abril 29, 2010

Capítulo 361 – O segundo embate



_ Teletransporte! – constatou Anix. – Agora não temos como encontrá-lo.
_ Depois a gente acaba com aquele cara – disse Legolas. – Agora vamos explorar esses sarcófagos.
Rapidamente, os heróis se espalharam pelo corredor, abrindo cada uma das tumbas estranhamente adornadas com entalhes de pessoas com características reptilianas. Em duas três, foram surpreendidos por armadilhas, preparadas eras atrás para dar cabo de saqueadores. Os alvos desta vez, entretanto, conseguiram escapar de cada cilada com apenas alguns arranhões. Chamas envolveram Legolas, relâmpagos e setas envenenadas atingiram Orion, mas nada disso foi capaz de detê-los. Numa das tumbas, além de pó e restos apodrecidos dos seguidores de Ashardalon, Legolas encontrou uma varinha e um anel mágicos, há muito esquecidos em um pequeno baú cheio de ouro. Usando os pergaminhos que restavam do roubo que fizera na loja de seus pais, Squall, já de volta à sua aparência normal de elfo, conseguiu identificar a função de cada item. A varinha continha o mesmo poder usado por Anix para ferir os espectros ainda há pouco, mísseis mágicos. Já o anel, dourado e com a cabeça de um carneiro habilmente cunhada em sua superfície, era capaz de, sob a vontade de seu dono, fazer surgir um aríete mágico que golpeava com sua própria força qualquer porta (ou outra coisa) ordenada por seu dono. Legolas deixou a varinha com Squall, dividiu o ouro entre os amigos e guardou o anel para si.
No fundo da câmara, perto do sarcófago de Aoket, Nailo encontrou uma passagem secreta que levava a uma pequena câmara oculta que abrigava um valioso tesouro. Uma pérola negra do tamanho de um punho repousava sobre um pedestal de pedra. Precavido, Nailo decidiu não invadir a saleta, temendo haver ali alguma armadilha ainda mais poderosa que as anteriores. O guardião começou então uma lenta procura por qualquer sinal de perigo. Foi quando o grupo de Luskan finalmente chegou à cripta.
_ Hei, Luskan! – chamou Nailo, autoritário. – Porque não vieram nos ajudar? Por acaso não viram a criatura que estava aqui?
_ Não, não vi! – rebateu o humano sem se intimidar. – Mas gostaria de ter visto se vocês tivessem permitido. Ficaram todos empaçocando a entrada do corredor ao invés de se espalharem e darem espaço para os que vinham atrás. Até parecem amadores.
_ Acho que talvez você não quisesse realmente ver a múmia que estava aqui – disse Nailo, deixando Luskan um tanto espantado. – Ela era poderosa e quase no matou. Tomem cuidado com suas ações, pois não tenho como ficar protegendo-os. E tentam ajudar mais ao invés de ficar apenas olhando. Tome, isso é a parte de vocês no tesouro – Nailo entregou as moedas que recebera de Legolas ao guerreiro.
_ Não, obrigado! Já que nós não ajudamos, não receberemos nada. Além disso, lembre-se do trato que fizemos agora há pouco.
_ Bem, considere isso um presente meu ao invés de um pagamento. E não aceitarei um não como resposta.
Sem ter como recusar, Luskan agradeceu ao elfo e guardou as moedas em sua bolsa.
_ Bem, vamos deixar de enrolação e vamos avançar logo! – reclamou Legolas, toda aquela demora o irritava. Cada minuto perdido era um minuto mais distante de sua amada...e de seu odiado inimigo.
_ Sim, vamos logo! Vamos terminar de explorar este lugar – disse Nailo. – Não quero deixar nenhum buraco para trás sem ter me certificado de que não há algum inimigo pronto para nos atacar pelas costas. Além disso, a múmia pode estar em algum destes sarcófagos, escondida.
_ Isso é fácil descobrir – disse Kátia. A clériga orou a Keen e, com a mão estendida diante de si, sentiu a presença de um poderoso morto vivo além da tampa de uma das tumbas. – Ele está aqui! – sussurrou ela.
Todos se prepararam diante da tumba. Orion a abriu com violência, apontando a lâmina flamejante para o interior. Mas não havia nada além de mais um cadáver imóvel e coberto de tesouros. O morto vestia uma armadura feita de tiras de metal costuradas sobre couro enrijecido. Também usava um par de braceletes de ouro adornados com diamantes e trazia em seu cinto apodrecido uma bainha cravejada de pedras preciosas diversas.
_ Que armadura incrível! Quero ela para mim! – disse Legolas. Mas a cobiça tomou a todos naquele momento e, influenciados pelo mal existente na torre, os amigos começaram a discutir.
Irritado e sem a armadura que tanto desejava, Legolas deu as costas para os amigos e seguiu em frente. Usou sua bolsa mágica para fazer surgir um urso negro e sua frente e com o animal ao seu lado, abriu a porta que levava adiante. Este foi seu erro, pois Aoket o aguardava além da porta.
Com uma aura sobrenatural a múmia conseguiu paralisar os músculos de Legolas ao mesmo tempo em que desferia uma rajada de golpes no animal também paralisado. Por sorte, Squall, que seguira Legolas em segredo, viu o que acontecia e alertou seus amigos.
Todos correram para enfrentar novamente o inimigo de além túmulo, enquanto Aoket espancava Legolas e o urso. Dominado pela fúria, Squall acionou seu anel mágico novamente. Desta vez, porém, a transformação ocorreu com mais força e Squall tornou-se um dragão ainda maior e mais poderoso do que antes. Seu rugido ecoou pelos corredores, fazendo com que todos estremecessem assustados. Até mesmo Mexkialroy, sempre orgulhoso, hesitou por um instante ao ver o enorme dragão vermelho que voava sobre sua cabeça.
Squall saltou por cima de Legolas e caiu atrás da múmia, exatamente sobre uma armadilha, um alçapão oculto. Porém, o tamanho gigantesco de Squall impediu que ele despencasse na escuridão abaixo, como ocorrera com Orion. Squall se ergueu do buraco, golpeando Aoket com suas enormes garras (agora capazes de agarrar a múmia como a um boneco). A múmia revidava cada golpe, canalizando sua energia negativa para tentar, em vão, paralisar o dragão.
Anix usou a magia do cajado que ganhara de Coração de Gelo para, assim como seu irmão, transformar-se em um dragão vermelho, ainda que menor. O novo dragão invadiu o corredor onde o combate se desenrolava cuspindo fogo sobre o adversário. Mas, como antes, a múmia escapou ilesa das chamas.
Lucano chegou em seguida, irradiando energia positiva para enfraquecer a múmia. Com isso, Legolas conseguiu libertar-se do encanto paralisante e começou a dispara suas flechas contra o inimigo. As setas perfuravam a criatura mais rápido do que ela podia se defender.
Nailo apareceu na porta, mas antes que pudesse atacar o inimigo, foi vítima de sua aura mágica e ficou imóvel e indefeso. Mex saltou sobre o elfo imóvel, cuspindo relâmpagos no inimigo. Depois pousou ao lado dele, arranhando e mordendo. Anix pousou no outro flanco da múmia, também usando presas e garras como armas. Assim, cercado por três dragões e um arqueiro de pontaria infalível e com um clérigo usando o poder de Glórienn para enfraquecê-lo (além dos outros adversários que já se aproximavam para tomar parte na batalha), Aoket se viu forçado a novamente abandonar o combate.
_ Já é o bastante. Vi o suficiente do poder de vocês! Voltaremos a nos encontrar – disse a múmia. E antes que alguém pudesse tentar impedi-lo, Aoket desapareceu, teletransportando-se para longe dali.

abril 28, 2010

Desenferrujando...

Finalmente uma postagem nova. Quase um ano sem postar nada, estou com os dedos enferrujados. Muito trabalho ocupando espaço na minha mente (enchendo meu saquinho, na verdade) e meu escasso tempo. Mas agora consegui botar no papel...digo...Word, mais algumas linhas.
Bom, aqui no Crônicas a coisa tá super atrasada. Os heróis ainda estão no 2º nível da torre, mas atualmente os personagens já venceram os 5 níveis dela e já exploraram quase todo o andar das catacumbas, reencontraram velhos amigos e muitos tesouros, e já derrotaram um dos traidores. Mais algumas sessões de jogo e eles finalmente terão o embate final contra Zulil (e reencontrarão Teztal).
Bem, é isso. Pretendo retomar as postagens e manter uma periodicidade daqui pra frente, espero conseguir. Pretendo também fotografar as sessões e postar as fotos aqui, como faz o Tio Nitro no Nitro Dungeon.
Durante este hiato, pensei em gravar as sessões de jogo e transformá-las em podcast, mas como editar isso é um saco e como achei as gravações muito massantes, resolvi deixar quieto. Mas a idéia de fazer um podcast é boa e um desejo já antigo, quem sabe mais pra frente não rola algo? Vamos ver. Por enquanto vamos acompanhando em doses homeopáticas as aventuras em prosa mesmo.

Capítulo 360 – Faixas e punhos




Orion foi o primeiro a entrar, temeroso, de espada erguida. Mal seus pés tocaram o piso empoeirado da câmara profana e as sombras se moveram para atacá-lo. Três aparições incorpóreas, compostas apenas de energia necromântica, emergiram de dentro dos sarcófagos, lançando seus braços disformes sobre o corpo do guerreiro. Orion cambaleou sem deixar de avançar, sentindo suas forças roubadas pelas criaturas. Sua espada golpeou a esmo as sombras, sem ferir suas essências espectrais.

Flechas congeladas passaram zunindo em auxílio ao humano, perfurando o contorno enegrecido de uma das criaturas, sem, no entanto, feri-las. Legolas lançou-se dentro do corredor fúnebre, seguido por Squall, transformado em dragão, e por Mexkialroy. Os dragões cuspiram rajadas de fogo e eletricidade sobre os espectros, e foram também ineficazes. Mas, Anix chegou logo em seguida, voando por cima de todos e despejando poder mágico sobre os inimigos. Projéteis de pura energia serpenteavam no ar antes de atingir os espíritos malignos e causar-lhes o sofrimento que há séculos já não conheciam. Lucano veio em seguida, ostentando o símbolo sagrado de sua deusa, afugentando e enfraquecendo as criaturas. E Nailo juntou-se a ele, retalhando as sombras flutuantes que fugiam, como se cortasse algum tecido fino e frágil. Por fim, Luskan e seus companheiros se enfileiravam no corredor anexo, esperando uma oportunidade de invadirem a cripta e mostrarem suas habilidades. A vitória já era dada como certa, quando um novo inimigo tomou parte no combate.

O sarcófago metálico na extremidade da cripta se abriu subitamente. De dentro dele saltou um criatura humanóide cujo corpo era todo coberto, envolto em faixas de algodão empoeiradas e apodrecidas. Em seus antebraços brilhava um par de braceletes de ouro maciço e em sua cabeça um elmo de ouro e ébano adornado com a cabeça de um chacal de olhos de rubi chamava a atenção dos heróis. Um par de pequenas foices envoltas por uma aura mágica decorava a faixa que servia de cinto para a criatura.

_ Uma múmia! – alertou Anix, pressentindo o perigo.

Sem hesitar, Legolas disparou uma saraivada de flechas. A múmia pôs uma de suas pernas à frente, ficando de lado para o grupo, numa postura que combinava características defensivas e ofensivas. Com ágeis movimentos, suas mãos desviaram os projéteis disparados pelo arqueiro, quebrando-os a cada golpe.

_ Profanadores! Como ousam violar o templo sagrado de Ashardalon! Sentirão minha fúria, sentirão o peso dos punhos de Aoket! – bradou o inimigo, avançando velozmente até Orion e desferindo uma rajada de socos no corpo do guerreiro. Orion cambaleou para trás, sem fôlego e atordoado pelo poder do inimigo. Sentiu seu corpo formigar de maneira estranha e desejou instintivamente que o pingente mágico que tomara da bruxa de Blastoise o ajudasse a escapar dos efeitos nocivos do ataque.

Squall saltou sobre o humano, vomitando suas chamas sobre a múmia, que saltitava habilmente, evitando o calor do fogo. Legolas disparou novamente seu arco, e outra vez suas flechas foram rebatidas pelas mãos do inimigo.

_ Vamos queimar esta coisa! – gritou Nailo e, erguendo suas espadas gêmeas num rompante, fez surgir uma coluna de chamas ao redor do inimigo.

Anix usou seus poderes para criar uma muralha de fogo entre a múmia e seus amigos, protegendo-os. E Lucano e Sua espada lançaram suas bolas de fogo além da barreira para incendiar o inimigo. Mas a múmia era ágil e astuta, e evitou com facilidade ser ferida pelos ataques dos elfos.

Squall tomou a frente do grupo, colocando-se entre o inimigo e os amigos. Usou sua mágica e fez com que várias cópias de si mesmo surgissem no campo de batalha para confundir o inimigo. Diante da barreira chamejante, Squall desafiou o inimigo, na esperança de que ele avançasse contra o fogo e se auto-destruísse, como acontecera com um dos ex-soldados de Anix. Mas, a múmia apenas sorriu, como se a provocação do feiticeiro não passasse de brincadeira de criança.

_ Se o fogo e as flechas não estão funcionando, vamos ver como você se sai contra o gelo! – bradou Legolas. O arqueiro puxou a corda de seu arco, pronunciando as palavras mágicas e disparou um ciclone congelante sobre o inimigo. E novamente a múmia usou de acrobacias intricadas para escapar do ataque.

O gelo de Legolas abrira um buraco na muralha de fogo de Anix, e a múmia aproveitou a passagem para chegar até uma das cópias de Squall e golpeá-la com seus punhos. A imagem falsa se desfez no ar, para frustração da múmia. Então, com o inimigo agora cara a cara, Legolas tornou a lançar suas flechas e apenas a primeira delas foi desviada pelo oponente, todas as outras penetraram profundamente no peito da múmia.

Nailo e Orion cercaram a múmia e suas lâminas abriram profundos cortes na sua carne apodrecida. O verdadeiro Squall pousou na retaguarda do inimigo e o atacou com suas garras de forma violenta. Anix, desistindo das magias explosivas e poderosas, disparou seus projéteis mágicos que nunca erravam o alvo. E Lucano irradiou a energia mística de sua deusa na direção do inimigo, queimando-o por dentro.

Assim, o inimigo finalmente cedeu aos ataques dos heróis e, temendo uma derrota, decidiu recuar.

_ Malditos profanadores! Voltaremos a nos encontrar! E então vocês terão o que merecem! – e ao lançar suas ameaças, a múmia fez com que os olhos de rubi do chacal em seu elmo brilhassem como brasas. A múmia desapareceu subitamente, deixando os heróis vitoriosos sozinhos em sua cripta.