março 10, 2009

Capítulo 341 – O desafio de Monga


O grupo se reuniu no centro da clareira, armas em punho, prontos para lutar até a morte certa. Uma multidão de mulheres-lagarto comprimia o grupo cada vez mais, até confiná-los em um pequeno círculo. Legolas puxou uma flecha da aljava e ouviu dezenas de cordas de arco sendo esticadas, com suas flechas gotejantes apontadas para sua cabeça e de seus amigos. Nailo fez menção de erguer as espadas, Anix começou a murmurar um feitiço e lanças foram erguidas, preparadas para o arremesso, apontadas para os aventureiros. A situação era tensa. Bastava um simples espirro para que as dragoas bombardeassem os heróis com suas flechas, dardos e lanças.

Foi então que de trás da multidão surgiu uma dragoa-caçadora de aparência majestosa, ostentando jóias penduradas em seu corpo esguio e belo, exibindo uma grandiosa crista púrpura. Falava em tom gritado, em um idioma estranho aos ouvidos dos elfos e do humano. Seus gritos e gestos detiveram por um instante os impulsos assassinos do exército que ela liderava. Sem se calar, a líder dirigiu a palavra aos estranhos prisioneiros.

Nenhuma resposta. Os heróis não entendiam sequer uma palavra. Anix já pensava em usar sua mágica para poder se comunicar com as dragoas quando a líder voltou a falar em uma língua conhecida:

_ Rendam-se, intrusos! Soltem as armas ou morrerão! – gritava ela no idioma silvestre.

_ Espere, senhora! Não desejamos lhes fazer mal. Apenas queremos seguir nosso caminho em paz – disse Nailo. – Deixe-nos passar e não incomodaremos mais.

_ Quem são vocês, invasores? O que fazem aqui em nosso território? Vocês invadiram nossa terra e pagarão por isso – ameaçou a líder.

_ Estamos apenas de passagem. Não pretendíamos invadir suas terras, nem atacar suas guerreiras. Deixe-nos ir embora e não voltaremos aqui – disse Nailo.

_ Por que vieram aqui? Por que querem passar por nossas terras? – perguntou a dragoa que liderava.

_ Estamos caçando um inimigo – disse Legolas. – Precisamos encontrá-lo.

_ Inimigo? Que inimigo? Onde ele está? – indagou a chefe.

_ Está escondido no meio da ilha, em uma torre – respondeu Nailo. Ao mencionar torre, Nailo percebeu uma mudança na fisionomia da que liderava. A dragoa parecia temer a simples menção daquela palavra, parecia temer a tal torre. Ela hesitou, perdida em seus próprios pensamentos, antes de voltar a falar.

_ Mesmo assim não posso deixar vocês passarem. Para passarem por nossas terras devem pagar tributo.

_ E qual tributo devemos pagar? – perguntou Anix.

_ Deixem aqui todas as suas armas e poderão seguir em frente – respondeu a comandante.

_ Loucura! – bradou Legolas.

_ Não podemos deixar nossa armas. Precisamos delas – gritou Nailo.

_ Não há outro tributo, ou outra forma de nos deixarem passar? – indagou Anix.

_ Então terão que vencer nosso desafio. Se passarem na prova, deixaremos vocês passarem – respondeu a líder.

_ E que desafio é esse? – perguntou Anix.

_ Vocês terão que derrotar nossa campeã em uma luta. Monga! – a líder anunciou o desafio e depois deu um grito, chamando por sua campeã escondida na multidão. Uma dragoa-caçadora de corpo avolumado, tão grande quanto o de um troll, surgiu esmagando o chão com seus pés agigantados e provocando pequenos tremores a cada passada. Seu corpo era recoberto de escamas e espinhos pontiagudos brotavam em diversos pontos, dando a ela um aspecto bestial, primitivo.

Monga chegou ao meio da clareira, atravessando a multidão de caçadoras que se abria para dar espaço para o desafio acontecer. Posicionou-se na borda de um círculo que acabara de ser riscado no chão por uma dupla de guerreiras com suas armas. A monstruosa dragoa pôs-se a bater em seu peito com as mãos enquanto gritava palavras em seu idioma estranho, provocando os forasteiros.

_ Devem derrotar Monga. Devem fazer ela ficar inconsciente ou tirá-la para fora da arena. Lutem com ela em igualdade, sem suas armas, nus. E se vencerem, poderão passar – explicou a líder das mulheres.

_ Não vamos deixar nossas armas, já disse! – gritou Legolas.

_ É, isso pode ser um truque, para vocês nos roubarem. Não vamos lutar sem armas – disse Nailo.

_ Nós somos guerreiras honradas, não ladras. Não vamos roubar vocês. Mas se quiserem passar, devem lutar com monga sem suas coisas, ou então usar suas armas e derrotar toda nossa tribo – respondeu a líder em tom desafiador.

Os heróis ponderaram por um tempo. Temiam cair em uma armadilha, serem novamente traídos, enganados. No entanto, não havia escolha para eles. Não era possível escapar daquela multidão de inimigas e, se recusassem o desafio, teriam que lutar contra todas elas, uma batalha que dificilmente venceriam. Depois de pesar cada uma das alternativas, tomaram uma decisão. Lutariam, conforme as regras impostas, mas tentariam obter alguma vantagem que lhes garantisse a vitória.

_ Está bem. Nós lutaremos, mas estamos feridos, enquanto sua campeã está totalmente descansada. Deixe que nós descansemos um pouco e deixe-nos curar nossos machucados antes da luta – pediu Legolas.

_ Nada disso. Lutem da maneira que estão ou enfrentem a morte por nossas armas – respondeu a dragoa chefe.

_ Mas você disse que era honrada. Não há honra em vencer oponentes cansados e feridos. Deixe que nós lutemos em nossa melhor forma – Argumentou Legolas. Novamente recebeu uma negação.

_ Deixe-nos lutar com nossas roupas, então – pediu Anix. Outra resposta negativa. – Deixe que usemos aos menos nossos cintos, com nossas bolsas – Pediu o mago, tentando garantir o uso de seus componentes mágicos. Mas outra vez a líder negou o pedido.

_ Então pelo menos deixe eu voltar à minha forma real – Exigiu Nailo. – Vou voltar ao meu corpo normal para lutar de forma honrosa­. – Nailo tentou um blefe e se aproximou de Relâmpago já concentrado nas palavras mágicas que tornariam ele e o lobo uma só criatura. Mas novamente a chefe negou o pedido e Nailo se deteve ante a ameaça de dezenas de flechas quase sendo disparadas contra seu corpo e o de seus companheiros. Parecia que não teriam escolha, seriam obrigados a lutar cansados e feridos contra aquela criatura bestial que as dragoas consideravam como uma igual. Mas foi graças a Lucano que o grupo voltou a ter esperanças.

_ Não entendo porque não nos deixam curar nossos corpos nem porque não deixam meu amigo voltar à sua forma natural. Por acaso vocês estão com medo? Por acaso têm medo de nós? – disse o clérigo desafiando a líder.

_ Medo? Nós? Nós não temos medo de nada! Pois se vocês covardes precisam curar seus pequenos machucados, que curem então. Se precisam mudar de aparência para conseguirem lutar, que o façam então. De um jeito ou de outro vocês serão derrotados, pois nós somos superiores a todos. Agora cuidem logo de suas feridas, voltem às suas formas e tirem logo suas roupas e armas, pois vocês ainda lutarão de igual para igual com Monga, sem roupas, sem armas e sem truques. E disso eu não abrirei mão! – a líder deu as costas para os estrangeiros, visivelmente irritada, e juntou-se às suas companheiras.

Rapidamente os heróis começaram a se despir, ingerir poções e evocar magias sobre seus corpos. Nailo se fundiu a Relâmpago e entrou ao lado de Scloud na arena, acompanhado dos companheiros que agora estavam com os corpos sãos e transbordando poder mágico. Os heróis se posicionaram na borda oposta à de sua oponente no círculo. Depois, os lados adversários se dirigiram ao centro do círculo e ao comendo da líder das dragoas-caçadoras, a luta teve início.

_ Pronto! – gritou Legolas. Um a um os heróis repetiram o gesto, até que o último deles saltou sobre a monstruosa monga. Todos se atiraram sobre ela em seqüência, enquanto Orion correu para trás da fera, abaixando-se atrás dela. Todos empurraram ao mesmo tempo, Monga recuou para trás, tropeçou em Orion e cambaleou. Foi ao chão.

Os heróis comemoraram. Já no primeiro movimento coordenado conseguiram levar a oponente ao solo, provando que a pouca preparação mágica que tinham tido e a estratégia formulada em poucos instantes seriam suficientes para garantir a vitória. De acordo com as regras, deveriam nocautear Monga, jogá-la para fora da arena ou imobilizá-la no chão. Fora da arena as dragoas torciam, gritavam, urravam. Galanodel também depositava sua atenção e sua fé naquela batalha. A coruja gigante torcia pelos novos amigos enquanto vigiava suas armas, pousada sobre elas.

Os gritos de comemoração não tinham cessado quando Monga se levantou agilmente, escapando do segundo ataque dos estrangeiros. A guerreira avançou abrindo caminho entre os oponentes resistindo aos seus socos e pontapés até conseguir agarrar um deles pelo frágil pescoço. Monga empurrou-o o mais longe que pode, tentando levá-lo para fora do campo de batalha. Mas os outros pequeninos lutadores a agarraram a tempo e começaram a puxar e empurrar seu corpo novamente. O pequeno de orelhas pontudas que estava em seus braços tocou suavemente seu peito e Monga sentiu sua força desaparecendo. E novamente ela foi ao chão.

A dragoa, após ter sua energia drenada pela magia de Anix, cedeu aos empurrões dos outros lutadores, tropeçou uma vez mais em Orion e seu corpo reencontrou o chão. Desta vez não houve comemoração. Todos se esforçavam em impedir a gigantesca dragoa de se levantar. Mas ela conseguiu se livrar dos vários pares de braços que a agarravam e se levantou.

Monga ergueu seu corpo sem entender como aquelas criaturas ridículas tinham tanta força em seus bracinhos mirrados. Não conseguiria arrastá-los todos para fora da arena. Estava em desvantagem. Mas, apesar de terem braços fortes, talvez não possuíssem grande resistência. Monga então começou a golpeá-los com suas garras e presas. Feridos eles deveriam perder as forças e possivelmente os braços poderosos de monga, capazes de partir javalis com um único golpe, conseguiriam matar um ou dois daqueles intrusos forçudos. Mas eles pareciam sequer sentir os potentes golpes de Monga, como se para eles os rasgos não passassem de meros arranhões. De que seriam feitas aquelas criaturas? Se fosse capaz, Monga teria sentido medo naquele momento.

Seus corpos foram rasgados. A monstra possuía truques sujos e começava a atacar com suas garras aqueles que estavam desarmados. Os ferimentos doíam, mas não era suficientes para diminuir a obstinação daqueles aventureiros. Eles revidaram com socos e agarraram o corpanzil da inimiga com força. Empurraram-na para a borda do círculo com todas as forças que possuíam e, embora não soubessem, tinham força incomparavelmente superior à da caçadora. Anix lançou novamente uma magia para enfraquecê-la e a deixou em posição ainda pior.

Monga se assustou. Aquelas criaturas saltaram sobre ela como se os ferimentos não significassem nada para eles. Começaram a golpeá-la e a empurrá-la com força para trás. Monga resistiu, mas quando o último deles começou a empurrá-la, sentiu novamente como se suas forças acabassem e cedeu. Recuou até perto da borda da arena, fazendo um esforço tremendo para não cair novamente. Por sorte, desta vez, o maior dos estrangeiros não se abaixara para ela tropeçar, desta vez ele ajudava os demais a empurrá-la.

Monga voltou a atacar. Os heróis a cercavam sem temer sua força. Suas garras atingiam seus corpos desprotegidos, mas todos tinham apenas uma preocupação: jogá-la para fora da arena. Todos empurraram com força, Anix juntou-se ao grupo no empurrão contínuo levando a inimiga para bem perto do limite do campo de batalha. Ela tentou empurrá-los na direção contrária, tentando escapar da derrota, mas era tarde. Orion a agarrou pela cauda escamosa e começou a puxá-la. Monga se desesperou, tentou se agarrar aos adversários, mas não conseguiu. O humano liberou toda a força que tinha em seu corpo e de mais um passo, saindo da arena. Orion perdera, estava desclassificado. Porém, não perdera sozinho. Junto a ele, fora dos limites do ringue, estava Monga, também derrotada.

_ Monga perdeu! – bufou a derrotada indo perder-se no meio da multidão de dragoas-caçadoras. As flechas foram novamente apontadas para os forasteiros, gotejando seu veneno mortal e interrompendo as comemorações dos vencedores. A líder saiu do meio da turba com a mão direita erguida. Foi até o círculo onde estavam os estrangeiros.

_ Monga mostrou-se fraca e perdeu. Vocês conquistaram a passagem por nossa terra. Peguem suas coisas e sumam daqui. E não retornem nunca mais – disse a chefe do bando.

_ Fiquem tranqüilas! – disse Nailo. – Quando retornarmos da torre, nós não passaremos mais por aqui.

_ Isso se vocês retornarem! – riu a líder.

_ Sim, retornaremos! – disse Legolas, confiante.

_ Antes de partirmos, gostaria de fazer um pedido. Não façam nada de mal com Monga. Ela lutou bem e não merece punição. Não a maltratem, por favor – pediu Nailo.

_ O destino de Monga será decidido conforme nossos costumes, estrangeiro. O que vai acontecera ela não lhes diz respeito – respondeu a chefe. – Agora parem de falar e saiam de nosso território.

Sem perder mais tempo, os heróis apanharam seus pertences e partiram acelerado. Já era noite e desejavam sair o mais rápido possível das terras das dragoas para enfim acamparem e recuperarem as forças. Mas Galrasia ainda tinha uma surpresa guardada para eles. Felizmente desta vez era uma surpresa agradável.

_ Parados! – disse Nailo num sussurro alarmado. – Tem alguém logo à frente, escondido. Está nos observando.

Todos interromperam a marcha. O ranger apontou o local onde um vulto espreitava atrás de uma árvore, oculto na penumbra.

_ Deixem comigo! – Legolas tomou a frente e disparou uma flecha certeira no vulto. O espião tombou no chão, inerte.

Avançaram todos cautelosamente até o suposto inimigo. O que encontraram era o cadáver de um homem, morto há muito tempo, crivado pelas flechas das dragoas-caçadoras. Provavelmente era um explorador, um aventureiro, que não tivera a mesma sorte que eles ao encontrar as donas das terras ao redor. Seu corpo estava em estado avançado de decomposição, restando apenas ossos secos do que outrora fora uma pessoa. Estranhamente alguns de seus pertences tinham resistido ao tempo, mesmo expostos da forma como estavam. Logo todos puderam deduzir o motivo: eram itens mágicos. Anix tratou de usar sua magia para identificar as funções dos objetos e para ver se algum deles poderia ser útil para seu grupo.

Dentre eles havia uma bota de couro enegrecido, cuja sola era adornada com entalhes mágicos de origem e significado desconhecidos. Servia para melhorar o deslocamento naquele tipo de terreno acidentado. O usuário teria sua velocidade normal aumentada magicamente e seus movimentos não sofreriam restrições pelos obstáculos que a natureza pudesse impor.

Havia também uma blusa de couro amarronzado desgastado e ordinário. Por dentro, porém, era possível ver diversos fios de mithral finamente trançados de forma a proteger seu usuário. Uma magia ativa na jaqueta aumentava as resistências físicas e mentais do portador.

Havia uma mochila, também mágica, feita de couro azulado que não pertencia a qualquer animal natural conhecido. Era finamente confeccionada. Seu interior era maior que a parte externa, permitindo carregar grandes quantidades de objetos sem alteração no peso da mochila. Dentro havia uma adaga, alguns frutos mágicos que valiam por uma refeição inteira, um cantil cheio de água, uma corda de seda com arpéu, um conjunto de bandagens para tratar de ferimentos de urgência, um pé-de-cabra, uma rede de pesca, um saco de dormir, duas tochas e pederneira e isqueiro. Os itens consumíveis, como as tochas frutas e água do cantil, renovavam-se magicamente a cada dia e bastava pronunciar um comando mágico, durte nyquoke, seguido do nome daquilo que se desejava para que o objeto saltasse do interior da bolsa para a mão do usuário que a estivesse manuseando.

Existia um chapéu feito de pelos, de coelho como observou Nailo, de abas não muito largas e topo cuidadosamente esculpido numa cavidade rasa. Fornecia proteção mágica ao usuário contra todo tipo de armadilhas, aprimorando a intuição do dono para evitar este tipo de perigo.

Também havia um chicote feito de couro de animais mágicos cujo cabo era ornado com metais preciosos e mithral. Além do uso óbvio como arma, tinha o poder de auxiliar seu dono magicamente a escalar de forma mais fácil, além de ter o poder de tomar das mãos de algum oponente qualquer coisa segurada por ele de maneira espantosamente veloz.

Um cantil de aparência mundana, que ocultava símbolos arcanos sob sua rolha trazia uma diversidade de utilidades. A cada vez que alguém bebia dele, o cantil se enchia novamente com um líquido diferente. Poderia ser algo comum como água ou vinho que poderiam ser consumidos livremente até o próximo nascer do sol. Também poderia ser algum tipo de poção mágica ou até mesmo um veneno mortal. Nunca se poderia prever o que sairia e, com exceção da água e do vinho, cada pessoa só poderia usar o cantil uma única vez a cada dia.

Uma pérola pendia presa por uma corrente ao pescoço de seu antigo dono. Tinha o poder de aumentar o poder mágico de feiticeiros e outros conjuradores que aprendiam a magia de forma espontânea, sem necessitar de estudo, como os magos. Permitia que um a magia já usada fosse utilizada novamente, como se nunca tivesse sido gasta.

Por fim, uma faca de caça de lâmina de prata e empunhadura cuidadosamente detalhada repousava em sua bainha na perna do explorador morto. Sua lâmina, afiadíssima graças ao poder da magia que nela repousava, era toda decorada com entalhes de símbolos místicos de combate e proteção. O simples pronunciar da palavra üdengü (oculto no idioma élfico), tornava seu portador invisível aos animais comuns, poder que poderia ser usado até duas vezes a cada dia.

Os heróis dividiram entre si os antigos pertences do falecido aventureiro. Sem dúvida seriam de grande valia em sua jornada e poderiam salvar suas vidas, coisa que não fora possível para o último dono daqueles objetos. Com a ajuda dos amigos, Legolas enterrou o cadáver desconhecido, sepultando-o de maneira digna ao invés de deixá-lo ao relento como estava. Após concluir a tarefa, o grupo prosseguiu.

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