abril 28, 2010

Capítulo 360 – Faixas e punhos




Orion foi o primeiro a entrar, temeroso, de espada erguida. Mal seus pés tocaram o piso empoeirado da câmara profana e as sombras se moveram para atacá-lo. Três aparições incorpóreas, compostas apenas de energia necromântica, emergiram de dentro dos sarcófagos, lançando seus braços disformes sobre o corpo do guerreiro. Orion cambaleou sem deixar de avançar, sentindo suas forças roubadas pelas criaturas. Sua espada golpeou a esmo as sombras, sem ferir suas essências espectrais.

Flechas congeladas passaram zunindo em auxílio ao humano, perfurando o contorno enegrecido de uma das criaturas, sem, no entanto, feri-las. Legolas lançou-se dentro do corredor fúnebre, seguido por Squall, transformado em dragão, e por Mexkialroy. Os dragões cuspiram rajadas de fogo e eletricidade sobre os espectros, e foram também ineficazes. Mas, Anix chegou logo em seguida, voando por cima de todos e despejando poder mágico sobre os inimigos. Projéteis de pura energia serpenteavam no ar antes de atingir os espíritos malignos e causar-lhes o sofrimento que há séculos já não conheciam. Lucano veio em seguida, ostentando o símbolo sagrado de sua deusa, afugentando e enfraquecendo as criaturas. E Nailo juntou-se a ele, retalhando as sombras flutuantes que fugiam, como se cortasse algum tecido fino e frágil. Por fim, Luskan e seus companheiros se enfileiravam no corredor anexo, esperando uma oportunidade de invadirem a cripta e mostrarem suas habilidades. A vitória já era dada como certa, quando um novo inimigo tomou parte no combate.

O sarcófago metálico na extremidade da cripta se abriu subitamente. De dentro dele saltou um criatura humanóide cujo corpo era todo coberto, envolto em faixas de algodão empoeiradas e apodrecidas. Em seus antebraços brilhava um par de braceletes de ouro maciço e em sua cabeça um elmo de ouro e ébano adornado com a cabeça de um chacal de olhos de rubi chamava a atenção dos heróis. Um par de pequenas foices envoltas por uma aura mágica decorava a faixa que servia de cinto para a criatura.

_ Uma múmia! – alertou Anix, pressentindo o perigo.

Sem hesitar, Legolas disparou uma saraivada de flechas. A múmia pôs uma de suas pernas à frente, ficando de lado para o grupo, numa postura que combinava características defensivas e ofensivas. Com ágeis movimentos, suas mãos desviaram os projéteis disparados pelo arqueiro, quebrando-os a cada golpe.

_ Profanadores! Como ousam violar o templo sagrado de Ashardalon! Sentirão minha fúria, sentirão o peso dos punhos de Aoket! – bradou o inimigo, avançando velozmente até Orion e desferindo uma rajada de socos no corpo do guerreiro. Orion cambaleou para trás, sem fôlego e atordoado pelo poder do inimigo. Sentiu seu corpo formigar de maneira estranha e desejou instintivamente que o pingente mágico que tomara da bruxa de Blastoise o ajudasse a escapar dos efeitos nocivos do ataque.

Squall saltou sobre o humano, vomitando suas chamas sobre a múmia, que saltitava habilmente, evitando o calor do fogo. Legolas disparou novamente seu arco, e outra vez suas flechas foram rebatidas pelas mãos do inimigo.

_ Vamos queimar esta coisa! – gritou Nailo e, erguendo suas espadas gêmeas num rompante, fez surgir uma coluna de chamas ao redor do inimigo.

Anix usou seus poderes para criar uma muralha de fogo entre a múmia e seus amigos, protegendo-os. E Lucano e Sua espada lançaram suas bolas de fogo além da barreira para incendiar o inimigo. Mas a múmia era ágil e astuta, e evitou com facilidade ser ferida pelos ataques dos elfos.

Squall tomou a frente do grupo, colocando-se entre o inimigo e os amigos. Usou sua mágica e fez com que várias cópias de si mesmo surgissem no campo de batalha para confundir o inimigo. Diante da barreira chamejante, Squall desafiou o inimigo, na esperança de que ele avançasse contra o fogo e se auto-destruísse, como acontecera com um dos ex-soldados de Anix. Mas, a múmia apenas sorriu, como se a provocação do feiticeiro não passasse de brincadeira de criança.

_ Se o fogo e as flechas não estão funcionando, vamos ver como você se sai contra o gelo! – bradou Legolas. O arqueiro puxou a corda de seu arco, pronunciando as palavras mágicas e disparou um ciclone congelante sobre o inimigo. E novamente a múmia usou de acrobacias intricadas para escapar do ataque.

O gelo de Legolas abrira um buraco na muralha de fogo de Anix, e a múmia aproveitou a passagem para chegar até uma das cópias de Squall e golpeá-la com seus punhos. A imagem falsa se desfez no ar, para frustração da múmia. Então, com o inimigo agora cara a cara, Legolas tornou a lançar suas flechas e apenas a primeira delas foi desviada pelo oponente, todas as outras penetraram profundamente no peito da múmia.

Nailo e Orion cercaram a múmia e suas lâminas abriram profundos cortes na sua carne apodrecida. O verdadeiro Squall pousou na retaguarda do inimigo e o atacou com suas garras de forma violenta. Anix, desistindo das magias explosivas e poderosas, disparou seus projéteis mágicos que nunca erravam o alvo. E Lucano irradiou a energia mística de sua deusa na direção do inimigo, queimando-o por dentro.

Assim, o inimigo finalmente cedeu aos ataques dos heróis e, temendo uma derrota, decidiu recuar.

_ Malditos profanadores! Voltaremos a nos encontrar! E então vocês terão o que merecem! – e ao lançar suas ameaças, a múmia fez com que os olhos de rubi do chacal em seu elmo brilhassem como brasas. A múmia desapareceu subitamente, deixando os heróis vitoriosos sozinhos em sua cripta.


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