novembro 13, 2008

Capítulo 329 – Na trilha das feras


_ Esperem! Tenho uma idéia! – exclamou Anix. – Vou tentar ganhar algum tempo para nós! – então o mago agarrou a vassoura mágica e alçou vôo, indo além da densa barreira formada pelas copas das árvores, atravessando-as com dificuldade.

Lá no alto, dezenas de metros acima do solo, Anix olhava atentamente para o horizonte, com o sol às suas costas, quando ouviu o ruído de galhos se agitando e gritos agudos vindo do meio da vegetação. Subitamente, um bando de répteis alados surgiu do meio da folhagem, batendo suas enormes asas membranosas e mastigando o ar furiosamente com seus bicos córneos repletos de dentes afiados. Os lagartos alados, ou pterossauros como chamariam os mais eruditos, avançaram contra o indefeso Anix. Era um bando numeroso que se avolumava cada vez mais. Vinham de várias direções, cercando o elfo e impedindo-o de se livrar da ameaça com uma simples magia de área.

Anix embicou a vassoura voadora para baixo e atravessou as copas das árvores em grande velocidade, arrebentando diversos galhos com seu corpo e enchendo-o de escoriações. Toda a ação durou não mais que um instante. Mas foi um momento de desespero e incerteza para Anix. Ele, que sempre fora um mago orgulhoso de suas capacidades, chegou a sentir medo e pensar que não escaparia vivo, mesmo com todos os poderes que possuía. Anix retornou ao chão, arfando de desespero.

_ Ufa! Escapei por pouco. É impossível ir pelo ar. Basta alguma coisa subir acima das árvores para aqueles dinossauros voadores atacarem em bando. Teremos que ir pelo chão, do modo mais difícil mesmo – disse o mago.

_ E o que você foi fazer lá em cima? Por acaso planejava carregar todos nós na sua vassoura? – perguntou Legolas.

_ Não, eu queria tentar avistar os morros para onde estamos indo. Se eu os visse, poderia teletransportar todos para bem perto deles e poupar tempo e fôlego para todos nós – respondeu Anix.

_ E você achou os morros? – era Lucano.

_ Não. Essa floresta cobre tudo, e lá de cima só dá para ver os topos das árvores mesmo – disse o mago.

_ E não dá para nos transportar mesmo assim? Calculando a distância pelo mapa de Tork? – perguntou Squall.

_ Não. O mapa de Tork é impreciso. As distâncias são calculadas em dias e não conhecemos o terreno que vamos percorrer. Se for um terreno difícil, gastaremos mais tempo que o que estamos acostumados e com isso eu poderia errar muito a distância para nos transportar – explicou o mago.

_ Então teremos que confiar nas suas habilidades mesmo, Nailo. Vá na frente! – disse Legolas.

Assim, Nailo conduziu seus amigos pela terra selvagem de Galrasia. Mesmo sem nunca ter estado naquele local, o elfo era capaz de escolher os caminhos mais fáceis, evitando perigos naturais e mais atrasos para seu grupo. O primeiro dia de viagem transcorreu de forma tranqüila. Graças aos conhecimentos de Nailo, os heróis puderam se alimentar normalmente e conseguiram evitar encontros com vários monstros que eventualmente cruzaram seu caminho. Passaram sua primeira noite em Galrasia ocultos entre as raízes de uma sequóia gigante, protegidos dos perigos que espreitavam em cada canto da floresta.

A manhã do 18º dia de Lunaluz chegou ensolarada e quente. Nailo colheu algumas frutas silvestres e todos tiveram um desjejum saboroso. Duas horas após o nascer do sol o grupo retomou a pesarosa caminhada no calor nauseante de Galrasia. O terreno se abria à frente deles, mais amplo e livre de impedimentos, num colossal gramado verdejante entre as árvores. Os aventureiros conseguiram acelerar o passo e ganhar grande quantidade de tempo.

O sol já se aproximava do centro do céu quando finalmente avistaram os rochedos mencionados por Tork, elevando-se do solo e competindo com as árvores por espaço. Caminharam por pouco mais de uma hora até estarem bem próximos dos morros de pedra e então viraram para o sul, para o interior da ilha.

Andaram por quase uma hora num gramado gigante, com capim da altura das suas cinturas. As árvores eram mais espaçadas umas das outras, mas, mesmo assim suas copas avançavam sobre o gramado cobrindo-o, deixando apenas poucos vãos abertos por onde o sol podia penetrar e ser sentido em toda sua plenitude.

Num determinado ponto, os heróis precisaram contornar uma enorme rocha que se interpunha no caminho. Nailo ia à frente, agora distraído procurando em seus pergaminhos por uma magia que lhe permitisse detectar a presença de animais à distância e com isso evitar muitos perigos. E, justamente por estar distraído, buscando um meio de evitar o perigo, foi que o perigo o surpreendeu quando ele menos esperava.

Nailo afastou a grama que se elevava além de sua cabeça, enquanto abria um pergaminho, e assustou-se ao ver uma enorme carcaça de dinossauro jazendo diante de seus olhos.

Instintivamente, Nailo sacou suas espadas e o ruído provocado pelo atrito contra as bainhas, chamou a atenção daquele que devorava a carcaça. Uma cabeçorra de réptil ergueu-se atrás do cadáver, com a mandíbula coberta de sangue e dentes. A criatura rugiu e se ergueu, avançando sobre o cadáver em direção aos heróis. Era um dinossauro bípede de pernas fortes e pequeninos braços que terminavam em duas garras inúteis. Era um tiranossauro.

Ao ouvir o rugido, Squall imediatamente ativou seu anel mágico com sua mente e transformou-se em dragão. Ao seu lado, Nailo foi atacado pela poderosa mandíbula do tiranossauro, após tentar em vão persuadi-lo a não atacá-los. Legolas disparou seu arco, lançando duas flechas com um só movimento contra a cabeça do dinossauro. A fera soltou Nailo e ergueu-se em fúria, encarando o arqueiro. Nailo aproveitou a chance e invocou o poder da natureza, tornando-se invisível aos olhos do inimigo.

Squall, agora um dragão vermelho, saltou sobre o outro réptil, atacando-o com suas presas. Deu uma mordida poderosa no pescoço do tiranossauro, ao mesmo tempo em que suas garras rasgavam seus flancos e suas asas se fechavam sobre sua cabeça, golpeando-a com violência. O tiranossauro cambaleou para trás e, antes que pudesse se refazer do ataque, Squall se virou, girando ao redor de si mesmo e golpeando com sua cauda a cabeça do. O tiranossauro escorregou do alto da carcaça e seus pés monstruosos voltaram a tocar o chão de maneira desajeitada antes de ele contra-atacar.

Lucano lançou um feitiço sobre Orion, fazendo-o dobrar de tamanho. O guerreiro escalou a rocha da qual o grupo se desviava para ganhar uma posição vantajosa para combater. Nesse momento, Anix já voava a vários metros do solo, iniciando a conjuração de uma poderosa magia.

Então o dinossauro lançou sua enorme boca sobre o pescoço dracônico de Squall, antes que todos pudessem reagir. A fera cravou seus dentes em sua presa e a ergueu do chão. Squall se debatia em agonia, sentindo seu sangue quente escorrer farto por todo o seu corpo. Legolas disparava mais e mais flechas no monstro e Lucano o atacava com rajadas de fogo mágico até que conseguiram fazê-lo soltar seu companheiro. Squall caiu no chão e se afastou do tiranossauro, abrindo espaço para Nailo se aproximar.

Nailo golpeou com suas espadas e com toda sua força. Foram seis golpes, tão rápidos que pareciam apenas um para olhos mais desatentos. Seus braços se abriram num movimento cruzado e dois enormes talhos se abriram no ventre do dinossauro. O mostro curvou seu corpo de dor e os braços de Nailo se fecharam, abrindo um xis rubro no pescoço da fera. O monstro caiu para frente. O ranger se esquivou para o lado e outro golpe de direita abriu o pescoço do réptil que caia. Um último golpe num movimento ascendente com a espada da mão esquerda arrancou a cabeça do tiranossauro e a arremessou, rodopiando, contra as árvores distantes.

_ Estão todos bem? – perguntou Nailo e, ao ver que estavam: - Vamos continuar! - E o grupo seguiu sua jornada.

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