dezembro 28, 2006

O início de uma nova jornada!!!

E eis que surgem novos heróis para desbravarem o mundo de Arton e viverem grandes aventuras.

A partir de janeiro, o Crônicas Artonianas trará em suas páginas duas camapanhas diferentes, contando a história de dois grupos de heróis vivendo grandes aventuras.
A campanha atual, que mostra as aventuras do grupo de Squall, Lucano, Sairf, Legolas e Nailo, será identificada como "Campanha A" no titulo do capítulo. A nova campanha, que contará as aventuras de Lohranus, Kalas, Nirvana, Susrak, e Serena, será identificada como "Campanha B" no título do capítulo.

Já está em fase de finalização o primeiro capítulo da campanha B. Não deixem de acompanhar, e se emocionar com essa nova saga que se inicia.

E feliz ano novo pra todos!!!

dezembro 15, 2006

Capítulo 254 – Outro gigante...uma missão para Nailo

Capítulo 254 Outro gigante...uma missão para Nailo

Taverna do forte Rodick, dia 27 de pace, lanag, início da noite. Após um longo dia de trabalhos e treinamentos no forte, vários soldados se reuniam ali, para comer e beber, conversar e aliviar suas mentes e corpos da pressão do cotidiano do exército. Alguns preferiam dormir, outros aproveitavam o momento de folga para fazer outras coisas, e alguns ainda permaneciam em trabalho, cuidando dos postos de vigia do forte. Glorin e seus subordinados passavam alguns momentos de descontração no estabelecimento de Belie.

Entre um gole e outro, fosse de vinho, rum ou cerveja, os aventureiros tentavam descobrir mais sobre o passado do capitão Glorin, além de fazer brincadeiras, zombando de seu tamanho, para deixá-lo irritado. A cada provocação, Glorin acionava o poder elétrico da espada que pertencera a Dekyon, e ameaçava os rapazes. Os olhos de Nailo brilhavam a cada vez que a espada faiscava.

_ Capitão, quando é que o senhor vai me devolver essa espada? Lembre-se que eu a deixei temporariamente com o senhor porque seu machado tinha virado farelo! Não esqueça que na verdade ela é a minha parte do tesouro da caveira! – reclamou Nailo, apontando para a espada com ar de autoridade.

_ Rere! Que devolver que nada, essa espada vai ficar comigo! Ela foi feita por mãos anãs, pelas mãos do fabuloso Durgedin! Isso não é coisa pra elfos colocarem suas mãos sujas! Além do mais, você não tem nem do que reclamar! Você ficou com a maioria dos tesouros daquela caveira idiota! Então não venha me importunar! – Glorin desativou a espada e a embainhou, depois deu um gole em sua caneca de cerveja e respondeu com desdém a exigência do ranger.

_ Mas, capitão! Isso não é justo, eu... – Nailo começou a reclamar, mas foi subitamente interrompido pela chegada de um soldado na taverna.

_ Capitão! Capitão Glorin! Tenho novidades! Acaba de chegar uma mensagem vinda de forte novo! Eles estão com problemas por lá! – gritou o soldado, esbaforido, trazendo uma carta nas mãos.

_ Forte Novo?! É onde estava um de nossos soldados, certo? Deixe-me ver isso aqui! Hum....pois é, a situação lá não parece boa! Vamos ter que mandar uma equipe para lá! – Glorin pegou a carta e a leu em voz baixa. Depois coçou a barba enquanto pensava e falava com os soldados.

_ Deixa eu! – gritou Nailo.

_ Hum....não sei não, esse caso parece meio complicado! Tem a ver com um gigante! Você acha que dá conta de um gigante enfurecido? – disse o anão, medindo Nailo com os olhos.

_ Claro que sim, capitão! Se o senhor não sabe, gigante é uma das minhas especialidades! Nas minhas horas de folga, eu fico estudando e treinando estratégias e técnicas para enfrentar gigantes e dragões! Conheço várias formas de combater essas criaturas, sei onde bater neles pra fazer doer mais! Conheço os pontos fracos dessas criaturas! – respondeu Nailo, cheio de orgulho.

_ Hum.....não sabia que você tinha essas qualidades, me surpreendeu garoto! – sorriu o capitão.

_ É, por isso que sou conhecido como ranger! Sou um caçador oras! E minhas caças favoritas são dragões e gigantes! Mas eu já estou estudando outras criaturas também! – concluiu Nailo, falando num tom que toda a taverna podia ouvir e sorrindo de orelha a orelha.

_ Está certo então! Reúna seus homens, amanhã pela manhã vocês partem para Forte Novo! Agora me deixe terminar minha cerveja! – e Glorin encerrou a conversa entornando sua caneca.

Nailo ainda tentou argumentar, pedir a espada para Glorin novamente, mas o anão se esquivava com suas respostas secas e rudes entre um gole e outro. Nailo saiu da taverna, irritado com o capitão, e foi comunicar seus soldados que partiriam no dia seguinte.

· · · · · ·

Manhã do dia 28 de pace, jetag. Nailo e seus soldados foram tirados da cama bem cedo pelo capitão Todd Flathead. O goblin, hábil batedor de carteiras, estava acompanhado de outro goblin, que se vestia e se portava de maneira semelhante.

_ Nailo! Mande seus soldados se prepararem para viajar! E você, venha comigo! – disse o goblin, em tom autoritário, e usando o valkar, o idioma comum no reinado.

_ Sim senhor! Mas, espere, o senhor não falava só o idioma dos goblins? – Nailo recebeu com espanto o comunicado dado em idioma comum.

_ Claro que não! Vamos logo! – respondeu Todd.

_ Está bem! Mas, onde está o capitão Glorin? Não era ele que ia me passar a missão? – perguntou o ranger.

_ Sei lá onde ele está! Mas não importa, eu vou lhe passar a missão no lugar dele! Pra isso eu estou aqui! Agora venha logo! – Flathead saiu da cabana, acompanhado por seu fiel seguidor, que parecia imitá-lo em tudo. Nailo seguiu os dois.

Foram até a centro de comando do forte, onde o capitão Todd mostrou um mapa a Nailo e explicou-lhe o que deveria fazer.

­_ Ao oeste daqui está essa vila, Forte Novo! Vocês devem ir até lá para ajudar os moradores, pois um gigante os está atacando! Descubra o que está acontecendo, porque o gigante está atacando a vila e resolva a situação! Se for preciso, mate o gigante! Entendeu! – disse o capitão, enquanto gesticulava e apontava para o mapa.

_ Sim, entendi! – respondeu Nailo.

_ Ótimo, bom garoto! Agora parta imediatamente com seus homens! – Todd sorriu e deu um leve tapa nas costas de Nailo, como se tentasse ser amistoso. Nailo assentiu com a cabeça e foi em direção à porta.

_ Ah! E leve isto com você! – Todd Flathead arremessou uma pequena bolsa de couro na direção de Nailo. O ranger a agarrou habilmente e foi conferir o seu conteúdo. Eram moedas, as suas moedas, a sua bolsa de moedas, tirada de seu cinto pelo goblin sem que Nailo pudesse perceber. Todd sorriu, enquanto Nailo olhava confuso, ainda tentando entender o que tinha acontecido, e dispensou o ranger com um aceno de mão.

Nailo saiu pelo forte, em busca de Glorin. Queria que o anão lhe desse a espada elétrica a todo custo. Mas, apesar de sua insistência e determinação, ele não conseguiu encontrar o anão em lugar algum. O tempo passava e ele tinha uma missão a cumprir. Decidiu então preparar tudo e depois voltar a procurar por Glorin.

O sargento se reuniu em frente ao portão do forte, já do lado de fora, com sua tropa. Prepararam os cavalos, arrumaram os equipamentos, suas armas e tudo aquilo que precisariam durante a viagem, mas nem sinal de Glorin. Nailo decidiu procurar mais uma vez, mas não o encontrou em lugar nenhum. Desistindo da busca, Nailo resolveu partir e deixar para conversar com o capitão Glorin quando voltasse de sua missão, quando ele exigiria a espada que tanto queria. Nailo foi para a saída do forte, montou em seu cavalo e convocou seus soldados para partirem, quando ouviu uma voz familiar.

_ Rere! Ei garoto! Mata no peito! – era Glorin. O anão estava sobre a muralha do forte, com a espada faiscando em sua mão. Com um movimento rápido o anão arremessou a espada na direção de Nailo.

A espada desceu do céu brilhando, como um relâmpago. Os cavalos se assustaram, os soldados ficaram apreensivos. A lâmina atingiu o seu alvo e cravou-se profundamente nele. A espada estava agora fincada no chão de terra, entre as patas do cavalo de Nailo.

_ Tome conta dessa espada direito garoto! Ela não é uma espada comum! E tome cuidado também! Boa sorte! – disse Glorin sorrindo e acenando para Nailo. O ranger pegou sua nova e desejada espada e partiu em seu cavalo rumo ao oeste, acompanhado de seu fiel pelotão.

dezembro 14, 2006

Capítulo 253 – Um presente para o capitão

Capítulo 253 Um presente para o capitão

_ Obrigado por tudo, meus amigos! Todos nós seremos eternamente gratos a vocês e a Glorin, por tê-los enviado para nos ajudar! Sempre serão bem vindos aqui em nossa vila! – disse Bolor, emocionado e aliviado por tudo ter acabado bem.

_ Bolor, eu lhe devo desculpas, por não ter confiado em você! – respondeu Legolas.

_ Está tudo bem! Você não teve escolha! Além do mais, todos na vila devem desculpas a Eldon, pois ele também foi injustamente acusado! E, como forma de agradecê-los e de nos desculpar com Eldon, gostaríamos de lhes oferecer essas pequenas lembranças! – continuou o anão.

Outros anões surgiram de trás da multidão, carregando vários objetos em suas mãos. Cada um dos soldados recebeu um colar com uma pequena pena usada como pingente. Segundo Bolor, aquele era um amuleto mágico. Bastava arrancar a pena que ela se transformaria em um pássaro, que seria capaz de levar uma mensagem escrita para qualquer pessoa designada. Bastava sussurrar ao pássaro qual o destinatário da mensagem e o local onde encontrá-lo que o pequeno animal mágico cumpriria a missão. Fora dessa forma que o povo de Cold Valley tinha pedido ajuda a Glorin, dias atrás.

A Legolas foi dado uma bolsa com um pó prateado, o reflexo prateado, como chamaram os anões. Serviria para transformar uma arma comum numa arma de prata temporariamente.

Kaen Blaco recebeu um frasco com uma poção mágica rósea, o filtro do amor. Segundo Bolor, com aquele líquido, o feioso Kaen Blaco poderia ter, ao menos por uma noite, uma mulher sem ter que pagar para isso.

Eldon também recebeu um presente, o filtro da furtividade. Já que ele dependia da sua habilidade em mover-se em silêncio durante as batalhas, aquele líquido o ajudaria muito. Bastava derramar o líquido sobre seus calçados para que ele abafasse magicamente os sons de seus passos, ao menos por algum tempo.

A Druidick foi dada uma bolsa cinzenta de veludo, da qual o servo de Allihanna poderia retirar um animal para auxiliá-lo. Como ele já tinha afinidade com animais, por ser um druida, teria facilidade em usar aquele item. Era um item semelhante ao que Legolas possuía, e seria de grande ajuda para o druida.

Trevor, que não contava com armaduras para proteger seu corpo, recebeu de presente um par de braçadeiras douradas que, segundo Bolor, tinham a capacidade de criar um campo de força mágico ao redor do usuário, uma espécie de armadura energética, para protegê-lo.

Takezo e Logan, os dois guerreiros, receberam, cada um, um óleo mágico que servia para encantar suas espadas temporariamente, aumentando a precisão de seus cortes.

Além de todas essas coisas, Legolas levava consigo todos os objetos que pertenciam ao homem-serpente, para serem divididos no forte, quando Seelan lhes explicasse pra que servia cada um dos objetos.

_ Bom, além de lhes dar esses objetos, tenho um último favor a lhe pedir, Legolas! – disse Bolor, trazendo nas mãos um objeto enrolado num pedaço de tecido.

_ Pode dizer Bolor! O que você quer? – disse Legolas.

_ Quero que você entregue isto ao meu amigo Glorin! Há muito tempo nós estamos devendo isso a ele! Por nossa amizade e por tudo que ele fez por nós! Foi ele quem derrotou Ramassin, anos atrás, e firmou o pacto que deteve a fúria do gigante! Quero que você entregue isto para ele e diga-lhe que somos muito gratos por tudo! – Bolor entregou o objeto nas mãos do arqueiro, e desenrolou o pano que o escondia. Era uma arma, um machado feito de gelo.

_ Nossa, Bolor! Uma arma feita de gelo! Foi você quem fez isso? – perguntou Legolas, espantado.

_ Não, quem fez isso foi o nosso já falecido ancião! Infelizmente ele morreu algum tempo atrás, levando para o túmulo os segredos do seu ofício! Glorin, aliás, nem sabe que ele não está mais vivo! – respondeu o anão.

_ Bom, eu vou avisá-lo, então! Mas, me responda uma coisa, o capitão Glorin nasceu aqui em Cold Valley? – perguntou o elfo.

_ Não, ele nasceu em Tollon mesmo! Mas veio pra cá anos atrás, cumprindo algum tipo de missão e nos ajudou quando Ramassin tentou nos destruir da primeira vez! Depois disso, ele foi para o norte, onde serviu a nossa rainha, Belugha!

_ O que? Quer dizer que o Glorin conheceu Belugha? E que ele já foi um soldado dela?!?! Pelos deuses! O capitão tem mais história pra contar do que eu poderia imaginar! – exclamou o arqueiro, ainda mais impressionado.

Legolas pegou o machado e o guardou cuidadosamente em sua mochila. Depois, ele e os seus soldados se despediram dos anões e partiram rumo ao forte Rodick.

· · · · · ·

_ Foi isso que aconteceu! Nós partimos de Cold Valley no dia dezessete, mas só chegamos aqui hoje por que o tempo não nos ajudou! Enfrentamos muitas nevascas, e passamos por maus bocados no território das Uivantes! Se não fosse por aqueles pergaminhos que o Seelan deixou com o Trevor, alguns de nós, os mais fracos do grupo, já poderiam estar mortos! – completou Legolas ao narrar para o capitão Glorin e seus companheiros de grupo toda a aventura que ele e seus soldados tinham vivido nas Montanhas Uivantes. Era o dia 27 de pace, um lanag, e fazia pouco mais de uma hora que Anix e seu grupo tinham chegado ao forte após sua missão em Rutorn.

_ Bem, capitão, tenho uma má e uma boa notícia para lhe dar! Qual o senhor quer ouvir primeiro? – perguntou o arqueiro.

_ Diga logo a má! Eu estou já acostumado mesmo! – respondeu Glorin.

_ Está bem! A má notícia é que o ancião da vila e o Dak estão mortos! O ancião devido à idade, e o Dak foi assassinado pelo sszzaasita! – disse o arqueiro.

_ Mas que coisa! Então o ancião faleceu, mas é realmente uma pena! E o Dak, que droga, eu gostava daquele filho da mãe! Bom, ao menos a morte dele já foi vingada e ele poderá descansar em paz! – lamentou o anão.

_ Bom, capitão, e a boa notícia, é que o ancião conseguiu terminar de fazer isso antes de morrer!­ – Legolas pegou um objeto embrulhado em um tecido velho e o entregou a Glorin. O anão segurou o objeto nas mãos, enquanto Legolas desenrolava o pano que o envolvia. Seus olhos cansados brilharam ao ver o maravilhoso machado feito de gelo.

_ Uau! Que incrível! Obrigado garoto! – disse o capitão, experimentando sua nova arma.

_ Bom, agora o que eu mais quero é ir para a taverna, refrescar minha garganta com um bom rum! Onde está o meu amigo de garrafa, o pirata Jack? – perguntou o arqueiro.

_ Ele está morto! Houve um acidente na missão do Anix! O Jack tentou fugir e o Lars fez uma magia para tentar impedi-lo! Mas, o maluco do Jack pulou no meio da magia do Lars e morreu queimado, como um frango frito! Sinto muito! – explicou Glorin, meio distraído com seu presente.

_ Não! O Jack não! Onde está o Lars? Ele tem que reviver o Jack, como fez com o Loand! – gritou Legolas.

_ Isso agora não será mais possível! Por conta desse incidente, o Lars perdeu todos os poderes que possuía! Thyatis o está castigando pela morte de Jack! Agora ele está longe daqui, indo para Tyrondir, em busca de sua redenção! Agora, esqueça esse assunto e vá tomar alguma coisa na taverna! – disse Glorin enquanto se afastava em direção ao alojamento dos oficiais. – Mais tarde eu encontro vocês lá!

Glorin deixou o grupo e foi para seu alojamento, maravilhado com seu novo machado. Legolas seguiu até onde estava o corpo carbonizado de Jack e ficou observando-o, quase com lágrimas nos olhos.

_ Pois é meu amigo pirata, não esperava vê-lo assim! Bom, isso já funcionou uma vez antes com o Loand e terá que funcionar com você também agora! Espero que você me desculpe por isso! – murmurou o elfo ao cadáver que estava estendido na carroça. Depois sacou sua faca de caça e arrancou um dos dedos do pirata, guardando-o consigo, para poder ressuscitar seu amigo, assim como havia acontecido com Loand. Legolas, que antes havia sido contra a decisão de Squall de trazer Loand de volta do mundo dos mortos, agora aprendia a valorizar a bênção concedida pelos deuses a alguns poucos afortunados do mundo. Legolas enxugou as lágrimas e foi para a taverna afogar sua tristeza com uma boa garrafa de rum.

dezembro 13, 2006

Capítulo 252 – Inimigo venenoso

Capítulo 252 Inimigo venenoso

_ Quem é você? Por que está fazendo tudo isso? – gritou Eldon.

_ Essstou sendo fiel ao meu deusss! Essspalhando a intriga pelo mundo!!! – respondeu o falso Dak, agora totalmente transformado em homem-serpente.

Legolas disparou a primeira flecha, cheio de ódio por aquele ser nefasto. E errou. O inimigo se desviou por uma fração de milímetros e escapou do projétil. Rapidamente o arqueiro recarregou seu arco e disparou novamente. Duas flechas cravaram-se uma acima do olho, outra na bochecha do inimigo. Um terceiro projétil atingiu de raspão o braço do monstro. Era Eldon.

O monstro mordeu os próprios dentes pontiagudos, e fez com que a flecha de Legolas se partisse em sua boca. Seus olhos reptilianos brilharam, e de sua boca saíram palavras profanas que invocavam o poder maléfico do deus da intriga. Raízes soterradas pela neve, pequenas plantas em vasos que estavam no estábulo, e a própria vegetação usada como alimento para os animais começou a se mover sob o comando do homem-serpente, engalfinhando-se nas pernas dos heróis e prendendo-os.

Todos, com exceção do ágil Eldon, ficaram com suas pernas enroscadas nas plantas, que os puxavam para o chão, tirando-lhes a concentração. Trevor tentou lançar uma magia de ataque no inimigo, mas não conseguiu se concentrar, e a energia reunida por ele com muito esforço dissipou-se no ar.

Legolas era um dos únicos que conseguia atacar. Disparou novamente com seu arco e, mesmo com a precisão prejudicada pela magia do inimigo, conseguiu feri-lo mais uma vez. O monstro avançou na direção do arqueiro, rastejando pelo chão. Sua bocarra estava aberta, com seus dentes pontiagudos à mostra, de onde gotejava uma secreção oleosa. Veneno. Eldon, rapidamente saltou sobre uma das muretas de madeira que separavam os animais e tentou carregar sua besta a tempo de ajudar Legolas. Não conseguiu. O homem-serpente lançou seu corpo sobre o de Legolas num bote, passando sobre as plantas no chão, e cravou suas presas peçonhentas no peito de Legolas. O arqueiro se torceu e gemeu, enquanto os dentes rasgavam sua carne como navalhas e o veneno lhe corroia por dentro.

Kaen Blaco jogou seu machado no chão, e tentou atacar o inimigo com seu arco. Mas, uma raiz conseguiu puxar o arco das mãos do bárbaro, deixando-0 completamente desarmado.

Takezo tentava se soltar, rasgando as raízes que o prendiam com suas espadas. Ao mesmo tempo, Trevor concentrava-se novamente em seus feitiços, disparando um projétil de luz na direção do inimigo. O dardo luminoso foi em direção ao peito do monstro e desapareceu subitamente, como se a magia tivesse sido dissipada. A criatura parecia possuir algum tipo de resistência contra os poderes do mago.

Mesmo ferido, Legolas reuniu forças para atacar o inimigo novamente. Sua flecha penetrou na carne do inimigo, seguida de um virote disparado por Eldon. Enfurecido, o homem-serpente recuou e engoliu um líquido de um frasco que trazia preso à cintura. O corpo do monstro ficou borrado, como se seu corpo desaparecesse e reaparecesse em altíssima velocidade. Parecia que o homem-serpente piscava em um ritmo muito rápido, prejudicando a precisão dos ataques dos heróis.

_ Vou matar todosss vocêsss!!! – rugiu o monstro, confiante.

Takezo conseguiu se soltar da armadilha do inimigo e começou a avançar contra ele, ainda que lentamente. Trevor, desistindo de suas magias, atingiu o adversário com um virote de sua besta, ferindo-o na altura daquilo que seria o seu abdômen.

Eldon atirou uma de suas adagas na criatura, e saltou na sua direção, andando e saltitando para não ser apanhado pelas raízes. A adaga atravessou pela criatura, como se ela não possuísse corpo, como se fosse um fantasma. O monstro sorriu e cravou a adaga que carregava em sua mão esquerda em Takezo. A lâmina perfurou o peito do samurai, que cambaleou atordoado. A adaga estava envenenada.

Ignorando o ferimento, o jovem samurai reuniu suas forças e se concentrou no oponente. Correu até o homem-serpente, enfurecido, e atacou-o com a espada. A lâmina fria da katana cortou o corpo de serpente quase até a metade, jogando grande quantidade de sangue sobre a neve e tingindo o chão de vermelho.

Trevor tentou dar cobertura ao amigo com sua mágica mais uma vez. Mas, novamente a criatura ignorou os efeitos da magia, como se fosse imune a ela. Legolas também tentou ajudar Takezo, mas suas flechas passavam pela criatura, atravessando-a como se não tivesse massa física. E o mesmo aconteceu com outra adaga arremessada por Eldon.

O monstro revidou os ataques, disparando sua besta no estômago do halfling. O virote rasgou facilmente a carne do pequeno, já que ele havia abandonado parte de sua proteção nas mãos de Ramassin, e se cravou entre suas entranhas. Eldon gemeu de dor e sentiu sua visão turvar e sua cabeça girar. Assim como a adaga, o virote também continha veneno.

O monstro tentou enrolar sua cauda escamosa em Legolas, para esmagar o corpo do arqueiro. Mas, o elfo se debateu e conseguiu escapar do monstro. Depois disparou mais duas flechas, que novamente passaram por dentro do alvo sem lhe causar dano. Ao mesmo tempo, Eldon arremessava suas adagas no inimigo, sem acertá-lo, enquanto Trevor lançava suas magias. O mago conseguiu ferir o sszzaasita com um orbe de ácido, dando a chance para Takezo desferir um potente golpe com sua espada.

O homem-serpente tentou agarrar Eldon, mas o halfling foi mais ágil e o atacou com uma adaga envenenada antes que o monstro pudesse atingi-lo. Eldon girou sua adaga dentro do corpo do monstro, ferindo seus órgãos vitais. A fera se viu obrigada a recuar, e começou a se afastar do grupo, lentamente.

Legolas continuou disparando suas flechas, enquanto Takezo tentava congelar o inimigo com suas magias. Eldon e Takezo cercavam-no com uma chuva de lâminas mortais, impedindo que ele se afastasse demais do grupo. Já livre das raízes animadas, Kaen Blaco aproveitou a oportunidade e atacou com seu machado.

A lâmina do filho de orc entrou no peito do monstro, cortando sua pele cheia de escamas, rasgando sua carne asquerosa, partindo seus ossos e dilacerando seu coração. O homem-serpente tombou no chão, debatendo seu corpo de réptil, enquanto seu sangue tingia a neve. Antes que a criatura pudesse dar seu último suspiro, ou até mesmo tentar um último ataque traiçoeiro, um gigantesco machado, com uma lâmina de mais de dois metros de comprimento despencou do céu, como um meteoro e aterrissou sobre o corpo do sszzaasita, dividindo-o ao meio e silenciando-o para sempre.

O grupo olhou para a direção de onde viera o machado e viram o gigante Ramassin observando tudo que se passava por cima do muro do estábulo. Bolor estava em pé ao lado dele, equilibrando-se sobre a muralha de madeira.

Ramassin passou sua mão por cima do portão e retirou a trava de madeira que o mantinha trancado. Com um empurrão delicado, o gigante abriu o portão para que Druidick, Logan e todos os moradores da vila, que aguardavam do lado de fora, pudessem entrar e testemunhar o que havia acontecido.

Legolas e os soldados mostraram a todos o corpo de Dak, e explicaram o que tinha acontecido. Todos finalmente compreenderam o que estava acontecendo e lamentaram a morte de Dak Firehead. Logan traduziu para Ramassin cada palavra de Legolas e depois cada resposta dada pelo gigante.

_ Agora eu compreendo tudo! Esse maldito sszzaasita estava nos colocando uns contra os outros! Mas agora ele está morto, e tudo voltará ao que era! Eu os ajudarei a construir a vila, e nunca mais os importunarei! – disse o gigante, desculpando-se por todo o mal que causara e firmando uma nova aliança com os anões.

Ramassin recolheu o seu machado, seu tesouro e seus monstros e partiu de volta para sua montanha, desta vez como um aliado. Assim, com tudo resolvido, era agora a vez do grupo de Legolas também partir, de volta para forte Rodick.

dezembro 12, 2006

Capítulo 251 – Um corpo...enganados pela serpente

Capítulo 251 Um corpo...enganados pela serpente

Ramassin caminhava a passos curtos, para o seu tamanho, apreciando cada momento, imaginando detalhadamente com sua mente sádica cada tipo de tortura que utilizaria com os dois ladrões. Assim ia o gigante, distraído e contente.

Os “animaizinhos” de Ramassin iam à frente, caminhando ou rastejando como um pelotão obediente. Não se sabia como era possível, mas era fato que o gigante possuía completo domínio sobre aquelas monstruosas criaturas. Os monstros iam abrindo caminho na neve para a passagem do gigante, sem se importar com o que acontecia atrás deles.

Gigante distraído, monstros distraídos, era a chance que Eldon esperava. O pequenino olhou para Bolor, um tanto triste pelo que aconteceria com ele, e já meio arrependido pelo que faria a seguir. Eldon escorregou por dentro de sua roupa, como somente aqueles que compartilhavam de suas habilidades furtivas eram capazes de fazer, e caiu no chão gelado, sem que Ramassin o percebesse. Bolor manteve-se calado, antes morrer um só do que os dois, deve ter pensado o anão.

Eldon começou a correr de volta para a vila, já pensando no que faria. Ele era um ladrão, e isso era um fato. Ninguém que soubesse disso seria capaz de confiar nele totalmente, o que também era verdade. E, embora ele não tivesse feito nada de errado desta vez, também era fato que a jóia de Ramassin estava entre seus pertences. Sua má reputação de ladino, aliada ao fato de a jóia estava em sua mochila, garantiriam a condenação do halfling em qualquer tribunal. Se ficasse nas mãos do gigante, sua morte seria certa. Se ficasse na vila, seria entregue a Ramassin novamente. Se fugisse para o forte, seria punido por roubo, mesmo sendo inocente. Não havia outra saída para Eldon, a não ser fugir para bem longe. Pensando nisso, o halfling correu o mais rápido que pode em direção ao estábulo de Cold Valley, escondendo-se entre as casas para que não fosse visto por ninguém.

Eldon entrou no estábulo e foi até onde estava seu cavalo. Começou a arrumar o animal para sua partida, mas algo o incomodava. Havia um estranho cheiro no ar, um odor diferente do produzido pela presença e pelos dejetos dos animais que ali existiam. Era algo diferente que, apesar de sutil no meio do cheiro dos animais, aguçava a curiosidade do halfling. Eldon seguiu seu nariz e descobriu que a fonte do cheiro vinha do fundo do estábulo. Foi até o lugar, e notou um estranho volume debaixo da neve e do feno que alimentava os animais. Eldon começou a mexer no monte de palha, desconfiado, quando ouviu uma voz atrás de si.

_ O que você está fazendo aqui? – era Legolas, o arqueiro e seus soldados estavam de armas na mão, prontos para capturar o halfling.

Eldon não deu importância à presença dos outros, e continuou cavando freneticamente. Desejava ver o que estava escondido ali antes de ser capturado. Embaixo de um monte de palha seca e neve estava um corpo. O cadáver semiputrefato de um anão. Era Dak Firehead.

Todos estavam atônitos com a descoberta. Dak, um dos principais aliados de Bolor estava morto dentro do celeiro. E já fazia vários dias que seu corpo jazia naquele lugar. Então, como ele estava lá fora, conversando com todos ainda há pouco? A resposta não tardou a chegar.

Um estampido fez todos voltarem suas atenções para a entrada do estábulo. O enorme e pesado portão de madeira estava fechado. Diante dele, estava Dak. Ele olhava a todos com um ar de desprezo diferente do tratamento de outrora. Era um outro Dak.

_ Então, vocêsss dessscobriram o meu sssegredo?! Nesse caso, terei que matá-losss também, para que não ressste nenhuma tessstemunha viva! – a voz de Dak estava diferente, parecia com o sibilar de uma serpente, diante de sua presa. E o era. O anão deu alguns passos à frente, e seu corpo iniciou uma horrenda metamorfose. Os pelos foram absorvidos e sua pele começou a se tornar esverdeada e escamosa. As pernas deram lugar a uma cauda grossa, seu corpo ganhou tamanho, e o que antes era um anão, agora era um homem-serpente. Um dos lendários e supostamente extintos homens-serpente que serviam ao deus da intriga e da corrupção, Sszzaas.

dezembro 11, 2006

Capítulo 250 – Pegos em flagrante

Capítulo 250 Pegos em flagrante

Todo aquele interrogatório de nada adiantou. Eldon e Logan apenas ficaram mais confusos do que já estavam. Aos poucos, Bolor e os outros anões acusados do roubo foram se reunindo ao redor de Legolas e seus soldados, sob os olhares atentos de todos os moradores de Cold Valley.

O sargento tinha um plano em mente, ir até Glorin, levando os acusados, para que o capitão o ajudasse a resolver aquele dilema. Entretanto, sabia ele que não poderia se demorar demais na viagem, ou então Ramassin viria à aldeia e a destruiria por completo. Enquanto ele pensava no que deveria fazer, um estrondo ensurdecedor fez com que todos os seus ossos estremecessem.

_ Malditos ladrões! Me roubaram de novo! Me enganaram! Vou matar um por um! – o gigante Ramassin gritava enfurecido em seu próprio idioma. Sua voz trovejava por toda a planície congelada, enquanto seu machado destruía a primeira das casas em seu caminho com apenas um golpe.

Logan traduzia os berros dados pelo gigante. Ramassin estava em fúria, uma fúria cruel e insana, e não distinguia amigos de inimigos, mulheres e crianças de guerreiros. Mais um golpe de machado, e o telhado de outra casa voou pelos ares, espalhando madeira, neve e palha por todos os lados.

_ Desgraçados! Roubaram meu tesouro novamente! E desta vez debaixo do meu nariz! Eu vou destruir essa vila! – gritava o gigante.

_ Do que você está falando Ramassin? Nós já lhe devolvemos o seu tesouro ontem! – gritou Logan, sua voz era quase um grunhido, comparada com os gritos do gigante.

_ Vocês! Vocês que estiveram em minha caverna! Vocês roubaram meu tesouro enquanto eu dormia! Surrupiaram meu precioso diamante, e minha bela ametista! Vou matá-los! – respondeu o gritalhão furioso.

O gigante pegou um pequeno garoto que tentava fugir e o ameaçou com o machado. Sem saída, os heróis tentaram negociar com Ramassin da maneira que podiam. Logan pediu que ele não matasse o menino e conseguiu alguns segundos a mais para agirem.

Logan traduziu os berros de Ramassin, causando espanto em todos. Rapidamente, Legolas reuniu os anões que tinham ido para a caverna de Ramassin, e ordenou que eles esvaziassem suas bolsas. Nesse momento, toda a vila já se reunia ao redor do grupo, para testemunhar o que viria a seguir, e para fugir de fúria de Ramassin.

Bolor e os outros estavam hesitantes e confusos. Os anões tinham certeza de sua honestidade, e não entendiam o que acontecia ali. Legolas tomou a bolsa do líder da aldeia e a virou de boca pra baixo, despejando todos os pertences do anão. Em meio a roupas, alimentos e equipamentos de sobrevivência, estava o formoso diamante de Ramassin.

O gigante rosnou ainda mais furioso, vomitando ofensas sobre Bolor, que Logan preferiu não traduzir. Uma das jóias estava ali, e agora Ramassin tinha um ladrão para matar. Embora, Bolor tentasse se justificar e negar o roubo, toda a vila agora estava contra ele. Enquanto os demais suspeitos esvaziavam suas mochilas no chão, os aldeões acusavam Bolor de traidor e um tumulto começou a se formar. Dak tentava acalmá-los, mas por onde ele passava, mais confusão era gerada. Cada pessoa com quem ele conversava ficava ainda mais exaltada, e o caos começou a tomar conta da vila.

Nas outras mochilas não havia nem sinal da ametista. Ramassin estava impaciente, e ameaçava degolar o pobre garoto. Então, o arqueiro não hesitou e jogou todas as suas coisas no chão e ordenou a seus soldados que fizessem o mesmo.

Um a um, os soldados foram esvaziando suas mochilas e bolsos sem encontrar a ametista, até que sobrasse apenas Eldon.

Receoso, o pequeno halfling temia por sua vida. Eldon sabia que não havia roubado nada, não desta vez, mas sua fama ladina entre os soldados do forte agora pesava contra ele. O pequenino tentou recuar, mas estava cercado, no meio de uma roda de anões que o encaravam com seus olhares fulminantes. Legolas tomou-lhe a mochila e a esvaziou na neve que cobria o chão. Entre todas as quinquilharias do halfling estava uma jóia rosada e brilhante, a ametista de Ramassin.

O gigante soltou o garoto e agarrou os dois ladrões com sua imensa mão. Apanhou seus pertences e começou a se retirar da vila. Deu um assovio e todos puderam ver os monstros que Ramassin tratava como animais de estimação saindo dos arredores da vila, onde espreitavam, e rumando para o norte.

_ Ramassin, não os mate antes de sete dias! Glorin estará aqui em sete dias para conversar com você! E ele ficará muito bravo se os dois estiverem mortos! – gritou Logan, traduzindo as palavras do sargento Legolas.

_ Eu não os matarei! Só vou me divertir com eles até Glorin chegar! Eles não morrerão...se forem resistentes! – respondeu o monstro, dando um sorriso maligno e afastando-se de Cold Valley.

Enquanto o gigante se afastava, o caos tomava conta da vila. Sem seu líder, os aldeões se envolviam em intrigas ora para defender, ora para acusar seu líder. Legolas ignorou toda a confusão que se instalava no lugar e partiu sem demora rumo ao estábulo, onde estavam seus cavalos. Ele tinha apenas sete dias para trazer o capitão Glorin até ali, antes que Bolor e Eldon fossem mortos pelo.

Ramassin se afastava da vila cheio de raiva e desejo de vingança. Eldon e Bolor traziam em seus rostos o mais fiel retrato do medo. Legolas, Kaen Blaco, Takezo, e Trevor corriam para o estábulo com ar de desesperados. Em meio aos anões furiosos estavam Logan e Druidick, completamente confusos e impotentes. Em meio a todo essa caos, ainda havia alguém que consegui sorrir. Alguém que tinha acabado de cumprir novamente suas obrigações para com seu deus, que supunha-se estar morto. Alguém que rastejava.

dezembro 08, 2006

Capítulo 249 – Inocentes ou culpados?

Capítulo 249 Inocentes ou culpados?

Legolas mandou que todos retornassem as suas casas e disse que ele escolheria os que o acompanhariam na viagem e os avisaria em suas casas. Quando todos se recolheram, mandou uma flecha com uma mensagem para Logan, para que ele vigiasse mais atentamente os moradores das casas em que eles haviam encontrado os itens do gigante.

Depois, juntamente com Bolor, o grupo foi até as casas onde estavam as peças roubadas e convocaram o líder de cada uma delas. Eram eles: Morim Picktwister, Bairin Gauntlesmith, Dwain Chiselback, Ovin Rockback, Bain Orefinger e o próprio Bolor Trollback. Também foram convocados para a viagem Morur Platetearer e Dak Firehead, os dois combatentes da vila que os haviam ajudado a fazer o reconhecimento do local quando ali chegaram. Além destes, Buluk Groundwright também foi convocado para servir de testemunha, junto com Dak e Morur, e contar ao povo da aldeia o que aconteceria na caverna de Ramassin.

Todos reuniram seus equipamentos e prepararam-se para a viagem. Partiram por volta das 14 horas e chegaram à montanha de Ramassin quando o sol já se deitava no horizonte. Takezo e Druidick ficaram na vila, vigiando os anões, já que não tinham certeza se eles eram honestos ou se todos faziam parte do roubo do tesouro, e também para proteger a vila em caso de ataque. Quando chegaram diante da entrada da caverna de Ramassin, Legolas apeou e todos repetiram o gesto. O arqueiro então pegou os itens roubados e começou a interrogar os anões.

_ Bem, agora que estamos aqui, vou contar a verdade! Não existe Noruega nenhum! Quem está atacando a vila são os monstros de Ramassin! Ele faz isso porque roubaram o tesouro dele! E quem fez isso foram vocês! Os outros estão aqui para testemunhar o que vai acontecer! – gritou Legolas, apontando para os acusados.

Todos ficaram espantados, como se não soubessem do que se tratavam as palavras de Legolas.

_ Mas do que está falando? Nós não roubamos nada! Não somos ladrões! – disseram os anões.

_ Estamos falando disso aqui! – Eldon mostrou o tesouro, e contou onde cada um dos objetos havia sido encontrado, dentro das casas de cada um ali presente.

_ Mas...nós não sabemos o que são essas coisas, nunca as vimos antes! Não somos ladrões! – respondeu Bolor, sua voz demonstrava que ele estava confuso, como se não soubesse de nada mesmo, ou como se soubesse blefar muito bem.

_ Como não? Nós encontramos essas coisas nas suas casas! – disse Legolas.

_ Talvez não tenham sido eles, sargento! Alguém pode ter roubado e colocado as coisas lá! – disse Logan.

_ Isso, as mulheres! Devem ter sido elas! – deduziu Eldon.

_ QUEM ESTÁ AÍ? AH SÃO VOCÊS? ONDE ESTÁ MEU TESOURO? E OS LADRÕES? SÃO ESSES AI EMBAIXO? – a voz de Ramassin ecoou pelas montanhas como um trovão, calando a todos. Quando olharam para trás, viram que o gigante já saia de dentro de seu covil.

Assustado, Kaen Blaco apontou para os anões acusados, tanto por medo como por crueldade. Ramassin não teve dúvidas e os apanhou com sua poderosa mão, segurando todos pendurados pelas roupas. Os heróis, com a ajuda de Logan, tentaram contornar a situação.

_ Calma, esses não são os ladrões! Vieram apenas para testemunhar e reafirmar o tratado de paz com você! E nós trouxemos o seu tesouro de volta! Agora solte-os e vamos conversar! – Logan gritava para que sua voz alcançasse os ouvidos de Ramassin, traduzindo as palavras de seus companheiros e as suas próprias.

_ Mas por que ele apontou para esses anões sujos quando eu perguntei quem eram os ladrões? – perguntou o gigante, apontando para Kaen Blaco.

_ Ora, ele devia estar dizendo que eles são inocentes! Além disso, ele é meio estúpido, não ligue para ele, sua cabeça não funciona direito! – disse Logan.

_ Então os ladrões são os outros três? Vou matá-los! – gritou o gigante.

_ Não! Eles não são ladrões não! Ninguém aqui é! Olha, vamos entrar na sua caverna pra podermos conversar melhor! Já está ficando escuro aqui! – disse o soldado, salvando por pouco os outros três da morte certa.

_ Está bem! Venham então! – e o gigante entrou em sua caverna, carregando os anões, e seguido pelos heróis.

Lá dentro, o gigante soltou os anões no chão e exigiu explicações do grupo. Desejava saber quem eram os ladrões e onde suas coisas estavam. Ramassin deixou claro que degolaria um a um os ladrões com seu gigantesco machado. Legolas inventou uma estória para tentar enganar Ramassin, pois não queria arriscar acusar os anões sem ter certeza absoluta de que eram eles os ladrões. Logan traduzia tudo para o gigante, tentando usar toda sua persuasão para convencê-lo a esquecer o episódio. Disse que um outro grupo, composto por humanos, elfos e um meio-orc, havia sido visto perto dali pelos anões. Esse suposto grupo teria roubado o tesouro de Ramassin e o abandonado no bosque perto de Cold Valley, onde Legolas e seus soldados o teriam encontrado.

_ MENTIRA!!!! Eu vi pegadas, pegadas de anões, que iam na direção da vila dos anões, no dia em que meu tesouro foi roubado! Ou vocês me dizem quem roubou o tesouro, ou matarei todos os anões! – gritou Ramassin enfurecido.

_ Mas você não precisa matar ninguém! Seu tesouro já foi devolvido, e agora tudo pode voltar ao normal! – disse Logan.

_ Não! Eles já me roubaram uma vez, e irão me roubar novamente! Por isso vou matar todos eles, caso os verdadeiros ladrões não sejam encontrados! – respondeu o gigante. Ramassin recolheu o tesouro trazido pelos heróis e colocou item por item em sua prateleira de gelo. Todos menos o anel, que ele colocou em seu dedo, ficando invisível em seguida. Depois ele retirou o anel, voltando a ficar visível, e o pendurou em seu pescoço com uma corrente.

_ Bom, então nós iremos encontrar esse grupo de ladrões e o traremos aqui! Se é só isso que você quer, nós o faremos e tudo voltará ao normal! – disse Legolas, e Logan traduziu para Ramassin.

_ Sim, tragam-me os ladrões e eu não incomodarei mais os anões! – respondeu Ramassin.

Legolas sorriu e cochichou com seus companheiros, expondo o plano que acabara de bolar.

_ Conseguimos ganhar mais um pouco de tempo! Bolor, você jura por Belugha que não roubou o tesouro dele? Todos vocês juram? – perguntou Legolas.

_ Sim! Juramos! – responderam os anões.

_ Bem, então retornaremos para a vila, e depois iremos até o forte! Lá nós conversaremos com Glorin pra ver se ele pode nos ajudar a resolver isso! Caso ele não consiga, pegaremos alguns presos condenados e os entregaremos ao gigante para saciar sua sede de vingança! – disse o arqueiro.

Tudo estava quase resolvido, restava agora um único detalhe, eles deveriam enfrentar o frio da noite na viagem de volta para Cold Valley. Logan conversou com Ramassin, novamente implorando para ele permitisse que o grupo passasse a noite ali. Surpreendentemente, desta vez ele concordou.

_ Está bem! Durmam ai pelo chão, e partam logo que o sol nascer! – disse o gigante.

Os heróis se acomodaram pelo chão gelado da caverna, comeram suas rações e se aqueceram como puderam, até que caíram no sono. Quando o sol nasceu, no décimo sétimo dia de pace, um kalag, o grupo pôs os pés na estrada e partiu para a vila dos anões.

Algumas horas depois, chegaram à vila e, sem perder tempo, começaram os preparativos para partirem para o forte Rodick. Os soldados pegaram seus equipamentos, enquanto que Bolor e os demais anões suspeitos reuniram suas famílias e pertences para a viagem que fariam.

Enquanto todos se aprontavam, Eldon interrogava as mulheres, para saber se suas suspeitas estavam corretas. O pequeno halfling acreditava que as mulheres eram as responsáveis pelo roubo sem seus maridos saberem. Mas, assim como Bolor e os outros acusados, todas as mulheres afirmavam desconhecer qualquer coisa sobre o tesouro roubado e demonstraram espanto ao saber que em suas casa haviam sido encontrados itens que faziam parte do tal tesouro.

Logan tentava encontrar alguma pista também. Conversou com todos, perguntando quem havia estado fora da vila na data em que o tesouro fora roubado. A resposta só o deixou mais confuso. Os anões que haviam ido até a montanha eram os únicos que haviam se ausentado, saindo para caçar no bosque. Além deles, outro anão havia participado da caçada, Dorain Cavernhand, de modo que Logan começou a suspeitar dele também.

O tempo corria contra eles, e a trama só se complicava ainda mais. Mas, ao menos Legolas tinha uma certeza. Glorin conseguiria resolver aquele problema. O anão já havia negociado um tratado de paz com o gigante no passado e certamente daria um jeito na atual situação. Essa era a esperança do jovem sargento, e de todos os moradores do vilarejo de Cold Valley.

dezembro 07, 2006

Capítulo 248 – Investigação na vila dos anões

Capítulo 248 Investigação na vila dos anões

Por volta das 10 da manhã os heróis finalmente chegaram a Cold Valley com um plano em mente. Reuniriam todos os habitantes da vila na casa de Bolor, o líder local, e inventariam uma estória qualquer para distraí-los enquanto parte do grupo ficaria encarregada de investigar as casas em busca do tesouro roubado de Ramassin. E assim eles fizeram.

Legolas, Druidick, Kaen, Trevor, Eldon e Takezo entraram na vila reunindo todos os anões, tirando-os de suas tarefas para levá-los para a casa de Bolor. Disseram que precisavam reunir todos o mais rápido possível, para comunicar o que haviam descoberto na investigação e disseram também que a situação era grave. Sem entender o que acontecia, os anões foram aos poucos abandonando suas tarefas e suas casa e se dirigiram para a cabana onde Bolor e sua esposa viviam. Logan observava tudo de fora da vila, distante o suficiente para não ser visto, mas perto o bastante para vigiar os anões.

Quando todos estavam reunidos na cabana, Legolas começou a falar. Disse que a situação era grave, e que talvez todos tivessem que abandonar a vila. Os anões ficaram irrequietos com a notícia, e o arqueiro tentou tranqüilizá-los dizendo que ele iria observar os anões durante algum tempo para encontrar uma resposta. Resposta essa que seria dada à pessoa responsável pelos ataques dos monstros e que controlava as criaturas. De acordo com a resposta encontrada por Legolas, os anões não precisariam fugir de Cold Valley.

_ Agora eu irei falar com essa pessoa! Enquanto isso, meus soldados ficarão aqui e contarão em detalhes tudo que aconteceu na nossa viagem! Enquanto eu estiver tentando negociar com essa pessoa, vocês deverão permanecer aqui na casa do Bolor, e não deverão ir lá fora, não importa o que aconteça! – disse legolas, saindo da cabana acompanhado de Druidick. – Druidick! Quero que você volte lá pra dentro e conte pra eles tudo que nos aconteceu enquanto estivemos fora, mas não mencione nada sobre Ramassin! E demore o máximo de tempo possível, pra nos dar tempo de revistar todas as casas! – continuou.

_ Certo, sargento! Mas o que eu falo então? – perguntou o druida.

_ Invente qualquer coisa! Só o que me importa é que você demore bastante tempo e que não deixe ninguém sair de dentro dessa casa até eu disser que está tudo bem! - concluiu Legolas, Druidick concordou com a cabeça.

Quando os dois se viraram, perceberam que Bolor estava do lado de fora da casa, ouvindo a conversa, ou ao menos parte dela. O anão estava confuso, sem entender o que acontecia. Legolas o tranqüilizou, dizendo que precisava manter todos em segurança, até que ele conseguisse cumprir sua missão, e pediu para Bolor confiar nele e ajudá-los. O anão concordou, mesmo sem entender o que se passava, tanto por não ter outra opção, quanto por saber que Legolas havia sido enviado por Glorin, em quem ele e toda a vila confiavam plenamente.

Druidick e Bolor entraram, enquanto Legolas, Takezo e Eldon partiram de casa em casa procurando pelos pertences de Ramassin. Lá dentro, Druidick inventou uma estória controversa, dizendo que um outro gigante, que não era Ramassin, mas sim um tal Noruega, controlava os animais e queria destruir a vila. Os aldeões ficaram em pânico ao saber da existência de outro gigante além de Ramassin e por pouco a situação não ficou fora de controle. Felizmente, com a ajuda de Bolor, e as distrações criadas por Kaen Blaco, eles conseguiram acalmar a situação e dar a Legolas todo o tempo que ele precisava. Enquanto um grupo revistava as casas, e Druidick contava sua estória confusa, Kaen atormentava a todos com seu estômago, até que Belala, a esposa de Bolor, concordasse em preparar a hidra para ele comer.

Lá fora, as coisas pareciam mais produtivas. Legolas encontrou a safira e a ametista de Ramassin, em duas casas diferentes. Eram duas jóias grandes como uma mão e brilhantes como estrelas. Estavam mal escondidas, parecia que os anões estavam certos de que ninguém descobriria o roubo delas. Uma estava amarrada embaixo de uma poltrona de madeira de uma casa, e outra estava dentro de uma gaveta de uma penteadeira, guardada sem grandes cuidados para ocultá-la.

Eldon localizou duas das três estátuas, a de Khalmyr e a de Tanna-toh. Eram imagens de ouro puro, com quase trinta centímetros de altura. Uma estava oculta dentro de um vidro de perfume com um fundo falso, e a outra em um baú de outra casa, sob as roupas do dono da casa.

Takezo apareceu em seguida, carregando a última estátua na mão. Entregou o objeto para Legolas e todos voltaram a investigar. Quando se encontraram novamente, o samurai estava com um bracelete de ouro, que na verdade era o anel de Ramassin. Onde o samurai havia encontrado os objetos, ninguém jamais soube, já que ele era mudo e surdo e não podia falar onde havia conseguido as pecas. Legolas pediu a Trevor que usasse seu poder para ver se havia magia no anel do gigante. E a resposta foi positiva, confirmando que o item era de fato o anel mágico do gigante. Faltava apenas o diamante, e apenas dois lugares para revistar, a casa de Bolor e o estábulo.

Como não encontraram nada no estábulo nem nas outras casas, restava agora investigar a casa do líder da aldeia. Takezo permaneceu no celeiro com os cavalos, vigiando os tesouros encontrados, enquanto Legolas e Eldon voltaram para a casa de Bolor. No meio do caminho, encontraram Druidick, que contou a Legolas tudo que ele havia dito ao povo da aldeia, para que o sargento não dissesse nada contraditório.

_ Muito bem pessoal! Acho que está quase tudo preparado! Só está faltando uma pequena coisa pra conseguirmos completar a missão! Peço a todos vocês que me acompanhem lá fora, para que eu explique melhor a situação! – anunciou o sargento a plenos pulmões.

_ Bolor! Eu comi alguma coisa estranha no meio da viagem e não estou me sentindo muito bem! Será que eu podia usar o seu banheiro? – pediu o esperto Eldon, fingindo uma dor de barriga.

_ Claro que sim! É só subir as escadas! – respondeu Bolor, enquanto conduzia todos para fora, como Legolas havia pedido.

Assim, todos foram para a rua, ouvir o que Legolas tinha pra dizer. Enquanto isso, Eldon aproveitava para procurar a peça que faltava do tesouro roubado, e Kaen Blaco se dirigia para a cozinha.

_ Ô anã! Cadê minha hidra? Tá pronta? – gritou o meio-orc, rude como sempre.

_ Ainda não, quase! Mais uns vinte minutos assando e estará pronto! – respondeu Belala.

_ E é só deixar ai no fogo e esperar? – perguntou Kaen Blaco.

_ Sim!

_ Ótimo! Então você não precisa ficar aqui dentro! Vamos lá pra fora, o sargento está chamando! – e Kaen Blaco agarrou a anão pelo colarinho e a carregou para fora da cozinha. Dessa forma, e deixaria o caminho completamente livre para que Eldon investigasse. Era a primeira coisa inteligente que o meio-orc fazia em toda a missão.

Belala começou a gritar e a bater em Blaco, irritada com sua estupidez. Quando estava perto da porta, e quando percebeu que as pessoas de fora estavam vindo ver o que acontecia e ajudar a anão, Kaen a soltou no chão e disfarçou. Bolor entrou, junto com Legolas, ouvindo as queixas de Belala. Legolas tentou acalmá-la, mas coube a Blaco a tarefa de tranqüilizar a situação.

_ Ô Bolor! Peido pesa? – perguntou o bárbaro.

_ Eu acho que não! – respondeu o anão.

_ Xi...então eu acho que sujei minhas calças! – riu Blaco.

Todos fizeram uma cara de nojo, e esqueceram da brutalidade de Kaen com Belala e foram pra fora. Felizmente, a neve que o meio-orc havia comido havia tido um efeito devastador em seu intestino e provocado o nauseante incidente, fazendo com que Kaen Blaco fosse considerado apenas um mero idiota.

Do lado de fora da casa, Legolas anunciou que iria negociar a paz com o novo gigante e que escolheria um grupo de aldeões para acompanhá-lo e para firmar o tratado de paz com o gigante, o que provocou suspiros de alívio na vila toda.

Enquanto isso, lá dentro, Eldon guardava em sua calça um enorme diamante, do tamanho de um punho, que ele acabara de encontrar largado com desprezo embaixo de um criado-mudo, no quarto onde Bolor e sua esposa dormiam.

Capítulo 247 – Soterrados

Capítulo 247 Soterrados

O décimo sexto dia de pace, um morag, raiou, frio como era costume nas Uivantes. O sargento Legolas foi primeiro a se levantar, indo até a porta a fim de sair e se exercitar. Mas, ao girar a maçaneta, ele percebeu que algo estava errado. A maçaneta estava fria, e a porta toda úmida. Além disso, ela não se abria, por mais que o arqueiro forçasse. Estava completamente emperrada, congelada, provavelmente.

Legolas foi até uma das janelas e tentou abri-la, também em vão. Começava a ficar preocupado com aquela situação. Sem hesitar, começou a esmurrar a janela, tentando arrombá-la. As pancadas chamaram a atenção dos demais soldados, que acordaram. Kaen Blaco pegou seu potente machado e se dirigiu até a janela. Afastou Legolas com uma das mãos, depois segurou a arma firmemente e desferiu um golpe forte na janela. A madeira se rompeu em vários pedaços, ficando completamente destruída. Então, uma grande quantidade de neve jorrou de fora para dentro, como uma cascata, atingindo o peito do meio-orc e atirando-o ao chão. As pernas de Blaco ficaram soterradas pela neve que invadia o recinto. Legolas o ajudou a levantar e finalmente pode entender a gravidade da situação. Estavam soterrados. A nevasca da noite passada havia encoberto toda a cabana criada pela magia de Trevor.

Legolas pegou o escudo de Druidick e com ele pôs-se a cavar um túnel para fora dali. Eldon arrancou uma ripa de madeira que compunha o estrado de uma das camas e perfurou a neve, tentando encontrar a luz do sol. Mas, só o que o pequenino viu foi mais e mais neve. A situação não era nada boa. Eldon e Takezo começaram a cavar, enquanto Kaen Blaco e Logan tentava destruir o teto em busca de uma saída daquele inferno gelado. Legolas andava de um lado para outro, tentando pensar em alguma solução. Druidick e Trevor estavam atônitos, sem saber o que fazer.

Eldon percebeu que cavar um túnel com as ferramentas que possuía seria por demais difícil, e decidiu procurar outra forma de escaparem. O halfling foi até a chaminé e enfiou-se no apertado buraco que conduzia para cima, onde ele via a claridade da manhã.

Então, Legolas teve uma idéia. Chamou Trevor num canto afastado dos demais e expôs o seu plano.

_ Trevor, você consegue dissipar a magia e fazer a casa desaparecer? – perguntou Legolas, sussurrando.

_ Sim, sargento! – respondeu o mago.

_ Então faça isso ao meu sinal! – disse o arqueiro.

Trevor ficou espantado com a decisão de Legolas, mas o sargento o tranqüilizou, dizendo que a neve permaneceria compactada no formato das paredes. Trevor acatou a decisão de seu superior, mesmo temeroso.

Legolas reuniu todos os soldados no centro do abrigo. Teimoso como sempre, Kaen Blaco preferiu ficar perto da porta, enquanto Eldon ainda tentava escalar a chaminé. Ao sinal de Legolas, Trevor pronunciou a palavra mágica que desativava a magia do pergaminho dado por Seelan, fazendo com que a casa desaparecesse em pleno ar. Raízes, terra e pedra retornaram ao solo, em suas formas originais

Em seu lugar, ficaram quatro paredes de neve compactada, que ruíram apenas levemente, mantendo sua forma e posição praticamente inalteradas.

Legolas ajudou Eldon, que havia ficado semi soterrado pela neve que caíra das paredes, a se levantar e todos começaram a escalar o paredão de neve para prosseguirem em sua viagem.

Já fora do buraco, enquanto os heróis tentavam se orientar para encontrar a direção correta para a vila, Kaen Blaco juntou um punhado de neve em suas mãos, fazendo uma pequena bola, pouco maior que um punho, e a atirou na nuca de Legolas.

O sargento rapidamente ordenou que aquilo não se repetisse, impedindo que uma guerra de neve começasse, já que Druidick estava pronto para arremessar uma bola de neve no meio-orc. Irritado, Legolas tomou o machado de Kaen Blaco e o jogou dentro do buraco onde antes estava a cabana, como forma de punição. Mas, ao invés de descer para buscar sua arma, o bárbaro saltou na direção dela, despencando no pequeno abismo. Kaen Blaco caiu de uma altura de quase 7 metros, ficando inconsciente e obrigando seus companheiros a resgatá-lo.

Legolas, Druidick e Takezo desceram para carregar Kaen, enquanto Eldon, Logan e Trevor prosseguiam para a vila. Com a ajuda de uma poção mágica, Blaco despertou e todos voltaram juntos para a superfície. Legolas, vendo que os outros três se distanciavam cada vez mais, jogou o escudo de Druidick no chão e pulou em pé sobre ele, deslizando sobre a neve como um trenó. O disco de madeira saltou no ar ao se chocar contra um pequeno morro de neve, fazendo Legolas dar uma pirueta no ar. O arqueiro parou em pé ao lado de Logan e Trevor e, com uma pisada na ponta do escudo, fez com que ele saltasse do chão para suas mãos. Todos ficaram impressionados, e quiseram imitar seu sargento, e por alguns minutos o grupo de soldados pode se divertir no meio daquele inferno branco e gelado.

Quando estavam de saída, Kaen Blaco fez uma nova bola de neve. Mas, antes que alguém pudesse reclamar, ele começou a comê-la, ao invés de atirá-la em alguém, como todos esperavam.

dezembro 05, 2006

Capítulo 246 – Ramassin

Capítulo 246 Ramassin

A curta distância que os separava da caverna do gigante foi transposta pelos heróis com grande temor. Legolas era carregado pela poderosa mão do ser, enquanto os demais tentavam acompanhar suas passadas largas, imaginando quais horrores encontrariam a seguir.

Dentro do covil de Ramassin, havia dezenas de carcaças de animais mortos, devorados por ele. Eram ursos, búfalos e outras criaturas desconhecidas ou irreconhecíveis pelo grupo. Móveis tão grandes quanto seu dono, esculpidos em gelo sólido, adornavam a caverna. Além de prateleiras, bancos, uma mesa e uma cama, existiam também várias jaulas, onde criaturas assustadoras permaneciam aprisionadas. Eram ursos brancos, lobos das estepes e glaciols, os trolls das Uivantes. E, até mesmo um imenso verme, alvo como a neve e assustador como o gigante, estava entre aquilo que Ramassin denominava de “seus bichinhos de estimação”.

O gigante contou aos aventureiros que conhecera Glorin há vários anos, e que o pequeno anão o havia derrotado. O grupo ficou impressionado, ao saber que o capitão Glorin tinha conseguido derrotar aquele poderoso homem que estava diante deles. Ramassin também contou que seu precioso tesouro havia sido roubado de sua caverna. Ele havia encontrado pegadas na entrada de sua morada gelada, pegadas de anão, e as seguiu até perto de Cold Valley. Enfurecido por ter sido roubado pelos pequenos moradores da vila, Ramassin decidiu castigá-los, soltando seus animaizinhos para atacarem o vilarejo. E ele continuaria agindo desta forma, até que os anões devolvessem suas coisas, ou até que toda a aldeia estivesse destruída.

Os heróis conversavam com o gigante, tentando negociar com ele um acordo que impedisse a destruição dos anões. Logan, o único que conhecia o idioma de Ramassin, atuava como tradutor, sendo de vital importância para o grupo. Com muito esforço, e uma boa dose de sorte, conseguiram ganhar algum tempo, para poderem investigar e descobrir quem tinha roubado e onde estava o tesouro de Ramassin.

Foi-lhes dado um prazo de cinco dias, para que recuperassem os itens do gigante. Caso eles não conseguissem, Ramassin atacaria a vila junto com seus bichinhos e a destruiria por completo. Sem muitas opções, eles foram obrigados a se contentar com o trato proposto pelo gigante. E agradeceram por poderem contar com a ajuda de Glorin, pois, sabiam que se não fosse pelo amuleto emprestado por ele, o gigante jamais lhes daria ouvidos, e, a essa hora, todos já estariam mortos. Eles teriam apenas cinco dias para conseguir encontrar os pertences do monstruoso homem. Eram eles um anel de ouro, uma safira, uma ametista, um diamante e três estátuas de ouro, cada uma representando um deus diferente, Khalmyr, Tanna-toh e Lena.

Legolas, o líder do grupo, aceitou o acordo e, sem ter outra opção, teve que sair imediatamente da caverna junto com seus soldados, já que Ramassin não os queria por perto. O gigante não se importava se eles sobreviveriam ou não aos rigores do clima fora da caverna, apenas se divertia sadicamente com tudo aquilo. Antes de saírem, Kaen Blaco, já consciente graças à magia de Druidick, permitiu que novamente sua diminuta mente de meio-orc tivesse uma idéia estúpida que poderia colocar em risco a vida de todo o grupo.

Pulando para o alto, Kaen tentava alcançar algo que estava sobre a mesa congelada de Ramassin. Era uma garrafa, do tamanho de um ser humano, na qual havia algum tipo de bebida.

_ Você quer isso, seu pequeno verme? – perguntou Ramassin, sua voz estremecia o ambiente como um trovão.

_ Sim! Eu quero beber o que tem ai! – respondeu Kaen Blaco.

_ Então, tome! – Ramassin virou a garrafa sobre o meio-orc, derramando o seu conteúdo sobre ele. Kaen Blaco ficou encharcado de algo cujo gosto lembrava vinho. Era um verdadeiro banho de vinho.

Empolgado com a idéia, Legolas pediu a Ramassin que desse um pouco de seu vinho a ele também. O arqueiro abriu a sua boca, na esperança de beber o líquido que jorrava sobre ele. Também ficou todo molhado. Druidick ria da situação dos companheiros, e Ramassin derramou o restante do líquido sobre ele, calando-o.

Os corpos molhados começaram a esfriar rapidamente, e os heróis pediram a Ramassin para passarem a noite ali. Mas, o gigante os enxotou se seu covil, deixando que ficassem ao relento, debaixo de uma dura tempestade de neve. Sem alternativa, o grupo começou a pesarosa marcha rumo a Cold Valley.

A caminhada era extremamente difícil. O cansaço tomava conta dos aventureiros cada vez mais à medida que o tempo passava. Seus ferimentos os incomodavam e os lembravam das duras batalhas que haviam tido. O frio, agravado pela chegada da noite, era impiedoso. Não tardou para que Kaen Blaco caísse inconsciente devido ao frio. Ele, Legolas e Druidick eram os que mais sofriam. Seus corpos molhados pareciam ser rasgados pelo vento e pela neve que os atingia. Aos poucos a resistência e a coragem dos heróis foi sendo vencida pelo poder do frio. Seus corpos já não mais suportavam o frio, e suas mentes já duvidavam do sucesso daquela missão. Já estavam quase se entregando, quando Trevor se lembrou das palavras de Seelan: “Esses pergaminhos contêm uma magia de altíssimo nível, que poderá salvar a vida de vocês quando estiverem nas Uivantes! Quando você sentir necessidade, use-os sem hesitar! Esses pergaminhos têm o poder de criar um abrigo mágico para proteger você e seus amigos dos rigores das Uivantes! Guarde-os muito bem, pois eles poderão ser a salvação de todos vocês!”.

Sem hesitar, Trevor pediu para que todos parassem e buscou pelos pergaminhos em sua mochila. Começou a recitar as palavras mágicas que ativavam o encantamento, tal qual Seelan o havia ensinado. O concluir a conjuração nada aconteceu. Todos olharam para Trevor, interrogando-o com seus olhares desesperados. Nada havia acontecido, o que significava que o mago havia feito algo de errado e provavelmente desperdiçado o precioso pergaminho. Mas, então subitamente o chão estremeceu e o ronco da terra ecoou pela imensidão branca. O tremor continuou, cada vez mais forte, e a terra começou a rachar. Várias fendas começaram a se abrir na neve, revelando o solo rochoso que existia por baixo. Pedras, terra, antigas raízes de plantas já mortas, pedaços de madeira congelados, começaram a emergir do solo e a se emaranhar magicamente. Pouco a pouco começaram a surgir paredes feitas de pedra e madeira, porta, janelas e um telhado, até que finalmente o chão parou de tremer e uma cabana se formou diante dos heróis. Seelan tinha razão, estavam salvos. Aquela cabana poderia protegê-los do frio da madrugada e da tempestade de neve que não cessava.

Temeroso, Trevor girou a maçaneta formada por pequenas pedras unidas por mágica e abriu a porta de madeira. Todos entraram, e encontraram oito camas feitas de raízes, com colchões feitos de palha e terra para que pudessem descansar. Havia também uma mesa de pedra, rodeada por banquinhos de madeira e uma lareira com vários pedaços de madeira velha esperando para serem acesos. Duas janelas ocupavam as laterais da casa, e um armário de pedra aguardava para ser preenchido com os pertences dos viajantes.

Os heróis fecharam a porta, deixando o terrível frio do lado de fora, e acenderam a lareira. Colocaram Kaen Blaco diante do fogo, para se aquecer, e Druidick usou sua magia para tentar curá-lo. Eldon ajudou, dando a ele a última poção de resistência ao frio que tinham e em pouco tempo o meio-orc recobrou a consciência. Os aventureiros tiraram suas armaduras e roupas molhadas, colocando-as para secar diante da lareira, guardaram seus equipamentos no armário e foram se deitar.

Mas, quando todos estavam relaxados, um movimento estranho dentro da casa tirou a tranqüilidade dos heróis. Algo se movia ali dentro. Eles não viam o que era, mas perceberam que algo estava errado quando a porta foi trancada sozinha. Perceberam passos de alguma criatura que se deslocava dentro do abrigo.Um inimigo invisível.

Rapidamente todos se levantaram e se prepararam para o combate. Mas, a criatura estranhamente não os atacava. Permanecia apenas parada, como uma serpente pronta para dar o bote. Sem hesitar, Legolas disparou uma flecha na criatura. O projétil errou o alvo, e foi cravar-se numa das janelas da casa. Para surpresa de todos, o monstro invisível não contra-atacou como esperava. Em vez disso, retirou a flecha da janela e a colocou cuidadosamente sobre a mesa.

Ainda desconfiados, os heróis se deslocaram, cercando o estranho ser. Ele, por sua vez, também se movimentou, parecendo acompanhar os passos de Trevor. Foi então que Legolas teve uma idéia.

_ Trevor, dê alguma ordem para essa criatura! Mande que ela abra a porta, por exemplo! – disse o arqueiro.

O mago seguiu a instrução do sargento, e a criatura obedeceu cegamente à ordem dada por ele.

_ Entendi, como foi o Trevor quem conjurou a magia que criou a casa, a criatura deve estar sob o comando dele! Parabéns Trevor, agora você tem um servo invisível para servi-lo! Não temos mais com o que nos preocupar, isso deve ser obra do Seelan! Fechem a porta e vamos dormir! – ordenou o sargento, sorrindo aliviado. E todos dormiram sem maiores preocupações. Todos exceto Eldon, que manteve sua adaga embaixo do travesseiro, pro caso de uma emergência.