_ Fogo! – gritou Anix. – Vamos atear fogo aos pedaços, depressa, para que não se regenerem!
Rapidamente os heróis atiraram pedaços de roupas velhas e óleo sobre os corpos picados dos trolls. Orion passou a lâmina flamejante de sua espada lentamente sobre cada um deles, até que estivessem totalmente em chamas. Os heróis assistiram ao pequeno incêndio que se formou no chão, até que não restasse nada além das cinzas dos monstros. Seguiram adiante.
O túnel continuava cada vez mais para baixo. Ora se estreitava, ora se alargava até ficar quase do tamanho de uma grande gruta. A terra era fofa e exalava um cheiro de mofo. Vermes rastejavam ruidosamente por entre raízes úmidas, formando uma cacofonia repugnante. O calor era exaustivo. Muitos metros de caminhada após a batalha, o túnel se tornou regular e plano. A terra foi desaparecendo do chão e das paredes aos poucos, dando lugar à rocha dura. Chegaram a uma grande caverna.
Era um amplo salão de pedra, esculpido pela ação da água, que se precipitava pacientemente em pequenas gotas do teto, formando mosaicos de estalactites e estalagmites por todos os lados. Vinte ou trinta passos separavam o túnel pelo qual chegaram do outro extremo da câmara, como puderam ver os apurados olhos élficos. Um túnel saia da caverna e continuava adiante, profundezas adentro, de onde vinha um brilho róseo e tênue. Outro saia lateralmente, à direita, tão escuro quanto todo o resto ao redor.
Avançaram até o centro da câmara, vagarosos, observando cada detalhe ao redor. Nailo ia agachado, acompanhado de Relâmpago, seguindo os rastros que somente ele era capaz de detectar naquele chão de pedra. Encontrou pegadas de trolls por todos os lados, indo e vindo várias vezes dentro da caverna. Havia também uma trilha de pegadas menores, que seguia para o túnel da direita. Eram as pegadas das crianças raptadas, ele tinha certeza. E havia outro rastro, de pé humanóides muito grandes, desproporcionais ao corpo do dono, que Nailo não conseguiu deduzir a quem poderia pertencer. Sabia apenas que o dono daquelas pegadas deveria ser o chefe daquele bando de trolls.
Então todos ouviram um choro vindo da escuridão à direita, um choro de criança. Sem hesitar, correram na direção do túnel de onde vinha o som. À distância, pendurada no teto de numa caverna escura, puderam ver o vulto de uma jaula cheia de crianças aprisionadas. Entre o grupo de resgate e os infantes, havia um último troll.
O combate começou quando as primeiras flechas foram disparadas por Legolas. O monstro urrava, sua boca espumando ódio enquanto girava o enorme machado sobre a cabeça e avançava contra os invasores. Os projéteis cravaram-se fundo da boca da criatura, silenciando seu brado. Em seguida vieram rajadas de energia, nove delas, que não deram chance de defesa para o inimigo. A magia explodiu em todo o seu corpo, freando seu avanço e dando tempo para que Orion e Nailo tomassem a frente no combate. O machado desceu do alto de seis metros sobre o ombro de Nailo, rompendo sua armadura e sua carne. O sangue jorrou farto e os olhos do ranger brilharam alvos na escuridão da terra. Nailo sacou suas espadas e golpeou o monstro com uma delas na altura do ventre. A lâmina abriu um grande corte e explodiu em faíscas e trovões iluminando as trevas que a cercavam. O sangue pútrido esguichou, Nailo desviou dele e golpeou novamente mais cinco vezes. O monstro tentou reagir, ergueu seu machado e rugiu, e novamente duas flechas congeladas atravessaram sua boca imunda e a calaram. Orion então cercou o monstro e desferiu o golpe final, dividindo-o ao meio com sua enorme lâmina de fogo.
Nailo correu pelo túnel, enquanto Orion ateava fogo ao corpo do troll para que ele não se regenerasse. Chegando ao final da passagem, o guardião encontrou uma outra gruta quase tão grande quanto a anterior. Uma jaula de madeira e aço pendia do teto, presa a ele por uma grossa e enferrujada corrente. Dentro da jaula estavam todas as crianças, sãs e salvas.
Mas Nailo nem pode pensar em ajudá-las naquele momento, pois o som de uma explosão e risadas assustadoras o obrigou a correr de volta para onde estavam seus amigos.
_ É uma bruxa! Vamos! – gritou Legolas, montando em sua vassoura voadora e avançando pelo túnel ainda não explorado após ser alvejado por uma rajada de projéteis de energia. O arqueiro disparava seu arco e gritava insultos enquanto perseguia a criatura que o atacara e se afastava dos companheiros. – Vamos! – gritava ele, cada vez mais distante.
_ Esperem! – era Anix, detendo seus companheiros que já corriam ao encontro de Legolas. – Aquilo que estava no túnel era uma bruxa da noite. Um ser de outro plano, talvez de algum reino dos deuses ou outra dimensão além de Arton. Ela é perigosa, devemos tomar cuidado antes de avançar. Já gastamos quase todos os nossos poderes, e Squall está muito ferido. Não sei muito sobre o inimigo que enfrentaremos, mas sei que é muito perigoso. Vamos nos preparar antes de avançar.
Então, seguindo os conselhos do mago, os heróis começaram a preparação. Poções, pergaminhos e magias foram usados para curar ferimentos, fortalecer e proteger seus corpos e mentes. O pai e a irmã de Lucano ficariam para libertar as crianças, Orion e Relâmpago também ficariam para ajudá-los e protegê-los. Quando finalmente todos estavam prontos, eles avançaram.
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