maio 29, 2009

Excursão RPGCON - Últimas vagas

Como faz todos os anos com o finado EIRPG, a Caravana Supimpa vai descarregar uma tonelada de rpgistas do interior nas ruas de Sampa.
A caravana sai de Araraquara às 3 da madrugada do dia 4 de julho para dois dias de diversão em Sampa. Já está garantida nossa para o merecido descanso após o primeiro dia da RPGCON.
Se você deseja ir ao evento mas não tinha meios para isso, seus problemas acabaram. Junte-se a nós nesta animada excursão e venha se divertir. Mas não perca tempo, pois as vagas estão esgotando rapidamente. E não esqueça, além da galera de Araraquara, já está confirmada a presença de pessoas de Jaboticabal, São Carlos e outras cidades. Se você é da região, não perca tempo, venha viajar com a gente.

Detalhes da excursão:

Valor - R$100,00 até dia 08 de junho
Após essa data - R$110,00

Dois dias de evento mais hotel com café da manhã
(Não está inclusa a entrada no evento)


Saída
03:00h do sábado 04/07 em frente ao teatro Municipal de Araraquara
Previsão de chegada em São paulo - 08:00h

Retorno
17:30 do domingo 05/07 (com visita aos nossos amigos da Moonshadows)
Previsão de chegada em Araraquara - 22:30h

Reserva de vagas na excursão / dúvidas:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=369395&tid=5338254550582664526&start=1

parancini@hotmail.com

(16) 3335-5222 ou (16) 9704-4381 (falar com Julio)

Critical Cast!

E mais um pod cast vem ao mundo para fazer a alegria do povo nerd. É o Critical Cast!
O pod cast é realizado pela galera organizadora do Encontro de RPG de Pirassununga, o PiraRPG, e aborda de forma bem humorada os temas apreciados por nós, como cinema e quadrinhos, além de divulgar o Pira RPG e dar uma palhinha de como será o próximo evento.
No primeiro programa os integrantes batem um papo divertido sobre o maior vilão de todos os tempos, ninguém menos que o todo-poderoso Darth Vader!!! Você vai descobrir coisas sobre o famoso "lorde capacete" que nem suspeitava. Prepare-se para se surpreender.

Para ouvir o 1º Critical Cast, basta clicar aqui.
Para saber mais sobre o Pira RPG, basta clicar aqui.

maio 18, 2009

RPGCON - Como chegar

Se você que vai à RPGCON 2009 mas, como eu, não mora em São Paulo, eis abaixo a solução dos seus problemas.
Como bom clérigo que sou, usei os poderes concedidos pelo todo poderoso Google (domínio do satélite) para montar alguns mapas de chegada ao evento. Abri os mapas na net e fui "caminhando" do local do evento até a Marginal Tietê, copiando as fotos, colando e montando tudo no Photoshop.
O resultado disso tudo foi um mapa que parte do início da Marginal (do obelisco no fim da Bandeirantes) até a rua que se deve pegar para chegar ao colégio, outro mapa da Marginal até o colégio (dando continuidade ao anterior) e um terceiro mapa dos arredores do colégio Notre Dame em escala bem ampliada. Basta baixar os mapas, imprimi-los em vários pedaços e colar as partes para ter um mapão completo para se chegar ao evento.
Se quiser, pode também clicar aqui para dar um navegada pela internet e ver as coisas que existem nas redondezas do evento.
Eis os mapas:



Link para baixar os mapas em alta resolução (10mb)

Boas vindas à RPGCON!!!

E milagres acontecem para nós rpgistas também. É com grande alegria que comunico a realização da 1ª RPGCON!
Tudo parecia perdido quando a Devir divulgou sua decisão de cancelar o EIRPG deste ano. Mas, felizmente, pudemos contar com almas caridosas e arrojadas que não deixaram a peteca cair e decidiram: "famos fazer o evento nós mesmos!".
A iniciativa partiu do pessoal do D3 System, da Caravana Surreal, e da EBA que uniram suas forças para realizar esta tarefa épica.
O evento já tem nome, data, site, local definido tudo certinho para nossa felicidade. A RPGCON 2009 será nos dias 04 e 05 de julho (mesma data em que se realizaria o EIRPG). Será sediada no Colégio Notre Dame e o site oficial é este aqui (ainda em construção).
Além da tradicional reunião de jogadores com direito a mesas de RPG, cards, etc., o evento contará também com o 2º EBRPG (Encontro de Blogs de RPG) com sala exclusiva, rede wireless e tudo o mais. Também teremos a 3ª Fantasticon (convenção de litereatura fantástica) junto com o evento, fazendo a alegria de todos os órfãos do EIRPG.
Novamente a nossa Caravana Supimpa está armada para invadir as terras paulistanas e rolar muitos decisivos. Se você é da região, reserve já sua vaga e junte-se a nós.
Abaixo segue imagem de satélite para o local do evento. Siga a avenida Sumaré para cima e você encontrará a Marginal Tietê, ótimo ponto de referência. Em breve farei um mapa detalhado do lugar para facilitar a vida de quem não mora em Sampa, como eu, hehehe.





Link externo do mapa

maio 14, 2009

Capítulo 352 – Revelações

_ Esta caverna poderá nos abrigar. No entanto, se os inimigos saírem da torre para nos procurar, é certo que nos procurarão aqui, mais cedo ou mais tarde! Mas se nos afastarmos mais, encontrar um abrigo na floresta será mais difícil. O melhor a fazer é ficarmos por aqui – disse o dragão azul.

_ Vamos dormir aqui. Faremos turno de guarda para prevenir qualquer coisa – disse Anix, conduzindo seus amigos para dentro do abrigo.

_ Não será necessário! – gritou uma voz abafada. Era Sam Rael – Se tiverem por ai algum pedaço de cristal para me arrumar, poderei camuflá-los!

Legolas forneceu uma jóia para o bardo usar em seu plano, aproximando a pedra do pingente de Orion. Dentro do colar, Sam encostou a mão espalmada na parede vítrea que o separava do mundo externo e que estava em contato com o cristal de Legolas. Concentrado, o bardo recitou um curto poema sobre heróis que buscavam refúgio seguro, mas só o encontravam em seus lares. Dentro da caverna começou a surgir uma semi-esfera cinzenta ao redor de Orion, que se mesclava às paredes e teto do abrigo até ocupar quase toda a extensão do esconderijo.

_ Entrem na esfera, amigos! – disse o bardo. – Isso é apenas uma ilusão, mas os manterá escondidos por quase um dia inteiro. Se alguém vier bisbilhotar por aqui, verá apenas uma caverna com várias pedras enormes no fundo. Ninguém de fora da esfera poderá vê-los aqui dentro, mas vocês poderão enxergar qualquer um que se aproxime.

Um a um os heróis entraram no ambiente criado por Sam. Mexkialroy, desconfiado, foi o último de todos.

_ Sam, quanto tempo isso irá durar? – perguntou Anix.

_ Quase um dia inteiro, amigo. Umas vinte horas, se minha percepção estiver correta. Desde que eu, ou, creio, aquele que me carrega não saia daqui de dentro, vocês estarão protegidos aqui. Poderão entrar e sair livremente e nem chuva, nem vento os atingirão. A menos é claro, que sejamos atingidos por um furacão. Tirando isso, todos poderão dormir tranqüilamente e recuperar suas forças.

_ Bom, não vamos perder mais tempo. Minha magia não vai durar para sempre. Temos que descobrir o que a caçadora sabe sobre nossos inimigos antes que ela pare de nos compreender – disse Squall.

_ Sim, isso mesmo! – concordou Legolas. – Yesha, quando a magia terminar, nós não conseguiremos mais conversar como agora. Quando isso acontecer, eu prometo que a levarei daqui. Enquanto isso, diga-nos há quanto tempo estava presa na torre, e conte-nos tudo que lhe aconteceu, tudo que viu e ouviu por lá.

_ Está bem, contarei tudo! – disse a mulher. – Faz duas luas que fui capturada pelos brancos! Minhas companheiras e eu caçávamos aqui por perto, quando eles apareceram e nos prenderam. Fomos jogadas naquela sala, onde vocês me acharam, junto com todos aqueles mortos. Eles já tinham capturado e matado muitos outros thera além de nós. Corredores, voadores e dragões de chifre, inclusive. Mataram todas as minhas companheiras na minha frente e disseram que me manteriam viva para que eu os levasse até minha tribo. O chefe dos brancos disse que queria escravizar todo o meu povo.

_ Como era o chefe deles? – perguntou Anix.

_ Era branco também, bebeu meu sangue, assim como os outros. Ele era muito alto e forte e usava panos compridos como os seus e tinha um cabelo muito comprido e preto.

_ Você sabe o nome dele? – continuou o mago.

_ Eles disseram, eu acho que era Galt...Golt...

_ Gulthias?

_ Sim, era esse mesmo, Gulthias!

_ E ele sempre ia tomar seu sangue? – perguntou Legolas.

_ Não, ele não. Só de vez em quando. Mas os outros brancos sempre chupavam meu sangue. E tinham outros... – a expressão da caçadora mudou, a calma desapareceu e deu lugar ao pavor. – Tinham os dourados...

Nesse momento, foi a vez dos aventureiros perderem a calma e entrarem em desespero. Dourados só poderia significar uma coisa: genasis!

_ Yesha! Diga-nos, como eram esses dourados. É muito importante! – pediu Anix.

_ Era dois deles. Tinham o corpo todo dourado e usavam espadas. Surgiam das sombras e me agarravam, me mordiam e chupavam meu sangue até eu desmaiar.

Anix empalideceu. Genasis de ouro e vampiros. Seus problemas aumentavam cada vez mais.

_ Yesha, um desses dourados por acaso se chamava Guncha? – perguntou Nailo.

_ Não! Não lembro seus nomes, mas nenhum deles tinha um nome assim.

_ E o que mais aconteceu? – perguntou Squall.

_ Bom, tinham outros que vinham e me torturavam. Um deles era menor que eu, pequeno como uma criança. Vinha com espadas, sorrindo como se fosse um amigo. Mas ele cortava meu corpo e ficava rindo da minha dor. Ele gostava de me ver sofrer.

_ Maldito halfling! – resmungou Legolas ao ouvir a descrição de Flint Stone. Yesha prosseguiu.

_ Havia também um prateado! Foi ele quem fez a magia em mim para que eu pudesse conversar com eles. Ele era muito mau. Dizia que era melhor me matar logo.

_ Por acaso o nome dele era...Teztal? – perguntou Lucano, trêmulo.

_ Não! O nome dele era... – Yesha pensou calada por um instante antes de responder. – Yupan! Esse era o nome dele!

_ Não restam dúvidas! Zulil está realmente aqui, como disse Marah. E os seguidores de Teztal também! – disse Anix.

_ Zulil? Também ouvi o nome dele! Ele é o chefe de todos! – disse Yesha. – O prateado dizia que matar os dragões era inútil. Dizia que era Zulil quem ia ressuscitar o Axu...Axo...

_ Ashardalon? – perguntou Anix.

_ Sim! Ashardalon! Era esse o nome. Esse Zulil, o prateado falou que ele ia trazer o Ashardalon de volta, que os sacrifícios não serviam para nada. Mas o chefe dos brancos, o Gulthias, falou que os sacrifícios iam deixar o Ashardalon mais forte quando ele voltasse à vida. Gulthias falava que quando esse Zulil o havia libertado, tinha prometido que traria Ashardalon de volta à vida e ainda mais poderoso. E os sacrifícios iriam deixar Ashardalon ainda mais forte.

_ Então os sacrifícios eram para isso. Para trazer Ashardalon de volta – disse Legolas. – Mas quem é esse Ashardalon afinal?

_ É o deus daqueles bastardos! – respondeu Mexkialroy. – Eles querem trazer o deus deles de volta à vida.

_ Sam! Você sabe alguma coisa sobre Ashardalon? – perguntou Anix.

_ Sim, claro que sei. É uma lenda, uma história contada pelos bardos. Ashardalon era um dragão vermelho extremamente poderoso. Seu poder era tanto que ele era considerado um deus por seus seguidores. Diz a lenda que um dia ele arrancou seu próprio coração e o escondeu nas profundezas de seu esconderijo. No lugar dele, Ashardalon colocou o coração de um demônio para ter ainda mais poder.

_ Como é que é? Ele arrancou o próprio coração? Que coisa estranha? – disse Orion.

_ O chefe dos brancos falou alguma coisa disso! – disse Yesha. – Ele falou que ia usar o coração de Ashardalon para transformar meu povo em escravos. Disse que ia nos fazer ficar igual a eles.

_ Espere ai! – gritou Legolas. – Está dizendo que o coração desse dragão poderoso, que era quase um deus, está dentro da torre?

_ Não sei, mas foi o que o tal do Gulthias falou – respondeu a mulher.

_ Esperem! Sam! Esse coração, por acaso não seria... – começou Anix. Foi o bardo quem terminou a frase.

_ O coração negro que pulsa sob a montanha! Acabei de pensar nisso também. Talvez a cor negra represente a maldade, as sombras, no coração de Ashardalon. Ele era muito mau.

_ E o que aconteceu com ele, Sam? – perguntou Nailo.

_ Desapareceu. Há várias versões sobre seu fim. Dizem que foi morto por um dragão mais poderoso. Alguns dizem que ele foi derrotado por uma druida poderosa chamada Dydd. Outras versões contam que o demônio de quem ele tirou o coração retornou para se vingar e o matou. Noutra versão ele foi destruído pelos Deuses, como castigo por sua ambição. Não há como saber exatamente o que aconteceu com ele, mas é certo que não existe mais, e, de acordo com as visões que tivemos no passado e as palavras desse Gulthias, Ashardalon está morto.

_ Bom, se ele era ou queria se tornar um deus, talvez ele fosse rei dos dragões vermelhos. Talvez ele fosse o rei antes de Schar surgir – sugeriu Legolas. - E você sabe alguma sobre Gulthias, Sam? – perguntou Legolas.

_ Bem, não. Mas já ouvi esse nome antes. Quando estava indo para Valkaria com Lana, paramos em um vilarejo já dentro de Deheon. O menestrel da cidade foi quem disse esse nome. Segundo ele, certa vez a cidade estava sendo atacada por alguns goblins que viviam num abismo perto da vila, que eles chamavam de cidadela. Ele me contou que um grupo de heróis foi até a cidadela para combater os goblins e que eles retornaram depois de alguns dias dizendo que tinham cumprido a missão a destruído a árvore Gulthias. Mas, pelo que estou entendo, o Gulthias de quem vocês estão falando não é uma árvore, mas sim um vampiro, certo?

_ Talvez esses heróis tenham inventado esta história de árvore para despistar os curiosos. Quem eram eles, Sam, você sabe? – perguntou Legolas novamente.

_ Não! Só sei que eram dois elfos, um halfling e...goblins... – Sam emudeceu.

_ Zulil! Era o bando de Zulil! – gritou Anix. – Foram eles. De alguma forma Zulil libertou Gulthias e os dois se aliaram. Yesha nos disse que o próprio Gulthias falou que Zulil o tinha libertado de algum lugar.

_ Então Zulil libertou Gulthias de algum lugar e se aliou a ele, prometendo ressuscitar o deus dragão dele. Depois Zulil se aliou aos asseclas de Teztal e todos vieram parar aqui neste lugar – concluiu Legolas. – Genasis, vampiros, um necromante maldito e um dragão deus com coração de demônio. O que mais está faltando nos acontecer?

_ Falta esclarecer uma coisa ainda! – disse Anix. – Sam, esse nome, Ashardalon, não sai da minha cabeça. Ele quer me dizer alguma coisa. Tenho a impressão que já o ouvi em algum lugar e algo me diz que isso é uma coisa importante. Só que não consigo descobrir onde ouvi esse nome. Pode me contar algo mais sobre Ashardalon? Ou então alguém que tivesse nome muito parecido com ele?

_ Bem, sobre Ashardalon acho que não tenho mais nada a contar. Agora, algum nome parecido? Deixa eu ver...Megatron, Doraemon, Rachomon, Daelon, Daarshalon...

_ ISSO! – gritou Anix. – Daarshalon! Era por isso que o nome não me era estranho.

_ Mas o que é esse negócio de Daarshalon, Anix? – perguntou Legolas.

_ Era o meu tataravô! – respondeu o mago.

_ Como assim seu tataravô? – indagou o bardo. – Está me dizendo que você é descendente do Daarshalon de Lenórienn? Está querendo dizer que Inuviel era sua tataravó?

_ Sim, isso mesmo, Sam – respondeu Anix. – Minha mãe me contou esta história há algum tempo atrás.

_ Mas que história? Do que estão falando! – berrou o arqueiro.

_ Deixe que eu conte, Anix. Isso é uma história élfica, de Lenórienn, o reino dos elfos em Lamnor. Inuviel era uma das mais belas e cobiçadas elfas do reino. Era constantemente cortejada por um elfo conhecido como Gehörnt. Um dia ela encontrou um elfo chamado Daarshalon e se apaixonou por ele. Os dois elfos lutaram em disputa pelo amor de Inuviel, e Daarshalon saiu vitorioso. Há várias versões neste ponto da narrativa. Numa delas Daarshalon mata Gehörnt, na outra Gehörnt se rende ao perceber que seu oponente era superior, em outra eles não lutaram, mas sim apostaram uma corrida a nado que durou cinco dias. O certo é que Inuviel no final se casou com Daarshalon e não com Gehörnt. As versões em que Gehörnt permaneceu vivo mencionam um tesouro cobiçado até hoje por exploradores. Dizem uns que era uma jóia belíssima, que brilhava como uma estrela, e que Inuviel usou na testa no dia do casamento. Outros dizem que era um anel dourado de grandes poderes, e outros que era um bracelete. Em algumas versões o tesouro é dado por Gehörnt a Inuviel como um presente de casamento e como reconhecimento da superioridade do oponente. Noutras o tesouro tinha que ser recuperado pelos dois elfos na disputa e que Daarshalon o pegou primeiro, mas o perdeu ao ser atacado por um monstro. Segundo essa versão, seu oponente encontrou o tesouro depois, mas foi honrado e o devolveu ao legítimo dono.

_ A versão que minha mãe me contou deve ser a correta Sam. Daarshalon derrotou Gehörnt e retornou para Lenórienn após o duelo. Gehörnt apareceu então com um bracelete como presente de casamento – disse Anix.

_ Sim, nessa versão o bracelete teria duas figuras forjadas nele, um dragão e um demônio. O dragão, vencedor, era Daarshalon. E o derrotado, visto como um demônio, seria Gehörnt. Conheço essa história também, amigo – disse o bardo.

_ E afirmo que ela é real porque foi minha mãe quem me contou. Ela não teria porque mentir para mim. E, além de tudo, eu peguei o tesouro em minhas mãos. Era uma herança de família. Minha mãe o passou para mim, para que eu o desse a Enola. Foi assim que eu a pedi em casamento.

_ Mas o que essa história tem a ver com tudo isso? – quis saber Orion, impaciente.

_ A resposta é simples, meu novo amigo... – disse Sam, hesitante. – Anix, pegue um graveto e escreva o nome de seu tataravô no chão.

O mago apanhou um galho seco no chão da caverna e fez como pedido:

DAARSHALON

_ Agora apague as duas primeiras letras! – disse o bardo.

ARSHALON

_ Agora mude o “erre” de lugar. Coloque-o entro o segundo “a” e o “ele” – continuou o menestrel.

ASHARLON

_ Para completar, coloque de volta as letras que tiramos do começo, o “dê” e o “a”. Coloque-os nessa ordem logo após o “erre” – pediu Sam.

ASHARDALON

E o mistério se desfez.

_ Espere ai, Sam! Está me dizendo que meu tataravô era esse dragão deus demônio? Mas como? Não pode ser! – gritou Anix, confuso. Squall sorriu discretamente, entusiasmado com a possibilidade de ser descendente de alguém tão poderoso quando Ashardalon.

_ Como isso é possível eu não sei. Mas é possível que seja verdade, meu amigo – completou o bardo.

_ Grande coisa... – resmungou Mexkialroy entediado, indo deitar-se no fundo da caverna.

Capítulo 351 – Prisioneira dos mortos

Orion abriu os olhos. Fechara-os durante o teletransporte, ainda não estava acostumado àquele modo de viajar. Tudo ao redor estava estranhamente escuro. Não havia estrelas, nem lua. E as árvores e nuvens que deveria ver ao longe não estavam em parte alguma. Olhou ao redor e viu, com a luz que sua espada fornecia, que estava entre paredes, ainda dentro da torre. Não estava no pináculo, onde imaginava que Anix os levaria. Estavam em um lugar diferente e desconhecido. Felizmente Anix estava ao seu lado.

_ Onde estamos? – perguntou o humano.

_ Não sei! Alguma coisa saiu errada – disse o elfo. – Minha magia não funcionou direito. Alguma coisa interferiu e fez com que ela saísse de controle. Talvez algo na ilha ou nesta torre.

_ Vamos procurar os outros. Não gosto desse lugar. Sente este cheiro? – disse Orion.

_ Sim, e também não gosto disso – respondeu Anix.

Orion moveu a espada, ainda deitado no chão, para iluminar o ambiente. O que viu não o agradou. Estavam numa das salas mais externas da torre, sabiam disso devido à curvatura que uma das paredes fazia acompanhando o raio da construção. Outras duas paredes se uniam à primeira formando uma grande sala triangular. Não havia móveis nem adornos na câmara, apenas uma porta à frente dos dois heróis e, amontoados por todo o chão, dezenas e dezenas de corpos em decomposição. Assustado, Orion começou a golpear com a espada os cadáveres mais próximos, enquanto se levantava. Anix recuava lentamente em direção à saída lacrada.

_ Não faça barulho, Orion! – bradou Anix, alarmado. Temia que os corpos não estivessem totalmente mortos. Os últimos encontros com Zulil haviam-no ensinado a temer os cadáveres. E seus temores parecerem ler sua mente. Um dos corpos do outro lado da sala ergueu-se do chão. Estava vivo, ou talvez pior, morto-vivo.

Orion aproximou-se de Anix sem tirar os olhos do inimigo que surgira. Prestava também atenção aos demais corpos, tentando prever qual deles se levantaria em seguida. Mas nenhum outro cadáver se ergueu, e o suposto inimigo permaneceu imóvel, encostado na parede. Orion deu um passo à frente e esticou sua espada. Ele e Anix puderam então ver o que os assustava. Era uma dragoa-caçadora. Estava muito pálida e com marcas de ferimentos por todo o corpo. Era quase certo que fosse uma morta-viva. Não era a única de sua raça, várias outras dragoas jaziam mortas pelo chão, assim como outras espécies diferentes de povos-trovão.

_ Orion, mova sua espada de um lado para outro. Atente para os olhos dela. Se suas pupilas não se moverem, significa que é uma morta-viva – disse Anix.

O humano fez como pedido, agitando o braço que segurava a espada lentamente. Como temiam, a criatura não acompanhou os movimentos da arma, mas, parecia tentar se afastar dela. Orion deu mais um passo à frente e depois outro e viu que a mulher-lagarto parecia tentar se afastar dele. Anix o seguia enquanto murmurava um feitiço.

_ Vamos ver se ela está viva ou morta-viva! – disse Anix. Após concluir sua magia.

Orion olhou para trás e viu um enorme dragão vermelho se erguendo dentre os mortos. A fera se avolumava e rugia cuspindo fogo para o alto. O humano piscou os olhos e tentou se agarrar à sanidade diante daquela aparição assustadora. Viu então que tudo não passava de uma ilusão. A imagem translúcida de um enorme dragão envolvia o corpo de Anix e imitava seus gestos. Orion se virou para a caçadora e viu que ela não tivera a mesma sorte que ele. A ilusão funcionara como o mago desejara. A dragoa caçadora se contorcia em pânico, tentava escalar a parede, atravessá-la. Estava desesperada para fugir dali, o que significada que não era uma criatura de Tenebra. Ela estava viva, apesar de seu estado deplorável.

Os dois continuaram avançando na direção da mulher que, em pânico, agachou-se no chão e cobriu o rosto com as mãos. Anix sorriu ao ver a urina quente da dragoa-caçadora escorrendo em sua pernas. A pedido do mago, Orion apanhou uma corda e amarrou a mulher. Apesar de todas as tentativas do guerreiro em acalmá-la e mostrar que não eram inimigos, a dragoa se mantinha muda e tremendo de medo.

_ O que faremos com ela, Anix?

_ Ela poderá nos dar informações. Vamos levá-la conosco. Mas depois teremos que matá-la. Veja os ferimentos no pescoço. São mordidas dos vampiros. Com certeza ela se tornará um deles em breve, se é que já não se tornou.

Os dois foram até a porta, por onde esperavam deixar aquela sala. Orion empurrou e golpeou a porta, mas, com sua força reduzida pelos fantasmas, não era capaz de libertá-los.

_ Como vamos sair daqui? Não consigo abrir. Sua magia não pode ajudar? –perguntou Orion.

_ Vou tentar – respondeu o mago. Gesticulou e murmurou palavras incompreensíveis para os ouvidos do humano. Apontou a mão para a porta e os dois ouviram um estalo vindo de dentro dela. Orion a empurrou, mas ainda estava trancada.

_ Infelizmente não tenho como ajudar dessa vez. Não tenho a magia correta para arrombar a porta e bolas de fogo não ajudariam neste caso. E é melhor não tentarmos teleporte novamente por enquanto, até eu descobrir o que aconteceu de errado da última vez – explicou Anix.

_ O que faremos então? – indagou o guerreiro.

_ Já sei! Ei Sam! Pode me ouvir?

O colar de Orion brilhou e uma voz ecoou vinda do objeto. Era a voz de Sam.

_ Estou ouvindo, amigo! O que está acontecendo ai? Como posso ajudar? – disse o bardo.

_ Estamos com dois problemas. Perdemos-nos dos demais e ficamos trancados numa sala cheia de cadáveres. Precisamos arrombar a porta de saída, mas não temos recursos para isso. Além disso, temos uma prisioneira aqui conosco, uma dragoa-caçadora.

_ Dragoa-caçadora? Onde ela está? Deixe-me vê-la!

Orion ergueu o pingente na direção da prisioneira, de modo que o bardo pudesse vê-la.

_ Mas que belezura! Se Lana me ouve agora eu perco minha cabeça! – brincou o bardo.

_ Sam! Pode nos ajudar a abrir esta porta? – perguntou o mago.

_ Infelizmente não, meu amigo. Não tenho como ajudá-los com isso e... – Um grito vindo de fora da sala interrompeu Sam. Era a voz de Legolas.

_ Anix! Orion! Onde vocês estão? – gritava o elfo.

_ Estamos aqui! Legolas! – respondeu Orion, num grito.

_ Continuem gritando, estamos chegando ai! Estamos perto de vocês!

Orion gritava para os amigos, que seguiam o som de sua voz, ao mesmo tempo em que arrancava as cabeças dos cadáveres no chão, temendo que algum deles se levantasse para atacá-los. Estavam ainda no mesmo andar da torre, o que era um alívio para todos. Galanodel, que estava no salão onde tinham matado os primeiros vampiros, chamou a atenção de Legolas.

_ Legolas! Orion está atrás desta parede – disse a ave. – Posso ouvir sua voz.

O arqueiro começou a bater na parede e a falar em voz baixa, esperando ser ouvido pelos companheiros. No corredor Squall, Nailo e Lucano abriam a porta restante, que conduzia na direção dos gritos de Orion.

_ Droga, esses gritos vão atrair a atenção dos inimigos – praguejou Anix.

_ Que inimigos? – perguntou Sam.

_ Vampiros! Está cheio de vampiros por aqui – respondeu o mago. Sam calou-se.

_ Orion! – era o grito de Legolas.

_ Estamos aqui! – respondeu o humano.

_ Continue gritando! Vou tentar encontrar uma entrada para ai.

Orion continuava chamando a atenção de Legolas com seus gritos. Anix tentava ainda abrir a porta, quando Sam lhe deu uma idéia.

_ Anix! Passe alguma coisa por baixo da porta. Uma tábua, um papel ou outra coisa. Assim os outros saberão onde encontrá-lo!

_ Ótima idéia, Sam! – sorriu o mago. Anix pegou uma folha de papel na mochila e a colocou em baixo da porta. Com sua pederneira, acendeu a ponta da folha que ficara para dentro.

Fora dali, enquanto Legolas tateava a parede em busca de uma entrada, Squall, impaciente, abriu a porta restante do corredor. A passagem continuava além dela, indo até a borda da torre, onde virava para a direita. Três portas tomavam as paredes do novo corredor. Uma à esquerda, perto de onde Squall estava, e outras duas, uma de frente para outra, no meio do caminho até a borda circular. Sob uma destas duas, a que ficava à direita, Squall viu um papel.

Silenciosamente, o feiticeiro caminhou até a porta, onde puxou o papel lentamente. Estava em chamas. Legolas e os demais chegaram em seguida, fitando a folha de papel. Tinham encontrado os companheiros perdidos. Mas, ao invés de libertarem-nos de imediato, Legolas resolveu brincar com eles antes. O arqueiro começou a grunhir e rosnar e a falar palavras desconexas no idioma dracônico que, sabia, nem Anix nem Orion compreendiam. Uma voz conhecida, vinda do outro lado da porta, deu-lhe a certeza de que seu truque enganara os amigos.

_ Pelos Deuses! O que foi isso? – exclamou Sam.

_ Silêncio! Podem ser os vampiros! – disse Anix.

_ Ah! Pelos Deuses! São kobolds vampiros! Deuses! Acudam! – gritou Sam.

Além da porta, Legolas e os outros seguravam como podiam as risadas. O arqueiro então tomou o papel flamejante das garras de Squall e usou seu poder, que aprendera com Glorin, para congelá-lo. Feito isso, devolveu o papel por debaixo da porta.

_ Legolas! Eu sei que você está ai! Pare com essa gracinha agora e nos tire daqui! – vociferou Anix ao apanhar a folha congelada.

_ Já vamos tirar vocês daí. Só estávamos testando para ver se eram vocês mesmo! – respondeu Legolas entre risos.

Squall ergueu seu pesado corpo de dragão se atirou contra a porta. Legolas e os demais o ajudaram e todos empurraram com todas as forças. Mexkialroy apenas observava se divertindo com tudo aquilo. A pedra estalou e se rompeu. Os pinos que prendiam as dobradiças metálicas na porta foram arrancados junto com pedaços dela. A porta caiu lentamente para dentro da sala e finalmente Anix e Orion estavam livres. O grupo entrou no salão e se espantaram ao ver as dezenas de corpos espalhadas pelo chão, todos com as cabeças decepadas.

_ Nossa! Vocês fizeram tudo isso sozinhos? – perguntou Legolas.

_ Sim – respondeu Orion sorridente, orgulhoso do trabalho que realizara ao decapitar os defuntos.

_ Como vocês estão? – perguntou o arqueiro.

_ Fracos! Aqueles espíritos quase nos mataram – respondeu Anix.

_ Vamos tentar solucionar isso – disse Legolas. – Nailo, me passe aquele cantil mágico! – o elfo apanhou o cantil e tomou uma golada. Sentiu seus músculos revigorados e mais fortes que antes. Sua idéia dera certo. Sem perder tempo, passou o objeto para Orion. – Tome! Vai deixá-lo mais forte!

O humano ingeriu o líquido mágico, mas, como era sabido, seu efeito mudava a cada uso. Orion foi todo envolvido por uma aura mágica que, conforme explicado por Lucano, o protegeria como uma armadura.

_ Não há tempo para isso agora, Legolas. Temos um problema! – disse Anix.

_ Que problema? – perguntou o arqueiro.

_ Olhe! – Anix apontou para a dragoa-caçadora encolhida no canto da parede. A mulher tremia cada vez mais e seu medo aumentou ainda mais quando viu os dois dragões entrando na sala.

_ Uma dragoa-caçadora! – espantou-se Legolas. – Mas o que ela faz aqui?

_ Não importa o que ela faz aqui – disse Mexkialroy. – Se ela é o problema, vamos comê-la logo e continuar nossa busca.

_ Não vamos comê-la! – gritou Anix. – Mas teremos que matá-la de qualquer forma.

_ Por quê? – perguntaram os demais.

_ Ela foi mordida pelos vampiros. Ou ela é uma deles agora, ou vai se tornar uma vampira também em breve.

Nailo conferiu o pescoço da mulher, e constatou que o que Anix dizia era verdade. Era questão de tempo para que ela se tornasse uma ameaça.

_ Talvez ela não vire uma vampira má – disse o arqueiro.

_ Mas de qualquer forma irá precisar de sangue para viver – rebateu Orion.

_ Vamos comê-la, então! – sugeriu o dragão azul.

_ Não! – disse Anix, com firmeza.

_ Está bem! A caça é sua, faça como quiser então – Mexkialroy deixou a sala e foi para o corredor.

_ Talvez ela não tenha sido mordida pelos vampiros – disse Squall. – Vamos perguntar a ela.

O Vermelho pegou sua mochila e apanhou um pergaminho mágico de dentro dela. Conjurou o feitiço do papiro e tocou na dragoa-caçadora amedrontada. Então, começou a conversar com ela:

_ Pode me entender? Não queremos lhe fazer mal. Estamos aqui para ajudar. Responda, pode me entender? – disse Squall.

A mulher ergueu seu rosto pálido e encarou o dragão vermelho, ainda com temor. Sua voz era trêmula como o resto de seu corpo.

_ Sim, estou entendendo – disse ela na linguagem do reinado. Falava perfeitamente como qualquer habitante do continente graças à magia de Squall.

_ Responda-me – disse Anix, afoito. – Você foi mordida pelos vampiros? Eles tomaram seu sangue?

_ Vampiros? Os brancos, não é? Sim, eles me morderam, beberam meu sangue, sim – gaguejou a moça.

_ Não tem jeito. Vamos ter que matá-la – lamentou o mago. A dragoa-caçadora paralisou de medo.

_ Espere, Anix! Está cometendo um erro! – protestou Sam, de dentro do colar. – Não é tão simples assim de se fazer um vampiro. Não basta ser mordido para se tornar um deles. Transformar alguém em vampiro é um ritual complexo. A pessoa deve ingerir o sangue de um deles e coisa do tipo. Não é assim tão simples quanto pensa. Não precisam matar a dama.

_ Que ótimo ouvir isso, Sam! Obrigado, amigo – agradeceu Legolas. ­– Moça, qual seu nome? Eu me chamo Legolas. E você, como se chama?

­_ Eu sou Yesha! – respondeu a caçadora.

_ Yesha, nós não queremos lhe fazer mal. Estamos aqui numa missão importante e não podemos ir embora até a cumprirmos. Você tem duas escolhas: ou vem com a gente, ou volta sozinha para sua aldeia. O que prefere?

_ Quero ir pra casa! Não quero mais ficar aqui! – respondeu a mulher.

_ Está bem, então. Primeiro nós vamos lhe fazer algumas perguntas e depois eu prometo que e levarei daqui e a deixarei o mais perto possível de sua vila. Está certo? – prosseguiu o arqueiro.

_ Sim! – os olhos de Yesha pareciam brilhar ante a possibilidade de voltar para casa.

_ Tudo bem, então, Legolas. Eu ainda acho que seria melhor matar essa mijona ai. É bem capaz que ela não consiga voltar pra casa sozinha, e nós não podemos levá-la, mas vamos fazer como você disse, então – disse Anix. O mago não conteve o riso e começou a gargalhar da situação da dragoa, toda molhada pela própria urina. Depois de se recompor, o mago continuou – Bem, não vamos perder mais tempo aqui. Vamos para o topo da torre, lá será mais seguro que aqui.

Todos concordaram e se dirigiram para o corredor onde Mex os aguardava.

_ Até que enfim decidiram alguma coisa. Venham! Vamos logo encontrar aqueles bastardos! – disse o dragão.

_ Não dragão! Está louco? Não podemos mais batalhar por hoje! Precisamos descansar! – vociferou Anix.

_ De novo esta estória! Elfo fracote! – zombou o dragão.

_ Olhe aqui, Mex. Eu exijo que me respeite. Se vai ficar andando com a gente, é bom que aprenda a me respeitar, assim como eu o respeito – disse o mago.

_ Respeito não é uma coisa que se exige, elfo! É algo que se conquista! – disse o dragão enquanto erguia a pata na direção de Legolas. – Não estou certo, Legolas?

O arqueiro e o dragão bateram as mãos num cumprimento como tinham feito antes ao comemorar a vitória sobre as sombras. Anix ficou irritado com a atitude do dragão, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a fera continuou.

_ Se quiseres meu respeito, conquiste-o. E antes de pensares em descansar, lembra-te que temos que caçar os vampiros restantes, para que eles não voltem a nos atacar durante o sono. Vamos logo, não percamos mais tempo aqui.

_ Não podemos continuar! – esbravejou Anix. – Estamos muito debilitados, não temos como continuar combatendo hoje.

_ E o que pretendes fazer, então? – perguntou o dragão.

_ Vamos descansar por hoje. Amanhã nós continuaremos a busca – respondeu o elfo.

_ Tolo! – rugiu o dragão. – Queres ser atacado durante o sono novamente?

_ Não! Nós vamos montar turnos de guarda durante a noite toda. Assim, se os vampiros restantes aparecerem, nós não seremos pegos de surpresa!

_ Mas és um tolo mesmo, elfo! E quanto aos vampiros naquela sala, aqueles que cortamos as cabeças e ateamos fogo?

_ Eles não são mais uma ameaça! Nós os destruímos definitivamente... – disse Anix, sendo interrompido pelo monstro de escamas azuis.

_ IDIOTA! – vociferou Mexkialroy. – O que achas que os dois vampiros restantes farão quando encontrarem seus companheiros destruídos? Acreditas mesmo que eles irão nos atacar sozinhos? É claro que não, tolo! Eles buscarão por reforços! Quantos andares achas que há nesta torre? É certo que há muito mais daqueles bastardos abaixo daqui. Se deixarmos os dois vampiros restantes vivos, não seremos atacados por dois meros sugadores de sangue, eles virão com um exército inteiro de sanguessugas para cima de nós! De nada adiantarão seus turnos de guarda nesta situação!

_ É, acho que você tem razão – gaguejou Anix, pensativo. – Mas o que faremos então? Se lutamos, morremos, e se não lutamos, morremos do mesmo jeito.

_ É por isso que são apenas criaturas inferiores, elfos! – disse o dragão. – Sigam-me! Eu sim sei o que fazer! Se querem mesmo descansar, usarei minha grande habilidade para encontrar um covil seguro para passarmos a noite, fora desse cemitério vertical! Venham!

Mexkialroy voou para fora da torre, seguido de perto pelos seus companheiros de grupo. Sob sua liderança, encontraram uma pequena caverna oculta no paredão rochoso ao redor da torre. Era uma toca de entrada pequena e profunda o suficiente para abrigar todos os aventureiros. Ficava a mais de duas centenas de metros do fundo do abismo, praticamente inalcançável por alguém incapaz de voar. Parecia um esconderijo perfeito. Ansiosos por uma noite de descanso, os heróis lançaram-se rumo à caverna.

maio 12, 2009

Capítulo 350 – Mais inimigos

_ Mex! – chamou Anix. – Posso chamá-lo assim, certo? Por acaso você tem um bom faro?

_ Claro que sim, elfo! Por acaso duvidas de minha capacidade? Por que queres saber? – disse o dragão, arrogante como sempre.

_ Consegue farejar algum cadáver? Assim poderíamos encontrar os vampiros restantes mais facilmente – disse o mago.

O dragão azul ergueu sua cabeça e cheirou o ar por um instante antes de sorrir maliciosamente.

_ Sinta o ar da noite, elfo. Está carregado do cheiro dos mortos. Eles estão por toda parte nesta torre maldita! – disse a fera alada.

Anix voltou ao corredor, onde seus amigos aguardavam, seguido de perto pelo novo integrante do grupo. Olhou ao redor. Restavam três portas a serem abertas. Duas estavam à direita, uma delas no meio do corredor e outra pouco antes do seu fim. A última porta estava à esquerda, a poucos metros de Anix, no final do corredor. Astutamente, o mago decidiu confiar no faro do dragão para escolher a porta e para tentar mandá-lo na frente, caso houvesse algum perigo aguardando além do corredor.

_ Vamos por aqui! – disse o dragão tomando o caminho da direita. – Abra a porta da esquerda, elfo. Eu abrirei a da direita.

Anix correu até o final do corredor, ficando diante de uma das portas, tentando impedir a ação da criatura.

_ Não! Vamos abrir somente uma porta de cada vez – disse Anix.

_ Já disse para não me dar ordens, elfo! Abra então a porta tu mesmo! – esbravejou o dragão, frustrando os planos do mago.

Anix se aproximou da entrada, encostou o ouvido na pedra fria e notou apenas o silêncio absoluto atrás dela. Legolas avançou para perto do amigo com o arco apontado para a porta, preparado para disparar caso alguma ameaça tentasse atacá-los de surpresa. O mago segurou a aldrava de metal e a empurrou. A porta rangeu e estalou, liberando grande quantidade de poeira há muito acumulada em suas dobradiças metálicas. Uma pequena sala se revelou em meio à nuvem de pó. Estava vazia, somente alguns punhados de entulho caído das paredes e teto jaziam no chão. Anix entrou na saleta e vasculhou todos os seus cantos em busca de algo útil perdido na sujeira ou alguma passagem oculta. Nada. O elfo deixou a sala, fechando-a ao sair e dirigiu-se à porta ao lado.

Anix repetiu o ritual anterior. Ouviu o silêncio atrás da porta e depois a empurrou lentamente. Desta vez nem poeira nem estalos, a porta deslizou suavemente, rangendo apenas de leve. Legolas mirou por cima da cabeça do amigo, Orion preparou a espada e Mexkialroy apenas olhava com curiosidade. Os demais, Squall, Nailo e Lucano, estavam diante da porta restante na ponta oposta do corredor.

_ Tome cuidado! Deve haver mais daquelas sombras por aqui! – alertou Anix antes de entrar na sala que se revelava diante de todos.

Dessa vez era um salão grande e quadrado. Tinha cerca de seis metros de parede a parede, teto alto como o restante daquele andar e era ocupado por diversos sarcófagos apoiados em pé nas paredes. Oposta à entrada havia uma outra porta de pedra que estava fechada. Anix entrou, adaga em punho, e se dirigiu ao primeiro sarcófago da direita. A tampa era finamente esculpida, exibindo em alto relevo a imagem de um elfo com feições reptilianas. Orion, que entrou logo em seguida, notou uma intrigante semelhança entre as figuras dos caixões e Squall. Seriam aqueles defuntos parentes do feiticeiro?

Anix abriu a primeira tumba. Nela encontrou um cadáver ressequido que despencou e se espatifou no chão, espalhando poeira velha por todo lado. Anix seguiu para o próximo sarcófago e o abriu. Estava vazio. O mago continuou abrindo as tumbas, seguindo pela sala em sentido anti-horário. Na sétima encontrou uma surpresa desagradável. Anix fitava a imagem na tampa quando notou algo suspeito: a boca da figura esculpida pareceu se mover. Mas, antes que ele pudesse reagir, um vulto negro, que lembrava vagamente uma mão, saiu de dentro da tumba e penetrou no peito do mago. Anix amoleceu enquanto sua força era drenada pelo espírito maligno. Legolas, que ainda tinha seu arco em alerta, disparou sem hesitação. A flecha atravessou a sombra negra e se chocou com a parede, quebrando-se sem ferir o inimigo.

Duas névoas negras saíram de outros dois sarcófagos. Flutuavam velozmente e lembravam vagamente a forma humanóide. Os fantasmas cercaram Orion e o atacaram simultaneamente. O guerreiro empalideceu ao sentir as mãos gélidas penetrando seu corpo e roubando-lhe o calor da vida. O guerreiro já perdia os sentidos quando Squall, que ouvira o dispara de Legolas, chegou voando pelo corredor e lançou raios flamejantes contra uma das criaturas, salvando o humano. O dragão vermelho cobria quase toda a porta com seu corpo agigantado, obrigando o azul a saltar sobre ele. Mexkialroy galopou pelas costas de Squall, saltou sobre Legolas e posou dentro da sala.

_ Sai da frente, Humano! Gritou o dragão azul. Abriu então sua bocarra, exibindo seus dentes assassinos e cuspiu um poderoso relâmpago contra os oponentes. O raio passou pelo primeiro espírito como se ele não existisse, envolveu o corpo de Orion, eletrocutando-o e chegou ao outro fantasma, arrancando dele um pequeno pedaço de escuridão que se desfez no ar. – Eu disse para você sair daí, humano tolo! – rugiu o dragão ao ver que Orion também fora ferido por seu ataque.

Anix aproveitou a chance para também atacar. Apanhou um frasco em sua mochila e despejou a água abençoada em seu interior sobre o espírito ao seu lado. Partes da sombra desmancharam como sal em contato com a água ao serem atingidas pelo líquido bento.

Com isso Orion estava finalmente liberto do toque mortal das aparições. Brandindo sua espada flamejante, o humano passou a golpear freneticamente o espírito às suas costas. A lâmina atravessou a forma negra diversas vezes, descrevendo arcos luminosos dentro da cripta. Poucos golpes, no entanto, foram capazes de causar algum tipo de ferimento na criatura. Felizmente o guerreiro contava com a ajuda de seus amigos. Três flechas fincaram-se no espírito diante de seus olhos, como se atingissem um pedaço esvoaçante de tecido negro. O último dos projéteis espalhou uma fina camada de gelo por toda a sombra. O gelo rachou e se despedaçou e o que restava do espírito sombrio se desfez no ar gélido.

Orion agradeceu a ajuda de Legolas com um abaixar de cabeça e virou-se para combater os inimigos restantes. Antes que seu corpo emoldurado em metal pudesse completar o movimento, sentiu novamente o toque frio em sua pele, penetrando sua carne até chegar ao seu coração. Seu corpo estremeceu e gelo, suas pernas fraquejaram e suas mãos poderosas quase não suportaram o peso da espada. Orion ainda viu outro vulto negro saindo de dentro de um sarcófago e atacando Anix de forma semelhante. A mão distorcida atravessou o peito do mago e roubou-lhe parte de sua vida. Anix caiu de joelhos, arfante.

Mesmo enfraquecido, Orion ergueu novamente a espada. Não se entregaria tão facilmente. Mas novamente não teve tempo de concluir seu intento. Um uivo nefasto soou ao seu lado, abalando sua vontade, assim como a de seus companheiros. No corredor, Galanodel, que vigiava as outras portas para o grupo, não resistiu ao temor causado por aquele som estarrecedor e fugiu. A ave refugiou-se encolhida num canto do salão de sacrifícios, totalmente apavorada. Orion olhou para o lado e viu um círculo negro se expandindo no chão até ocupar uma área de mais de dois metros. Uma figura assustadora emergiu do portal. Era um cão cinzento, grande e de aspecto demoníaco. Parecia envolto em sombras. O animal corcoveou para frente, rosnando de latindo. Sua mandíbula fechou-se sobre o ventre de Orion, perfurando o metal da armadura e a carne do humano. O monstro chacoalhou a cabeça sem soltar a presa, deslocando o humano enfraquecido e arremessando-o ao chão. Após isso o animal saltou para trás, ocultando-se nas sombras da parede e desaparecendo completamente. O mastim estava totalmente protegido em sua camuflagem de sombras, espreitando para atacar de surpresa quando os heróis menos esperassem.

_ Saiam todos da sala! – gritou Squall da porta. – Eu tenho um plano para pegá-los!

Sem hesitar, Anix, já quase sem forças, agarrou a perna de Orion e usou sua magia para teleportá-los para o topo da torre. Mexkialroy olhou para o vermelho com raiva. O azul detestava receber ordens, especialmente de criaturas inferiores. Mas, ao olhar para Squall, convenceu-se que o melhor a fazer era seguir a vontade do vermelho.

_ Venha elfo! O plano do Vermelho é bom! – disse o dragão ao virar-se para Legolas. Mexkialroy saltou sobre o arqueiro, batendo as asas para pegar impulso. Cravou as garras traseiras nos ombros de Legolas, com intenção de levá-lo junto, mas, o elfo recusou a ajuda e se soltou das patas do dragão. – Idiota! Recusas minha ajuda? Fique e morra, então!

Ignorando os resmungos do dragão, Legolas recuou para fora da sala enquanto puxava três flechas da aljava. Já do lado de fora, disparou ao mesmo tempo as três setas no fantasma mais próximo. Duas delas atingiram o espírito, reduzindo seu tamanho, enquanto a terceira passou por dentro de espectro sem causar dano. Como todos os companheiros fora da cripta, Squall pôs seu plano em ação. O vermelho se concentrou e revelou um novo poder. Esmagou uma pequena gema translúcida enquanto gesticulava e recitava palavras arcanas. Com um gesto de mão a poeira da jóia se espalhou no ar diante da porta, brilhando e flutuando ao redor da entrada segundo a vontade de Squall. A parede e a passagem brilharam por um breve instante e o efeito cessou aos olhos dos que assistiam à cena.

_ Pronto! Isso vai detê-los por um instante. Criei uma parede de energia invisível, igual à que Zulil usou contra nós no castelo! – Explicou Squall.

As duas sombras restantes Avançaram contra os heróis. A primeira foi de encontro à porta e chocou-se na muralha, tal qual Squall havia dito. A segunda tentou atravessar a parede, perfazendo o caminho mais curto até seus alvos, mas também foi detida pela barreira mágica. Vendo-se impossibilitadas de seguirem adiante, os espíritos atravessaram o solo e desapareceram.

_ Depressa, Mex! Voe! Fique acima do solo! Legolas, sua em minhas costas! Eles vão tentar nos atacar por baixo! – disse Squall. Os três saltaram para o alto e, segundos depois, os espíritos emergiram do chão no lugar onde eles estavam. Squall e Mexkialroy atacaram com seus sopros mágicos e Legolas disparou uma chuva de flechas nos fantasmas que subiam em sua direção. As sombras foram envoltas por fogo, gelo e eletricidade e foram completamente destruídas. Os três retornaram ao solo, Legolas botou mais três flechas em seu arco e apontou-o para frente, para a porta.

O mastim das sombras correu em direção ao arqueiro. Saltou com as presas à mostra, mirando seu pescoço e chocou-se contra a parede invisível. O animal se levantou ainda atordoado e passou a atacar a parede com as patas, tentando destruí-la em vão.

_ Vamos atacá-lo todos juntos! Eu fico na frente! Mex, fique em duas patas e dispare seu relâmpago por cima de mim. Squall, você é o mais alto, fique acima de nós dois e ataque com suas chamas – disse Legolas, parando diante da porta com as flechas direcionadas para o cão sombrio.

_ Boa estratégia, elfo! Não és tão inútil quanto eu pensava! Se continuares assim, ganharás meu respeito! – disse o dragão erguendo-se e apoiando-se nos ombros do arqueiro. Por último veio Squall, esticando seu longo pescoço vermelho por cima dos dois companheiros.

Squall fez um gesto e a magia que aprisionava o mastim se desfez. Flechas se cravaram no dorso do animal instantaneamente após a passagem se abrir. Em seguida um raio fulminou o cão, seguido de um turbilhão incandescente. O corpo carbonizado caiu no solo e desapareceu magicamente, provando tratar-se novamente de uma criatura invocada de outra dimensão.

_ Essa foi muito boa! Toca aqui! – gritou Legolas, erguendo a mão na direção de Mexkialroy. O dragão apenas olhava indiferente. – Mex, estenda a mão! – disse o arqueiro.

_ Já disse para não me darem ordens! – resmungou o azul.

_ Não! Você está confundindo. Não estou dando ordem. Apenas faça isso. Quero lhe ensinar como nós fazemos para comemorar uma vitória – disse o elfo. Desconfiado, o dragão esticou a pata direita. Legolas ergueu a mão e bateu na pata de Mexkialroy, depois repetiu o gesto com Squall que em seguida fez o mesmo com o azul. – Isso ai! Vencemos! – comemorou o arqueiro.

_ Está bem! Agora chega de gracinhas! Vamos procurar os dois inúteis que sumiram! – disse o dragão dando as costas para os dois companheiros. Secretamente, o dragão olhou para a pata e esboçou um sorriso.