia lateralmente, à direita, tão escuro quanto todo o resto ao redor.

Avançaram até o centro da câmara, vagarosos, observando cada detalhe ao redor. Nailo ia agachado, acompanhado de Relâmpago, seguindo os rastros que somente ele era capaz de detectar naquele chão de pedra. Encontrou pegadas de trolls por todos os lados, indo e vindo várias vezes dentro da caverna. Havia também uma trilha de pegadas menores, que seguia para o túnel da direita. Eram as pegadas das crianças raptadas, ele tinha certeza. E havia outro rastro, de pé humanóides muito grandes, desproporcionais ao corpo do dono, que Nailo não conseguiu deduzir a quem poderia pertencer. Sabia apenas que o dono daquelas pegadas deveria ser o chefe daquele bando de trolls.

Então todos ouviram um choro vindo da escuridão à direita, um choro de criança. Sem hesitar, correram na direção do túnel de onde vinha o som. À distância, pendurada no teto de numa caverna escura, puderam ver o vulto de uma jaula cheia de crianças aprisionadas. Entre o grupo de resgate e os infantes, havia um último troll.

O combate começou quando as primeiras flechas foram disparadas por Legolas. O monstro urrava, sua boca espumando ódio enquanto girava o enorme machado sobre a cabeça e avançava contra os invasores. Os projéteis cravaram-se fundo da boca da criatura, silenciando seu brado. Em seguida vieram rajadas de energia, nove delas, que não deram chance de defesa para o inimigo. A magia explodiu em todo o seu corpo, freando seu avanço e dando tempo para que Orion e Nailo tomassem a frente no combate. O machado desceu do alto de seis metros sobre o ombro de Nailo, rompendo sua armadura e sua carne. O sangue jorrou farto e os olhos do ranger brilharam alvos na escuridão da terra. Nailo sacou suas espadas e golpeou o monstro com uma delas na altura do ventre. A lâmina abriu um grande corte e explodiu em faíscas e trovões iluminando as trevas que a cercavam. O sangue pútrido esguichou, Nailo desviou dele e golpeou novamente mais cinco vezes. O monstro tentou reagir, ergueu seu machado e rugiu, e novamente duas flechas congeladas atravessaram sua boca imunda e a calaram. Orion então cercou o monstro e desferiu o golpe final, dividindo-o ao meio com sua enorme lâmina de fogo.

Nailo correu pelo túnel, enquanto Orion ateava fogo ao corpo do troll para que ele não se regenerasse. Chegando ao final da passagem, o guardião encontrou uma outra gruta quase tão grande quanto a anterior. Uma jaula de madeira e aço pendia do teto, presa a ele por uma grossa e enferrujada corrente. Dentro da jaula estavam todas as crianças, sãs e salvas.

Mas Nailo nem pode pensar em ajudá-las naquele momento, pois o som de uma explosão e risadas assustadoras o obrigou a correr de volta para onde estavam seus amigos.

_ É uma bruxa! Vamos! – gritou Legolas, montando em sua vassoura voadora e avançando pelo túnel ainda não explorado após ser alvejado por uma rajada de projéteis de energia. O arqueiro disparava seu arco e gritava insultos enquanto perseguia a criatura que o atacara e se afastava dos companheiros. – Vamos! – gritava ele, cada vez mais distante.

_ Esperem! – era Anix, detendo seus companheiros que já corriam ao encontro de Legolas. – Aquilo que estava no túnel era uma bruxa da noite. Um ser de outro plano, talvez de algum reino dos deuses ou outra dimensão além de Arton. Ela é perigosa, devemos tomar cuidado antes de avançar. Já gastamos quase todos os nossos poderes, e Squall está muito ferido. Não sei muito sobre o inimigo que enfrentaremos, mas sei que é muito perigoso. Vamos nos preparar antes de avançar.

Então, seguindo os conselhos do mago, os heróis começaram a preparação. Poções, pergaminhos e magias foram usados para curar ferimentos, fortalecer e proteger seus corpos e mentes. O pai e a irmã de Lucano ficariam para libertar as crianças, Orion e Relâmpago também ficariam para ajudá-los e protegê-los. Quando finalmente todos estavam prontos, eles avançaram.