Após a breve pausa, o grupo pos o bote sobre o riacho e nele embarcaram. Nailo começou a empurrar a canoa rio acima lentamente, quase todo submerso. O colar do Grande Oceano surgiu em seu peito e guelras se formaram em Nailo, permitindo que ele continuasse a respirar mesmo nos trechos mais profundos do rio. Os demais iam atentos sobre o barco, de armas em punho, todas preparadas e com seus poderes mágicos acionados. Orion, inclusive, se desfez da bainha de sua espada, pois, temia, não haveria tempo para embainhar sua arma novamente. Os animais, Relâmpago e Cloud, estavam inquietos, como se aquela situação os incomodasse. Navegaram vários minutos rio acima, quando Legolas fez um sinal para que parassem e permanecessem quietos.
_ O que aconteceu, Legolas? – sussurrou Nailo. Legolas apenas apontou para frente, num gesto sutil, onde a água, outrora calma, se agitava em forma de ondas circulares. Um segundo depois, uma sombra desceu sobre a água vinda de trás das árvores. Era a cabeça de uma gigantesca criatura, tinha algo em torno de cinco metros de comprimento, e estava ligada a um pescoço alongado a aparentemente infinito. Era como uma serpente tão grande quando as árvores colossais de Galrasia.
Todos estavam perplexos diante daquela criatura e sequer respiravam. Mas, antes que pudessem tomar qualquer atitude, fosse atacar, fugir ou se esconder, o gigantesco monstro virou sua cabeça titânica na direção do barco e os viu. Legolas puxou Nailo para dentro do bote e os demais já agarravam os remos para metê-los na água e bater em retirada rio abaixo. Mas Nailo falou:
_ Esperem! Por maior e mais assustadora que essa criatura seja, talvez ela seja obra de Allihanna. E se assim for, talvez eu possa me comunicar com ela e garantir passagem segura para nós - O elfo avançou até a proa da pequena embarcação, seus lhos fitando os olhos da criatura. Então, com o coração tranqüilo ele falou. – Nós viemos em paz e queremos apenas passar. Não lhe faremos mal – os demais ouviam apenas estranhos grunhidos saindo da boca do ranger. Mas, por mais estranho que aqueles sons lhes parecessem, eles foram respondidos.
_ Você amigo? Não predador? – respondeu a criatura com sons semelhantes aos que Nailo emitira e que apenas ele era capaz de compreender.
_ Sim, amigos! Não somos predadores! Precisamos de ajuda! Poderia nos carregar através da floresta?Prometemos ajudar você no que precisar – respondeu Nailo.
_ Ajudar? Matar chupa-sangue? Tirar eles das costas? – perguntou a criatura.
_ Sim, nós tiraremos os chupadores de sangue das suas costas! – disse Nailo.
_ Então eu ajudar! Subir! – e dizendo isso, o monstro baixou sua cabeça até a água e por trás das árvores surgiu o restante de seu gigantesco corpo. E era o corpo de um animal quadrúpede, com patas robustas como as de um elefante, mas muito maiores. E seu corpo era recoberto de grandes escamas, como as de um réptil. E todos souberam imediatamente do que estavam diante. Era um dinossauro. E era um herbívoro, como Nailo pode deduzir através do formato e tamanho dos dentes, logo, estavam seguros perto daquele animal.
Os heróis começaram a remar a canoa em direção ao animal, quando outro de menor tamanho surgiu de trás da vegetação. Era um belo filhote, tão grande e pesado quanto um elefante adulto, de olhos ligeiros e curiosos, grandes e redondos como maçãs. Parou à beira da água, olhando para os aventureiros e grunhiu espantado.
_ Predador! – perguntou o pequeno.
_ Não! Não predador! – respondeu Nailo.
_ Predador! Predador! – insistiu o dinossauro. Nailo preparava-se para responder quando o filhote soltou um grunhido mais alto e assustador. – Predador! – gritava ele.
_ Predador! – repetiu o mais velho, e os dois monstros se atiraram na água em pânico e atravessaram o rio às pressas.
_ Nós não somos predadores! Onde está o predador? – gritou Nailo pouco antes de o bote virar com o agitar da água e ser arremessado na água junto com seus amigos. Então a resposta que pedira surgiu, na forma de um gigantesco lagarto bípede. Tinha pés largos e chatos, que terminavam em grandes garras, maiores que um homem. Cada pisada sua fazia a terra tremer e retumbar como um tambor, como um trovão. Fortes mãos dotadas de garras afiadas tentavam alcançar e agarrar a cauda dos dinossauros que fugiam. O monstro saltou na água, agitando-a ainda mais, e rugindo furiosamente. Seu focinho era longo como uma casa e suas mandíbulas eram como grandes cercas cheias de presas pontiagudas. Em sua cabeça, dois olhos ferinos lançaram um olhar de ódio e selvageria para os heróis no rio assim que a caça inicial escapou além da margem. E uma crista de pele e escamas se erguia de suas costas, sustentada por espinhos ósseos maiores que lanças e aberta como uma vela de navio. O predador era outro dinossauro, um caçador voraz e faminto, um gigantesco carnívoro que acabara de encontrar um grupo de alvos fáceis lutando para não se afogar. E sem perder tempo, a fera atacou.
O imenso lagarto de pés de trovão avançou, sua bocarra aberta e rugindo. O temor tomou conta de todos ante aquele urro bestial, mas mesmo assim Legolas foi capaz de disparar seu arco duas vezes contra o inimigo, antes de seu corpo afundar na água turva.
O monstro fechou a bocarra, esmigalhando as flechas de Legolas. Avançou sobre ele e o agarrou com seus enormes dentes rasgando o ventre do elfo. A criatura ergueu o arqueiro que se debatia desesperadamente. Nailo aproveitou a chance e nadou até a margem, levando Relâmpago consigo. Quando o logo estava em solo firme e em segurança, Nailo agarrou suas espadas gêmeas e correu de volta para o rio, onde Lucano lançava bênçãos sobre Orion, tornando-o tão grande quanto um ogro para que pudesse lutar com maior facilidade.
Agora, tendo a água apenas na altura de sua cintura, Orion ergueu sua espada de fogo e desceu sua lâmina contra o corpo da fera. Um arco rubro de sangue se formou no ar, acompanhando o deslocamento da arma que voltou a beber outras duas vezes o sangue quente do monstro.
A besta rugiu, sem soltar Legolas, e seu rugido era ainda mais alto e assustador. Chegava a ser sobrenatural. Anix e Squall não resistiram ao temor que aquele som provocava e se afastaram dele, assustados. Enquanto Squall subiu na margem e se refugiou atrás das árvores, Anix desceu o rio, agarrado à sua vassoura voadora e alcançou o barco a tempo de vê-lo afundando no leito turbulento.
Aproveitando a distração do inimigo, Legolas conseguiu mover os braços, ainda que com dificuldade, e puxou a corda do arco pronunciando um comando mágico. Uma violenta explosão de gelo e neve se formou dentro da bocarra fétida, congelando-a e arrancando outro urro assustador da criatura. Então, o dinossauro ergueu sua cabeça e abriu a boca, engolindo Legolas por inteiro.
Orion avançou até a criatura, golpeando-o novamente enquanto Lucano despejava proteção divina sobre o guerreiro. O sangue jorrou farto, tingindo as águas, mas não havia sinal de Legolas. A fera revidou, rasgando Orion com suas poderosas garras. Mas, graças ao poder de Lucano, o humano pouco sentiu dos golpes, já que eles se fechavam rapidamente com o auxílio da energia do clérigo.
Nailo avançou, caminhando sobre o leito do rio graças ao poder mágico de suas espadas. Mas, quando estava perto o suficiente e foi desferir o primeiro golpe, uma sombra se formou ao redor dele e ele se viu cercado de dentes. Assim como Legolas, Nailo foi agarrado e erguido vários metros acima da superfície da água enquanto seu sangue brotava em abundância através da mandíbula do inimigo.
E como antes, o dinossauro abriu sua bocarra e com um movimento veloz engoliu Nailo. Suas garras desceram rápidas sobre Orion, ferindo-o ainda mais e transformando o rio
Orion continuou avançando e atacando, quando ouviu um forte estouro acima de si e viu uma esfera de chamas cercando e incinerando o crânio do dinossauro. Era Anix, que mesmo à distância, reunia forças para vencer o pavor e auxiliar seus amigos. A cabeça do monstro tombou para frente, semi-carbonizada e Orion golpeou o pescoço do monstro com sua espada. Uma, duas, três vezes e o som do osso se partindo foi ouvido. O predador cambaleou gorgolejando e seu corpo imenso caiu na água, já sem vida.
A água se agitou numa forte onda, jogando Orion para trás. O guerreiro ergueu-se em posição de ataque e esperou até que o inimigo parasse de respirar. Mas, como o ventre do animal ainda se mexia, o humano voltou a erguer sua lâmina. E parou logo em seguida.
A barriga do dinossauro explodiu
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