março 26, 2009

Hora de salvar nossa pele

Vamos salvar o mundo! Balela, o mundo não precisa de nós, basta ele dar um chacoalhão no lombo pra se livrar da gente e continuar seguindo em frente. Mas, se quisermos continuar por aqui, é bom não incomodarmos muito nosso cachorrão chamado Terra (é, somos só as pulgas). Portanto, sabadão vamos entrar de cabeça nessa campanha pra dar uma pressionadinha nas autoridades, nos nossos amigos menos conscientes e em nós mesmos. Vamos apagar as luzes e mostrar ao mundo capitalista que não tá nem ai pro ambiente o quanto estamos unidos e o quão ameçadores podemos ser se eles não se ligarem. É isso ai, acessem o site da WWF, leiam a notícia e passem adiante.

março 25, 2009

Insert coin...

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Coin inserted....chose your character..
Anix Remo : Level 14

Hadouuuuuken!!!

Morreu sim, mas pegou continue. Isso mesmo, a pulseirinha de Lena (totalmente chupinhada de Cavaleiros do Zodíaco Lost Canvas) é na verdade um continue. Quem morre ganha uma ressurreição verdadeira 3 rodadas depois (a menos que o peão decida de vontade própria carimbar o passaporte para o reino de Lena (leia, sacrifício do herói)). A pulseira murcha e cai depois disso, do jeitinho que a deusa disse lá atrás.

Bem, o Anix já gastou o continue dele, e ainda nem conseguiram entrar na torre. Lá pra dentro a coisa é ainda pior (mestre do mau). Quem será o próximo a usar o insert coin? Quem poderá intervir? Spectremen...men...men...men...men

Acabou. Agora só semana que vem. Nos próximos episódios de Crônicas Artonianas Z os heróis descobrirão o que tem dentro daquela merda de torre, Squall terá uma surpresa, Squall terá outra surpresa, Nailo vai sucumbir, o sangue de Legolas vai ferver, Anix também terá uma surpresa, Lucano vai ficar felizin, felizin e Orion...bem...tô planejando algo especial para ele HUAHUAHUAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

Capítulo 344 – Encontro com a Mãe

Tudo era escuro. Não havia chão, não havia paredes ou teto. Sequer ar para se respirar havia ali. O elfo despertou naquela escuridão infinita, espantado. Triste. Sabia o que acontecera. Estava morto. Apesar da escuridão, era capaz de enxergar seu próprio corpo com clareza, não por possuir um terceiro olho amaldiçoado, mas por algum outro motivo estranho, desconhecido.

A escuridão se moldou ao redor de Anix. Tinha agora uma forma, era um túnel, mas, por mais que Anix tentasse, não conseguiu alcançar ou tocar as paredes, teto ou chão daquele túnel negro. Não existiam.

Anix flutuava naquele túnel sem paredes, sendo lentamente puxado para aquilo que ele julgava ser para frente. Não sentia dor, calor ou frio. Não possuía mais suas roupas, apenas um tipo de avental branco, de tecido leve e quase imperceptível, cobria seu corpo.

Anix começou a se mover mais rápido, ao menos assim ele achava, já que naquele mundo todo igual, sem qualquer ponto de referência para se orientar, não era possível saber sequer se estava realmente se deslocando. Uma luz surgiu na sua frente, brilhante como o próprio sol, mas sem seu poder ofuscante. Era cálida, encheu o espírito do elfo de calor, um calor reconfortante, afastando a tristeza que sentia por estar morto.

A luz se agigantou diante de Anix, o mago foi em direção a ela velozmente e o túnel escuro ficou para trás. Anix estava agora em um outro lugar, um mundo semelhante ao seu, mas muito mais belo. Florestas gigantescas cresciam por todos os lugares e sobre elas milhares de casas se acomodavam com perfeição, graça e harmonia. Cidades élficas. Torres de cristal erguiam-se majestosas, competindo em altura e esplendor com as árvores. Melodias maravilhosas ecoavam por todos os lugares, entoadas por bardos incomparavelmente hábeis. Anix estava maravilhado, Niuvénciuen era realmente fabuloso.

Anix começou a descer de seu vôo e a se aproximar do solo. Olhava para aquele gigantesco mundo impressionado com tudo o que seus três olhos viam. Elfos zanzavam de um lado para outro cheios de esplendor. Anix achou conhecer um deles que seguia por uma trilha ensolarada na mata. Seus pés tocaram o chão e alguém veio ao seu encontro. Era alguém que ele conhecia, a mais bela das elfas, mãe de toda aquela raça. Glórienn.

Glórienn caminhou ao encontro de seu filho, seus pés pareciam pisar em nuvens. Abraçou-o. Os olhos de Anix se encheram de lágrimas, Anix entregou-se àquele abraço carinhoso, estava nos braços da Mãe. Os cabelos púrpuros da Deusa tocaram a face do elfo como uma carícia, ela afagou o filho carinhosamente e sua voz soou como uma harpa.

_ É bom tê-lo aqui, meu filho. Mas ainda não é o momento para ficarmos juntos. Volte!

Glórienn empurrou Anix delicadamente de volta para o túnel escuro. O mago sentiu-se tragado, como se despencasse em um abismo. Deixou para trás todas aquelas belas visões, aquele lindo lugar e a Mãe a quem tanto amava. Retornou ao seu mundo, a Arton, onde uma importante missão o aguardava.

Anix despertou. Não sentia dores, seu corpo como novo. Sentia frio, estava molhado. Tudo era escuro. Usou seu olho maldito para enxergar. Estava deitado no chão, água até as orelhas, ao lado da torre. Levantou, examinou o corpo, tudo em ordem. Tudo não, havia uma mudança. Manchas de sangue na roupa, seu sangue, a ausência de seu cajado, caído a alguns metros dali e mais. A pulseira que recebera de presente de Lena, Deusa da Vida, murchava rapidamente. As flores murcharam, secaram e suas pétalas caíram, o ramo que envolvia seu pulso secou e se partiu. A pulseira caiu, mas antes que tocasse a água impura no solo, Anix a pegou. Iria guardá-la como recordação e gratidão. Pela graça de Lena Anix voltara a viver. Sabia agora qual era o poder das flores, precisava contar aos amigos, mas depois. Não os via, precisava encontrá-los. Mas antes, devia garantir sua segurança, pois não haveria segunda chance para ele novamente. Anix recolheu seu cajado do chão e evocou um feitiço. Todas as magias estavam de volta, a energia mística armazenada, pronta para ser liberada, como se tivesse acabado de preparar seus encantos. Anix respirou fundo, era bom respirar novamente, murmurou o feitiço e desapareceu. Estava invisível.

março 24, 2009

Morreu???

O Anix? Morreu, é isso ai, já elvis! Sem zoar.

Próximo capítulo: Encontro com a Mãe

Capítulo 344 – Tentáculos da morte

Com a estranha planta morta o grupo pode enfim entrar no ossuário em segurança. Lucano dissipou a magia que ensurdecera Squall e tudo voltou ao normal. Com todos reunidos e a salvo, teve início uma longa busca por uma entrada para a torre. Vasculharam o ossuário de cima a baixo, mas nada encontraram. A conclusão era óbvia, a entrada não estava ali.

Saíram. Começaram a circundar a torre. Examinavam toda a sua volta em busca de uma porta, uma janela ou buraco que desse passagem para dentro. Espantavam-se com a arquitetura caótica que decorava a torre. Adornos estranhos, profanos, que indicavam que aquele era um lugar maligno, maldito. Sem dúvida alguma aquela torre pertencia ao mal e, embora apenas buscassem salvar e vingar as pessoas que amavam, aqueles heróis certamente expurgariam aquele mal além de resolverem seus próprios assuntos.

Passaram longos minutos ao redor da construção, mas não encontraram o que buscavam. Relâmpagos riscaram o céu sem qualquer ameaça para os exploradores. Estavam novamente diante da porta do ossuário, confusos, sem rumo.

_ Não acredito! Deve haver alguma passagem secreta aqui, só pode! Deve estar muito bem escondida, vou procurar outra vez! – disse Nailo, invadindo a pequena câmara, afoito. Orion, Squall e Lucano o seguiram.

Legolas não. O arqueiro subiu no teto do casebre anexo à torre. Havia uma enorme carranca esculpida diante dele, com uma bocarra aberta, grande o suficiente para engoli-lo se tivesse vida. Poderia ser a entrada. O elfo se aproximou da bizarra escultura, começou a tateá-la. Apertou as presas de pedra que se projetavam para fora da boca, subiu na enorme língua de pedra que avançava sobre o telhado do ossuário, empurrou com toda a força o fundo da bocarra, um buraco escavado na torre de vinte centímetros de profundidade. Nada. Sacou a sua faca, usou-a como ferramenta, para escavar, cutucar frestas, furos. E novamente sem resultados. Talvez a entrada estivesse mais protegida, fora do alcance de invasores, mais alta. Legolas começou a escalar a torre.

_ Quer ajuda? – ofereceu Anix. O mago observava as tentativas de Legolas do chão. Quando o amigo decidiu subir a torre, Anix usou sua mágica para voar e emprestou sua vassoura para Legolas. Agora juntos, os dois amigos voavam rumo ao topo, avançando vagarosamente, ainda vasculhando as paredes em busca de alguma entrada.

Mais um relâmpago explodiu no céu, seguido de um trovão ensurdecedor. Novamente a faísca passara longe dos aventureiros, como se o céu tivesse desistido de importuná-los. Contudo, uma forte rajada de vento afastou essa idéia de suas mentes. Anix foi jogado muitos metros para longe da torre, Legolas sofria para controlar a direção da vassoura. Os ventos aumentavam, tentando separá-los, jogá-los no chão que a essa altura já acumulava água suficiente para chegar aos tornozelos dos viajantes. Anix retomou o controle de seu vôo e num rápido impulso chegou onde Legolas estava. Seguraram um no outro para vencerem o vendaval juntos e continuaram subindo. Mais e mais carrancas, gárgulas, sulcos e saliências passaram diante dos olhos dos dois. Janelas que terminavam na rocha sólida, conduzindo a lugar algum, sacadas nas quais ninguém poderia apreciar o nascer ou o pôr-do-sol, e nenhum sinal de uma entrada. Continuaram subindo, uma nova faísca se desprendeu do céu, atingindo as árvores além do abismo. O trovão veio a seguir, estremecendo céu e terra, assustando até mesmo as feras atrozes da ilha, chamando a atenção do mais distraído, alertando Nailo.

O ranger abandonou a câmara e correu para fora, espantado. O trovão era um alerta, um sinal de que algo ruim poderia estar acontecendo. Talvez seus amigos estivessem sendo vítimas da tempestade. Nailo olhou para o alto e viu seus amigos. Estavam bem, voavam para o alto da torre, estavam quase no topo. As presas pontiagudas esculpidas na pedra já estavam ao alcance de suas mãos. Foi quando um novo faiscar iluminou o céu e Nailo viu olhos vermelhos emoldurados por um vulto ameaçador na escuridão no alto da torre. Tarde demais para avisar aos amigos.

O vulto espreitava oculto entre as presas de pedra, imóvel como se fizesse parte da sinistra decoração da torre. Lançou um tentáculo musculoso para baixo quando as presas estavam ao seu alcance. Agarrou um deles, o menor, o que tentara dissipar sua tempestade. Anix.

O elfo sequer teve tempo de gritar. Um longo membro enrolou-se em seu corpo, esmagando-o e carregando-o para cima contra sua vontade, para perto do monstro. Anix viu a forma medonha da criatura que o atacava quando um relâmpago iluminou a noite chuvosa. Era uma aberração assustadora que só poderia ter saído de outra dimensão. Não possuía corpo, apenas uma cabeçorra gigantesca, maior que um cavalo, musculosa, deformada e cheia de muco viscoso, donde pendiam oito tentáculos robustos, cheios de ventosas pegajosas, e uma bocarra revestida por um bico córneo afiado que se abria salivante. O monstro abriu um par de asas de morcego no topo da cabeça-corpo e com elas apoiou-se nas pilastras de pedra em forma de dentes. Seis de seus tentáculos, os mais curtos, trabalharam rapidamente para levar a presa à boca enquanto ela se debatia, tentando livrar-se do gigantesco membro que a sufocava. O sangue jorrou farto.

Ainda agarrado à vassoura, Legolas sacou sua espada. A arma feita do indestrutível vidro de Selentine, encantada por um mago de aluguel de Vectora, desceu veloz sobre o couro duro e pegajoso do tentáculo que segurava Anix. Um líquido arroxeado e nauseabundo verteu do corte que se formou. Os olhos da fera brilharam ainda mais, como duas chamas rubras. Ódio. Os ventos se agitaram ainda mais, a chuva aumentou sua intensidade e uma dezena de relâmpagos castigou a floresta, revelando a Legolas e a Anix algo terrível. Era aquele monstro quem controlava a tempestade, a ventania e os raios. Tinham sido vítimas de uma cilada, tinham feito tudo de acordo com os planos diabólicos daquele monstro o tempo todo.

Lá embaixo Nailo assistia àquela cena atônito. A chuva fria caia fartamente em seu rosto paralisado, atento à cena lá em cima. Um jorro de água diferente o despertou. Era um líquido quente, ao contrário da chuva, e viscoso. Sangue.

_ Squall! Depressa! Transforme-se! – gritou Nailo exaltado. Sua cabeça doía e o mundo ao redor parecia girar. Talvez efeito dos raios que o haviam atingido, talvez efeito da magia da planta maldita, pensou ele. Estava enganado, era algo diferente. Raiva. Sentia uma raiva incontrolável daquela criatura que ferira seu amigo sem dar-lhe tempo de avisá-lo. Uma fúria sem precedentes surgia dentro do ranger. Iria matar. Desejava ver o sangue daquele ser abominável vertendo, tingindo suas espadas gêmeas. Quase perdeu o controle. A eletricidade, o feitiço, aquela cena horrível e a ilha estavam mexendo com sua mente. Sim, Galrasia tinha esse poder, modificava as coisas, as pessoas. Tudo se modificava naquela ilha. Squall surgiu fora do ossuário já em forma de dragão. Nailo saltou em suas costas e os dois voaram.

O dragão ganhou altitude rapidamente passou pelo vendaval sem dificuldades. A mesma sorte não tiveram Orion e Lucano. Os dois flutuavam desajeitadamente graças à fraca magia de Lucano. Iniciante nos caminhos arcanos, ainda sendo ensinado pelo amigo Anix, o clérigo não tinha ainda poder suficiente para fazer frente àquela tormenta. Os ventos carregaram os dois para longe, jogando-os ao chão. Lucano e Orion correram de volta para a torre enquanto uma batalha de vida e morte se desenrolava. Restava aos dois apenas rezar pelo sucesso dos amigos e para que suas pernas os alcançassem antes que alguma desgraça acontecesse.

Squall e Nailo chegaram rapidamente ao topo da torre, a tempo de testemunhar a desgraça que se seguiu. Os tentáculos do monstro esmagaram e torceram o corpo de Anix, o mago soltou um gemido agonizado quando seus ossos se partiram e sua carne se rompeu. Era seu último suspiro. Uma chuva vermelha acompanhou a água que despencava do céu. Um novo relâmpago clareou a cena aterradora. O corpo de Anix jazia, pálido e desfalecido, preso pelo tentáculo longo do monstro. O cajado escorregou de sua mão ensangüentada e despencou para a escuridão. Legolas, Nailo e Squall olhavam atentamente para o corpo do amigo, esperando um movimento, um espasmo, um gemido, uma tossida ou o quer que fosse que lhes dissesse que ele estava vivo. Nada. Nenhum sinal, ao invés disso, a cabeça do mago pendeu, girando o pescoço num ângulo impossível. Estava quebrado. O coração não batia, os pulmões não respiravam, os braços não mexiam, os olhos não se abriam. Anix estava morto.

O monstro jogou o cadáver do elfo de forma displicente e atacou sua próxima vítima. O corpo morto de Anix despencou, passando diante dos olhos de Squall e Nailo que subiam, enquanto Legolas era agarrado, espremido e abocanhado pela criatura. Os heróis ouviram o baque do corpo se chocando contra o solo encharcado, o último som produzido pelo mago.

Não havia tempo para lágrimas, talvez ainda fosse possível salvar Anix, pensou Legolas. O monstro o erguia acima de sua cabeçorra aberrante, o arqueiro soltou sua espada na escuridão que tomava conta do topo da torre, ouvi-a caindo sobre algo macio no oco que havia no alto da construção. Puxou o arco das costas antes que o tentáculo o imobilizasse por completo e usou seu ataque mais poderoso.

_ Leusa Thiareba! – gritou o elfo. Fora um grito ensurdecedor, que rivalizada com o ribombar dos trovões e que congelaria o sangue de um camponês. O próprio monstro ficara abalado com o rugido do arqueiro e sem perceber afrouxara um pouco o abraço mortal que imprimia no adversário. O arco mágico brilhou mais intensamente, Legolas soltou a corda e um raio congelante partiu na direção da criatura. O monstro sorriu.

Gelo e neve atingiram com violência a cabeça-corpo da besta alada. Grossas gotas de chuva se congelaram ao passar em sua queda rumo ao chão e despencaram na forma de pequenos cometas de gelo. Uma grossa camada de neve cobriu a face do monstro, escondendo seus olhos vermelhos. Os lábios que emolduravam o bico afiado estavam estáticos, congelados num sorriso perturbador. O monstro franziu o cenho e desfez-se da cobertura fria. Estava intacto. Seus olhos maliciosos mostravam a Legolas a resposta para aquele mistério: estava protegido por magia.

Mas aquela magia não duraria para sempre, sabia Legolas, e uma hora cederia ao seu poderoso frio. O arqueiro disparou mais uma vez antes de ser completamente imobilizado pelo tentáculo pegajoso e ser novamente rasgado pelo bico da besta. Restava agora esperar a morte para se reencontrar com Anix.

Mas a hora de Legolas ainda não chegara. Squall surgiu de baixo do arqueiro, transformado em dragão, e abocanhou o tentáculo que agarrava o amigo. Nailo surgiu nas cortas de Squall, golpeando com grande força o inimigo. Sua espada faiscou como as nuvens tempestuosas, mas os seus relâmpagos não conseguiram ferir a pele da criatura. O monstro estava também protegido contra a eletricidade.

A coisa revidou furiosamente os ataques recebidos. Seus olhos cintilaram ainda mais forte ao ver Squall, o dragão vermelho, diante dela. O longo tentáculo o agarrou e apertou, enquanto seu bico rasgava seu couro escamoso. Os tentáculos menores golpeavam Nailo, tentando se livrar daquele lixo que atrapalhava seus planos malignos.

Squall inspirou, encheu seus pulmões de ar gelado e úmido e cuspiu um jato de chamas no adversário. Legolas olhava atentamente, rezando para não acontecer novamente o que ele temia. Para sua alegria, o couro do monstro fritou, inchou, encheu-se de bolhas transformou-se em carvão e cinzas. Ao menos contra o fogo o monstro não possuía qualquer tipo de proteção.

A fera recuou, ferida. Desprendeu-se do pináculo e bateu as asas, sustentando seu corpo no ar. Nailo aproveitou a chance para atacar. Suas espadas martelaram o tentáculo que agarrava Squall como o martelo de um ferreiro na lâmina na bigorna. O sangue roxo jorrou, o membro pendeu mole e sem vida. Squall estava livre.

Sem libertar Legolas e esmagando-o cada vez mais, o monstro continuou atacando. Seus tentáculos menores chicoteavam na mesma velocidade dos relâmpagos que cruzavam as nuvens. Cada golpe deixava hematomas enormes nos corpos dos elfos que o enfrentavam, arrancava o ar de seus pulmões ridículos e fazia-os cuspir sangue. Não eram páreo. Tinha que exterminá-los logo e capturar o dragão. Era o único que faltava, um vermelho. Mas era o pior que já tinha enfrentado. O dragão atacou.

Squall rasgou com suas garras e dentes, golpeou com as asas e cauda enquanto se afastava da fera para retornar em seguida para uma nova investida. Desta vez foi a vez do monstro cuspir sangue. A chuva além de rubra tornou-se púrpura. Legolas aproveitou a chance e repetiu seu urro de fúria, libertando-se do tentáculo que o agarrava. Disparou seu arco, duas flechas certeiras, mortais, usando sua técnica secreta que já fulminara dezenas de inimigos. Os projéteis cravaram-se na fronte da besta, um dos olhos explodiu e o monstro perdeu o controle do vôo, batendo as asas desastrosamente, colidindo com a torre que guardava. Nailo saltou de cima de Squall, desferindo uma chuva de golpes na criatura. Caiu em cima da vassoura mágica, já novamente sob o controle de Legolas. O monstro despencou para as travas. Seu corpo estava inerte, seus olhos apagavam-se. Em suas mentes ecoaram magicamente as últimas palavras da criatura:

_ Falhei em guardar a entrada. Mas Gulthias já sabe da presença de vocês e cumprirá sua vingança. Deixem o mundo chorar com seu retorno... – foram suas últimas palavras. O monstro estava finalmente morto. Anix estava vingado.



Plantinha do mal

...he...he...hehehe...plantinha do mal. Se não tivesse um clérigo no grupo (com um bônus de +13 no teste de vontade), tinha dado merda, hehehehe
Os relâmpagos também foram foda, quase mataram o Anix. Mas eles foram apenas o princípio.

No próximo capítulo teremos uma triste surpresa para nosso amiguinho mago...

Capítulo 343 – Raios, trovões e uma canção de morte

Finalmente, após dias que pareceram uma eternidade, o grupo de heróis começou a penosa descida rumo à torre maldita onde encontrariam seus mais odiados inimigos. O caminho não era fácil, como previam. Desciam uma rampa íngreme, um caminho natural repleto de pedras, desníveis, buracos. Nailo tentava encontrar o melhor caminho para passarem, mas aquele terreno seco e duro não era sua especialidade. Além disso, o céu escurecia rápido, não só pela chegada da noite, mas também pela tempestade que se anunciava. Enfim, após dias de ameaças, um trovão ribombou no céu dando início a uma forte chuva. A água despencou do céu com violência. Inicialmente eram apenas poucos pingos, grossos e pesados como socos, mas depois de alguns minutos já chovia fartamente. O chão pedregoso tornou-se liso e lamacento, reduzindo a velocidade dos caminhantes. Seus corpos ficaram ensopados, frios, mas o sangue que corria em suas veias ainda ardia, desejando justiça, vingança.

Muito demoraram em sua descida até o fundo do abismo. Quando lá chegaram, a noite já se fazia presente. A água ainda caia inclemente e a escuridão só não era completa por causa do brilho das armas mágicas de Orion, Legolas e Nailo, e pelos raios que cortavam as nuvens de quando em quando, como dragões saltando de um lado para outro. Uma enxurrada cada vez mais veloz e turbulenta começava a se formar na rampa de descida e o fundo do vale onde se encontravam começava a se encher de água. À frente do grupo, uma torre sinistra assomava na escuridão.

Era uma construção robusta que se elevava quase cem metros acima do solo do abismo. Sua base circular devia medir em torno de trinta metros de diâmetro. Toda sua extensão era decorada com esculturas grotescas e profanas. Carrancas demoníacas, rostos em agonia, garras e dentes esculpidos na pedra adornavam a torre. O topo era rodeado por presas gigantescas de pedra que se projetavam para o alto ameaçadoramente, formando algo semelhante às ameias da muralha de um castelo.

_ Anix, empreste-me a sua vassoura mágica. Quero dar uma olhada por cima dessa torre. Aqueles dentes lá no alto parecem proteger algo – disse Nailo.

Anix entregou a vassoura ao amigo que logo levantou vôo e ganhou altura com dificuldade no meio da tempestade. Nailo subiu até passar a altura da torre e percebeu, apesar da escuridão, que por trás da muralha de dentes pontiagudos havia um oco na torre, como uma entrada ou um pavimento para observação.

Um relâmpago cruzou o céu.

Nailo desceu rapidamente e juntou-se aos amigos, relatando o que vira. Era possível haver uma entrada por cima da torre ou então um posto de vigia protegido pelas presas de pedra. Entretanto, o caminho mais promissor era ainda por baixo. Conseguiam distinguir no limite da visão uma construção baixa se saindo à esquerda da torre onde havia uma pequena passagem de entrada. Sem dúvida era aquela a porta principal da fortaleza.

Os heróis continuaram rumando em direção à pequena casa que servia de entrada. Quando estavam a apenas uma corrida curta da porta, um raio despencou do céu iluminando a noite chuvosa e atingindo o corpo de Legolas.

O arqueiro foi atirado contra o chão, seu corpo tinha queimaduras em diversas partes e seus ouvidos escorriam filetes de sangue. Legolas sentia o corpo dormente e dolorido. Seus ouvidos ficaram surdos por um momento e depois passaram a incomodá-lo com um zunido agudo e constante. Não bastavam Zulil ou Teztal, agora a própria chuva tornava-se inimiga dos aventureiros.

_ Vamos correr até a entrada! – gritou Squall. O Vermelho ajudou Legolas a se levantar e correu puxando o amigo para o abrigo anexo à torre. Imediatamente todos correram seguindo-os. Estariam a salvo em poucos segundos, mas o céu parecia disposto a impedi-los a todo custo. Um novo raio despencou do alto, desta vez sobre Nailo. O ranger rolou no chão encharcado, com seu corpo ferido e sua mente desnorteada. Viu os amigos correndo na escuridão, seu fiel lobo latindo para ele e se levantou milagrosamente. E então veio o segundo golpe. O corpo de Nailo formigou e uma faísca cegou seus olhos enquanto descarregava milhões de volts sobre seu corpo. Nailo jogou-se para frente, cambaleando na direção dos amigos, aumentando a velocidade gradualmente à medida que se recuperava do efeito do relâmpago. Alcançou os companheiros já na entrada da torre. Todos estavam ali, exceto Anix. O mago ficara para trás.

Anix estava parado no meio da tempestade com o cajado mágico erguido para o alto. Estava totalmente absorto, recitando versos arcanos complexos. Uma magia. Anix iria usar seu poder para obrigar a natureza a se dobrar à sua vontade, iria obrigar aquela tempestade a cessar e deixá-los em paz. A chuva começou a diminuir, então um novo raio caiu, desta vez em Anix.

O mago sentiu a dor lancinante tomar conta de seu corpo, sentiu sua consciência vacilando, mas não esmoreceu. Continuou em pé, conjurando seu feitiço, desafiando as nuvens e aquele que as controlava. Outro relâmpago. Anix curvou o corpo, gemendo enquanto proferia as palavras e executava os gestos mágicos. Outra fagulha o atingiu, seus joelhos tocaram o chão, sua boca cuspiu sangue e a concentração foi quebrada. A magia fora perdida.

Anix ergueu-se com esforço e pôs-se a correr. Seus amigos já haviam desaparecido dentro da torre, estavam seguros. Restava juntar-se a eles e salvar a pele da ira dos céus. Mais um relâmpago o atingiu, Anix cambaleou. Outro raio e suas pernas começaram a ficar rígidas recusando-se a obedecer. Outro e mais outro. Anix estava a ponto de morrer. Acelerou o passo o mais que pode. Estava quase na entrada quando viu Lucano saindo da torre arrastando um corpo. Era Squall.

_ Anix! Ajude! Todos desmaiaram! – gritou o clérigo. Estava pálido.

Lucano esbofeteou a face do amigo e chamou por seu nome até ele acordar. Anix juntou-se a eles e os três olharam para dentro. E se espantaram.

A pequena cabana era um ossuário. Centenas de ossos decoravam suas paredes e teto. Fileiras de crânios adornavam as paredes, ossos de pernas e braços colados uns nos outros formavam ornamentos como lustres, candelabros e outros. Espalhados pelo chão de terra e rocha havia quase vinte corpos, entre eles, Legolas, Nailo e Orion. Vinhas cresciam por toda a câmara e do solo bulbos gigantes brotaram, se abriram e abocanharam as cabeças dos três aventureiros.

_ Lucano, faça aquela magia de deixar surdo em mim! – pediu Squall exaltado. Anix não entendia o que acontecia.

_ Ótima idéia! Lá vai! – Lucano apontou o símbolo de Glórienn para Squall e conjurou a magia. Sem ouvir nada ao seu redor, Squall invadiu o ossuário.

O feiticeiro arrancou com a espada o broto que engolira Nailo e começou a arrastá-lo para fora, apressado. Relâmpago mordia a bota do companheiro ajudando o feiticeiro a levá-lo para fora daquele lugar maldito.

Lucano entrou na câmara e cortou os bulbos que agarravam Legolas e Orion, agarrou o humano pela perna, recolheu Cloud do chão e começou a levá-los para fora. Segundos depois, Squall retornou e tirou Legolas de lá de dentro. Squall e Lucano começaram a chacoalhar os amigos para acordá-los.

_ Squall, o que está acontecendo? Por que eles desmaiaram? – perguntou Anix, confuso. O irmão nada respondeu, continuava balançando a cabeça de Nailo para fazê-lo despertar.

_ Não adianta falar com ele, Anix – disse Lucano. – Eu usei uma magia para deixá-lo surdo.

_ Surdo? Por quê? – perguntou o mago.

_ Era a única forma de entrar lá em segurança – Lucano apontou com displicência para o ossuário, enquanto tentava tirar Legolas do transe.

Sem entender o que acontecia, Anix invadiu o ossuário. Catorze corpos em variados estados de decomposição jaziam ali. As únicas coisas vivas eram ele e um arbusto de vinhas que crescia por toda a sala. Para sua surpresa, não havia porta que conduzisse para dentro da torre. Anix deu mais um passo, uma melodia fúnebre invadiu seus ouvidos, ficando cada vez mais alta, quase ensurdecedora. A música tomou conta da sala inteira, parecia sair de todos os lugares. Anix sentiu sua cabeça latejar, seus olhos escureceram, seus membros amoleceram e ele desfaleceu.

Anix acordou segundos depois, deitado na chuva com o rosto ardendo devido aos tapas recebidos de Squall que tentava acordá-lo. A dor sumiu repentinamente, Lucano usava magia para curar os estragos feitos pelos raios e pela mão de Squall. Agora finalmente entendia porque seu irmão tinha pedido para ficar surdo.

_ Como vamos entrar? – perguntou o mago.

_ Squall vai procurar a entrada para nós. Deve existir alguma passagem secreta nesta câmara que conduza para dentro da torre – respondeu Nailo. – Vou usar o poder que Allihanna me deu para falar com o Cloud. Ele transmitirá mentalmente ao Squall o que queremos que ele faça na câmara.

_ Antes quero testar uma coisa. Essa música só funciona quando passamos pela porta? – indagou Anix. O mago se aproximou da entrada lentamente. Não ouviu som algum, só a chuva despencando generosamente sobre sua cabeça. Relâmpagos riscavam o céu e fulminavam o solo, mas desta vez bem longe dele e seus amigos. Deu um passo para dentro. A melodia começou novamente em tom baixo. Anix avançou mais um passo e ouviu a música se elevar à medida que ele avançava câmara adentro. Recuou e saiu do ossuário antes que não pudesse suportar a música novamente.

_ Isso mesmo. A música só toca quando entramos pela porta. Então talvez possamos entrar por outro lado sem acionar essa música maldita. Vou entrar pela dimensão das sombras – anunciou Anix.

O elfo evocou as palavras que acionavam a magia, fez os gestos necessários e desapareceu na sombra do ossuário. Sua magia era imprecisa, apesar de extremamente útil, mesmo assim Anix conseguiu sair das sombras dentro da saleta, exatamente onde desejava. Estava dentro do ossuário, e novamente o som sinistro da melodia voltou a ecoar no ambiente. Anix correu para fora da câmara antes de ser apanhado pelo efeito mágico da música.

_ Não tem jeito. Squall, vá você! – mandou Anix. Nailo transmitiu a ordem a Cloud na língua dos pássaros e um desejo quase incontrolável de entrar no ossuário tomou conta da mente de Squall. Compreendendo o que se passava, o feiticeiro invadiu a câmara novamente.

Começou a tatear as paredes em busca de alguma passagem secreta que levasse para dentro da torre. Do lado de fora, todos podiam ouvir o som da música baixinho. Se Squall não estivesse privado de sua audição, certamente já estaria caído no chão ao lado dos mortos. Os mortos! Talvez eles tivessem a resposta para aquele mistério. Anix lançou uma mágica sobre os corpos e detectou magia em um deles. A aura vinha de seus pertences, mais precisamente da capa e da aljava presa às costas do cadáver.

A informação foi passada a Cloud e através dele Squall sentiu o desejo de se aproximar daquele cadáver mais ao fundo. Os companheiros gesticularam para Squall retirar a capa e a aljava e assim ele fez. Arremessou os objetos para os companheiros e voltou à sua busca pela entrada secreta. A capa era mágica, assim como as flechas. O tecido mágico mudava sua cor sutilmente, permitindo ao seu usuário se camuflar em quase qualquer ambiente. Os projéteis tinham sua precisão e afiamento aprimorados por magia, mas apenas levemente. O feiticeiro olhou os demais corpos. Nada encontrou de útil para o grupo, mas em todos eles notou uma estranha marca como a de uma mordida na região da nuca. Nailo, Orion e Legolas checaram seus corpos e notaram que tinham as mesmas marcas, revelando o que acontecera aos defuntos: seus fluídos vitais tinham sido sugados pela estranha planta que brotara do chão. Por sorte eram um grupo numeroso e Lucano havia resistido ao feitiço daquela saleta maldita.

Squall revirou toda a extensão do ossuário sem encontrar passagem secreta ou maneira de desativar a música maldita. Não havia nada ali, nenhum instrumento ou mecanismo que pudesse emitir aquele som debilitante, apenas alguns mortos, que já tinham sido investigados pelo feiticeiro, e a planta que crescia naquela porção fértil de solo. A planta. Sim, só podia ser ela, pensou Nailo. Com gestos e a ajuda de Cloud pediu a Squall para retirar uma muda da estranha erva. Contudo, não havia mudas, era apenas uma única vinha que crescia do solo e se espalhava por toda a câmara. Squall foi até o caule da planta e tentou arrancá-lo. Não conseguiu. Olhou para fora e viu Nailo gesticulando algo que ele entendeu de imediato. Squall saiu do ossuário sorrindo. Apanhou algo em sua bolsa de materiais mágicos e executou o feitiço. Uma bola de fogo explodiu dentro da saleta, destruindo os ossos nas paredes, os cadáveres mais antigos e a planta por completo. Após as chamas se extinguirem, Squall voltou a entrar. Todos os seus amigos aguardavam observavam ansiosos da entrada. Então veio a feliz constatação: com a destruição das vinhas a música também cessara completamente.



março 23, 2009

Dia mundial de D&D - Balanço do evento

Segunda-feira, de volta ao trabalho normal após um final de semana de evento. O Dia Mundial de D&D aqui em Araraquara foi um grande sucesso em todos os sentidos.
O evento começou na hora marcada, sem atrasos, sem contratempos. Sem contratempos? Bem, talvez a ausência dos kits que ficaram presos na alfândega (parabéns governo brasileiro por sempre barrar material de rpg e atrapalhar as vidas de milhares de jogadores em dias com seus impostos) possa ser considerado um contratempo, mas não atrapalhou em nada o espetáculo.
Tivemos várias mesas cheias (10 ou 11 ao todo) e só não rolaram mais jogos porque sempre tem um bando de mané que prefere ficar em casa coçando o saco, vendo alguma porcaria na tv ou fazendo outra coisa inútil ao invés de participar do evento. Azar de vocês que não foram seus, trouxas. O evento foi ótimo e gente como vocês no fim das contas é melhor mesmo não aparecer para atrapalhar, otários.
A aventura, como de costume, era coisa simples, rápida. Sem muita história, sem qualquer interpretação, mas com muita porradaria pra subir a adrenalina da galera. Rasa como um pires, mas divertida, cumpriu seu papel.
Dessa vez o jogo foi de 11º nível, dando poder de sobra para jogadores e mestres explorarem a 4ª edição. A 4ª edição, por sua vez, continua uma bosta na minha opinião. Um péssimo rpg. Mas, por outro lado, um excelente jogo de miniaturas e estratégia. E era exatamente isso a aventura, um jogo de estratégia, onde você tinha que descobrir um jeito de matar alguns punhados de monstros e de passar em 8 testes de perícias antes de ter 3 falhas. O desafio de perícias, aliás, é uma das coisas que mais odeio na 4e. Nele você tem que passar em tantos testes de perícias antes de ter um número x de falhas, ao invés de simplesmente cumprir uma tarefa da maneira mais criativa que conseguir. O desafio desse fim de semana era parar uma menina assustada e pedir informações para ela. Se fosse na 3e essa menina pararia com uma única ação de um único personagem, mas com as frescuras da 4e gastamos meia hora rolando testes ridículos de perícias. Os combates me pareceram muuuuuito mais demorados que na 3e, uma coisa que a Wizards havia garantido que tinha melhorado. Eu não achei isso. Talvez por todos ainda serem novatos na nova edição que tem apenas 1 ano de vida mais ou menos a coisa tenha ficado mais lerda, mas não acredito que seja esse o problema.
Bom, gosto é gosto, tem gente que adorou a 4e e não os censuro por isso. Eu odiei e justamente por isso abandonei o cargo de mestre no Dia Mundial, mas, mesmo assim, me diverti muito no evento.
A questão dos kits não atrapalhou. O material está preso na alfândega e parece que agora está novamente à caminho. Sem os kits, cada mestre improvisou com impressões caseiras de mapas, miniaturas e papel, etc. E os jogos fluíram maravilhosamente bem.
Todo mundo que participou teve seus dados completos anotados pelos organizadores do evento para que todos possam receber seus brindes assim que os kits chegarem por aqui, ou seja, quem foi só pra ganhar miniaturas está com sua recompensa garantida.

Enfim, tivemos todos um dia divertido, todos ganharão brindes e ficarão ainda mais felizes. Aos que não puderam comparecer, apareçam no próximo. Aos idiotas que ficaram com frescuras e não foram, meus mais sinceros votos e fodam-se e não apareçam no próximo.

E o próximo já tem dada marcada, dia 23 de maio, data do lançamento do Livro dos Monstros II 4e. Preparem os dados...

março 20, 2009

Dia mundial de D&D

Amanhã é sábado, dia de jogar rpg. Mas não jogaremos nossa campanha regular. Ao invés disso, amanhã é dia de jogar D&D 4ª edição (eeecaaaa!). Sim, amanhã, sábado dia 21 de março de 2009, é o dia mundial de D&D, ou World Wide D&D Game Day.
Como todos os anos, é um evento de um dia para se jogar "Dê e Dê". Diversas cidades do mundo estarão participando. Jogadores e mestres recebem brindes (miniaturas novas, Yes!), além de jogar uma aventura novinha em folha preparada especialmente para o evento.
Este ano o evento comemora também o lançamento do Livro do Jogador II da 4ª edição do D&D. Goste ou não da 4ª edição, um bom rpgista não pode perder uma chance dessa. Vamos todos comparecer, prestigiar o evento, dar força para o nosso hobby, para que ele continue existindo, para que os eventos continuem acontecendo e vamos todos nos divertir juntos(e ganhar presentes, por que não? ^_^)

Aqui em Araraquara o evento será no Sesc às 14h. Maiores informações podem ser encontradas no site do evento. Espero todos lá.

A campanha continua no fim de semana que vem, e as postagens vão surgindo no decorrer da semana. Vejam o que vêm por ai:

- uma torra amaldiçoada
- uma planta do mal
- um filhotinho do Cthulhu (é, a cria da lua parece isso)
- uma morte (um pj morreu!)
- inimigos saídos de contos de terror
- um ritual de sacrifício
- relâmpagos azuis
- o despertar da fúria (outro?!)
- uma surpresa para Squall
- mulheres na lama
- competição de camiseta molhada
- participação especial de Megan Fox, Scarlet Johanson, Amy Smart, etc.

e muito mais!

(tô parecendo vendedor da televisão, mentiroooooso, hehehe)

Capítulo 342 – O último respiro...


Uma hora havia se passado desde o encontro com o aventureiro desafortunado. O escudo prateado da lua já estava alto no céu negro e sua luz cálida chegava aos viajantes em curtos e belos vislumbres. Nailo guiou seus amigos até uma região baixa e úmida, de temperatura elevada, mas agradável para a noite que já se tornava velha. O chão compacto de outrora cedeu lugar à terra fofa e fértil, onde uma imensa floresta de cogumelos gigantes florescia sob a sombra das árvores. Fungos cinzentos do tamanho de carroças se amontoavam, dividindo espaço com vermes rastejantes e insetos do tamanho de cães. Era perfeito.

Rapidamente encontraram um grande cogumelo, cuja copa em forma de chapéu pendia volumosa até quase tocar o chão, formando um esconderijo natural para abrigar os heróis. Após constatarem a inexistência de ameaças e de veneno no fungo, todos se alojaram sob o píleo do fungo, ansiosos por entregarem-se ao merecido sono.

Nailo investigou os arredores enquanto seus companheiros se acomodavam aos pés do fungo, checando a segurança e fazendo algo mais. Procurava por cogumelos que tivessem propriedades medicinais, como o que tinham usado há mais de um ano para aliviar as dores de Elesin. Mas, aqueles espécimes eram todos novos para ele, seu vasto conhecimento sobre a natureza nada sabia daquelas espécies que cresciam tão exageradamente naquela ilha. Ao sentir-se seguro, Nailo colheu duas mudas daqueles fungos, plantando-os em um pedaço de casca de árvore apodrecida que encontrara no chão, e após isso retornou para o acampamento.

A tenda viva sob a qual se abrigavam era iluminada pelo brilho das armas mágicas que portavam. Nela, Lucano estudava com afinco os segredos arcanos enquanto mordiscava as rações de viagem preparadas por Tork. Orion afiava sua espada e limpava sua armadura, enquanto Squall acariciava as macias penas de Cloud ao alimentá-lo. Anix costurava suas roupas, sem entender como surgira um enorme buraco na altura da sua barriga durante o ataque das dragoas-caçadoras. Legolas não estava ali. Estava afastado do grupo, em pé sobre um dos grandes cogumelos, distraído numa conversa com um velho amigo.

_ Sam. Pode me ouvir? – chamou o arqueiro, encarando o colar que pedira emprestado a Orion. A jóia brilhou.

_ Sim, meu amigo. Estou aqui, Legolas. O que há? Algum problema? – respondeu o espírito do bardo, aprisionado em uma jóia muito distante dali.

_ Não, não é nada. Só gostaria de dizer uma coisa – disse o elfo.

_ Pois então diga! Sou todo ouvidos! – sorriu Sam.

_ Bem, é que eu queria agradecê-lo. Você salvou minha vida, livrou-me da forca e da morte certa. Mas, naquela correria toda naquela época, acho que acabei não agradecendo a você pelo que fez. Queria que soubesse que sou muito grato pelo que fez.

_ Ora, o que é isso, amigo? Não precisa me agradecer. Somos amigos, não somos? Pois então, amigos são para essas coisas.

_ Justamente por ser meu amigo é que faço questão de agradecer, Sam. E mais que isso, quero lhe fazer uma promessa. Juro que iremos tirá-lo daí. Nós vamos encontrar o desgraçado que o colocou nesta situação, vamos fazê-lo pagar por tudo e trazê-lo de volta, Sam. Prometo meu amigo!

Sam emudeceu, estava emocionado. Após uma breve pausa que para os dois pareceu uma eternidade, finalmente respondeu.

_ Bem, obrigado. Aguardarei ansiosamente por esse dia em que poderei abrçar meus amigos novamente. Agora vá descansar, você terá um longo dia pela frente, não é mesmo?

_ Sim, tem razão. Boa noite, Sam.

_ Boa noite, meu amigo Legolas. Chame-me se precisar.

O brilho do colar diminuiu gradualmente até desaparecer por completo. A jóia voltou ao seu aspecto comum, como se não possuísse nada de especial. Legolas retornou para o fungo onde seus amigos aguardavam, devolveu o colar a Orion e o agradeceu. Minutos depois todos estavam dormindo, exaustos. Antes de fechar os olhos e cair no sono profundo, Anix se concentrou em seu novo olho. Felizmente para todos, o observador não conseguiu despertar naquela noite.

Galanodel vigiava o sono de seus novos amigos, alternando períodos de sono e de vigília. Seus sentidos aguçados garantiam segurança para os heróis e para ela própria. Aquele estranho grupo que corajosamente invadira a selva e desbravara os perigos de Galrasia seria sua passagem para fora dali. Era sua chance de retornar a um mundo menos selvagem, com menos perigos, onde suas crias não fossem devoradas por lagartos assassinos. Enquanto pensava nisso, a coruja sequer desconfiava dos perigos e desafios que o futuro reservava para seus companheiros. Apenas os deuses sabiam o que estava por vir. Para alívio de todos, naquela noite, os dados de um dos Deuses rolaram um bom resultado e todos puderam descansar tranqüilamente. Essa tranqüilidade, entretanto, como todos sabiam, não duraria para sempre.

O vigésimo primeiro dia do mês raiou enfim. Ameaçava chuva, como os dias anteriores, e Nailo pressentia que dessa vez eles finalmente a encontrariam. E não era apenas na chuva que ele pensava, mas sim, na torre de Zulil, seu objetivo. Os heróis levantaram, comeram um pouco do pouco que restava de suas rações e começaram todo o ritual de preparação ao qual já estavam tão acostumados. Lucano fazia suas orações matinais, pedindo o apoio de sua Deusa-mãe, assim como fazia Nailo, orando pelo auxílio da Deusa da Natureza. Orion e Legolas vestiam armaduras, checavam armas, munição. Anix folheava seu livro de magias, realizava rituais que deixava incompletos para serem concluídos no decorrer do dia com algumas poucas palavras e gestos. Squall apenas meditava, limpando sua mente das preocupações mundanas, deixando-a relaxada, assim como a seu corpo, para reunir e acumular a energia arcana que empregaria durante o dia em suas magias. Estavam quase prontos para a partida, quando Nailo convocou uma reunião.

_ Amigos, tenho algumas coisas a dizer nesta manhã – anunciou o ranger em tom sério. – Acredito, se meus cálculos estiverem corretos, que hoje chegaremos enfim ao nosso objetivo, a torre de Zulil. Não sabemos que tipos de perigos enfrentaremos por lá, que tipo de armadilhas aquele maldito nos preparou, por isso, antes que cheguemos até ele, gostaria de lhes dizer algumas coisas.

Nailo fez uma pausa curta, para retomar o fôlego. Todos o cercavam, o observavam, todos atentos a cada palavra. Então ele continuou:

_ Squall! Gostaria que você mais cauteloso com suas atitudes. Tome muito cuidado com tudo, principalmente com sua ira. Sinto que quando você usa o poder deste anel você se transforma, não só na aparência, mas também em seu espírito. Não se deixe dominar por isso e se transformar em um monstro. Lembre-se que mesmo com outra aparência você ainda é um de nós, um elfo.

Squall apenas meneou a cabeça em concordância a Nailo. O ranger voltou-se para o clérigo e continuou:

_ Lucano, a você peço menos hesitação e mais iniciativa. Tome mais atitude, seja mais ativo. Você é tão bom quanto qualquer um de nós, tome a iniciativa. Não fique esperando que algum de nós lhe peça para fazer algo, para conjurar uma magia. Qualquer segundo perdido hesitando pode custar a vida de um de nós.

Como Squall, Lucano assentiu. Nailo dessa vez dirigiu a palavra a Orion:

_ Orion, o verdadeiro desafio começa hoje. De hoje em diante é que você irá provar o seu valor, como tem feito até agora, mas a partir daqui não haverá mais lugar para garotos, apenas para os grandes homens e elfos.

O humano cerrou os olhos e segurou firmemente o punho da espada flamejante. Seu valor seria provado, perante os elfos e os Deuses que os observavam.

_ Anix, quanto a você, peço que não vacile. Tome controle de seu corpo, sua mente, sua alma e seu coração. Não caia mais no campo de batalha e não deixe mais que o mal o domine. E quando tudo isso terminar e sairmos daqui, nós iremos tirar esse olho maldito de você.

_ Mal me dominando? Tirar meu olho? Por quê? Do que você está falando, Nailo? – perguntou Anix, confuso.

_ Esse olho que você tem em sua testa. Ele é maligno.

_ Maligno como? É apenas um olho?

_ Não, não é, e você sabe disso. Esse olho possui poderes estranhos, você mesmo os usou. E ontem, quando você caiu desmaiado, vítima dos ferimentos das dragoas-caçadoras, algo despertou dentro de você. Pelo conhecimento que possuo, acredito que era um beholder. De acordo com o que Legolas contou, quando encontrou você em Vectora após seu rapto, esse olho em sua testa é um olho de beholder. Não sei como ou porque esse monstro despertou por completo quando você ficou inconsciente ontem, e tentou nos matar. Uma boca e um olho gigantes apareceram em sua barriga, por isso suas roupas estavam rasgadas. Você começou a flutuar de forma estranha e o olho em sua cabeça começou saltou para fora e começou a nos atacar. Por isso eu peço, assuma o controle de si próprio. Há algo, uma coisa grotesca dentro de você, não deixe que ela o domine. E quando sairmos dessa ilha providenciaremos um jeito de tirá-la de você – disse Nailo.

_ Fiquem tranqüilos. Meu olho não será um problema. Ao contrário, ele irá nos ajudar – respondeu Anix.

_ E você, Legolas. Espero que esfrie sua cabeça, faça tudo com calma e, acima de tudo, fé. Lembre-se sempre que ainda estamos todos vivos e que podemos continuar vivendo todos juntos. E enquanto estivermos juntos seremos capazes de tudo, de vencer qualquer desafio. Não se deixe levar pelo ódio em seu coração, pois é isso que os nossos inimigos desejam.

_ Nailo – disse Legolas. – Você, melhor do que ninguém, sabe o quanto eu desejo punir o maldito do Zulil, o quanto eu quero vê-lo morto por uma flecha minha. Não vou sossegar enquanto aquele desgraçado não pagar pelo que fez, nem que isso custe minha vida. Mas tenho um pedido a fazer. Se durante nossa batalha contra o inimigo eu fizer algo que prejudique o restante do grupo, se eu fizer algo que possa a vocês, meus amigos, ou àquelas a quem amamos e que desejamos resgatar, eu peço que você me detenha. Atordoe-me, desmaie-me, mate-me se for preciso, pois acima do meu desejo de vingança está a nossa missão, as vidas que buscamos salvar.

_ Eu espero que isso não seja necessário nunca. Não desejo ter que ferir um companheiro e não sei como o faria. Peço aos deuses que me livrem desse fardo. Agora vamos, temos ainda um longo trajeto pela frente. Mesmo que o mapa de Tork tenha nos enganado inicialmente, e as distâncias sejam mais curtas do que esperávamos, ainda temos um longo caminho nos aguardando.

O grupo partiu. Nailo os conduzia buscando os caminhos mais seguros e mais fáceis de transpor. Foram para o norte em busca do abismo para se situarem, saber onde estavam. Não o encontraram. Descobriram que o abismo há muito findara, ficando para trás, no território das caçadoras. Tinham avançado bastante no dia anterior. Voar sobre o penhasco tinha lhes poupado um grande tempo. E tempo era precioso para eles.

Continuaram quase às cegas, sem pontos de referência para se orientarem, rumando sempre para sudeste. Enquanto caminhavam, Nailo colhia outras mudas da floresta. Como fizera com os fungos, colheu amostras de cipós, plantou-os em tocos podres e os pendurou no lombo de Relâmpago. Aquelas plantas ainda lhe serviriam para alguma coisa, seriam sua arma secreta.

O sol já se encontrava no último quarto do céu quando a floresta começou a se abrir. As árvores tornaram-se mais espaçadas, dando lugar à grama alta e a terrenos sem vegetação. Era o sinal que procuravam. Aproximadamente uma hora depois, conforme dissera Tork, surgiu diante dos heróis um desfiladeiro. Era uma fenda, uma cicatriz incrustada no corpo da ilha. Era grande, tinha quase meio quilômetro de profundidade, e aproximadamente o mesmo de largura. Seu comprimento alcançava facilmente os três ou quatro mil metros. Na borda norte o desfiladeiro se tornava mais raso, formando uma rampa natural que conduzia ao seu fundo. Árvores gigantes cresciam ao redor das bordas, ocultando parte do abismo que, apesar de grande, jamais poderia ser avistado da costa, como haviam tentado os heróis. Sombras eternas se deitavam no fundo da fenda, cheia de lugares onde o sol nunca alcançava. Oculta nas trevas no fundo do penhasco, uma torre sinistra assomava. Haviam enfim chegado.

_ Amigos, enfim encontramos o lugar pelo qual procurávamos – disse Nailo. – Preparem-se, pois esse é o último respiro antes do mergulho.

Como se seguissem as palavras de Nailo, instintivamente todos prenderam o fôlego. Legolas fez uma prece em voz baixa, pedindo por forças para as batalhas que se anunciavam. Mas não orava a Glórienn, suas preces eram para Keen, o Deus da Guerra.

março 10, 2009

Obstáculos, aniversário e afins

Demorou para sair esse capítulo. Infelizmente foi necessário. Passei por maus momentos nos últimos dias, ficamos 3 semanas sem jogar e conseqüentemente sem escrever ou postar. Carnaval, como é tradição, tiramos uma folguinha dos dados, na semana seguinte minha avó veio a falecer aos 92 anos, após passar 7 deles sofrendo na cama sem conseguir mexer o próprio corpo o enxergar. Agora ao menos ela descansou, se livrou do sofrimento e passou para os Reinos dos Deuses, e é isso que nos consola. Logo depois eu adoeci, peguei uma gripe miserável, insolação e fiquei vários dias de cama, gastei uns 3 continues, mas me safei.
Com tudo isso perdi o aniversário do blog e da campanha, que completaram 4 anos respectivamente nos dias 27 de fevereiro e 05 de março. Não deu pra comemorar, mas tudo bem, haverá outros anos para isso. E quem sabe não pinta algum presente de aniversário por aqui durante o mês?
Finalmente, após esse turbilhão a vida começa a retornar ao normal, o que significa joguinho no fim de semana e postagens na semana seguinte. E se tudo correr bem, nesse fim de semana os jogadores já encontrarão a torre de Ash..oops, Gult..., oops de novo, Zulil e enfrentarão sua cria da lua e todas as outras coisinhas legais que existem lá dentro. É isso ai jogadores, preparem-se para a encrenca (em dobro?). Quem mandou me darem uma aventura de presente de aniversário? ;)

Capítulo 341 – O desafio de Monga


O grupo se reuniu no centro da clareira, armas em punho, prontos para lutar até a morte certa. Uma multidão de mulheres-lagarto comprimia o grupo cada vez mais, até confiná-los em um pequeno círculo. Legolas puxou uma flecha da aljava e ouviu dezenas de cordas de arco sendo esticadas, com suas flechas gotejantes apontadas para sua cabeça e de seus amigos. Nailo fez menção de erguer as espadas, Anix começou a murmurar um feitiço e lanças foram erguidas, preparadas para o arremesso, apontadas para os aventureiros. A situação era tensa. Bastava um simples espirro para que as dragoas bombardeassem os heróis com suas flechas, dardos e lanças.

Foi então que de trás da multidão surgiu uma dragoa-caçadora de aparência majestosa, ostentando jóias penduradas em seu corpo esguio e belo, exibindo uma grandiosa crista púrpura. Falava em tom gritado, em um idioma estranho aos ouvidos dos elfos e do humano. Seus gritos e gestos detiveram por um instante os impulsos assassinos do exército que ela liderava. Sem se calar, a líder dirigiu a palavra aos estranhos prisioneiros.

Nenhuma resposta. Os heróis não entendiam sequer uma palavra. Anix já pensava em usar sua mágica para poder se comunicar com as dragoas quando a líder voltou a falar em uma língua conhecida:

_ Rendam-se, intrusos! Soltem as armas ou morrerão! – gritava ela no idioma silvestre.

_ Espere, senhora! Não desejamos lhes fazer mal. Apenas queremos seguir nosso caminho em paz – disse Nailo. – Deixe-nos passar e não incomodaremos mais.

_ Quem são vocês, invasores? O que fazem aqui em nosso território? Vocês invadiram nossa terra e pagarão por isso – ameaçou a líder.

_ Estamos apenas de passagem. Não pretendíamos invadir suas terras, nem atacar suas guerreiras. Deixe-nos ir embora e não voltaremos aqui – disse Nailo.

_ Por que vieram aqui? Por que querem passar por nossas terras? – perguntou a dragoa que liderava.

_ Estamos caçando um inimigo – disse Legolas. – Precisamos encontrá-lo.

_ Inimigo? Que inimigo? Onde ele está? – indagou a chefe.

_ Está escondido no meio da ilha, em uma torre – respondeu Nailo. Ao mencionar torre, Nailo percebeu uma mudança na fisionomia da que liderava. A dragoa parecia temer a simples menção daquela palavra, parecia temer a tal torre. Ela hesitou, perdida em seus próprios pensamentos, antes de voltar a falar.

_ Mesmo assim não posso deixar vocês passarem. Para passarem por nossas terras devem pagar tributo.

_ E qual tributo devemos pagar? – perguntou Anix.

_ Deixem aqui todas as suas armas e poderão seguir em frente – respondeu a comandante.

_ Loucura! – bradou Legolas.

_ Não podemos deixar nossa armas. Precisamos delas – gritou Nailo.

_ Não há outro tributo, ou outra forma de nos deixarem passar? – indagou Anix.

_ Então terão que vencer nosso desafio. Se passarem na prova, deixaremos vocês passarem – respondeu a líder.

_ E que desafio é esse? – perguntou Anix.

_ Vocês terão que derrotar nossa campeã em uma luta. Monga! – a líder anunciou o desafio e depois deu um grito, chamando por sua campeã escondida na multidão. Uma dragoa-caçadora de corpo avolumado, tão grande quanto o de um troll, surgiu esmagando o chão com seus pés agigantados e provocando pequenos tremores a cada passada. Seu corpo era recoberto de escamas e espinhos pontiagudos brotavam em diversos pontos, dando a ela um aspecto bestial, primitivo.

Monga chegou ao meio da clareira, atravessando a multidão de caçadoras que se abria para dar espaço para o desafio acontecer. Posicionou-se na borda de um círculo que acabara de ser riscado no chão por uma dupla de guerreiras com suas armas. A monstruosa dragoa pôs-se a bater em seu peito com as mãos enquanto gritava palavras em seu idioma estranho, provocando os forasteiros.

_ Devem derrotar Monga. Devem fazer ela ficar inconsciente ou tirá-la para fora da arena. Lutem com ela em igualdade, sem suas armas, nus. E se vencerem, poderão passar – explicou a líder das mulheres.

_ Não vamos deixar nossas armas, já disse! – gritou Legolas.

_ É, isso pode ser um truque, para vocês nos roubarem. Não vamos lutar sem armas – disse Nailo.

_ Nós somos guerreiras honradas, não ladras. Não vamos roubar vocês. Mas se quiserem passar, devem lutar com monga sem suas coisas, ou então usar suas armas e derrotar toda nossa tribo – respondeu a líder em tom desafiador.

Os heróis ponderaram por um tempo. Temiam cair em uma armadilha, serem novamente traídos, enganados. No entanto, não havia escolha para eles. Não era possível escapar daquela multidão de inimigas e, se recusassem o desafio, teriam que lutar contra todas elas, uma batalha que dificilmente venceriam. Depois de pesar cada uma das alternativas, tomaram uma decisão. Lutariam, conforme as regras impostas, mas tentariam obter alguma vantagem que lhes garantisse a vitória.

_ Está bem. Nós lutaremos, mas estamos feridos, enquanto sua campeã está totalmente descansada. Deixe que nós descansemos um pouco e deixe-nos curar nossos machucados antes da luta – pediu Legolas.

_ Nada disso. Lutem da maneira que estão ou enfrentem a morte por nossas armas – respondeu a dragoa chefe.

_ Mas você disse que era honrada. Não há honra em vencer oponentes cansados e feridos. Deixe que nós lutemos em nossa melhor forma – Argumentou Legolas. Novamente recebeu uma negação.

_ Deixe-nos lutar com nossas roupas, então – pediu Anix. Outra resposta negativa. – Deixe que usemos aos menos nossos cintos, com nossas bolsas – Pediu o mago, tentando garantir o uso de seus componentes mágicos. Mas outra vez a líder negou o pedido.

_ Então pelo menos deixe eu voltar à minha forma real – Exigiu Nailo. – Vou voltar ao meu corpo normal para lutar de forma honrosa­. – Nailo tentou um blefe e se aproximou de Relâmpago já concentrado nas palavras mágicas que tornariam ele e o lobo uma só criatura. Mas novamente a chefe negou o pedido e Nailo se deteve ante a ameaça de dezenas de flechas quase sendo disparadas contra seu corpo e o de seus companheiros. Parecia que não teriam escolha, seriam obrigados a lutar cansados e feridos contra aquela criatura bestial que as dragoas consideravam como uma igual. Mas foi graças a Lucano que o grupo voltou a ter esperanças.

_ Não entendo porque não nos deixam curar nossos corpos nem porque não deixam meu amigo voltar à sua forma natural. Por acaso vocês estão com medo? Por acaso têm medo de nós? – disse o clérigo desafiando a líder.

_ Medo? Nós? Nós não temos medo de nada! Pois se vocês covardes precisam curar seus pequenos machucados, que curem então. Se precisam mudar de aparência para conseguirem lutar, que o façam então. De um jeito ou de outro vocês serão derrotados, pois nós somos superiores a todos. Agora cuidem logo de suas feridas, voltem às suas formas e tirem logo suas roupas e armas, pois vocês ainda lutarão de igual para igual com Monga, sem roupas, sem armas e sem truques. E disso eu não abrirei mão! – a líder deu as costas para os estrangeiros, visivelmente irritada, e juntou-se às suas companheiras.

Rapidamente os heróis começaram a se despir, ingerir poções e evocar magias sobre seus corpos. Nailo se fundiu a Relâmpago e entrou ao lado de Scloud na arena, acompanhado dos companheiros que agora estavam com os corpos sãos e transbordando poder mágico. Os heróis se posicionaram na borda oposta à de sua oponente no círculo. Depois, os lados adversários se dirigiram ao centro do círculo e ao comendo da líder das dragoas-caçadoras, a luta teve início.

_ Pronto! – gritou Legolas. Um a um os heróis repetiram o gesto, até que o último deles saltou sobre a monstruosa monga. Todos se atiraram sobre ela em seqüência, enquanto Orion correu para trás da fera, abaixando-se atrás dela. Todos empurraram ao mesmo tempo, Monga recuou para trás, tropeçou em Orion e cambaleou. Foi ao chão.

Os heróis comemoraram. Já no primeiro movimento coordenado conseguiram levar a oponente ao solo, provando que a pouca preparação mágica que tinham tido e a estratégia formulada em poucos instantes seriam suficientes para garantir a vitória. De acordo com as regras, deveriam nocautear Monga, jogá-la para fora da arena ou imobilizá-la no chão. Fora da arena as dragoas torciam, gritavam, urravam. Galanodel também depositava sua atenção e sua fé naquela batalha. A coruja gigante torcia pelos novos amigos enquanto vigiava suas armas, pousada sobre elas.

Os gritos de comemoração não tinham cessado quando Monga se levantou agilmente, escapando do segundo ataque dos estrangeiros. A guerreira avançou abrindo caminho entre os oponentes resistindo aos seus socos e pontapés até conseguir agarrar um deles pelo frágil pescoço. Monga empurrou-o o mais longe que pode, tentando levá-lo para fora do campo de batalha. Mas os outros pequeninos lutadores a agarraram a tempo e começaram a puxar e empurrar seu corpo novamente. O pequeno de orelhas pontudas que estava em seus braços tocou suavemente seu peito e Monga sentiu sua força desaparecendo. E novamente ela foi ao chão.

A dragoa, após ter sua energia drenada pela magia de Anix, cedeu aos empurrões dos outros lutadores, tropeçou uma vez mais em Orion e seu corpo reencontrou o chão. Desta vez não houve comemoração. Todos se esforçavam em impedir a gigantesca dragoa de se levantar. Mas ela conseguiu se livrar dos vários pares de braços que a agarravam e se levantou.

Monga ergueu seu corpo sem entender como aquelas criaturas ridículas tinham tanta força em seus bracinhos mirrados. Não conseguiria arrastá-los todos para fora da arena. Estava em desvantagem. Mas, apesar de terem braços fortes, talvez não possuíssem grande resistência. Monga então começou a golpeá-los com suas garras e presas. Feridos eles deveriam perder as forças e possivelmente os braços poderosos de monga, capazes de partir javalis com um único golpe, conseguiriam matar um ou dois daqueles intrusos forçudos. Mas eles pareciam sequer sentir os potentes golpes de Monga, como se para eles os rasgos não passassem de meros arranhões. De que seriam feitas aquelas criaturas? Se fosse capaz, Monga teria sentido medo naquele momento.

Seus corpos foram rasgados. A monstra possuía truques sujos e começava a atacar com suas garras aqueles que estavam desarmados. Os ferimentos doíam, mas não era suficientes para diminuir a obstinação daqueles aventureiros. Eles revidaram com socos e agarraram o corpanzil da inimiga com força. Empurraram-na para a borda do círculo com todas as forças que possuíam e, embora não soubessem, tinham força incomparavelmente superior à da caçadora. Anix lançou novamente uma magia para enfraquecê-la e a deixou em posição ainda pior.

Monga se assustou. Aquelas criaturas saltaram sobre ela como se os ferimentos não significassem nada para eles. Começaram a golpeá-la e a empurrá-la com força para trás. Monga resistiu, mas quando o último deles começou a empurrá-la, sentiu novamente como se suas forças acabassem e cedeu. Recuou até perto da borda da arena, fazendo um esforço tremendo para não cair novamente. Por sorte, desta vez, o maior dos estrangeiros não se abaixara para ela tropeçar, desta vez ele ajudava os demais a empurrá-la.

Monga voltou a atacar. Os heróis a cercavam sem temer sua força. Suas garras atingiam seus corpos desprotegidos, mas todos tinham apenas uma preocupação: jogá-la para fora da arena. Todos empurraram com força, Anix juntou-se ao grupo no empurrão contínuo levando a inimiga para bem perto do limite do campo de batalha. Ela tentou empurrá-los na direção contrária, tentando escapar da derrota, mas era tarde. Orion a agarrou pela cauda escamosa e começou a puxá-la. Monga se desesperou, tentou se agarrar aos adversários, mas não conseguiu. O humano liberou toda a força que tinha em seu corpo e de mais um passo, saindo da arena. Orion perdera, estava desclassificado. Porém, não perdera sozinho. Junto a ele, fora dos limites do ringue, estava Monga, também derrotada.

_ Monga perdeu! – bufou a derrotada indo perder-se no meio da multidão de dragoas-caçadoras. As flechas foram novamente apontadas para os forasteiros, gotejando seu veneno mortal e interrompendo as comemorações dos vencedores. A líder saiu do meio da turba com a mão direita erguida. Foi até o círculo onde estavam os estrangeiros.

_ Monga mostrou-se fraca e perdeu. Vocês conquistaram a passagem por nossa terra. Peguem suas coisas e sumam daqui. E não retornem nunca mais – disse a chefe do bando.

_ Fiquem tranqüilas! – disse Nailo. – Quando retornarmos da torre, nós não passaremos mais por aqui.

_ Isso se vocês retornarem! – riu a líder.

_ Sim, retornaremos! – disse Legolas, confiante.

_ Antes de partirmos, gostaria de fazer um pedido. Não façam nada de mal com Monga. Ela lutou bem e não merece punição. Não a maltratem, por favor – pediu Nailo.

_ O destino de Monga será decidido conforme nossos costumes, estrangeiro. O que vai acontecera ela não lhes diz respeito – respondeu a chefe. – Agora parem de falar e saiam de nosso território.

Sem perder mais tempo, os heróis apanharam seus pertences e partiram acelerado. Já era noite e desejavam sair o mais rápido possível das terras das dragoas para enfim acamparem e recuperarem as forças. Mas Galrasia ainda tinha uma surpresa guardada para eles. Felizmente desta vez era uma surpresa agradável.

_ Parados! – disse Nailo num sussurro alarmado. – Tem alguém logo à frente, escondido. Está nos observando.

Todos interromperam a marcha. O ranger apontou o local onde um vulto espreitava atrás de uma árvore, oculto na penumbra.

_ Deixem comigo! – Legolas tomou a frente e disparou uma flecha certeira no vulto. O espião tombou no chão, inerte.

Avançaram todos cautelosamente até o suposto inimigo. O que encontraram era o cadáver de um homem, morto há muito tempo, crivado pelas flechas das dragoas-caçadoras. Provavelmente era um explorador, um aventureiro, que não tivera a mesma sorte que eles ao encontrar as donas das terras ao redor. Seu corpo estava em estado avançado de decomposição, restando apenas ossos secos do que outrora fora uma pessoa. Estranhamente alguns de seus pertences tinham resistido ao tempo, mesmo expostos da forma como estavam. Logo todos puderam deduzir o motivo: eram itens mágicos. Anix tratou de usar sua magia para identificar as funções dos objetos e para ver se algum deles poderia ser útil para seu grupo.

Dentre eles havia uma bota de couro enegrecido, cuja sola era adornada com entalhes mágicos de origem e significado desconhecidos. Servia para melhorar o deslocamento naquele tipo de terreno acidentado. O usuário teria sua velocidade normal aumentada magicamente e seus movimentos não sofreriam restrições pelos obstáculos que a natureza pudesse impor.

Havia também uma blusa de couro amarronzado desgastado e ordinário. Por dentro, porém, era possível ver diversos fios de mithral finamente trançados de forma a proteger seu usuário. Uma magia ativa na jaqueta aumentava as resistências físicas e mentais do portador.

Havia uma mochila, também mágica, feita de couro azulado que não pertencia a qualquer animal natural conhecido. Era finamente confeccionada. Seu interior era maior que a parte externa, permitindo carregar grandes quantidades de objetos sem alteração no peso da mochila. Dentro havia uma adaga, alguns frutos mágicos que valiam por uma refeição inteira, um cantil cheio de água, uma corda de seda com arpéu, um conjunto de bandagens para tratar de ferimentos de urgência, um pé-de-cabra, uma rede de pesca, um saco de dormir, duas tochas e pederneira e isqueiro. Os itens consumíveis, como as tochas frutas e água do cantil, renovavam-se magicamente a cada dia e bastava pronunciar um comando mágico, durte nyquoke, seguido do nome daquilo que se desejava para que o objeto saltasse do interior da bolsa para a mão do usuário que a estivesse manuseando.

Existia um chapéu feito de pelos, de coelho como observou Nailo, de abas não muito largas e topo cuidadosamente esculpido numa cavidade rasa. Fornecia proteção mágica ao usuário contra todo tipo de armadilhas, aprimorando a intuição do dono para evitar este tipo de perigo.

Também havia um chicote feito de couro de animais mágicos cujo cabo era ornado com metais preciosos e mithral. Além do uso óbvio como arma, tinha o poder de auxiliar seu dono magicamente a escalar de forma mais fácil, além de ter o poder de tomar das mãos de algum oponente qualquer coisa segurada por ele de maneira espantosamente veloz.

Um cantil de aparência mundana, que ocultava símbolos arcanos sob sua rolha trazia uma diversidade de utilidades. A cada vez que alguém bebia dele, o cantil se enchia novamente com um líquido diferente. Poderia ser algo comum como água ou vinho que poderiam ser consumidos livremente até o próximo nascer do sol. Também poderia ser algum tipo de poção mágica ou até mesmo um veneno mortal. Nunca se poderia prever o que sairia e, com exceção da água e do vinho, cada pessoa só poderia usar o cantil uma única vez a cada dia.

Uma pérola pendia presa por uma corrente ao pescoço de seu antigo dono. Tinha o poder de aumentar o poder mágico de feiticeiros e outros conjuradores que aprendiam a magia de forma espontânea, sem necessitar de estudo, como os magos. Permitia que um a magia já usada fosse utilizada novamente, como se nunca tivesse sido gasta.

Por fim, uma faca de caça de lâmina de prata e empunhadura cuidadosamente detalhada repousava em sua bainha na perna do explorador morto. Sua lâmina, afiadíssima graças ao poder da magia que nela repousava, era toda decorada com entalhes de símbolos místicos de combate e proteção. O simples pronunciar da palavra üdengü (oculto no idioma élfico), tornava seu portador invisível aos animais comuns, poder que poderia ser usado até duas vezes a cada dia.

Os heróis dividiram entre si os antigos pertences do falecido aventureiro. Sem dúvida seriam de grande valia em sua jornada e poderiam salvar suas vidas, coisa que não fora possível para o último dono daqueles objetos. Com a ajuda dos amigos, Legolas enterrou o cadáver desconhecido, sepultando-o de maneira digna ao invés de deixá-lo ao relento como estava. Após concluir a tarefa, o grupo prosseguiu.