novembro 18, 2008

3º Encontro de RPG de Araraquara



TERCEIRO ENCONTRO DE RPG DE ARARAQUARA CONFIRMADO


“A história se tornou lenda, a lenda se tornou mito, e o que não deveria ter sido esquecido, perdeu-se no tempo”




Muito se disse sobre o 3º ERPGA. Alguns disseram que os organizadores haviam sido seqüestrados e abduzidos (sim, ouvimos essa). Outros disseram que o evento ocorreria de 4 em 4 anos (copa do mundo de rpg). Chegamos até a ouvir que o ERPGA jamais ocorreria novamente. Mas estavam todos enganados. Cá estamos, e com força total. Dias 13 e 14 de dezembro teremos o maior evento de rpg do interior, e você não pode ficar fora dessa de jeito nenhum. Portanto, prepare seu kit do aventureiro feliz e venha se divertir conosco no Sesc Araraquara.


Veja abaixo nossas atrações:


Sábado (13/12/08) – das 12:00h às 18:00h


- 12:00h

- Abertura do evento
- Medieval Live Battle (batalha campal) - até as 18:00h
- Mesas livres de RPG – até as 18:00h
- Mesas livres de Magic e torneios paralelos – até as 18:00h
- Workshops (Mangá e RPG) – até as 18:00h

13:00h
- Palestra – até as 14:00
14:00h
- Arena D&D – até as 16:30h
- Workshop de Munchkin

- Live Action - Trevas
15:00h
- Palestra – até as 16:00
16:00h
- Campeonato de Munchkin– até 17:00
18:00h

- Encerramento 1º dia

Domingo (14/12/08) – das 12:00h às 18:00h


12:00h

- Abertura do evento
- Medieval Live Battle (batalha campal) - até as 18:00h

- Mesas livres de RPG – até as 18:00h

13:00h
- Palestra – até as 14:00
- Campeonato sancionado de Magic – até 16:00h
- Campeonato sancionado de Pokemon – até 16:00h
14:00h
- Desafio Aralan – até as 17:00h
15:00h
- Palestra – vídeo conferência – até as 16:00h
16:00h
- Campeonato de Cosplay– até 18:00h
17:00h
- Mesa redonda, discussão sobre o RPG, experiências na mesa de jogo e o evento com participação dos convidados e alguns mestres da organização– até 18:00h
17:30h
- Sorteio de brindes
18:00h
- Encerramento do evento


Entrada Franca

Local: Sesc Araraquara – Rua Castro Alves, 1315 – Próximo ao DER


novembro 13, 2008

Campanha Pop

Alguns já devem ter percebido o quão pop essa campanha é. Vira e mexe eu, como mestre, invento uma maneira de usar uma cena, uma fala ou um conceito do universo pop, especialmente do final dos anos 80 e início dos 90. Não é raro encontrar por aqui frases clássicas de filmes famosos, especialmente os campeões de reprise na Sessão da Tarde da Globo, quando ela ainda era assistível.
Alguns exemplos:
- a frase de Glorin quando sai de dentro do Verme do Gelo "achei que fedia assim só por for", veio de Star Wars V, O império Contra Ataca, quando Han Solo abre a barriga da sua montaria para aquecer o corpo de Luke no planeta Hoth.
- A cena do tiranossauro, no último capítulo, que veio de Jurassic Park III, igualzinha à do filme.
- Uma frase que não entrou no diário, quando Lisandra serve raízes para o grupo e Nailo pergunta se é bom, ela responde: "Pode se sobreviver disso, mas o gosto é de doer". Essa veio de Crocodilo Dundee I.
- O nome do último capítulo é nome de um episódio do desenho Street Fighter II Victory. E há muitos outros nomes de capítulos com inspiração semelhante.
E muitas outras referências que fizeram e fazem minha alegria até hoje. Tentem agora encontrar as outras, isso pode ser divertido.


Ah, nesse fim de semana não tem jogo. Estarei em Ribeirão Preto no Encontro de lá. Então, só semana que vem.

Capítulo 329 – Na trilha das feras


_ Esperem! Tenho uma idéia! – exclamou Anix. – Vou tentar ganhar algum tempo para nós! – então o mago agarrou a vassoura mágica e alçou vôo, indo além da densa barreira formada pelas copas das árvores, atravessando-as com dificuldade.

Lá no alto, dezenas de metros acima do solo, Anix olhava atentamente para o horizonte, com o sol às suas costas, quando ouviu o ruído de galhos se agitando e gritos agudos vindo do meio da vegetação. Subitamente, um bando de répteis alados surgiu do meio da folhagem, batendo suas enormes asas membranosas e mastigando o ar furiosamente com seus bicos córneos repletos de dentes afiados. Os lagartos alados, ou pterossauros como chamariam os mais eruditos, avançaram contra o indefeso Anix. Era um bando numeroso que se avolumava cada vez mais. Vinham de várias direções, cercando o elfo e impedindo-o de se livrar da ameaça com uma simples magia de área.

Anix embicou a vassoura voadora para baixo e atravessou as copas das árvores em grande velocidade, arrebentando diversos galhos com seu corpo e enchendo-o de escoriações. Toda a ação durou não mais que um instante. Mas foi um momento de desespero e incerteza para Anix. Ele, que sempre fora um mago orgulhoso de suas capacidades, chegou a sentir medo e pensar que não escaparia vivo, mesmo com todos os poderes que possuía. Anix retornou ao chão, arfando de desespero.

_ Ufa! Escapei por pouco. É impossível ir pelo ar. Basta alguma coisa subir acima das árvores para aqueles dinossauros voadores atacarem em bando. Teremos que ir pelo chão, do modo mais difícil mesmo – disse o mago.

_ E o que você foi fazer lá em cima? Por acaso planejava carregar todos nós na sua vassoura? – perguntou Legolas.

_ Não, eu queria tentar avistar os morros para onde estamos indo. Se eu os visse, poderia teletransportar todos para bem perto deles e poupar tempo e fôlego para todos nós – respondeu Anix.

_ E você achou os morros? – era Lucano.

_ Não. Essa floresta cobre tudo, e lá de cima só dá para ver os topos das árvores mesmo – disse o mago.

_ E não dá para nos transportar mesmo assim? Calculando a distância pelo mapa de Tork? – perguntou Squall.

_ Não. O mapa de Tork é impreciso. As distâncias são calculadas em dias e não conhecemos o terreno que vamos percorrer. Se for um terreno difícil, gastaremos mais tempo que o que estamos acostumados e com isso eu poderia errar muito a distância para nos transportar – explicou o mago.

_ Então teremos que confiar nas suas habilidades mesmo, Nailo. Vá na frente! – disse Legolas.

Assim, Nailo conduziu seus amigos pela terra selvagem de Galrasia. Mesmo sem nunca ter estado naquele local, o elfo era capaz de escolher os caminhos mais fáceis, evitando perigos naturais e mais atrasos para seu grupo. O primeiro dia de viagem transcorreu de forma tranqüila. Graças aos conhecimentos de Nailo, os heróis puderam se alimentar normalmente e conseguiram evitar encontros com vários monstros que eventualmente cruzaram seu caminho. Passaram sua primeira noite em Galrasia ocultos entre as raízes de uma sequóia gigante, protegidos dos perigos que espreitavam em cada canto da floresta.

A manhã do 18º dia de Lunaluz chegou ensolarada e quente. Nailo colheu algumas frutas silvestres e todos tiveram um desjejum saboroso. Duas horas após o nascer do sol o grupo retomou a pesarosa caminhada no calor nauseante de Galrasia. O terreno se abria à frente deles, mais amplo e livre de impedimentos, num colossal gramado verdejante entre as árvores. Os aventureiros conseguiram acelerar o passo e ganhar grande quantidade de tempo.

O sol já se aproximava do centro do céu quando finalmente avistaram os rochedos mencionados por Tork, elevando-se do solo e competindo com as árvores por espaço. Caminharam por pouco mais de uma hora até estarem bem próximos dos morros de pedra e então viraram para o sul, para o interior da ilha.

Andaram por quase uma hora num gramado gigante, com capim da altura das suas cinturas. As árvores eram mais espaçadas umas das outras, mas, mesmo assim suas copas avançavam sobre o gramado cobrindo-o, deixando apenas poucos vãos abertos por onde o sol podia penetrar e ser sentido em toda sua plenitude.

Num determinado ponto, os heróis precisaram contornar uma enorme rocha que se interpunha no caminho. Nailo ia à frente, agora distraído procurando em seus pergaminhos por uma magia que lhe permitisse detectar a presença de animais à distância e com isso evitar muitos perigos. E, justamente por estar distraído, buscando um meio de evitar o perigo, foi que o perigo o surpreendeu quando ele menos esperava.

Nailo afastou a grama que se elevava além de sua cabeça, enquanto abria um pergaminho, e assustou-se ao ver uma enorme carcaça de dinossauro jazendo diante de seus olhos.

Instintivamente, Nailo sacou suas espadas e o ruído provocado pelo atrito contra as bainhas, chamou a atenção daquele que devorava a carcaça. Uma cabeçorra de réptil ergueu-se atrás do cadáver, com a mandíbula coberta de sangue e dentes. A criatura rugiu e se ergueu, avançando sobre o cadáver em direção aos heróis. Era um dinossauro bípede de pernas fortes e pequeninos braços que terminavam em duas garras inúteis. Era um tiranossauro.

Ao ouvir o rugido, Squall imediatamente ativou seu anel mágico com sua mente e transformou-se em dragão. Ao seu lado, Nailo foi atacado pela poderosa mandíbula do tiranossauro, após tentar em vão persuadi-lo a não atacá-los. Legolas disparou seu arco, lançando duas flechas com um só movimento contra a cabeça do dinossauro. A fera soltou Nailo e ergueu-se em fúria, encarando o arqueiro. Nailo aproveitou a chance e invocou o poder da natureza, tornando-se invisível aos olhos do inimigo.

Squall, agora um dragão vermelho, saltou sobre o outro réptil, atacando-o com suas presas. Deu uma mordida poderosa no pescoço do tiranossauro, ao mesmo tempo em que suas garras rasgavam seus flancos e suas asas se fechavam sobre sua cabeça, golpeando-a com violência. O tiranossauro cambaleou para trás e, antes que pudesse se refazer do ataque, Squall se virou, girando ao redor de si mesmo e golpeando com sua cauda a cabeça do. O tiranossauro escorregou do alto da carcaça e seus pés monstruosos voltaram a tocar o chão de maneira desajeitada antes de ele contra-atacar.

Lucano lançou um feitiço sobre Orion, fazendo-o dobrar de tamanho. O guerreiro escalou a rocha da qual o grupo se desviava para ganhar uma posição vantajosa para combater. Nesse momento, Anix já voava a vários metros do solo, iniciando a conjuração de uma poderosa magia.

Então o dinossauro lançou sua enorme boca sobre o pescoço dracônico de Squall, antes que todos pudessem reagir. A fera cravou seus dentes em sua presa e a ergueu do chão. Squall se debatia em agonia, sentindo seu sangue quente escorrer farto por todo o seu corpo. Legolas disparava mais e mais flechas no monstro e Lucano o atacava com rajadas de fogo mágico até que conseguiram fazê-lo soltar seu companheiro. Squall caiu no chão e se afastou do tiranossauro, abrindo espaço para Nailo se aproximar.

Nailo golpeou com suas espadas e com toda sua força. Foram seis golpes, tão rápidos que pareciam apenas um para olhos mais desatentos. Seus braços se abriram num movimento cruzado e dois enormes talhos se abriram no ventre do dinossauro. O mostro curvou seu corpo de dor e os braços de Nailo se fecharam, abrindo um xis rubro no pescoço da fera. O monstro caiu para frente. O ranger se esquivou para o lado e outro golpe de direita abriu o pescoço do réptil que caia. Um último golpe num movimento ascendente com a espada da mão esquerda arrancou a cabeça do tiranossauro e a arremessou, rodopiando, contra as árvores distantes.

_ Estão todos bem? – perguntou Nailo e, ao ver que estavam: - Vamos continuar! - E o grupo seguiu sua jornada.

novembro 12, 2008

Sopro Gelado Revisado e Turbinado e Ampliado

Dei uma geral naquele arco. Como foi o primeiro item a ser criado, era de se esperar que precisasse de uma revisãozinha. Ele tinha ficado com um nível de poder ligeiramente abaixo dos demais itens que eu criei para a campanha, então consertei isso nesse fim de semana. Eis a versão definitiva de Sorpo Gelado, o arco mágico de Legolas, agora com todos os seus poderes revelados ao arqueiro pelo seu fabricante Coração de Gelo.

Coração de Gelo (arco)


Coração de Gelo, o portador do frio absoluto, na verdade não é o nome deste arco, mas sim de seu criador, um dragão branco ancião. Coração de gelo vive aos pés das Montanhas Uivantes, em uma caverna escondida e desconhecida da maioria das pessoas. Este dragão tem um temperamento mais gentil e calmo do que o de outros de sua espécie, talvez pelos longos séculos de vida que possui e que teriam amolecido seu coração gelado, talvez pela influência de Belugha, a rainha dos dragões brancos, que protege as uivantes e seus habitantes.

Coração de Gelo é um colecionador de tesouros como todos os outros dragões e seu tesouro favorito são as armas mágicas, muitas delas fabricadas por ele próprio. Seu tesouro fica oculto em uma câmara secreta de seu covil que apenas ele conhece.

Coração de Gelo é Leal e Neutro, e costuma ficar em seu território, sem interferir com os que vivem ao redor dele. Mas não se engane, apesar de parecer calmo e bondoso, basta ser desafiado para que ele mostre toda a crueldade que um dragão pode possuir e acabe com seus inimigos.

Coração de Gelo costuma algumas vezes fazer amizade com outros tipos de criatura inteligentes, como elfos, humanos ou anões, apenas por mera curiosidade para conhecer seus costumes. Entretanto, aquele que consegue cativar a lealdade e a amizade deste dragão, as terá para sempre (se não fizer nada que o irrite muito, é claro).

Entre outros tesouros, Coração de gelo construiu o arco abaixo, que ele costuma chamar carinhosamente de Sopro Gelado (Saphla Giareba).

O arco Sopro Gelado é um arco longo composto reforçado que permite aproveitar até +5 pontos do bônus de força do usuário em seu dano. Também possui as seguintes propriedades mágicas:


+1 de bônus de melhoria.

18.000 PO

explosão congelante - +1d6 de dano de frio nos ataques normais, +2d10 em caso de decisivo (além do 1d6 normal). Palavra de comando: Kamthiaria (congele) (ação padrão).

+2 de bônus de melhoria na força (quando ativado)

4.000 PO

fornece ao usuário +4 de bônus nos testes de resistência de Fortitude contra o calor e fogo (apenas quando ativo). 4.000

4.000 PO

Fornece ao usuário Resistência 30 contra fogo (apenas quando ativo).

54.000 PO

Pode disparar sem munição. Ao acionar a palavra de comando (ação livre) Chrishe (flecha), o arco se torna capaz de disparar raios congelados em formato de flechas. As flechas funcionam como a magia Raio de Gelo, mas causam dano de 1d8 de frio, têm alcance limitado pelo arco e não pela magia, são consideradas raios (exigem jogada de toque à distância), não somam bônus de Força do usuário ou +1d6 da habilidade congelante, mas ainda continuam somando 2d10 a mais de dano em caso de sucesso decisivo. Sem limite diário.

6.000 PO

Pode lançar a magia Nevasca (NC 5, 12m raio, 6m altura, alcance 180m, Ação Padrão, sem limite diário), gastando uma ação padrão, quantas vezes por dia desejar. O usuário deve pronunciar a palavra de comando e disparar uma flecha que explodirá numa nevasca ao atingir o alvo (esta flecha não causa dano). Palavra de comando: Miaquexke (Nevasca).

27.000 PO

Pode lançar 3x por dia a magia Cone Glacial (NC 15, 15d6 dano, cone 18m, REF CD 17 - ½ dano, Ação Padrão, 3x/dia), gastando uma ação padrão. O usuário deve puxar a corda pronunciando a palavra de comando para disparar o cone como se fosse uma flecha. Palavra de comando: Leusa Thiareba (Raio Gelado).

135.000 PO

Emite um brilho frio que fornece iluminação como uma tocha ao ser ativado (Kamthiaria).

-

Evocação (Forte); NC 15; Criar armas e armaduras mágicas; Esfriar Metal (ou Tempestade Glacial); Nevasca; Cone Glacial; Resistência a Elementos; Raio de Gelo; Força do Touro; Preço de mercado 152.000 PO; Custo de criação 76.000 PO + 6.080 XP.


novembro 11, 2008

Capítulo 328 – Troglodita anão


Caminharam por cerca de dez minutos, seguindo uma trilha rústica e praticamente invisível que apenas Nailo conseguia perceber com seus olhos treinados de caçador, quando chegaram a uma caverna. Era uma gruta pequena, encravada em morros baixos ocultos entre as árvores. Havia plantas comestíveis cultivadas ao redor da caverna, bem como ervas medicinais e algumas flores. Sob muitos aspectos, aquele lugar lembrava a morada da ninfa Enola e, não fosse pela distância a que estavam de Tollon e pelo fato de Enola estar morta, Anix teria esperanças de encontrar sua amada esposa lá dentro.

_ Entrem! – disse Lisandra, despertando os heróis de seus próprios devaneios. – Estão com fome? Vou servir alguma coisa para vocês.

O grupo entrou na caverna seguindo a prestativa garota. Lá havia apenas uma mesa primitiva, feita com um pedaço de casca de árvore e alguns troncos encontrados na floresta, bancos de toras irregulares e cheios de musgo, algumas pedras nos cantos das paredes que serviam de prateleiras e dois colchões de palha encostados num canto no fundo da gruta.

_ Bom, não tenho bancos para todos se sentarem, mas fiquem à vontade apesar disso. Eu já volto – Lisandra foi para o fundo, até uma das camas e começou a vestir uma roupa velha e rasgada que lá havia. – Já vou servir alguma coisa para vocês comerem. Só vou vestir minha roupa, antes que o Tork chegue e me veja assim. Ou então ele ficará bravo comigo.

_ Quem é esse Tork? É seu pai? – perguntou Nailo.

_ Não! Não tenho pai nem mãe, mas o Tork me criou desde pequena como sua filha – respondeu Lisandra.

_ E como ele é? – perguntou Anix.

_ Ele é pequenininho, e verde! E é muito bom comigo! – sorriu a garota.

_ Verde? Garota, não tem outras pessoas como você por aqui? Aliás, você já encontrou alguém como nós antes? – perguntou Lucano.

_ Não tem ninguém assim por aqui não, só eu. Vocês são as primeiras pessoas que eu vejo, mas sei quem são. Tork me falou de vocês e vejo pelas suas orelhas que são elfos! – disse a menina, orgulhosa de seus conhecimentos.

_ Nem todos são elfos aqui. Orion não é um de nós! – falou Legolas com seriedade. Lisandra olhou as orelhas do guerreiro e percebeu o engano.

_ E o que o Tork falou sobre os elfos? – indagou Squall.

_ Bem, ele disse que os elfos são...que os elfos são...como era mesmo? – começou a garota.

_ Cheios de frescura! – o grito veio da entrada da caverna. Era uma voz grave e rouca, e tinha uma fala desleixada e cheia de escárnio. O grito foi seguido de um estranho e asqueroso som, um ronco único e curto de uma garganta sendo limpa antes de uma possível escarrada. – Hunc!

Todos os olhares se voltaram para fora, onde uma figura diminuta caminhava lentamente. Era um humanóide pequeno como um anão, de pele verde coberta de escamas e de um óleo fedorento. Tinha focinho alongado, uma crista de chifres e pele sobre a cabeça que descia até a nuca e afiados dentes em sua mandíbula, lembrando vagamente a cabeça de um dragão. Mas não era um dragão. Era um tipo de criatura que os heróis conheciam bem e que odiavam com todas as suas forças, pois fora uma tribo desses mesmos monstros que no passado causara a primeira morte de Sam. Era um troglodita. Mas não um troglodita qualquer. Sua estatura era pequena, até para os padrões de sua espécie e, embora não soubessem e dificilmente pudesse deduzir, era um combatente exemplar, muito mais competente que qualquer membro de sua espécie. Trazia em uma das mãos uma foice um tanto exótica, com cabo de madeira e lâmina feita da pinça de um enorme crustáceo, uma lagosta provavelmente. E seu corpo tinha manchas de sangue já lavado, revelando que tinha travado um combate recentemente, provavelmente para se alimentar de algo mais que as raízes, frutas e sementes que Lisandra servia.

_ Tork! – gritou Lisandra, entusiasmada.

_ Tork? Esse ai é o Tork? – espantaram-se todos.

_ Sim! Sou eu mesmo! E vocês quem são? E o que tão fazendo aqui na minha casa, com a minha filhota? Tão achando que isso aqui é casa da sogra, é? Qual é, maluco? Podem começar a desembuchar logo! Hunc! – respondeu Tork.

Então os heróis narraram sua tragédia e explicaram sua necessidade a Tork. O troglodita ouvia atentamente cada palavra, enquanto banqueteava-se com as raízes servidas pela jovem Lisandra. Ao final, os aventureiros encerraram sua história com um pedido.

_ E precisamos chegar a esse lugar. É uma torre negra, em ruínas, escondida no fundo de um desfiladeiro. Você o conhece?

_ Bom, tem mais de uma torre por essas bandas. Essa ilha é infestada de ruínas assim. Hunc! Fica difícil eu lembrar se já vi a torre que vocês estão falando – disse Tork.

_ Ela é mais ou menos assim! – disse Squall, apanhando pena e papiro e desenhando a última visão que tinham tido antes de Zulil desaparecer através do portal mágico.

_ Ah sim! Agora me lembro! Hunc! Já passei nesse lugar, e ele é do mal! Quase virei picadinho ali. Por pouco o dragão não me comeu! – falou Tork, dando uma gargalhada.

_ Dragão? Que tipo de dragão? – perguntou Anix.

_ Ah, um dragão preto! E grande pra ca...- Tork olhou de lado, constatando que Lisandra estava distante e distraída preparando novos petiscos. Então continuou. – Era um dragão grande pra cacete, e todinho preto.

_ Nós já matamos um desses! – disse Legolas com escárnio.

_ Irado! Ae maluco, parece que vocês são bem fortes então! Isso é bom. Senão não teriam qualquer chance por aqui. – disse o troglodita.

_ Tork, pode nos levar até esse lugar? – pediu Squall.

_ Tá maluco? Ô da orelha, eu não volto naquele lugar mas nem fud.. – Tork viu Lisandra se aproximando e engoliu as palavras. – Não volto lá nem ferrando! Aquele lugar é muito sinistro. Hunc! E eu não vou arriscar meu traseiro por lá novamente. Tenho minha filhota pra cuidar e não ficar me metendo nessas enrascadas – respondeu o pequenino.

_ Mas precisamos de sua ajuda! – exclamou Anix.

_ Sim, Tork! Tem que ajudá-los. Eles precisam. Além disso, são boas pessoas, são amigos da Deusa! – pediu Lisandra.

_ Ae, ô da orelha! Eu vou ajudar sim. Mas não volto pra lá nem a pau. Seguinte, vou fazer um mapa aqui e daí vocês se viram. Beleza? Hunc! – disse o troglodita.

_ Está certo! Se fizer um mapa e nos explicar como chegar lá, já seremos muito gratos a você! – disse Nailo.

Tork apanhou um pedaço de papel a pena de Squall, e começou a rabiscar. Os visitantes o olhavam cheios de curiosidade e espanto, tanto pelo mapa que começava a surgir, quanto pelas habilidades de alguém que pertencia a uma raça que para eles era pouco mais que um bando de feras selvagens.

_ Tork! Como você aprendeu a falar o idioma comum? Isso é estranho, você é o primeiro troglodita que vemos que consegue, não só falar, mas também escrever e desenhar – perguntou Anix.

_ É que eu sou esperto, hehe! Tá, sem zoeira! Hunc! Eu fui criado num farol cheio de humanos lá no continente. O povo da minha tribo me expulsou quando eu nasci, por causa do meu tamanho. Parece que eu era um mau agouro, ou alguma coisa assim. Hunc! Parece que eles acreditavam que eu seria a ruína da tribo. Ai os humanos me acharam bacaninha e me levaram pro farol! Hunc! – respondeu Tork, entre um rabisco e outro, entre uma fungada e outra.

_ E como você veio parar nesse fim de mundo? – perguntou Squall.

_ Bom, ai é uma longa história. Hunc! – o troglodita ficou pensativo por alguns instantes antes de continuar. – Mas, o farol foi atacado por uns elfos do mar e depois eu vim para cá. Um deles, um filho da p... – Tork viu que Lisandra prestava atenção e se conteve. – Um bastardo chamado Deenar tentou acabar comigo. Mas eu levei a melhor e arranquei a mão do maldito. Hoje ela serve de arma pra mim. Hunc! – Tork apontou para sua foice enquanto falava. – Depois que a coisa acabou no farol, eu me mandei pra cá. Hunc! E um belo dia encontrei minha filhota andando por ai, perdida e agindo feito um animal selvagem. Ela era novinha naquela época. Ai eu resolvi criar ela, e o resto é história. Hunc!

_ E você não voltou mais para o continente depois disso? – era Orion.

_ Uma ou outra vez. Hunc! Só quando a garganta seca e dá vontade de tomar uma cerva, sabe cume? – riu Tork.

_ E você já encontrou outras pessoas além de nós por aqui? – era Anix.

_ Sim! Sempre tem algum maluco que vem pra cá pra caçar tesouros. Hunc! Mas até hoje não vi nenhum retornar com vida.

_ Falando nisso, você disse que existem outras torres na ilha? Onde? – era Squall.

_ Ah, elas estão espalhadas por todos os lugares! Alguns dizem que tem tesouros nelas, mas parece que só se encontra morte por lá. Hunc! Uma delas com certeza só tem isso. É a Torre da Morte. Fica no meio da ilha e ninguém vai até lá. E os malucos que se arriscam a ir, nunca mais voltam. Hunc! Além disso, tem as pedras.

_ Pedras? Que pedras? – perguntou Nailo.

_ Ah, vocês vão topar com algumas pelo caminho. Hunc! Uma enorme pedra no centro e outras menores em volta dela. Hunc! Um mago uma vez me disse o nome disso. Como era mesmo? Menu...mani..minu..meni...Isso! Menir! Esse é o nome! Hunc!

_ E o que esse menires fazem? – indagou Anix.

_ Sei lá! O mago chamava esses lugares de, como era mesmo? Fazenda, não! Sítio! Isso Sítio daquele negócio que os magos chamam a magia. Hunc!

_ Divina? – sugeriu Lucano.

_ Não! Hunc!

_ Arcana? – disse Nailo.

_ Isso! Sítios Arcanos! Era esse o nome! O mago chamava as pedras de Sítios Arcanos. Acho que elas devem ter algum tipo de poder mágico. Hunc! E deve ser do mal também.

_ E o que é aquele porto que nós vimos lá na praia, Tork? Tinha navios por lá, mas parecia estar tudo deserto. – disse Nailo.

_ Vixe, maluco! Aquilo lá sim é que é sinistro. É um lugar do mal. Ta assim de morto-vivo por lá. Hunc! Tudo pirata falecido, mas que morreram e esqueceram de deitar! Não passem por lá, porque naquele lugar o bicho pega. Hunc! – e, após uma breve pausa, o troglodita deu um grito. – Pronto! Terminei a por...a porcaria do mapa!

Todos se reuniram em volta do troglodita para olhar o mapa e ouvir suas explicações.

_ Bom, botem essas orelhas pontudas pra funcionar. Hunc! A gente ta aqui nesse xis! Pra lá é a praia. Vocês vão pra cá, pro...como era mesmo? Ah, sim, pro leste. Hunc! Vão viajar pro leste. Um dia e meio mais ou menos. Hunc! Então vão encontrar uns morros de pedra. Ai vocês vão virar pro sul, pra dentro da ilha e vão viajar por uns dois dias e pouco. Hunc! Então vão encontrar um abismo. Tomem cuidado aqui.

_ Cuidado com o que? – perguntou Squall.

_ Cuidado pra não cair, seu orelhudo. Elfos...hunc! Vão acompanhando o penhasco para o leste, até o final dele. Mais um dia de viagem, eu acho. Então, virem para o sul de novo. Hunc! Viajem mais um dia e meio e vão chegar nas terras das caçadoras!

_ Caçadoras? Quem são elas? – perguntou Anix.

_ Dragoas caçadoras! São uma tribo chata pra dedéu. Hunc! Devem ser parentes de algum dinossauro, mas elas se chamam de dragoas e se acham mais fortes que todo mundo. Vocês já devem ter ouvido falar da Divina Serpente, não é mesmo? – disse Tork.

_ Eu já ouvi! Uma serpente de fogo. Algumas pessoas dizem que ela é uma deusa e alguns até a consideram uma deusa maior, uma das vinte divindades do Panteão. – respondeu Lucano.

_ Pois é! Pras dragoas ela é uma deusa. Mas eu digo, aquilo parece mais é o capeta. Hunc! Não sei o que é, mas sei que aquele troço mora na ilha. Aquela montanha gigante que vocês devem ter visto da praia, aquilo é um vulcão. E é o covil dessa serpente. Hunc! Quando passarem pelas terras das caçadoras, tomem cuidado. Elas não são flor que se cheire. Hunc! Lá vocês estarão bem perto do vulcão, e também da Torre da Morte. Então vê se não morrem. Hunc!

_ Não se preocupe! Nós temos como nos proteger! – zombou Anix, simulando alguns gestos arcanos.

_ É, sei. O mago dos menires também falava isso. Hunc! Mas nunca voltou pra contar história. Bom, continuando. Hunc! Depois de um dia, um dia e meio, virem pro leste e um pouco pro sul. Vão viajar mais um dia e pouco. Hunc! A floresta vai ficar mais aberta nesse ponto, e vocês vão saber que estarão no caminho certo. Depois de um dia, um dia e meio, vocês vão ver o abismo e a torre que procuram. Hunc! Entenderam?

_ Sim, Tork. E agradecemos pela ajuda. Agora temos que ir. Não podemos perder tempo. Adeus e obrigado por tudo. – disse Anix.

_ Adeus! E boa sorte pra vocês. Vão precisar muito, he he he. Hunc! – despediu-se Tork.

_ Adeus amigos! E que a Deusa os acompanhe! – despediu-se Lisandra.

_ Adeus e obrigado pela ajuda! - despediram-se os heróis.

_ E eu prometo que voltaremos aqui para lhes trazer notícias nossas quando completarmos nossa missão. – disse Nailo.

_ Pro seu bem, eu torço pra que sim. Hunc!

Assim os aventureiros separaram-se de seus novos amigos. Tork e Lisandra, como se sabe, viveriam suas próprias aventuras que mudariam o destino de Arton e eles ainda se reencontrariam outras vezes para alegria de todos.

novembro 07, 2008

Holy Avenger

Bem, se há alguém que lê isso aqui e que não conhece personagens como Lisandra, Tork, Petra e Tarso, que já deram as caras na história e que fica encanado quando deixo no ar que esses personagens são importantes e terão papel decisivo no mundo, mas estranham por eu nunca postar que papel importante é esse, então tá na hora de corre à banca mais próxima ou à internet e encomendar a revista Holy Avenger.

Pra quem não sabe (e se alguém aqui não souber, faça o favor de voltar para o planeta Terra) Holy Avenger é a história mais famosa do mundo de Arton, que envolve grandes personagens do cenário, como Lisandra, Tork, Niele, Petra, Tarso, Vectorius, etc, etc.
Foi publicada mensalmente durante anos (40 edições, mais vários especiais), desenhada pela brilhante Erica Awano e escrita pelo autor do cenário, o tio palada, Marcelo Cassaro.

Se você acha que Lisandra é um npc criado por mim, tá mais do que na hora de correr atrás das revistas e se informar um pouco. Garanto que será divertido.

Capítulo 327 – A jovem da selva


_ Estão feridos? Vou curá-los! Que o poder de Glórienn feche esses ferimentos! – disse Lucano lançando magias de cura em seus amigos. E, enquanto o fazia, percebeu e comprovou algo que já suspeitava. – Finalmente percebo o que acontece aqui! – disse ele, entusiasmado.

_ Do que está falando, Lucano? – perguntou Squall.

_ Lembram quando eu disse que o calor dessa ilha não era normal, como se houvesse algo mágico por aqui? Pois é, descobri do que se trata. Esta ilha está impregnada de energia positiva, uma energia muito semelhante à que eu uso para espantar e ferir os mortos-vivos – respondeu o clérigo.

_ E como você descobriu isso? – perguntou Orion.

_ Quando eu bebi aquela poção mágica, percebi que ela era muito mais forte do que deveria ser. E agora, ao curá-los, percebi que minhas magias de cura têm muito mais energia do que o normal. Vejam, bastaram uma ou duas magias para que quase todas as suas feridas se fechassem – explicou Lucano.

_ Isso é bom! Parece que estamos com um pouco de sorte afinal! – exclamou Anix.

_ Sim, sem dúvida isso vai nos ajudar muito – concordou Lucano.

_ É, mas não nos ajudará a sair desse lugar! Temos que recuperar nosso barco para continuarmos! – disse Legolas em tom sério.

Rapidamente o grupo se espalhou pelo rio à procura da embarcação que afundara. Nadavam submersos, respirando graças ao poder do colar mágico recebido do Deus do Mar. Minutos depois, Nailo e Anix conseguiram localizar a embarcação no fundo do rio, atolada na lama. Não foi difícil localizar os remos também, pois a água era calma naquele trecho e não muito escura. Porém, todos os suprimentos dados pelo capitão Engaris estavam molhados e perdidos. Somente parte das rações de viagem, que estavam protegidas dentro das mochilas dos heróis, ainda estavam em condições de uso. Precisavam se apressar, pois logo ficariam sem comida, quando então precisariam sobreviver daquilo que Galrasia estivesse disposta a lhes oferecer como alimento. Orion ergueu a canoa com grande dificuldade das profundezas do riacho e minutos depois ela estava outra vez pronta para navegar. Os heróis voltaram a embarcar, botaram os remos na água e prosseguiram a viagem.

O sol já brilhava além do meio do céu, escondido entre a densa folhagem, quando o rio tornou-se ruidoso e veloz. O grupo avançava com cada vez mais dificuldade, tentando vencer a correnteza que se tornava mais e mais forte. O barulho da água correndo se elevava até encobrir todos os outros sons e então os heróis finalmente puderam avistar uma cascata espumante que despencava dezenas de metros e terminava sobre o leito em que se encontravam. Daquele ponto não poderiam mais prosseguir com o barco, teriam que descer e seguir a pé, escalar a encosta rochosa, carregando o barco, e então retornar ao rio, ou desistir de seguir por ele. Legolas pediu a Anix que usasse sua mágica para transportar o grupo para o alto da cachoeira, mas isso não seria capaz de levar o barco para o alto. Enquanto debatiam em busca de uma solução para o obstáculo que a natureza lhes impunha, avançavam lentamente, sem notar que eram observados.

Pois havia alguém na margem leste do rio que os observava, com olhos verdes e atentos. Mas o grupo só percebeu a figura intrigante quando já estava bem próximo a ela. E nesse ponto, se fosse uma criatura hostil, seria tarde demais para evitar seu ataque. Por sorte, ou capricho dos deuses, era alguém amigável.

_ Olhem só! É uma garota! – exclamou Legolas, apontando para a margem.

_ Ela pode nos dar informações! Vou me teletransportar atrás dela e agarrá-la, antes que fuja! – sugeriu Anix.

_ Não! – disse Nailo. – Isso só vai assustá-la. Vamos tentar falar com ela antes – e voltando-se para a garota, Nailo falou no idioma da floresta. – Olá, moça! Não tenha medo! Não vamos machucá-la. Precisamos de ajuda!

A humana os observava, calada. Era jovem e muito bela. Aparentava menos de vinte primaveras, tinha olhos como esmeraldas e cabelos dourados que pendiam lisos e desgrenhado até a altura dos olhos. E tinha um belo corpo, jovem e não totalmente formado de que chegava à idade adulta, e estava totalmente desnuda. Sua intimidade era escondida apenas por um balde que carregava à frente do corpo, cheio de água do rio.

_ Acho que ele não entendeu. Como ela vai nos ajudar se não nos entende. Vou tentar falar em outra língua. – resmungou Nailo para seus amigos. Então, a jovem finalmente saiu de seu transe.

_ Quem são vocês? – perguntou ela. E falava a língua do reinado.

_ Fala nossa língua? Que bom! Precisamos de ajuda. Somos viajantes e estamos procurando uma pessoa – disse Nailo.

_ Falo sim. Tork me ensinou as palavras! Estão procurando alguém? Devem estar procurando os Thera, certo? – disse a menina.

_ Thera? O que é isso? – perguntou Anix.

_ Ora, são os habitantes da ilha. É o nome do povo que mora aqui – disse Nailo, fingindo saber o que falava. Anix acreditou.

_ Sim, isso mesmo! – falou a garota.

_ Qual o seu nome, menina? – perguntou Anix.

_ Lisandra! – respondeu ela.

_ Bem, Lisandra, muito prazer. Eu sou Anix e esses são Legolas, Nailo, Lucano, Orion, Squall, Cloud, Nailo e Relâmpago. Viemos do mar, de muito longe, à procura de uma pessoa. E, se você puder nos ajudar será ótimo, mas, antes eu gostaria de pedir outra coisa – continuou o mago.

_ O que?

_ Seu corpo está descoberto. Por que você está andando assim. Olhe para nós. Temos esses panos que nos cobrem e são chamados de roupas. Você tem algo assim?

_ Sim, tenho. Conheço roupas, Tork me manda usar sempre. Mas hoje estava muito calor, então eu tirei – Lisandra sorria inocentemente.

_ Ah, mas isso é constrangedor. Você não sente vergonha de ficar assim?

_ Constra o quê? Não sei o que é isso, mas não sinto nada não.

_ Bem, isso agora não importa. Podemos ir até ai para conversarmos melhor? – perguntou Lucano.

_ Sim! – respondeu a menina. Os heróis manobraram o bote e remaram em direção à margem. Enquanto se aproximavam, Lisandra os observava com curiosidade. Ao notar a presença do lobo de Nailo, ela falou:

_ Que bonito! Ele é seu irmão?

_ Quem? Ah, o Relâmpago? Não, é só meu amigo, mas ele é como um irmão para mim! – respondeu o ranger.

_ Eu também tenho um irmão. Vou chamar ele. Irmão! Venha! – gritou Lisandra, correndo para trás de um grande arbusto. Segundos depois estava de volta, na companhia de um enorme lobo selvagem. – Esse é o meu irmão! – disse ela, sorrindo.

O grupo desembarcou, atento ao desconfiado animal que protegia a garota. Ainda receosos, à exceção de Nailo, continuaram a conversa.

_ Você vive sozinha aqui? – perguntou Lucano.

_ Não, vivo com o Tork. E com o irmão. E tem também todos os outros bichos – respondeu Lisandra.

_ E você já tinha visto alguém do mar, como a gente, por aqui? – era Anix.

_ Não, mas o Tork me falou das terras além do mar. Mas ele não gosta muito de falar disso. Ele diz que é perigoso lá, que existem pessoas más. Vocês não são maus, são? – disse a menina.

_ Não, não somos – disse Orion. – E quem é esse tal Tork que você fala tanto?

_ Ele que cuida de mim. Ele me criou e...nossa, você está machucado! – disse a garota, vendo os ferimentos no rosto de Orion. – Vou curar você! – de dizendo isso, a jovem segurou o rosto do guerreiro beijou delicadamente sua boca. Orion sentiu um calor percorrendo seu corpo e suas feridas se fecharam instantaneamente.

_ Como você fez isso? – espantou-se Anix.

_ Ela deve ser uma druida! – sussurrou Nailo no ouvido do amigo.

_ Ah, a Deusa que me ensinou. É magia! – sorriu Lisandra.

_ Deusa? Que deusa? – perguntou Squall.

_ Como que Deusa? Allihanna, oras!

_ Você já viu Allihanna? – perguntou Lucano?

_ Sim, eu sempre converso com ela. Ela me ensinou muitas coisas.

_ Pois saiba que nós também já a vimos. Eu, inclusive, a vi duas vezes. E já conversamos com outros deuses também! – falou Nailo, orgulhoso.

_ Que bom. Se são amigos da Deusa, então são boas pessoas! – concluiu Lisandra, com um sorriso.

_ Ah, chega de enrolação! Não temos tempo para perder! Você vai nos ajudar ou não? – ralhou Legolas.

_ Sim, mas o que vocês precisam? Querem encontrar os Thera? – perguntou Lisandra.

_ Bem, sim. Na verdade... – Nailo começou a explicar, mas foi interrompido.

_ Ah, pare com isso, Nailo! Deixe que eu explique! – Legolas tomou a frente e contou a Lisandra tudo que havia lhes acontecido. Falou da morte de suas amadas, da traição de Zulil, da morte do amigo Sam, das almas aprisionadas e da torre negra que tinham visto através do portal. Lisandra se emocionou com a triste história e por fim, enxugando as lágrimas, falou:

_ Venham comigo!

_ Para onde? – perguntaram os heróis.

_ Para minha casa! Vou ajudar vocês! Vou levar todos até o Tork. Ele poderá ajudá-los!

Os heróis tiraram o bote da água e o esconderam perto da margem. Pegaram suas coisas e partiram novamente, acompanhando a jovem druida Lisandra. Não sabiam quem ela era, nem o importante papel que aquela inocente jovem teria na história de Arton. Sequer desconfiavam do destino que estava reservado para a garota e seu guardião Tork. Sem saber o que o futuro reservava para si, ou para aquela menina, os heróis seguiram-na, na esperança de obter a ajuda de que tanto necessitavam.

novembro 06, 2008

Capítulo 326 – Monstruosos habitantes – os lagartos-tovão!


Após a breve pausa, o grupo pos o bote sobre o riacho e nele embarcaram. Nailo começou a empurrar a canoa rio acima lentamente, quase todo submerso. O colar do Grande Oceano surgiu em seu peito e guelras se formaram em Nailo, permitindo que ele continuasse a respirar mesmo nos trechos mais profundos do rio. Os demais iam atentos sobre o barco, de armas em punho, todas preparadas e com seus poderes mágicos acionados. Orion, inclusive, se desfez da bainha de sua espada, pois, temia, não haveria tempo para embainhar sua arma novamente. Os animais, Relâmpago e Cloud, estavam inquietos, como se aquela situação os incomodasse. Navegaram vários minutos rio acima, quando Legolas fez um sinal para que parassem e permanecessem quietos.

_ O que aconteceu, Legolas? – sussurrou Nailo. Legolas apenas apontou para frente, num gesto sutil, onde a água, outrora calma, se agitava em forma de ondas circulares. Um segundo depois, uma sombra desceu sobre a água vinda de trás das árvores. Era a cabeça de uma gigantesca criatura, tinha algo em torno de cinco metros de comprimento, e estava ligada a um pescoço alongado a aparentemente infinito. Era como uma serpente tão grande quando as árvores colossais de Galrasia.

Todos estavam perplexos diante daquela criatura e sequer respiravam. Mas, antes que pudessem tomar qualquer atitude, fosse atacar, fugir ou se esconder, o gigantesco monstro virou sua cabeça titânica na direção do barco e os viu. Legolas puxou Nailo para dentro do bote e os demais já agarravam os remos para metê-los na água e bater em retirada rio abaixo. Mas Nailo falou:

_ Esperem! Por maior e mais assustadora que essa criatura seja, talvez ela seja obra de Allihanna. E se assim for, talvez eu possa me comunicar com ela e garantir passagem segura para nós - O elfo avançou até a proa da pequena embarcação, seus lhos fitando os olhos da criatura. Então, com o coração tranqüilo ele falou. – Nós viemos em paz e queremos apenas passar. Não lhe faremos mal­ – os demais ouviam apenas estranhos grunhidos saindo da boca do ranger. Mas, por mais estranho que aqueles sons lhes parecessem, eles foram respondidos.

_ Você amigo? Não predador? – respondeu a criatura com sons semelhantes aos que Nailo emitira e que apenas ele era capaz de compreender.

_ Sim, amigos! Não somos predadores! Precisamos de ajuda! Poderia nos carregar através da floresta?Prometemos ajudar você no que precisar – respondeu Nailo.

_ Ajudar? Matar chupa-sangue? Tirar eles das costas? – perguntou a criatura.

_ Sim, nós tiraremos os chupadores de sangue das suas costas! – disse Nailo.

_ Então eu ajudar! Subir! – e dizendo isso, o monstro baixou sua cabeça até a água e por trás das árvores surgiu o restante de seu gigantesco corpo. E era o corpo de um animal quadrúpede, com patas robustas como as de um elefante, mas muito maiores. E seu corpo era recoberto de grandes escamas, como as de um réptil. E todos souberam imediatamente do que estavam diante. Era um dinossauro. E era um herbívoro, como Nailo pode deduzir através do formato e tamanho dos dentes, logo, estavam seguros perto daquele animal.

Os heróis começaram a remar a canoa em direção ao animal, quando outro de menor tamanho surgiu de trás da vegetação. Era um belo filhote, tão grande e pesado quanto um elefante adulto, de olhos ligeiros e curiosos, grandes e redondos como maçãs. Parou à beira da água, olhando para os aventureiros e grunhiu espantado.

_ Predador! – perguntou o pequeno.

_ Não! Não predador! – respondeu Nailo.

_ Predador! Predador! – insistiu o dinossauro. Nailo preparava-se para responder quando o filhote soltou um grunhido mais alto e assustador. – Predador! – gritava ele.

_ Predador! – repetiu o mais velho, e os dois monstros se atiraram na água em pânico e atravessaram o rio às pressas.

_ Nós não somos predadores! Onde está o predador? – gritou Nailo pouco antes de o bote virar com o agitar da água e ser arremessado na água junto com seus amigos. Então a resposta que pedira surgiu, na forma de um gigantesco lagarto bípede. Tinha pés largos e chatos, que terminavam em grandes garras, maiores que um homem. Cada pisada sua fazia a terra tremer e retumbar como um tambor, como um trovão. Fortes mãos dotadas de garras afiadas tentavam alcançar e agarrar a cauda dos dinossauros que fugiam. O monstro saltou na água, agitando-a ainda mais, e rugindo furiosamente. Seu focinho era longo como uma casa e suas mandíbulas eram como grandes cercas cheias de presas pontiagudas. Em sua cabeça, dois olhos ferinos lançaram um olhar de ódio e selvageria para os heróis no rio assim que a caça inicial escapou além da margem. E uma crista de pele e escamas se erguia de suas costas, sustentada por espinhos ósseos maiores que lanças e aberta como uma vela de navio. O predador era outro dinossauro, um caçador voraz e faminto, um gigantesco carnívoro que acabara de encontrar um grupo de alvos fáceis lutando para não se afogar. E sem perder tempo, a fera atacou.

O imenso lagarto de pés de trovão avançou, sua bocarra aberta e rugindo. O temor tomou conta de todos ante aquele urro bestial, mas mesmo assim Legolas foi capaz de disparar seu arco duas vezes contra o inimigo, antes de seu corpo afundar na água turva.

O monstro fechou a bocarra, esmigalhando as flechas de Legolas. Avançou sobre ele e o agarrou com seus enormes dentes rasgando o ventre do elfo. A criatura ergueu o arqueiro que se debatia desesperadamente. Nailo aproveitou a chance e nadou até a margem, levando Relâmpago consigo. Quando o logo estava em solo firme e em segurança, Nailo agarrou suas espadas gêmeas e correu de volta para o rio, onde Lucano lançava bênçãos sobre Orion, tornando-o tão grande quanto um ogro para que pudesse lutar com maior facilidade.

Agora, tendo a água apenas na altura de sua cintura, Orion ergueu sua espada de fogo e desceu sua lâmina contra o corpo da fera. Um arco rubro de sangue se formou no ar, acompanhando o deslocamento da arma que voltou a beber outras duas vezes o sangue quente do monstro.

A besta rugiu, sem soltar Legolas, e seu rugido era ainda mais alto e assustador. Chegava a ser sobrenatural. Anix e Squall não resistiram ao temor que aquele som provocava e se afastaram dele, assustados. Enquanto Squall subiu na margem e se refugiou atrás das árvores, Anix desceu o rio, agarrado à sua vassoura voadora e alcançou o barco a tempo de vê-lo afundando no leito turbulento.

Aproveitando a distração do inimigo, Legolas conseguiu mover os braços, ainda que com dificuldade, e puxou a corda do arco pronunciando um comando mágico. Uma violenta explosão de gelo e neve se formou dentro da bocarra fétida, congelando-a e arrancando outro urro assustador da criatura. Então, o dinossauro ergueu sua cabeça e abriu a boca, engolindo Legolas por inteiro.

Orion avançou até a criatura, golpeando-o novamente enquanto Lucano despejava proteção divina sobre o guerreiro. O sangue jorrou farto, tingindo as águas, mas não havia sinal de Legolas. A fera revidou, rasgando Orion com suas poderosas garras. Mas, graças ao poder de Lucano, o humano pouco sentiu dos golpes, já que eles se fechavam rapidamente com o auxílio da energia do clérigo.

Nailo avançou, caminhando sobre o leito do rio graças ao poder mágico de suas espadas. Mas, quando estava perto o suficiente e foi desferir o primeiro golpe, uma sombra se formou ao redor dele e ele se viu cercado de dentes. Assim como Legolas, Nailo foi agarrado e erguido vários metros acima da superfície da água enquanto seu sangue brotava em abundância através da mandíbula do inimigo.

E como antes, o dinossauro abriu sua bocarra e com um movimento veloz engoliu Nailo. Suas garras desceram rápidas sobre Orion, ferindo-o ainda mais e transformando o rio em sangue. Lucano sentiu sua visão turvar-se, já que ele também sentia a dor que o humano sentia através da magia que os mantinha ligados e que canalizava a energia vital do clérigo para fechar as feridas do guerreiro. O elfo tentou recuar para a segurança e engoliu rapidamente uma poção mágica para recobrar seu vigor.

Orion continuou avançando e atacando, quando ouviu um forte estouro acima de si e viu uma esfera de chamas cercando e incinerando o crânio do dinossauro. Era Anix, que mesmo à distância, reunia forças para vencer o pavor e auxiliar seus amigos. A cabeça do monstro tombou para frente, semi-carbonizada e Orion golpeou o pescoço do monstro com sua espada. Uma, duas, três vezes e o som do osso se partindo foi ouvido. O predador cambaleou gorgolejando e seu corpo imenso caiu na água, já sem vida.

A água se agitou numa forte onda, jogando Orion para trás. O guerreiro ergueu-se em posição de ataque e esperou até que o inimigo parasse de respirar. Mas, como o ventre do animal ainda se mexia, o humano voltou a erguer sua lâmina. E parou logo em seguida.

A barriga do dinossauro explodiu em sangue. Um grande rasgo se abriu e Legolas, banhando de sangue e suco gástrico, deslizou através dele para dentro da água. Segundos depois, Nailo abriu seu próprio caminho através da carne do dinossauro, rasgando-a com suas espadas e escapando do ventre cáustico do monstro. Com o predador abatido, Anix e Squall puderam retornar e o grupo voltou a se reunir.