março 31, 2005

Capítulo 12 - Missão no navio

A oportunidade veio já no dia seguinte. O dia 28, o segundo Aztag que os guerreiros passavam na ilha, iniciou-se com uma nova visita de Guncha, a genasi dourada ao local em que o grupo trabalhava. A bela mulher dourada começou a escolher os escravos que iriam lhe servir naquele dia, como havia feito da outra vez. Batloc estava presente e antes que os escravos fossem reunidos foi até a moça para oferecer-lhe um grupo de escravos recém chegados na ilha, que ainda estavam fortes e dispostos para trabalhar arduamente no navio, além de não terem as doenças que os mineiros mais antigos possuíam. Guncha aceito a sugestão do genasi paladino que rapidamente reuniu os heróis para irem ao navio da genasi como haviam planejado.
Atravessaram a ilha a pé, cercados pelos genasis de ouro e alguns de cobre, sem qualquer chance de tentar fugir ou lutar. No navio, Guncha escolheu as funções de cada um dos seus servos. Nailo e Legolas esfregariam suas costas durante o banho, enquanto Lucano e Anix se encarregariam de amaciar e perfumar a cama da dama de ouro. Squall ofereceu-se para limpar a cabine dizendo já estar familiarizado com o serviço. Guncha o reconheceu e permitiu que cumprisse a tarefa. Loand deveria preparar a comida, enquanto Sairf, azarado como sempre, ficou com a pior parte, teria que limpar todo o porão do navio.
Guncha adentrou no banheiro vestindo apenas um roupão transparente confeccionado em um tecido muito caro. O exuberante corpo da genasi de ouro deixou todos os heróis admirados e por alguns instantes eles esqueceram-se do real motivo de estarem naquele local. Ela advertiu a todos que se tentassem fazer algo contra ela, ela acabaria com todos com suas próprias mãos, além do fato de seus discípulos dourados estarem do lado de fora da cabine atentos a qualquer coisa suspeita. Legolas e Nailo começaram então a esfregar suavemente as costas da genasi. O dois elfos não resistiram à tentação e, aos poucos, foram percorrendo todas as curvas daquele corpo macio e belo com suas mãos. Mesmo que isso lhes custasse a vida, naquele momento mágico eles não se importavam com isso.
Enquanto isso, na cabine do navio, Anix e Lucano amaciavam a cama de Guncha e depositavam sobre a mesma várias essências aromáticas e pétalas de flores que estavam na cabeceira. Os dois aproveitaram que ninguém estava vigiando para vasculharem o armário que havia no recinto. Entretanto, lá dentro só o que encontraram foram roupas femininas. Era o guarda-roupas de Guncha, repleto de vestidos finos e caros, sapatos decorados com fitas e laços, tudo muito belo e luxuoso, provando que a genasi de ouro, além de poderosa, era muito vaidosa. Junto das roupas também se encontravam a armadura e as armas que ela usava, mas era muito arriscado pegar algum daqueles itens, pois certamente ela notaria a falta de qualquer peça de seu equipamento.
Squall, que já havia estado no local, sabia exatamente o que e onde procurar. Olhou na escrivaninha, onde havia vários papéis de transações de escravos negociados com os piratas do mar negro, incluindo Selakos, que os heróis já haviam tido o desprazer de conhecer. Squall guardou consigo o papel que mencionava o pirata de dentes afiados. Depois foi até o baú, onde tinha visto as flechas que Vernt queria. Lá dentro ele encontrou duas flechas azuis com as pontas prateadas, exatamente igual ao que descrevera o mineiro insano. Também estavam lá os mapas, a búsola e um astrolábio que o feiticeiro dispensou por ser grande e difícil de ocultar em seus modestos trajes. Squall ocultou em sua roupa as flechas, a búsola e os mapas. A missão no navio estava completa.
Sairf parecia ser o mais azarado de todos. Quando saíram de Malpetrim, muitos dias atrás, os heróis apostaram uma corrida até o navio do capitão Arthur. O perdedor teria que limpar o convés. Após sair na frente, Sairf tropeçou nas ruas da cidade e caiu de boca no chão. Chegou por último e teve que limpar o navio. Durante a viagem, sempre levava a pior nas batalhas que travaram. Passou grande parte da jornada desmaiado devido aos ferimentos que recebia. Havia recebido um poderoso golpe de picareta de um mineiro louco que quase o deixou desacordado novamente. E desta vez não tinha sido diferente. O pior dos serviços no navio ficara para ele, limpar o porão do navio. Entretanto, desta vez, o mago da água havia tido um pouco de sorte. Dentro do porão ele encontrou, estocados em várias prateleiras, um suprimento imenso de Gorad. O alimento doce e nutritivo, criado no reino de Hershey inicialmente como ração para viagens, era perfeito para alimentar os fugitivos durante a viagem de volta para o continente. Após saborear o delicioso quitute, Sairf escondeu dois pacotes de gorad em sua calça, num local onde nenhum genasi se atreveria a revistar. Também pegou algumas azeitonas que estavam em alguns barris que além das azeitonas continham azeite e água. Entretanto ele não conseguiu levar nenhuma das cordas que ali estavam, como era seu desejo, pois estas eram demasiado grandes e impossíveis de serem roubadas sem que ninguém notasse.
O azarado desta vez foi Loand. O paladino de Khalmyr não tinha habilidades culinárias e fez aquilo que estava ao alcance de seu conhecimento.
Quando Guncha saiu de seu banho foi direto até a cozinha provar seu almoço. Estava horrível. A comida preparada por Loand enfureceu a genasi que expulsou todos de seu navio a socos e pontapés. No final isso foi benéfico para o grupo, pois assim seria mais difícil que Guncha ou seus seguidores notassem que os heróis carregavam os objetos que haviam roubado do navio.
Com mais uma tarefa cumprida, eles retornaram para a montanha.

Capítulo 11 - O capitão

O soldado afastou-se do grupo e retornou ao seu posto perto do elevador. Quando tudo havia voltado à normalidade um homem aproximou-se de Anix e seus companheiros. Apresentou-se como Engaris Sthrol e mostrou-se interessado na notícia do plano de fuga que já havia se espalhado por toda a mina. Anix e os outros contaram sobre o planejamento da fuga e sobre as dificuldades para concretizá-la. Ao ouvir das bocas dos aventureiros que necessitavam de alguém com conhecimentos marítimos para comandar o navio, Engaris sorriu. Todos estranharam a reação do homem que, ao perceber as caras confusas dos amigos, explicou-se. Engaris tinha grandes conhecimentos sobre navegação e se propôs a comandar a nau de volta ao continente.
Anix lhe perguntou como ele adquirira a perícia para ser capitão de um navio e Engaris disse sorrindo que antes de ser capturado por Teztal e seus genasis, ele era um corsário do mar negro. O agora capitão Engaris era um pirata Legolas bateu continência e se colocou às ordens do seu capitão. O capitão se prontificou a reunir entre os escravos aqueles que tinham maiores habilidades para conduzir o navio. Assim, os escravos já tinham seu capitão e em breve teriam uma tripulação para conduzi-los à liberdade. A segunda tarefa necessária para tornar a fuga possível estava concluída.
Quando Tenebra cobriu Arton com seu manto e tudo se tornou escuro, os escravos foram recolhidos para suas celas. Squall ficou no andar inferior da mina, trocando de lugar com Engaris para que o capitão pudesse averiguar a situação da nau que iria comandar.
Legolas e Nailo levaram o comandante até o cemitério dos navios, onde os trabalhos de reforma da nau estavam em curso. Engaris disse que para conduzir aquele navio a remos seria necessário pelo menos quarenta homens. Isso significava que a fuga só seria possível se todos os escravos fossem levados no navio, caso contrário, não haveria chances de se chegar ao continente.
Legolas e o capitão retornaram à cela enquanto Nailo permaneceu no cemitério e no túnel que dava acesso ao mesmo, escavava as paredes, chão e teto em busca de ouro. Porém, somente dentro dos limites da montanha o ranger conseguiu encontrar o precioso minério e em pequenas quantidades. Por algum motivo, o ouro estava concentrado apenas na região da mina.
Paralelamente, Squall ainda tentava, em vão convencer Vernt a lhe revelar o local ou mais detalhes sobre o monstro que ele descobrira. Como não obteve sucesso, sua única opção foi esperar por uma oportunidade de conseguir as flechas de sono no navio de Guncha.

março 30, 2005

Capítulo 10 - O mineiro insano

Os trabalhos na mina se iniciaram assim que Teztal se retirou. Tinham apenas uma semana para preparar a fuga se quisessem salvar a pele do pobre Elesin. Três semanas após o sacrifício do doente, outro seria escolhido para ser morto por Teztal e os heróis eram os candidatos ao posto. Deveriam se apressar para evitar novas mortes de inocentes.
Subitamente, Guiltespin levantou-se de sua cadeira gritando que havia encontrado alguma coisa. Os genasis se reuniram em volta do anão que começou a gesticular e falar apontando para baixo. Rapidamente os soldados reuniram os escravos e os conduziram para o andar inferior da mina. O piso inferior não possuía celas, já que havia uma única saída, o andar inteiro era uma grande prisão. Apenas um genasi vigiava os escravos, ficando próximo ao elevador que conduzia para cima. Todos foram postos para trabalharem juntos, escavando num mesmo local. Da parede escavada, brotavam pepitas de ouro muito mais brilhantes que as vistas antes pelos aventureiros dentro da mina. Compreenderam que o que o genasi de prata exigia de Guiltespin era que ele indicasse uma jazida de ouro de alta qualidade.
Um homem chamado Malkut, empolgado com a notícia da fuga, iniciou uma conversa com Anix. Ele estava visivelmente emocionado ao conhecer os valentes guerreiros que haviam eliminado os monstros que impediam o acesso ao cemitério de navios. Anix perguntou-lhe sobre as histórias de fantasmas na mina, na esperança de que alguma dessas informações pudesse ser útil para o plano de fuga. Ele estava certo. Malkut lhe contou que mineiros haviam visto vultos percorrendo as câmaras e que estes vultos poderiam ser as almas dos escravos que haviam morrido na mina, incapazes de encontrar o descanso eterno. Também contou que Vernt havia descoberto um monstro gigantesco na mina, mas como o mineiro havia enlouquecido devido ao trabalho escravo, ninguém acreditava em sua história. Entretanto, o que os mineiros não sabiam, é que a história de Vernt era verdadeira.
Vernt era um homem atormentado que enlouquecera após ter visto algo tão terrível quanto um demônio da tormenta. Durante suas escavações na mina, o pobre homem deparou-se com a pior das criaturas algo que todos acreditavam não existir mais, o famoso Destruidor de Mundos. Segundo as lendas contam, um grande paladino de Azgher havia confrontado essa criatura no passado e a derrotado. O monstro, também conhecido como Tarrasque, entrou em hibernação e, quando estava prestes a despertar, um grupo de heróis aventureiros arriscou suas vidas para entrar na famosa tumba de Dezzaroh, e recuperar a espada sagrada do paladino Morkh Amhor e eliminar o monstro para sempre enquanto ele ainda dormia. Mas de alguma forma, a criatura havia sobrevivido e se encontrava em hibernação sob a montanha na ilha de Ortenko. Desde então, Vernt havia perdido a sanidade, e suas noites eram atormentadas por pesadelos e alucinações.
Os heróis foram conversar com Vernt sobre a tal criatura, mas o pobre de olhos esbugalhados e mãos trêmulas não conseguia falar sobre o monstro sem entrar em pânico. Seriam precisos anos de terapia para que aquele trauma pudesse ser removido de sua mente, se é que isto era possível. Cada vez que Vernt era indagado sobre o monstro, entrava em pânico e se negava a informar a localização da criatura. O mineiro louco se limitava a dizer que o monstro era tremendamente assustador e que desde que o vira não tivera mais paz. Segundo suas próprias palavras, ele não conseguia mais pregar os olhos, sempre atormentado por pesadelos e alucinações.
Squall prometeu que ajudaria Vernt a superar o trauma e que o ajudaria a dormir novamente. Os outros já estavam irritados com a insanidade do mineiro e pretendiam colocá-lo para dormir a base de pancadas. Sairf gritou “olha o monstro”, assustando o pobre coitado que se retraiu no canto da parede. Squall foi até ele e com todo cuidado o levantou e prometeu que lhe ajudaria a dormir novamente se Vernt lhe dissesse onde o monstro estava. Vernt com sua voz trêmula e em frases mal construídas, disse ter visto “aquela de cabelos dourados” fazer uma pantera dormir com uma flecha, que segundo ele, deveria possuir algum tipo de sonífero na ponta.
A pessoa com cabelos dourados à qual ele se referia só poderia ser Guncha, a genasi de ouro. Squall lembrou-se de ter visto flechas no baú na cabine de Guncha quando a limpou e prometeu a Vernt que conseguiria para ele uma das flechas que faziam dormir se em troca ele lhe contasse mais detalhes sobre o monstro. Vernt novamente entrou em pânico ao ouvir falar do monstro e se negou a dar qualquer informação sem receber a tal flecha primeiro.
Irritado com o medo de Vernt, Sairf assustou-o novamente dando um falso alarme de monstro. Assustado, o mineiro virou-se para fugir e atingiu a cabeça de Sairf com sua picareta. Vernt entrou em pânico e começou a gritar, atraindo a atenção do vigia. O soldado que guardava o andar inferior afastou os heróis de Vernt e ordenou que ninguém importunasse o louco para que ele não causasse transtornos. Sob a ameaça do chicote do genasi de cobre, todos se calaram e voltaram ao trabalho.

Capítulo 9 - A visita de Teztal

Após livrarem-se dos corpos dos monstros, os heróis retornaram para a prisão na montanha. A moral dos escravos elevou-se ao ver os aventureiros retornarem dizendo ter matado os monstros. Guardaram os equipamentos no túnel e foram descansar.
No dia seguinte, Lanag dia 22, trabalharam na como se nada tivesse acontecido, tomando o cuidado de pouparem suas energias, caso elas fossem necessárias durante a noite.
Enquanto escavavam a montanha, os heróis aproveitavam para pegar para si algumas pepitas de ouro, sem que os guardas percebessem. Infelizmente, um dos soldados percebeu Nailo escondendo uma pepita em sua boca e o obrigou a devolvê-la sob chicotadas e gritos. Covardemente, o ranger, para não apanhar sozinho, delatou seus companheiros e todos foram obrigados a devolver o pouco de tesouro que tinham conseguido. A atitude covarde do elfo prejudicou seus amigos, mas ele foi o principal prejudicado, pois ficaria marcado pelo genasi como alguém que além de ser indisciplinado, não era uma pessoa de confiança.
Já no fim da manhã, um grupo de sete genasis de prata entrou na mina. Imponentes, os genasis prateados inspiravam temor por parte dos de cobre. O que parecia ser o líder, gesticulava e gritava com o chefe da guarda a cada irregularidade encontrada. O homem frio de pele prateada fez uma inspeção minuciosa da mina. Analisou a situação do moribundo Elesin, obrigou que Yczar fosse colocado para trabalhar com os demais escravos, e cobrou do anão Guiltespin que este encontrasse logo algo que Teztal estava esperando. Além de distribuir chicotadas em todos aqueles que trabalhavam em ritmo lento, ele exigiu que Batloc matasse os animais que pertenciam aos heróis e que os assasse e servisse no almoço dos genasis. Batloc obedeceu as ordens do seu superior e saiu da mina levando os animais consigo e pedindo aos heróis que confiassem nele.
Durante o dia, os aventureiros tentaram sem sucesso convencer Yczar a participar do plano de fuga, mas o paladino se mostrava inflexível a qualquer argumento. Seria necessário mais que meras palavras para fazer o outrora defensor da justiça voltar a ser a pessoa que era antes de ser escravizado.
Enquanto trabalhavam, os heróis eram constantemente observados por Guiltespin. O anão fitava-os nos olhos como se desejasse dizer alguma coisa. Nailo pediu para tomar água, afim de aproximar-se do anão e se comunicar com ele. Entretanto, a vigilância dos genasis tornava qualquer tentativa de contato com Guiltespin impossível. O ranger retornou ao seu posto de trabalho e poucos minutos depois, o anão foi tomar água no mesmo local que Nailo havia ido. Enquanto bebia, ele olhava para os aventureiros e apontava para o chão, perto do barril, tomando o cuidado de não ser notado pelos soldados. Ele retornou à sua mesa e continuou trabalhando na avaliação dos metais retirados da montanha. Anix esperou alguns instantes para não levantar suspeitas e foi até o barril. Lá o mago encontrou um pedaço de pergaminho enrolado, caído no chão perto da barrica de água e o pegou disfarçadamente. Depois, já de volta ao seu posto de trabalho, viu que era uma mensagem de Guiltespin, que dizia estar sabendo do plano de fuga e se propunha a ajudar no que fosse preciso.
Anix, responsável por transportar o carrinho de pedras para fora da mina, presenciou o trabalho dos escravos do lado de fora da montanha que decoravam a pirâmide de Teztal com os metais preciosos que eram retirados da mina.
Quando veio a noite, Batloc trouxe alívio aos corações dos jovens heróis ao dizer que havia soltado os seus companheiros animais e que tinha cozinhado outros tipos de criaturas para enganar o genasi de prata. Pouco a pouco, o paladino de cobre trouxe as ferramentas necessárias para os reparos no navio que serviria para transportar os escravos fugitivos.
Durante os quatro dias que se seguiram, o grupo de Legoals preocupou-se em conseguir as ferramentas para o conserto do navio, em repor suas energias e em pensar em como resolver os outros problemas que impediam as fugas. Durante esse tempo, a notícia do plano de fuga se espalhou pela mina, tornando aqueles que haviam eliminado as criaturas do cemitério de navios famosos entre os escravos. Os mineiros colaboravam roubando água aos poucos e entregando-a para Roryn e seus companheiros de cela abastecerem o navio da fuga. O grupo de heróis conversou com várias pessoas e ouviram várias histórias sobre a mina, sobre as tentativas mal sucedidas de fuga do passado, e sobre a suposta existência de fantasmas e monstros nos subterrâneos da ilha. De todas, a mais impressionante era a história sobre Vernt, um mineiro que supostamente havia encontrado uma criatura gigantesca dormindo sob a montanha.
O amanhecer do dia 27, o primeiro Valag que os heróis passariam por completo na ilha de Ortenko, começou com um fato novo para os aventureiros. Antes que o sol nascesse, todos os escravos foram reunidos no andar principal da mina, incluindo o anão Guiltespin que sempre ficava isolado dos demais prisioneiros. Todos foram agrupados no centro na caverna, formando várias filas que ocupavam todo o complexo.
Um grande número de genasis estava reunido no local, todos afoitos, ansiosos por algum evento.
Então, antes que o sol se mostrasse na entrada da caverna, o próprio Teztal entrou na mina para fazer uma inspeção de rotina no local.
Todos os escravos foram contados, sob o olhar vigilante do genasi de platina. Após a contagem, Teztal foi até a cela de Elesin, onde comunicou ao pobre moribundo que ele seria sacrificado em uma semana e que deveria escolher suas testemunhas. Os heróis se atreveram a pedir explicações ao líder dos genasis, que mostrava-se uma pessoa fria e calculista.
Indagado sobre os motivos de se sacrificar as pessoas, Teztal disse apenas que precisava do sangue dos escravos para concluir seu plano de dar vida à estátua esculpida sobre a pirâmide. Todos se espantaram ao saber que aquele colosso poderia se mover e causar ainda mais sofrimento pelo mundo caso os genais fosse bem sucedido em seus planos.
Teztal retirou-se da mina, com sua capa de puro algodão agitando-se ao vento, enquanto sua armadura, cravejada de jades, rubis e esmeraldas refletia os primeiros raios de sol que entravam na caverna.

março 28, 2005

Capítulo 8 - Batalha na gruta da esperança

Roryn mostrou o túnel secreto ao grupo e disse que poderiam ocultar a ausência de cerca de seis ou sete pessoas, usando bonecos feitos de palha para simularem prisioneiros dormindo. Entretanto, além dos monstros, haviam vários outros problemas a serem resolvidos para que o navio pudesse ser usado em uma possível fuga. O navio precisava ser reparado e para que isso fosse feito, precisavam de ferramentas, que deveriam ser roubadas da mina sem que os genasis percebessem. Além das ferramentas, precisariam equipar o navio com mapas e bússola para poderem se orientar na viagem de volta ao continente. Isso sem falar na comida e na água que precisaria ser armazenada no navio para alimentar os escravos durante a longa viagem de volta. Também era preciso encontrar um jeito de levar todos os escravos na fuga, pois, além de ser um ato nobre, os homens seriam necessários para remarem a embarcação e pô-la em movimento. Como se não bastasse tudo isso, ainda precisariam descobrir uma maneira de impedir que o navio de Guncha não os seguisse pelo mar quando fugissem. E o principal. Precisavam descobrir uma maneira de distrair Teztal para impedir que ele destruísse o navio com seus raios solares, que podiam alcançar qualquer um a quilômetros de distância. Todos esses problemas precisavam ser resolvidos antes que o navio da fuga pudesse partir de Ortenko, caso contrário, todos estariam condenados à morte.
As ferramentas, poderiam ser roubadas da mina com relativa facilidade, esse era o menor dos problemas. Água também podia ser conseguida na mina com facilidade e a comida, bem como mapas e bússola, teriam que ser roubados do navio de Guncha. Para todos os outros problemas, as soluções ainda deveriam ser pensadas e calculadas com calma. Entretanto, o mais importante naquele momento, era descobrir um meio de recuperarem suas armas, para poderem eliminar os monstros que viviam no cemitério de navios.
Para isso, precisariam da ajuda de Batloc, um genasi de cobre que, segundo Roryn, não concordava com as maldades praticadas por Teztal e seus homens. Teriam que aguardar até que Batloc passasse em seu turno de ronda para tentarem convencê-lo a ajudá-los a fugir. Para isso, só o que podiam oferecer em troca da ajuda era uma vaga no navio que levaria os escravos para fora daquele inferno.
Enquanto aguardavam que o genasi aparecesse, Legolas seguiu pelo túnel secreto acompanhado de um dos escravos para fazer o reconhecimento do cemitério de navios. Os dois rastejaram por um túnel apertado que se abria em uma caverna natural bem maior, com tamanho suficiente para que andassem em pé. Chegaram a uma enorme gruta natural, esculpida pela ação das ondas do mar. Um estreito beiral de pedra permitia que se circulasse por todo o lugar. Embaixo, na água, carcaças de navios destroçados dividiam o espaço com estalagmites. Um navio a remos, que podia, com poucos reparos, tornar-se navegável novamente, era a grande esperança dos escravos de Ortenko. A luz da lua em arco, refletida pela água, fornecia iluminação suficiente para que Legolas, com seus olhos élficos, pudesse ver as duas criaturas esguias deslocando-se pelas estalactites. Com seus braços longos que se projetavam vários metros para frente, como se não possuíssem ossos, os monstros foram aproximando-se lentamente do elfo até que este pôde ver suas presas afiadas brilhando sob o luar. Legolas retornou junto com o guia para a cela dentro da mina para relatar o que tinha visto aos seus companheiros.
Ao mesmo tempo em que estes fatos aconteciam, Nailo tentava fazer amizade com Yczar, seu companheiro de cela, e um possível aliado. O ranger tentava convencer o prisioneiro a ajudá-los a fugir, mas Yczar parecia não ter mais vontade de sair dali ou sequer de viver. Yczar, um paladino do deus Khalmyr, representante da ordem e da justiça em Arton, mostrava-se sem fé na justiça. O paladino, acostumado a ver tantas injustiças ocorridas dentro da mina e acostumado a levar surras cada vez que tentava uma fuga, foi perdendo aos poucos a fé na justiça e em seu deus. Não acreditava ser possível fugir dali e tampouco tinha vontade de fazê-lo. Após tanta insistência de Nailo, Yczar concordou em ajudar os escravos numa possível fuga, mais para fazer o elfo se calar do que por concordar com os seus argumentos. Yczar vivia como que num transe, entorpecido pelo longo tempo que passara presenciando espancamentos e torturas. Seria preciso algum evento extremamente forte, algo que provocasse um choque na mente do paladino para que ele voltasse a si e agisse novamente como um verdadeiro defensor da justiça.
Várias horas se passaram, já era madrugada quando Batloc adentrou na mina fazendo sua ronda noturna. Roryn chamou o genasi para perto da cela. Olhando em volta, desconfiado, Batloc aproximou-se do local de cativeiro dos heróis e soube pelas bocas de Roryn e dos aventureiros, sobre o plano de fuga. Batloc concordou em ajudá-los no que fosse possível, desde que o levassem embora dali também. O genasi aproximou-se da grade da cela, enfiou sua mão feita de cobre dentro de sua armadura e retirou um medalhão de madeira com um entalhe de uma espada e uma balança sobrepostas. Era o símbolo de Khalmyr, o deus da justiça, todos sabiam agora que Batloc estava do lado deles. O servo da justiça pediu aos heróis que aguardassem por uns trinta minutos, quando ele retornaria trazendo as armas e os equipamentos de todos. Porém, ele não poderia libertar os animais presos, pois a ausência dos mesmos levantaria suspeitas entre os outros genasis.
A espera de minutos era longa e parecia não ter fim. Nailo pediu a um dos guardas que o deixasse retornar para a cela junto com os outros. Como estava se comportando bem nas últimas horas, o vigia concedeu o pedido e o conduziu de volta para junto de seus amigos, deixando Yczar sozinho novamente. De volta à cela principal, ficou sabendo do plano de fuga e enfim percebeu qual o caminho que tinha a seguir.
No tempo combinado, Batloc retornou trazendo consigo todo o equipamento do grupo de heróis, depositou os itens na cela rapidamente e continuou a circular pela mina como se nada tivesse acontecido. Os escravos, liderados por Roryn, retiraram do túnel os bonecos de palha que enganariam os guardas e os colocaram no lugar dos aventureiros. Sairf e Anix foram os primeiros a entrar no túnel. Permaneceram cerca de uma hora preparando-se para lançar magias e quando estavam prontos, seguiram, acompanhados dos demais, até o cemitério de navios.
Caminhando em fila dupla, os bravos chegaram à gruta. Legolas e Nailo, à frente do grupo, avistaram as duas criaturas grotescas esgueirando-se entre as estalactites e revelaram sua localização aos demais.
Os dois elfos alvejaram sem sucesso os inimigos com suas flechas. Uma das criaturas, movendo-se habilmente, parou quase sobre o ranger. Atirou-se ao chão e antes muito rapidamente projetou um de seus braços na direção de Nailo, rasgando sua armadura e ferindo-o no peito. O outro monstro aproximou-se de Legolas e pôs-se a atacá-lo do alto mesmo com suas garras afiadas.
Ainda no túnel, sem penetrar na gruta, Squall começou a atacar o inimigo que lutava com Nailo com seus mísseis mágicos, causando grandes danos ao monstro. Sairf, conjurou uma de suas magias, abrindo um portal no chão, de onde surgiu um rato atroz que atacou com ferocidade o ser combatido pelo ranger.
Lucano repetiu o gesto de Sairf, e o monstro viu-se cercado por Nailo e dois ratos atrozes conjurados pelo grupo.
Nailo abandonou seu arco e passou a lutar com sua espada, lado a lado com as criaturas invocadas por seus amigos. Cercada por todos os lados, a criatura defendia-se como podia até que os animais conjurados desapareceram quando o tempo das magias se esgotou. O monstro passou a deslocar-se pelo campo de batalha e a atacar seus oponentes com suas garras afiadas. Sairf tentava congelar a criatura com suas magias, enquanto Anix e Squall a atingiam com seus mísseis mágicos. Lucano correu para ajudar Legolas, que travava uma luta desigual com o outro inimigo e estava preso por uma de suas garras e seriamente ferido. Em desespero, Nailo tentou acertar uma flecha na criatura, mas esta deslocava-se com muita agilidade entre as pedras. O ranger errou o ataque e o alvo atingido foi Sairf, que caiu inconsciente e à beira da morte, com a flecha de Nailo cravada em sua nuca. Entretanto, os ferimentos que o monstro recebera haviam lhe deixado muito debilitado e este não resistiu aos ataques de tantos inimigos. Quando o último míssil mágico de Squall despedaçou o crânio da besta, todos correram para ajudar Legolas.
O arqueiro que havia realizado uma grande proeza, equilibrando-se na beirada da gruta para passar por trás de Nailo e chegar ao segundo monstro, encontrava-se em sérias dificuldades. O monstro saltara do teto, quase sobre o elfo e com um de seus braços conseguiu agarrar Legolas. As garras afiadas rasgavam a carne do arqueiro que, sem nada poder fazer, urrava de dor e pedia ajuda aos amigos. A morte estava próxima e sua visão começou a turvar-se quando Lucano aproximou-se e começou a curar os ferimentos de Legolas com o poder de Glórien.
Nailo surgiu de trás do clérigo e com um giro rápido de espada, decepou o braço que prendia seu amigo. Agora livre, Legolas sacou a espada e partiu pra cima de seu oponente, cheio de ira. O monstro ainda rebatia os ataques das espadas dos elfos com a mão que havia lhe restado. Então os outros heróis chegaram, e suas magias fizeram a diferença. A criatura começou a ceder aos muitos ataques que recebia, ficando seriamente ferida. Surgindo de trás de Legolas em grande velocidade, Lucano avançou contra o monstro evocando o nome de sua deusa com sua espada em mãos. A lâmina desceu sobre a criatura, atravessando seu corpo de cima a baixo e pondo fim ao combate. Todos puderam respirar aliviados, agora o caminho para o navio que os levaria para fora dali estava livre. Usando suas magias restantes, Lucano curou os ferimentos de Sairf que recobrou a consciência, embora ainda estivesse muito debilitado. A primeira tarefa para reconquistar a liberdade estava cumprida.

março 23, 2005

Capítulo 7 - Uma nova esperança

_ Acordem seus escravos imprestáveis, é hora de trabalhar!!! – o grito de um dos genasis de cobre, aliado à água fria despejada sobre os heróis cativos, fez com que todos acordassem, com seus corpos ainda doloridos e cheios de hematomas.
Era dia 21 sob Salizz, Aztag, com o sol ainda nascendo, todos foram forçados a levantar e trabalhar. Um a um, os prisioneiros receberam pás e picaretas e foram conduzidos pelos feitores cada um para um local diferente. Puseram-se a escavar as paredes da montanha e a cada golpe de picareta, ouro e prata brotavam como água em uma nascente. Pepitas de variados tamanhos eram removidas junto com o cascalho das rochas estilhaçadas pelos trabalhadores. Enquanto uns trabalhavam escavando, outros trabalhavam separando pedras simples das preciosas. O grupo de heróis tentava a todo custo dialogar com os genasis, mas cada tentativa de conversação era rechaçada com chicotadas e gritos. Nailo, o que menos se curvava aos feitores foi novamente espancado pelos soldados. Desmaiado, foi arrastado até a cela e lá permaneceu pelo resto do dia.
Giali, um dos trabalhadores, puxou conversa com Legolas e seus companheiros. Giali comentou que Nailo era criador de caso, e não duraria muito tempo nas minas se não se comportasse direito. Irritado, Legolas disse que preferia morrer lutando a ter que trabalhar como escravo até a morte naquela mina. Giali, por sua vez, preferia continuar submisso, na esperança de que algum dia alguém surgisse para salvar todos os operários de Ortenko. Ele contou também sobre Guiltespin, o anão que trabalhava isolado dos outros, realizando avaliação das gemas retiradas da montanha. Segundo Giali, o anão tinha poderes mágicos poderosos, por isso ficava sob constante vigilância de um dos genasis de cobre. Entretanto, segundo Giali, Guiltespin tentara em vão se aliar a Teztal quando fora capturado para escapar da vida de escravidão. Por essa razão, os outros escravos não confiavam nele.
Legolas tentou falar com o soldado que o vigiava, oferecendo-se para trabalhar como avalista, mas quase foi espancado novamente. As únicas respostas dadas pelo frio e cruel genasi foram a chibatada nas costas do elfo e um não tão seco quanto o pó que cobria o ambiente da caverna.
_ Quando o anão morrer, se você ainda estiver vivo, você poderá ocupar o lugar dele. – as palavras do soldado doeram fundo em Legolas, que ainda se contorcia de dor no chão pela chicotada recebida.
Durante todo o dia, trabalharam nas minas com os demais prisioneiros. Legolas e seus amigos, de tempos em tempos, pediam para tomar água, sendo conduzidos, um de cada vez, para os barris de água pelo soldado que os vigiava. Com grande astúcia, os aventureiros sedentos, ao se saciarem nos barris, guardavam parte da água em suas bocas, para depois cuspi-la no local onde estavam escavando. Dessa forma, a rocha amolecia e o trabalho ficava um pouco menos cansativo.
Sempre que tentavam afastar-se do feitor para tentar alguma ação de fuga, como cavar perto da cela para enfraquecê-la, ou se aproximar dos prisioneiros isolados ou de Guiltespin, recebiam chicotadas e ordens para não se afastarem. Parecia realmente impossível fugir dali, e todos começaram a perder as esperanças.
No meio da manhã, outros genasis de pele dourada como o próprio sol entraram na mina. Eram Guncha e seus genasis de ouro. Acompanhados de outros genasis de cobre que traziam escravos para a mina, a bela mulher começou a inspecionar os mineiros e a escolher alguns deles. Os escravos trazidos por Guncha foram encaminhados para os trabalhos na mina, e a genasi escolheu outros para que lhe servissem em seu navio, o Imperatriz Dourada. Squall foi um dos escolhidos. Levado com outros para o navio de Guncha, foi forçado a trabalhar na limpeza da embarcação, enquanto os outros escolhidos cuidavam de fazer o almoço, preparar o banho, ou amaciar a cama da genasi dourada. Enquanto limpava a cabine de Guncha, o jovem feiticeiro viu sobre uma mesa vários mapas náuticos e uma bússola. Também viu em um baú várias flechas, mas como estava sendo vigiado de perto por um genasi de ouro, não pode olhar mais detalhadamente, muito menos pegar algum desses itens. Ao menos o elfo havia se livrado de um trabalho muito mais duro na mina, sorte que seus amigos infelizmente não tiveram. Enquanto ele varria todo o convés, seus companheiros eram forçados a escavar a rocha bruta, sob as chicotadas dos soldados de Teztal.
Quando o sol brilhava no meio do céu, o almoço foi servido. Novamente um pão mofado e sujo foi entregue aos escravos, que comeram nos próprios locais que escavavam, com as mãos sujas e empoeiradas. O gosto da massa misturada com terra e poeira de pedra se tornava ainda mais amargo sob o som dos chicotes estalando por toda a mina. Nailo foi acordado com um balde de água fria derramado sobre seu corpo, e após comer, foi obrigado a retornar ao trabalho. Entretanto, o elfo ainda não havia se dado por vencido. Enquanto trabalhava, escondeu em seu cabelo uma pepita de ouro sem que nenhum dos guardas percebesse. Tinha esperanças de poder usar aquilo de alguma forma para escapar, quando fosse o momento certo.
Quando o sol finalmente se pôs, após um dia que parecia não ter fim, os escravos foram confinados em suas celas. Com todos reunidos novamente, e com os guardas mais distantes, apenas fazendo rondas pelo complexo, os heróis puseram-se a planejar sua fuga. Nenhum deles tinha armas, mas ainda podiam contar com o apoio mágico de Lucano e Squall, que não precisavam ler grimórios para lançar magias. Os dois conjuradores puseram-se a orar e meditar para se tornarem capazes de conjurar magias. Os poucos minutos que puderam se concentrar foram suficientes para que Lucano preparasse apenas uma magia para ser lançada. Squall, entretanto, podia contar com todos os seus poderes. Cerca de trinta minutos após o término do expediente, os soldados chegaram trazendo o jantar. Atiraram os pães como se jogassem milho aos pombos e serviram água em abundância para todos.
Quando os soldados se retiraram, o grupo aguardou o momento certo para agir. Sabiam pela observação que demorava cerca de um minuto para que um dos genasis passasse em frente a cela e observasse o movimento lá dentro. Como todos haviam se comportado bem durante a tarde, a vigilância era mais branda do que na noite anterior.
Então, quando um dos guardas se aproximou, Lucano o chamou, pedindo água a ele. O soldado chegou bem próximo da grade que o separava dos escravos, esticou a mão segurando a concha cheia d’água, na direção de Lucano. O clérigo de Glórien invocou o nome de sua deusa e ordenou ao soldado “solte”. A magia de comando funcionou perfeitamente, e o genasi obedeceu, largando tudo que tinha nas mãos. A concha cheia de água, bem como o mangual portado pelo soldado, foram ao chão quase que ao mesmo tempo.
Rapidamente, Nailo atirou-se ao chão e foi com a mão em direção à arma do vigia. Squall, à distância, usou sua magia de prestidigitação e começou a puxar a chave no cinto do soldado para suas mãos. Entretanto, o plano dos heróis falhou drasticamente. Ao perceber a tentativa de fuga, o guarda pisou na mão de Nailo que puxava o mangual para dentro da cela, e, ao ver a chave sendo puxada por Squall, deu o alerta de rebelião. Rapidamente os outros soldados chegaram, invadiram a cela e começaram a espancar todos os que ali estavam. Em poucos segundos a rebelião foi contida. Nailo, que ainda discutia com um dos guardas, foi levado para a solitária para aprender a não causar mais confusão. O ranger recebeu toda a culpa do incidente, e foi trancafiado no cubículo que servia de cela, junto com Yczar.
Com a rebelião contida, e o causador do distúrbio isolado na solitária, os sentinelas voltaram à rotina normal de vigia. Assim, os soldados se afastaram, retornando de tempos em tempos para averiguar a situação. Sem a presença dos sentinelas, os outros prisioneiros cercaram os revoltosos em um grande círculo. Não demonstravam hostilidade, mas sim admiração pelos heróis, como se tivessem encontrado uma jóia rara. De trás da multidão, surgiu um homem baixo, de idade avançada e aparência sábia. O velho aproximou-se dos aventureiros e começou a falar.
_ Vejo que vocês tem intenção de fugir daqui, e que possuem grandes poderes. Porém, se querem realmente sair daqui, assim como todos nós, os meios que estão usando jamais darão certo. Meu nome é Roryn, muito prazer. E vocês, quem são? – o velho estendeu sua mão aos heróis num gesto amistoso e todos se apresentaram.
Roryn lhes contou que Teztal e seus asseclas eram muito poderosos, e que no passado, outras pessoas poderosas tentaram enfrentá-lo e perderam suas vidas. Segundo ele, confrontar Teztal, mesmo que todos os escravos se unissem, e que Guiltespin e Yczar ajudassem , ainda assim eles seriam massacrados pelo genasi de platina e seus subordinados. Para fugir daquela ilha, seria preciso muito mais do que força bruta, era necessário um plano a prova de falhas. E Roryn apresentou esse plano, ou parte dele ao menos, aos jovens rebeldes.
Secretamente, os escravos haviam escavado um túnel sob a cela, que conduzia até uma gruta com acesso direto para o mar, onde diversas carcaças de navios e pedaços de embarcações acumulavam-se, constituindo um verdadeiro cemitério de navios. Os destroços, eram usados como matéria-prima para fazer reparos no navio de Guncha. No cemitério, entre as carcaças de navios há muito abandonados, havia um em condições de navegar. Claro, seria necessário fazer alguns reparos na nau, mas nada que fosse muito difícil de fazer. Mas havia um problema. Duas criaturas que habitavam o local impedia o acesso dos escravos ao local. Os dois monstros já haviam matado outros que haviam tentado derrotá-los. Roryn implorava aos deuses para que enviassem alguém que fosse capaz de eliminar os monstros, deixando acesso livre ao navio e criando uma possibilidade de fuga para os escravos. Ao ver os poderes de Lucano, Squall e seus amigos, Roryn teve a certeza de que os deuses haviam ouvido suas preces. O grupo de heróis com certeza seria capaz de eliminar os monstros e deixar o cemitério de navios livre para que os escravos começassem a reparar o navio e pudessem novamente sonhar com a liberdade.

março 22, 2005

Capítulo 6 - Noite de surras

Com a chegada da noite, os outros escravos que trabalhavam na mina foram colocados na cela junto com os heróis. Sairf recobrou a consciência e Nailo foi acordado com um balde de água fria despejada sobre ele por um dos guardas da mina. Legolas e seus companheiros tentaram dialogar com os soldados. Fizeram várias perguntas sobre os motivos de estarem cativos, sobre Teztal, sobre o homem doente e o outro na solitária. Mas os feitores limitavam-se a responder que aqueles assuntos não eram da conta do grupo. Legolas passou as algemas por baixo de suas pernas e colocou as mãos para frente. Foi espancado por esse ato. Começaram a trocar insultos com os guardas e novamente foram espancados. Depois de cerca de meia hora, os vigias retornaram trazendo o jantar. Pães mofados e sujos, com gosto de terra foram atirados na cela, um para cada prisioneiro. Squall, decepcionado, esperava ingenuamente que o tal jantar fosse alguma refeição digna como uma bela macarronada. Se a situação não fosse tão trágica, todos teriam rido do feiticeiro. Lucano, faminto após um dia inteiro sem comer, começou a devorar o pão no chão, como um animal. Um dos soldados riu do clérigo e ordenou que os guardas soltassem as algemas dos heróis. Revoltados com tanta humilhação, os aventureiros iniciaram uma nova discussão com os soldados. Nailo, esfarelou seu pão na frente dos guardas em tom de desafio, sob os olhares preocupados dos outros escravos, que devoravam seus pães como se não comessem há dias.
Pouco depois, dois soldados arrastaram um barril para perto da cela, e com uma concha de madeira começaram a servir água aos prisioneiros que formaram uma grande fial para saciar a sede. Aparentemente, o único luxo ao qual os presos tinham direito era a água, que era servida em abundância a todos.
Durante a distribuição de água, Nailo novamente entrou em conflito com os soldados, ofendendo e desafiando-os. Os dois vigias entraram na cela para silenciarem o ranger, enquanto outros ficavam na porta bloqueando a passagem para fora. Legolas tentou fugir enquanto Nailo era espancado, seguido pelos seus companheiros.
_ Rebelião!!! – gritou um dos guardas que chutava Nailo.
Vários outros soldados entraram na jaula e espancaram todos os prisioneiros, inclusive os que estavam calados, acuados nos cantos com medo da situação. Nailo novamente foi a nocaute, e com todos os presos quietos, os soldados deixaram a cela e retomaram sua rotina normal.
_ Seu amigo gosta de criar confusão. Desse jeito ele não irá durar muito aqui. – comentou um elfo com Anix, enquanto segurava as costelas e gemia de dor.
Anix apresentou-se ao elfo e começou a dialogar com ele. Seu nome era Luor, um alfaiate de Altrin que fora capturado por piratas e vendido como escravo para Teztal. Juntamente com Loran, eram os únicos dois elfos da ilha até então. Luor contou aos recém chegados sobre a ilha e a vida de escravidão. Todos eram forçados a trabalhar minerando ouro prata e outros metais preciosos para Teztal, o líder da ilha. Teztal e seus asseclas se auto denominavam Genasis de Metal. Haviam Genasis de vários tipos, desde os de cobre, a mais baixa patente, até os de prata e ouro. Teztal era o único Genasi de Platina, e portanto o mais poderoso e o líder de todos os outros. Além de comprar escravos trazidos pelos piratas do mar negro, o Genasi de Platina afundava os navios que passassem perto da ilha com seus poderes que recebia do sol. Essas eram as duas maneiras como a maioria dos escravos haviam parado naquele lugar. Uma vez lá, era impossível fugir, pois, embora os cerca de sessenta escravos fossem em maior número que os cerca de quarenta Genasis, seus poderes eram inferiores aos dos captores. Isso além do fato de Teztal receber poderes solares e ser praticamente invencível por isso.
Luor também falou sobre o homem preso na solitária. Seu nome era Ycsar, um antigo Paladino de Khalmyr, que já perdera a fé e as esperanças após tanto tempo naquele lugar. Ycsar já se revoltara várias vezes contra os Genasis, mas nunca havia conseguido bons resultados em suas rebeliões. Assim, surra após surra, o servo da justiça foi perdendo sua força de vontade e a crença em seu deus.
O homem doente isolado na outra cela era Elesin. Após vários anos trabalhando como escravo, sua saúde foi ficando mais e mais debilitada, até que ele adoeceu de vez e se viu próximo da morte. Elesin havia sido escolhido pelo próprio Teztal para ser sacrificado pelo Genasi em homenagem ao deus sol. Segundo Luor, Teztal sacrificava uma pessoa a cada semana, informação que fez com que o grupo de Anix entrasse em desespero, ao lembrarem-se que haviam desafiado um dos guardas oferecendo-se para serem sacrificados.
Desesperados, para fugir, iniciaram uma nova discussão com um dos vigias que fazia ronda no local. Um novo alerta de rebelião foi dado, e Anix e seus amigos foram espancados até perderem a consciência.

março 21, 2005

Capítulo 5 - Escravizados - A ilha maldita

Com todos refeitos do susto, e sem nenhuma baixa, felizmente, o Lázarus prosseguiu viagem. Lucano curou os ferimentos de todos, incluindo a coruja de Sairf. Viajaram por mais dois dias inteiros, sem que nenhum incidente os atrasasse, até que, finalmente, no dia 20 de Sailzz, um Valag, Legolas pode gritar “terra à vista”, ao ver a ilha de Ortenko na linha do horizonte.
Estavam no meio da manhã, a clepsidra do navio marcava dez horas, quando o elfo avistou a ilha do tesouro. Felizes, os marinheiros começaram a comemorar, finalmente poriam os pés em terra firme e as mãos no tão sonhado tesouro. Entretanto, para infelicidade de todos, nem tudo era tão simples como parecia.
A medida que se aproximavam da ilha, puderam ver um pequeno ancoradouro com um navio à vela atracado nele. No centro da ilha, havia uma montanha com mais de mil metros de altitude, e esculpida nela, uma construção que lembrava uma pirâmide podia ser vista. Nessa mesma construção, como se estivesse sentado sobre ela, um colosso aguçava a visão de todos. Era uma estátua de uma homem, com centenas de metros de altura, adornando a montanha. O navio foi chegando cada vez mais próximo e a montanha brilhava como se fosse coberta de ouro e pedras preciosas, chamando a atenção dos tripulantes do Lázarus. Distraídos com a beleza da montanha, quase ninguém se deu conta do movimento no topo da mesma. Quando perceberam o brilho vindo em sua direção já era tarde demais. Do alto topo da montanha, raios solares ofuscantes incineravam tudo em seu caminho. Capitão Arthur Tym foi carbonizado instantaneamente com apenas um raio. O convés começou a pegar fogo e o Lázarus foi tomado pelas chamas. Desesperados, os heróis saltaram no mar e viram o navio ser engolido pelas chamas e pelo mar. Nadaram com todas as suas forças para a praia, fugindo dos selakos que rondavam o local. De toda a tripulação do Lázarus, somente a guarda de elite, composta pelos heróis, e mais dois triupulantes, sendo Tom um deles, conseguiram chegar vivos à terra firme. Mas o destino dos sobreviventes não seria tão melhor que o dos que haviam morrido pelo fogo, por afogamento os nas mandíbulas dos selakos famintos. Quando abriram os olhos, ao recuperarem suas energias, os heróis se viram cercados.
Sete criaturas, com manguais enormes e bestas pesadas os esperavam na praia. Tinham a aparência de humanos fortes e grandes, mas sua pele era dourada da coloração de moedas de cobre. Seus cabelos, dourados, pareciam ser feitos de finos fios de metal. O sol refletia em suas peles quase ofuscando os sobreviventes. Esses estranhos homens cercavam o grupo de náufragos formando um semi-círculo em volta deles. Um pouco mais atrás, um outro homem, com o mesmo aspecto misterioso, mas ainda maior e mais forte, portando uma espada bastarda ornamentada com jóias e um enorme escudo que parecia se feito de ouro puro, parecia ser o líder de todos.
_ Sejam bem vindos à Ortenko escravos. De hoje em diante vocês trabalharão para o grande Teztal até o fim de seus dias. – as palavras do homem de pele de cobre soaram como um desafio aos ouvidos dos heróis. Após enfrentar raios ardentes, um naufrágio e selakos famintos, ninguém estava disposto a tolerar um insulto daqueles. Todos levantaram-se e sacaram suas armas, prontos para derrotar os inimigos. Um dos homens de cobre foi na direção de Legolas, que o atingiu com uma flecha. Porém o ataque do elfo não causou dano algum ao inimigo que revidou com um golpe certeiro de mangual, deixando Legolas completamente atortdoado.
Sairf deu a ordem para que seu familiar voasse e atacou com seu bordão. O bastão atingiu o braço de um dos atacantes, provocando um som parecido com o de um sino. A haste de madeira quase se partiu em duas no braço da criatura, que revidou o ataque com um soco, levando o mago a nocaute. Enquanto ia ao chão, já quase sem sentidos, Sairf pode ver sua coruja ser atingida por um virote e cair no chão, imóvel. Era o fim, pensou o conjurador antes de desfalecer completamente.
Percebendo o poder dos adversários, todos soltaram as armas no chão e se renderam. Rapidamente os soldados de pele de cobre puseram-se a algemar os novos escravos. Os heróis e os dois tripulantes que sobreviveram, tiveram suas mãos presas para trás por pesados grilhões de aço. Das algemas, partia uma corrente de elos grossos que se prendia ao pescoço do homem de trás. Assim foram postos em fila indiana, amarrados uns aos outros, sem qualquer chance de reagir. Quando um dos soldados se aproximou de Nailo, o lobo companheiro do ranger, rosnou furioso, querendo atacar os captor de seu mestre. O elfo ornenou que o animal ficasse quieto, mas era tarde. Irritado com a reação do lobo, o captor ergueu seu mangual acima de sua cabeça e com fúria no olhar, mirou o crânio do animal. Sua mão desceu, cortando o ar com velocidade, mas foi impedida por um dos outros soldados. Esse homem, vestindo uma armadura de cota de malha reluzente, prometeu encarregar-se dos animais, dizendo não ser necessário matá-los. Acorrentou o lobo com cuidado, como se tentasse não machucá-lo. Depois, retirou três pequenas gaiolas de sua mochila e colocou nelas os falcões de Anix e Squall. Enquanto os heróis acorrentados eram conduzidos para o interior da ilha sob chicotadas e empurrões, esse misterioso homem recolheu a coruja de Sairf e retirou o virote que a havia atingido. Olhou em volta desconfiado para os seus próprios companheiros que recolhiam o equipamento dos aventureiros e carregavam o corpo desmaiado de Sairf. Acariciou a pequena coruja por alguns instantes como se tentasse reanimá-la. E isso foi tudo que puderam ver.
Logo após sair da praia, os heróis subiram um pequeno morro e penetraram numa densa floresta. Viram de relance muitos outros soldados, alguns com a pela prateada e outros com a pele da cor do ouro. Caminharam por cerca de trinta minutos em uma trilha sinuosa em direção ao interior de Ortenko. Os poucos espaços entre a folhagem das árvores, mostravam que eles andavam rumo à montanha. Contornaram o pico pelo lado esquerdo do mesmo e chegaram até uma enorme caverna que servia de entrada para a montanha. Lá dentro, encontraram uma mina, escavada por vários escravos, em sua maioria humanos. De suas paredes, brotavam pepita de ouro, prata, cobre e platina bruta. Ortenko era realmente uma ilha repleta de tesouros, mas eles não poderiam desfrutá-lo se fossem escravos. Caminhando sobre trilhos de carros que carregavam pedras pela mina toda e para um andar acima e um andar à baixo deles, os heróis foram conduzidos até uma cela esculpida na rocha bruta. Foram atirados dentro da cela com violência. Pouco tempo depois, chegaram os outros soldados, carregando Sairf e seus equipamentos e armas. O mago, ainda desmaiado, foi jogado dentro da mesma cela, e os pertences do grupo, colocados dentro de uma caixa e trancados.
Por toda a mina, havia caixotes e barris em meio a montes de cascalho, ouro e prata. Próximo à entrada, um anão trabalhava incansavelmente debruçado sobre uma mesa avaliando as pepitas extraídas pelos escravos. A qualquer movimento esboçado pelo anão, este era golpeado por um dos soldados que o vigiava de perto. Em frente à cela onde estavam, havia uma outra, menor, onde um homem tossia sem parar, deitado sobre uma cama de palha improvisada. Ao lado desta cela, uma outra prisão minúscula, com cerca de um metro de largura e de altura, abrigava um único homem cabisbaixo.
Pouco tempo depois, o soldado que havia impedido a morte do lobo de Nailo, chegou com os animais. Amarrou o lobo em uma rocha, e sobre um caixote depositou duas gaiolas com os falcões de Anix e Squall, e uma terceira com a coruja de Sairf, que, para surpresa de todos, estava viva.
Revoltados com o cativeiro, os heróis começaram a discutir com os soldados que os vigiavam. Nailo gritou para o homem que se encontrava na preso no cubículo, e os vigias invadiram a sela. O ranger foi espancado até ficar descordado. Aqueles que tentaram reagir de alguma forma também foram agredidos, e sentiram na própria carne o peso das mãos dos adversários. Legolas também desmaiou sob os socos e pontapés recebidos, e aqueles que conseguiram ficar acordados, se viram obrigados a se submeter às ordens dos seus captores. Sem condições de vencer os inimigos, que além de fortes eram muito numerosos, os aventureiros passaram longas horas imóveis na cela imersos em seus próprios pensamentos, enquanto viam os escravos sendo chicoteados e forçados a trabalhar além de suas capacidades. Lucano orava à Glórien para que alquilo fosse apenas um pesadelo, segurando com força seu símbolo sagrado, único item, além das próprias roupas que havia permanecido com ele. Ninguém sabia o porquê, mas com exceção de suas roupas de baixo, somente os símbolos sagrados portados por Lucano e Loand não haviam sido tomados deles. Talvez aí estivesse uma pista para uma possível chance de fuga, se é que fugir daquele inferno era possível. Assim, com suas mentes confusas e atormentadas, e com os corpos doloridos e cheios de hematomas, os heróis passaram o dia, trancafiados na cela, até que finalmente a noite chegou.

Capítulo 4 - O navio fantasma

Dois dias inteiros passaram-se desde a tempestade e o encontro com o pirata Selakos. Já era dia 29, um Lanag, e segundo o capitão, faltava menos de uma semana para chegarem a Ortenko. Toda a tripulação almoçava tranqüilamente, um cozido feito a base de peixe e farinha preparado por Tom, quando avistaram um navio aproximando-se lentamente pela proa.
O navio não tinha velas, seus mastros estavam parcialmente destruídos e não havia nenhum tripulante no convés. Provavelmente a tripulação havia sido tragada pela tempestade e o navio estava navegando a esmo, seguindo as correntes marítimas. Ávidos para encontrar algum tesouro perdido dentro do navio, os tripulantes do Lázarus arrearam as velas, lançaram âncora ao mar e esperaram que a embarcação misteriosa ficasse lado a lado com eles e o abordaram.
Legolas, Nailo e Loand, ajudados pelos demais marujos, amarraram o Lázarus ao outro navio subiram à bordo do mesmo. O navio estava aos destroços. Pedaços de madeira, pedra pano espalhados por todo o convés. Sob o olhar vigilante de Nailo e Loand, Legolas desceu para o porão da embarcação. Mal deu dois passos escada a baixo, o elfo foi surpreendido por vários pontos luminosos, de coloração rubra, movendo-se aos pares. Olhou com firmeza para distinguir o que sustentava aquelas pequenas esferas brilhantes e o medo tomou conta de seu ser. Eram esqueletos, dezenas deles, todos armados de espada e escudo, indo em sua direção, prontos para atacar. Legolas só teve tempo de recuar de volta ao convés, seguido de perto por pelo menos quinze esqueletos. Todos pareciam ter sido humanos em vida, e pelas armas e armaduras que usavam, pareciam ser todos guerreiros bem treinados e armados.
Os três aventureiros foram rapidamente cercados por várias das criaturas. Não havia muita opção, a não ser esquivar e defender os múltiplos ataques que recebiam. O capitão Arthur gritou para que voltassem ao Lázarus e liberassem o navio fantasma o mais rápido possível, pois eram muitas criaturas e suas espadas não surtiam efeito contra as mesmas.
Os três compreenderam a intenção do capitão, e procuraram seguí-la o mais depressa que conseguiam. Legoals, que combatia cerca de cinco esqueletos, correu e saltou para o convés do Lázarus, desviando-se das cimitarras afiadas de seus oponentes. Porém, o elfo foi seguido por alguns dos mortos-vivos, e o combate se deu na nau do capitão Arthur. Loand, que já estava próximo à lateral do navio, não teve dificuldades para retornar ao Lázarus. Entretanto, Nailo, junto com seu lobo, encontrava-se em situação pior, já que o número de criaturas que o cercavam era muito elevado. O jovem ranger continuou combatendo os esqueletos como podia e, para sua sorte, as criaturas começaram a atrapalharem a si mesmas devido à grande quantidade de lutadores num único espaço. Uma das caveiras caiu enquanto tentava atacar Nailo, que não desperdiçou a oportunidade e conseguiu, à muito custo, destruir um dos inimigos.
As amarras que os prendiam ao navio fantasma foram cortadas pelos marujos, enquanto eles combatiam os esqueletos que haviam invadido o convés do Lázarus. Nailo e seu lobo retornaram do navio fantasma, seguidos por algumas das criaturas. A nau fantasma foi se afastando lentamente, levada pelas correntes marítimas, enquanto as velas do Lázarus eram hasteadas e a âncora suspendida. Quase dez esqueletos haviam invadido o Lázarus, e uma batalha frenética teve início. Os heróis lutavam bravamente contra as criaturas, enquanto os marujos trabalhavam para por o navio em movimento e afastá-lo da nau amaldiçoada.
As criaturas levavam vantagem sobre os aventureiros, pois as espadas não eram capazes de ferir aquelas criaturas compostas exclusivamente de ossos. As únicas formas de ataque que pareciam surtir efeito eram as magias lançadas por Squall. O jovem feiticeiro estilhaçava os crânios dos oponentes utilizando projéteis mágicos que explodiam ao atingir os esqueletos. Do alto do cesto da gávea, Sairf tentou atacar com magia também. Entretanto, o mago da água e do gelo não podia fazer nada contra criaturas que não possuíam órgãos ou pele para serem congelados. Sentindo a gravidade da situação, o mago desceu ao convés para tentar uma nova abordagem. Já que a magia de gelo e as espadas não funcionavam, o melhor meio de se livrarem dos inimigos era atirá-los ao mar. Pensando desta forma, Sairf conjura à sua frente um disco mágico flutuante, que normalmente ele usaria para transportar objetos e o empurra na direção de um dos esqueletos na borda do navio, tentando jogá-lo para fora da nau. A criatura de ossos se mostra mais forte que o mago, como era de se supor. Sairf ainda recebe golpes dos outros inimigos quando passa próximos a estes, e seu familiar, que o ajudava na luta, cai inconsciente, vítima de um golpe certeiro de cimitarra.
Legolas e Nailo, tentam fazer o mesmo que seu companheiro, mas ao tentar jogar os inimigos para fora do Lázarus, são gravemente feridos. Com muito esforço, o arqueiro consegue jogar ao mar uma das caveiras e Nailo consegue destruir a outra com sua espada. Legolas, com uma tesoura voadora, consegue derrubar outro esqueleto guerreiro, que é massacrado no chão por Loand com sua espada bastarda. À distância, Squall e Anix davam cobertura aos companheiros com disparos mágicos, a única arma realmente efetiva contra aquelas criaturas.
O Lázarus, agora com as velas totalmente abertas, conseguiu finalmente se afastar do navio fantasma e do perigo. Os poucos esqueletos restantes no convés, cercados pelos guerreiros e pelos marinheiros, não tiveram chance de reação e foram destroçados, sobrando apenas fragmentos de ossos espalhados por toda a nau.

março 18, 2005

Capítulo 3 - Piratas e Tempestades

O som do combate chamou a atenção do capitão e dos outros tripulantes que chegaram ao convés poucos instantes após o término da batalha.
Todos ficaram admirados com a façanha do grupo. Embora os heróis não desconfiassem disso, os marinheiros sabiam muito bem que aquele tipo de criatura era muito perigosa, portanto, eliminar os quatro kuo-toas, tinha sido uma tarefa digna de nota.
O capitão Arthur, também conhecia a fama das criaturas e percebendo o potencial dos aventureiros, os recompensou devidamente.
_ Tom, dobre a ração destes homens, e lhes dê uma boa dose de rum! A partir de agora, vocês não mais precisarão trabalhar como os outros marujos, mexendo com velas e âncoras. De agora em diante, a função de vocês será proteger o navio de ataques. Não são mais simples marujos, vocês são nossa guarda de elite! – Arthur falava e gesticulava sob os aplausos e gritos da tripulação, enquanto caminhava pelo convés.
Alegres, os jovens heróis puseram-se a comemorar a vitória junto de Tom, Arthur e dos outros tripulantes.
Nailo, enquanto Legolas se fartava com a garrafa de rum trazida por Tom, amarrou um dos inimigos abatidos numa corda e o atirou ao mar. Disse ao capitão que pescaria comida para uma semana e ordenou que seu fiel lobo vigiasse a isca.
Assim, após uma terrível tempestade e uma difícil batalha, todos tem uma noite extremamente agradável.
Quando o sol nasce, iluminando as águas do mar negro, o Lázarus segue sua viagem rumo a Ortenko.
Durante quatro dias, os novos protetores da nau não tem trabalho a fazer. São dias tranqüilos, com o sol a iluminá-los e vento de popa à impulsioná-los à frente. Sem nenhum incidente, o navio avança várias milhas e o destino fica cada vez mais próximo.
Porém, os dados de Nimb nem sempre trazem bons resultados.
O dia 26, um kalag, havia começado calmo como os dias que o precederam. Todos já estavam quase perdendo o temor pelo mar, quando Legolas, do alto do mastro principal, avistou um homem boiando agarrado a um barril. As velas foram arreadas e a âncora lançada ao mar. Legolas, amarrou uma corda em volta de sua cintura e saltou no mar. O homem resgatado por Legolas era um elfo que dizia se chamar Squall. Ao ser interrogado pelo capitão, Saquall disse não se lembrar direito do que lhe acontecera antes, lembrava apenas o seu nome e nada mais. Sairf notou um falcão que o acompanhava em todos os lugares e deduziu que deveria ser um familiar. As suspeitas de Sairf mostraram-se corretas, Squall era um conjurador, um feiticeiro, já que não trazia nenhum livro de magias consigo. Sairf sugeriu que ele os ajudasse na proteção do navio e todos concordaram, incluindo o capitão. Com um novo tripulante à bordo, o Lázarus prosseguiu em sua viagem.
Já haviam passado cerca de duas horas desde que Tom servira o almoço aos marujos. O peixe defumado, o feijão cozido e o rum, servidos com fartura aos aventureiros, já permaneciam somente nas lembranças dos heróis quando Legolas avistou uma embarcação aproximando-se pela proa. A bandeira negra, tremulando freneticamente no mastro mais alto do navio, fez com que todos os tripulantes do Lázarus se calassem por longos e intermináveis segundos. Capitão Arthur, com a ajuda de uma luneta, confirmou aquilo que todos temiam. Eram piratas. E não piratas comuns. Era o navio de Selakos, um dos piratas mais cruéis de todo o mar negro. Segundo as palavras do próprio capitão, se você possuísse um bastão de raio desintegrador e pudesse efetuar dois disparos, tendo como inimigos Mestre Arsenal, um demônio da Tormenta e Selakos, os dois disparos deveriam ser dados em Selakos.
Sob as ordens de um capitão Arthur inseguro e assustado, as velas foram arreadas e todos os tripulantes baixaram suas armas. Ainda seguindo ordens de Arthur, Anix hasteou uma bandeira, que até então estava escondida. Uma bandeira pirata, como a do Selakon, mas no Lázarus. Sim, para espanto dos aventureiros, agora eles também eram piratas.
O grupo de Legolas estava insatisfeito com as ordens de seu capitão. O desejo de todos, principalmente de Nailo e Sairf era enfrentar Selakos e seu bando e dar-lhes uma lição. Tinham certeza de que poderiam vencer facilmente. Ledo engano.
O Selakon se aproximou até ficar paralelo ao Lázarus. Os comandados do temível pirata, rapidamente prenderam os dois navios, como se fossem abordá-los. O clima era extremamente tenso. Nailo e seus companheiros encaravam com desafio e temor os tripulantes do navio rival. A maioria dos piratas não parecia ter grandes habilidades de combate. Se vencessem os heróis, seria apenas por causa da superioridade numérica. Entretanto, além do próprio Selakos com seus dentes afiados como os do animal que lhe dera o nome, outros quatro piratas chamavam a atenção dos tripulantes do Lázarus. Dois humanos, um portando uma capa misteriosa, e outro cuja mão havia substituída por uma cabeça de serpente negra, inspiravam medo e desconfiança por parte dos heróis. Um halfling, vestindo um corselete de couro, repleto de adagas penduradas, parecia mais perigoso dos que o seu tamanho diminuto permitia supor. Por último, um ser de aparência humanóide, quase tão grande quanto um ogro e apresentando uma textura que lembrava argila fresca, era o que mais intrigava a todos.
_ Ora se não é o velho Arthur Tym. Vejo que conseguiu um barco novo. Tente tomar o cuidado de não atrapalhar os negócios dos outros desta vez. – o tom insano da voz de Selakos fez com que todos despertassem de seus pensamentos.
_ Pode deixar capitão, não cometerei o mesmo erro. – Arthur iniciou um diálogo amistoso com Selakos, diminuindo o clima de tensão no local.
Enquanto os dois capitães piratas conversavam, Sairf, no cesto da gávea do Lázarus, fez um gesto desafiando os homens de Selakos. Mostrou sua língua para Charles, o portador da Hidra Negra. Num rápido movimento, Charles respondeu à provocação, fazendo com que a cabeça de hidra negra que tomava o lugar de uma de suas mão se esticasse até o peito de Sairf, golpeando-o e arrancando-lhe um pedaço do manto com as presas.
Os dois começaram a trocar insultos. Nailo apoiou seu amigo, enquanto Legolas tentava acalmar os ânimos e os demais suavam de tensão.
_ Melekão, bota esse inútil pra dormir!!! – atendendo à ordem de Charles, Melekashiro, a criatura feita de barro, projetou um de seus braços até o local onde estava Sairf. A mão de Melekashiro moldou-se para formar algo que lembrava uma marreta, e num único golpe, levou o mago a nocaute. Atônitos, os tripulantes do Lázarus emudeceram por alguns instantes. Legolas, tentando evitar o que seria um possível massacre, pediu desculpas a Charles e aos outros comandados de Selakos. Com os ânimos acalmados, o diálogo dos comandantes prosseguiu. Após alguns minutos de conversa, Selakos advertiu Arthur sobre uma tempestade que estava a caminho e seguiu viagem com seu navio. Na direção oposta ao Selakon, o Lázarus reiniciou sua jornada.
Capitão Arthur contou que há algum tempo no passado, tinha atacado um navio visado por Selakos, que considerou este fato uma ofensa e vingou-se afundando o antigo navio de Arthur. Anix, durante quase todo o resto da viagem, permaneceu próximo ao capitão, conversando com o mesmo. Entre histórias de monstros, saques piratas e outras, Arthur pouco revelou sobre a ilha de Ortenko. Limitou-se a dizer que encontrara um homem com ouro que havia trazido da tal ilha, mas não revelou nenhum detalhe esclarecedor sobre o tal homem, ou mesmo sobre a ilha e seus tesouros. A bandeira pirata tremulava cada vez mais rápido para preocupação de Loand. Como se não bastasse o fato do paladino da justiça, fiel seguidor do deus Khalmyr, estar em um navio de piratas, ainda havia uma tempestade aproximando-se.
Anix e Loand desceram junto com os demais marinheiros, no convés permaneceram apenas o restante dos heróis e o capitão. Então a tempestade veio. Sob fortes ventos e ondas gigantescas, o Lázarus era jogado de um lado para outro no mar, como se os deuses brincassem com a nau. Ao comando do capitão, Squall e seus novos amigos, deslocavam-se de um lado para outro no convés para servir de contra peso. Uma onda tão alta quanto o mastro principal ameaçava virar o navio e levá-lo a pique. Todos os homens correram para bombordo e agarraram-se à lateral do navio. Sairf, agarrado ao cesto da gávea, assistia impotente à cena. A onda gigante cobriu todo o navio, arrastando consigo barris e caixas, ferramentas e por pouco os heróis também não foram arrastados. Se não tivessem se posicionado rapidamente todos de um mesmo lado do navio, com certeza ele teria virado. Agarrados ao gradil da nau, todos puderam ver a quilha levantando-se e quase saindo de dentro da água.
Antes que pudessem se refazer do susto, uma nova onda, tão grande e assustadora quanto a primeira, atingiu o Lázarus com igual potência. Segurando-se como podiam, viram a onda arrastar tudo que estava no convés, além de uma parte do mastro principal. Com a força das águas e do vento, a vela que estava fechada, inflou-se o suficiente para permitir que a onda arrancasse um pedaço do mastro durante sua passagem. O enorme tronco, arrancado do mastro com violência pela onda, ficou dependurado na lateral do navio pelas amarras e pela vela, formando um tipo de âncora. O peso do mastro, aliado aos ventos, começaram a virar a nau, ameaçando afundá-la se não fosse tomada nenhuma atitude rapidamente. Num impulso instintivo, Legolas e Nailo correram até o outro lado do navio, equilibrando-se com todo aquele balanço nauseante, como se fossem marinheiros de longa data. Dois golpes de espada, um de Legolas e outro de Nailo, foram suficientes para cortar as amarras e a vela, deixando a embarcação livre do peso. O navio retornou à posição normal com tamanha força e velocidade que Sairf quase foi arremessado para fora como uma pedra em uma catapulta.
Mesmo sem o pedaço de mastro ameaçando afundá-los, os heróis ainda não estavam em segurança. A tempestade durou várias horas infindáveis e inesquecíveis. Noite à dentro, equilibrando-se em meio às ondas, segurando-se para não ser arrastado pelo vento, o grupo de aventureiros, liderado pelo experiente capitão, conseguiu sobreviver.
Quando o mar finalmente se acalmou, o navio foi ancorado, e todos puderam repousar.

março 14, 2005

Capítulo 2 - A partida

Antes de deixar o porto, o elfo encontrou o falcão de seu amigo Anix, que trazia uma mensagem dizendo que Anix havia encontrado trabalho para todos. Seguindo o vôo do pássaro, Nailo rumou para encontrar os amigos.
Já de volta ao Macaco Caolho Empalhado, Nailo encontrou todo o seu grupo sentado em volta de uma mesa com outros três desconhecidos, discutindo as oportunidades de emprego encontradas.
_ Parem tudo, já sei para onde vamos! Encontrei um navio precisando de tripulação que oferece 100 tibares de ouro mais uma parte do tesouro que vamos procurar !– o desejo de procurar aquele tesouro era tanto que Nailo elevou o valor da recompensa afim de conseguir convencer seus amigos mais facilmente.
_ Oitenta tibares de ouro mais um tesouro?! Pode fechar o negócio! Quando vamos partir? – Legolas, visivelmente empolgado com a proposta, interrompeu Nailo para dar sua opinião.
Todos demonstraram muito interesse pela proposta do capitão Arthur, exceto Anix que receava em arriscar a vida numa caça ao tesouro em pleno mar negro. Ele preferia ficar em Malpetrim trabalhando na taverna, ou coisa parecida, sem correr riscos, ainda que ganhando menos dinheiro. Porém, suas dúvidas e as de todos os heróis se tornaram certeza quando Nailo mostrou-lhes a pepita dada pelo capitão do Lázarus. Estava decidido, eles iriam para o mar.
Com tudo resolvido, cada um foi cuidar de seus afazeres pessoais. O grupo de Zulil despediu-se dos novos marinheiros, prometendo torcer por Legolas no torneio de arcos na grande feira quando, e se, ele voltasse do mar.
Ansioso para iniciar a jornada, Nailo desejava partir antes das quatro horas da manhã, um pouquinho antes do sol nascer, segundo suas próprias palavras. A ansiedade do ranger provocou risos por parte dos demais. Assim, todos se separaram com as mentes cheias de sonhos e esperanças.
O resto do dia seguiu tranqüilo, sem incidentes. Os heróis aproveitaram o tempo que ainda tinham em terra para descansar e preparar seu equipamento para a jornada. Legolas ainda aproveitou para praticar sua mira atrás da estalagem, alvejando montes de feno e palha. Afinal, estariam de volta antes do torneio e ele queria vencê-lo a todo custo.
Durante a noite, enquanto o grupo dormia tranqüilamente, Legolas se divertia com uma das garotas que costumavam freqüentar a casa. Enquanto o arqueiro se enroscava nos braços da moça, experimentando prazeres indescritíveis, Anix também acordado, conversava com Rud sobre o emprego na taverna. Conseguiu a promessa de uma vaga de garçom quando a feira de Malpetrim começasse, época em que a quantidade de pessoas no estabelecimento aumentava drasticamente. Curioso a respeito da história de Petra Tipsh, a garota que trabalhava no local, decidiu conversar com a mesma, após a recusa de Rud em falar sobre o passado da moça.
Anix entrou na cozinha. Petra lavava pratos, e de um caldeirão no fogo saia um aroma delicioso que tomava todo o ambiente. Sem saber da deficiência olfativa da jovem, que a impedia de cozinhar qualquer coisa que pudesse ser aproveitada, Anix lhe fez um elogio pelo prato que estava sendo preparado.
Conversaram por um longo tempo. Petra contou-lhe sobre o acidente no laboratório de Vladslav, seu pai, sobre a morte de sua mãe, sobre o ofício de seu pai, a necromancia. A moça, apesar de tantos problemas parecia uma pessoa feliz. Anix também conheceu Tarso, um singelo esqueleto criado por Vlad, segundo as palavras da própria Petra. Porém, nem Anix, nem Petra sabiam da verdadeira identidade do singelo morto-vivo, nem seu papel nos acontecimentos que estariam por vir e que definiriam o destino de todo o mundo.
Já era quase madrugada quando Anix finalmente resolveu deitar-se. Despediu-se de sua nova amiga e recolheu-se ao seu quarto.
O Lanag amanheceu ensolarado e com uma brisa fresca soprando para o mar. Era um dia perfeito para navegar. Como prometido, os aventureiros levantaram-se antes do sol surgir no horizonte e rumaram para o porto. Era o dia 15 do mês de Salizz, dia em que teria início uma nova saga que tornaria aqueles jovens em grandes heróis.
Poucos minutos caminhando e todos estavam diante do Lázarus. Um navio a vela imponente com mais de vinte metros de proa a popa e outros seis de largura. Suas velas brancas como a neve das Uivantes agitavam-se ao vento, presas aos dois mastros. O capitão Arthur Tym deu as boas vindas aos novos marujos, apresentou-lhes o restante da tripulação, mais sete homens além deles mesmos e do capitão, e o navio zarpou rumo ao Mar Negro já com o sol forte em sua popa.
O capitão dava ordens aos homens ao mesmo tempo em que controlava o leme da nau. Todos o obedeciam sem questionar. O dia não ofereceu riscos aos marujos, porém quando a noite começava a se aproximar, uma tempestade pôs à prova as habilidades do capitão. Seguindo as instruções de seu comandante, sobreviveram aos ventos de 80 quilômetros por hora e às ondas gigantescas que jogavam o Lázarus de um lado para outro no oceano. Após sete horas de tormenta, o tempo se acalmou e todos puderam relaxar.
Sem perder a rota, seguiram viagem por mais cinco dias tranqüilos. O clima ajudou e o navio deslizou calmamente pelas águas avançando bastante em sua jornada.
Contudo, a manhã do dia 21 anunciava que aquele Aztag seria difícil. As nuvens anunciavam uma nova tempestade que não tardou a vir. Novamente as habilidades do capitão Arthur foram testadas. Pra felicidade de toda a tripulação, o capitão passou no teste. Mas não com nota máxima, pois a força dos ventos e das ondas desviou o navio da rota e eles teriam que gastar mais tempo do que o esperado para chegar até a ilha de Ortenko, onde um tesouro os aguardava.
A noite chegou serena, o capitão recolheu-se na sua cabine, os outros marujos também foram descansar, Anix e seus companheiros preferiram ficar mais algum tempo apreciando a brisa fresca do mar.
Quando o grupo preparava-se para dormir, Nailo, que ficaria com o primeiro turno da guarda aquela noite, viu criaturas se aproximando do navio rapidamente. Alertou seus companheiros. Todos ficaram atentos, armas em punho, esperando um possível ataque. Quando Legolas, do alto do cesto da gávea, tentou atingir uma das criaturas com suas flechas, elas desapareceram num rápido mergulho, para logo em seguida reaparecer no convés do navio, armadas com lanças prontas para atacar.
Eram quatro criaturas, de formato humanóide, que pareciam sapos. Homens-sapo, mas não pertenciam a nenhum tipo de licantropo, eram Kuo-toas, com dentes e lanças afiadas. A luta era inevitável.
Rapidamente Legolas subiu no mastro central e se posicionou no cesto da gávea com seu arco para dar cobertura do alto para os seus companheiros.
Sairf, armado de seu cajado, tentou um ataque contra um inimigo próximo, mas a criatura se esquivou do golpe e o contra-atacou, deixando-o severamente ferido.
Os inimigos avançaram contra os heróis. Nailo e Anix foram atacados quase que simultaneamente por dois dos monstros. Felizmente nenhum dos dois ficou ferido, assim como Lucano que defendeu o golpe de lança do outro inimigo que o atacava.
Nailo cercou um dos Kuo-toas com seu lobo, deixando a criatura sem chances de resistir aos ataques combinados dos dois. Em pouco tempo uma das criaturas tombou no convés do Lázarus. Anix tinha dificuldade para combater seu adversário, causando apenas ferimentos superficiais na criatura, mas como não sofreu nenhum ferimento, sua confiança não foi abalada. Lucano, com um poderoso golpe de sua espada abriu uma grande fenda nas costas de um dos inimigos que depois foi eliminado pela espada bastarda do paladino Loand. Sairf, muito ferido, lutava com dificuldades, auxiliado por seu familiar coruja. Suas magias minavam pouco a pouco a vida de seu adversário enquanto ele recuava para evitar os golpes do inimigo. Percebendo a situação de seus companheiros, e sem conseguir mirar direito devido ao balanço do mar, Legolas lançou-se no convés, deslizando por uma corda e passou a lutar corpo a corpo ao lado de seus amigos.
Com o reforço extra, as criaturas não resistiram por muito tempo. O último inimigo, cercado por todo o grupo, com exceção de Loand que dava o golpe de misericórdia num dos adversários caídos, não teve chances sequer de fugir para o mar, embora tivesse tentado.
A primeira batalha estava ganha e, embora Sairf e Nailo estivessem feridos, o desafio havia sido relativamente fácil. Mas este era apenas o primeiro de muitos outros que estavam por vir.

março 10, 2005

Capítulo 1 - Malpetrim, a cidade das oportunidades

Malpetrim, uma das cidades portuárias mais famosas de Arton. Sede de grandes aventuras ocorridas no passado. Sede da mundialmente famosa Grande Feira de Malpetrim. Reduto de piratas e aventureiros de todo o tipo. Sede também das aventuras que estão por vir.
O ano é 1397 do calendário élfico. O dia, Lanag 14 sob o mês de Salizz. A manhã inicia-se com o sol aquecendo tudo e a todos, prometendo um belo dia para aventuras.
Pouco antes das 10:00 horas, o grupo de futuros heróis deixa a famosa Estalagem do Macaco Caolho Empalhado à procura de oportunidades de trabalho. O dinheiro que há haviam juntado com muito esforço já estava no fim. Faltava apenas um mês para o início da grande feira, que atraíra os aventureiros para este reino tão distante, fazendo com que se conhecessem e passassem a andar juntos. Precisavam de dinheiro para poderem divertir-se na tão esperada feira. Dinheiro para comprar todos aqueles objetos incríveis de tanto ouviram falar durante suas infâncias. Agora que haviam finalmente conseguido ir a Malpetrim para participar do evento, seria um sacrilégio se não pudessem aproveitá-lo como deveriam. E para isso precisavam conseguir muitos, muitos tibares.
O jovem elfo Legolas, nascido no reino de Tollon e um exímio arqueiro, foi o primeiro a deixar a estalagem do velho Rud. Durante sua estada na cidade, havia conversado com várias pessoas e descobrira através de um homem de nome Zack Hergrov, um humano ruivo grande apreciador de cerveja e funcionário de uma estrebaria, que vário torneios ocorreriam durante as festividades. Alguns destes torneios eram realizados na clandestinidade, onde altas apostas eram feitas em combates em que se lutava até a morte. Confiante na sua habilidade com seu arco, seguiu até o palácio da administração da cidade para inscrever-se na competição de tiro ao alvo.
Entretanto, sua jornada pelas ruas da metrópole foi curta, pois as inscrições ainda não haviam começado. Diante da grade da prefeitura encontrou somente uma faixa com os dizeres: “Aqui, breve inscrições para os torneios da grande feira”.
Já de volta à estalagem, sentou-se com outros dois elfos que estavam em companhia de um pequeno e brincalhão halfling. Conversaram pelo resto da manhã como velhos amigos, apesar de o começo desta amizade ter sido um pouco atribulada. Não fosse a intervenção de Zulil Alvane, um elfo de fala calma e aparentemente muito sábio, Legolas com certeza teria se desentendido com o halfling Flint Stone e seu companheiro elfo Laurel Arom. Legolas lhes contou que participaria das competições na feira e os três novos amigos prometeram apoiar o arqueiro tolloniense.
Paralelamente, Anix Remo, mago elfo nascido no reino de Wynnlla conversava com o estalajadeiro George Rud, indagando-o sobre as possibilidades de emprego naquela cidade. Conversaram longos minutos enquanto o velho taverneiro cuidava de seus afazeres. Rud lhe contou que o palco da taverna sempre tinha grandes apresentações de bardos e que vez ou outra a própria Niele se apresentava no local para delírio dos freqüentadores. Até mesmo alguns engenhoqueiros goblins faziam demonstração de seus inventos, que sempre terminavam em alguma explosão, divertindo os expectadores. Anix ofereceu-se para fazer pequenos shows de mágica em troca de alguns trocados pois precisava muito ganhar algum dinheiro. Se preciso fosse, ele trabalharia para Rud como garçom ou fazendo propaganda da estalagem pelas ruas da cidade. Rud entretanto não aceitou nem recusou a proposta do elfo, pedindo para pensar até o dia seguinte antes de responder, foi quando um cliente chamou o atendente pedindo mais cerveja.
Um homem que estava ao lado de Anix o cutucou com o cotovelo e discretamente disse:
_ Desculpe senhor, mas não pude deixar de ouvir sua conversa. Meu nome é Argis. Notei que você está precisando de emprego e tenho uma proposta a lhe fazer. Tenho uma barcaça a remo no cais e preciso de uma tripulação para uma viagem de alguns dias no mar negro. Ofereço-lhe 20 tibares de ouro como pagamento. Estaria disposto a me acompanhar?
_ Muito Prazer Argis, eu sou Anix. Tenho interesse sim, mas primeiro preciso esperar a resposta de Rud. Tenho uns amigos que também estariam dispostos a trabalhar para você. Me dê um prazo até amanhã, somente o tempo necessário para saber a decisão de Rud e para contatar meus amigos. Amanhã pela manhã eu o encontrarei aqui e conversaremos a respeito. Agora se me dá licença, eu irei dar uma volta.
_ Até amanhã Anix, estarei esperando!
Anix se despediu do homem e saiu da estalagem acompanhado de seu fiel falcão. Escreveu uma mensagem num pedaço de pergaminho, amarrou-o numa das patas do animal e ordenou que este encontrasse Nailo, um dos seus companheiros.
Enquanto isso, Nailo, e os outros estavam nas ruas de Malpetrim, procurando por si próprios alguma maneira de se sustentar.
Lucano Lireian, elfo nascido na Sambúrdia, um devotado clérigo de Glórien, a mãe de todos os elfos, buscava informações sobre as competições da feira, na esperança de que existisse alguma disputa de magia, na qual os poderes concedidos pela sua deusa poderiam ser muito úteis. Pediu informações a um outro elfo, mas a abordagem pouco sutil do sacerdote quase resultou em um conflito. Porém, quando viu que se tratava de um fiel servo de Glórien, Harel, se desculpou e os ânimos se acalmaram.
Harel deu a Lucano a localização da sede da administração da cidade, onde eram feitas as incrições para os torneios da feira. Pediu também a Lucano que o ajudasse, pois seu filho se encontrava doente em sua casa. O bom clérigo se prontificou a ajudar seu companheiro de raça e o seguiu até sua casa.
Lá encontrou um elfo, ainda uma criança inocente, ardendo em febre sobre uma cama simples. Estendendo suas mãos sobre o menino, Lucano orou a Glórien para que esta ajudasse o pequeno. Suas mão brilharam como a face de Azgher. O brilho tomou conta do corpo da criança que despertou de seu sono já curado. O pai abraçou o filho emocionado e Lucano pode ver na perna do garoto a cicatriz do ferimento que havia causado a infecção desaparecendo pouco a pouco. Lucano agradeceu à sua deusa em pensamento e retirou-se da casa sob os olhares gratos daquela família de elfos. Não recebera nenhum pagamento pelo favor, nenhum tibar, nenhuma jóia. Para ele bastava ver a felicidade de um irmão elfo, isto era maior que qualquer quantia em ouro do mundo.
Lucano foi até a prefeitura e, ao ver a faixa anunciando as inscrições para um futuro próximo, retornou ao Macaco Caolho Empalhado.
Assim como o clérigo, outros dois jovens buscavam informações sobre os eventos na festa vindoura.
Loand Hammerhand, paladino recém ordenado, servo leal de Khalmyr o deus da justiça, era um jovem humano de coração bom e puro. Nascido no reino de Zakharov, há muitas léguas dali, o guerreiro sagrado, acompanhado de sua bela espada, que acompanhava sua família há gerações, buscou informações dobre os torneios. Intencionava participar das competições com o objetivo de se aprimorar no uso da espada, para tornar-se um guerreiro cada vez mais competente e desta forma poder combater o mal por toda Arton. E se por acaso, ainda ganhasse o prêmio dado ao vencedor, este seria bem vindo, já que o dinheiro que trazia consigo quando deixou sua terra estava no fim.
Assim, ele seguiu pelas ruas de Malpetrim, pedindo informações aqui e ali, até chegar ao local das inscrições. Entretanto, ao constatar que havia chegado algumas semanas cedo demais para se inscrever, decidiu retornar para a estalagem e se encontrar com os amigos que conhecera durante a jornada até Petrynia.
Sairf Ridlav, mago humano nascido em Wynnlla e especialista em magias de gelo e água procurava, assim como Lucano, informações sobre competições de magia, onde seus poderes pudessem ser testados e aprimorados. Em suas andanças pela cidade, descobriu com as pessoas com as quais conversou que vários arcanos locais costumavam se reunir durante a semana da grande feira. Interessado na tal reunião, ele foi reunindo informações até chegar à prefeitura, onde um dos guardas da milícia lhe passou a localização de uma torre onde era feita a reunião anual dos magos. Na torre, Sairf encontrou um homem de idade avançada, longa barba e cabelos cinzentos, privado do olho esquerdo, que o atendeu à porta. O homem no entanto não se demonstrou amistoso e deixou bem claro para Sairf, em poucas e agressivas palavras, que a tal reunião dos magos não era da conta de Sairf. Frustrado, o jovem conjurador retornou para a estalagem.
Por fim, o ranger elfo tolloniense de nome Nailo, tentava a todo custo encontrar algum emprego. Acompanhado de seu fiel lobo, com quem fora criado nas florestas de Tollon, conversou com várias pessoas, até que conseguiu a informação que buscava. Um navio de guerra chamado Imperator estava recrutando marujos para uma missão um tanto perigosa. Caçar piratas no mar negro. O soldo de 50 tibares de ouro mensais soou atraente aos ouvidos do elfo que rumou para o cais de Malpetrim imediatamente.
O Imperator era um navio grandioso. Com seus trinta metros da proa a popa, tinha espaço e remos suficientes para uns trinta a quarenta soldados. Muito bem armado com várias balestras, demonstrava estar preparado para o propósito ao qual se destinava, caçar piratas. Vários homens trabalhavam na manutenção da nau e outros tantos levavam suprimentos à bordo.
Em conversa com um dos tripulantes do Imperator, Nailo confirmou as informações que recebera nas ruas. A recompensa era atraente, mas enfrentar piratas parecia um tanto arriscado e Nailo desejava algo melhor e mais seguro. Perguntou se algum outro navio procurava por tripulantes e finalmente ouviu o que tanto desejava. Um navio à vela, o Lazarus, estava á procura de homens corajosos com a promessa de procurarem e dividirem um tesouro fabuloso.
Nailo foi rapidamente até o Lazarus. Tom Bomb Adil, imediato da nau, um homem de baixa estatura e grande largura, calvo e de voz grossa, se prontificou a chamar o capitão Arthur Tym assim que Nailo se mostrou disposto a tripular o Lazarus.
Arthur, homem alto e magro, de voz forte e vibrante se apresentou a Nailo. Propôs ao elfo um soldo de 80 moedas de ouro pela viagem, mais uma parte justa no tesouro que iriam buscar numa ilha chamada Ortenko, há várias milhas dali.
_ Bom meu rapaz, espero que não tenha medo de navegar por este mar selvagem, repleto de piratas e selakos.
_ Não tenho medo pois sou muito forte.
_ Ah, muito forte você diz? Então demonstre sua força erguendo aquela barrica.
Nailo posicionou-se diante do barril indicado. Devia pesar uns duzentos quilos, mas ele precisava demonstrar sua força, pois não poderia perder aquela oportunidade. O soldo, mais a promessa de parte do tesouro eram uma chance única que não podia ser desperdiçada. Segurou o barril e colocou toda sua força em seus braços, queria impressionar o capitão a todo custo. O objeto, porém, não se mexeu um centímetro sequer.
_ Calma senhor Arthur, deixe-me tentar de novo, prometo que vou conseguir.
Novamente Nailo falhou em seu teste de força provocando risos por parte do capitão.
_ Olha eu não consegui levantar, mas minha força não é para erguer coisas, e sim para lutar. Eu e meus amigos podemos defender o navio. Se você nos der uma chance...
_ Silêncio homem! – Arthur interrompeu as risadas e sua voz séria ecoou pelo cais – Mais respeito comigo rapaz! A partir de agora deve se dirigir a mim como Capitão Arthur, pois agora sou seu capitão! Gosto de homens corajosos e destemidos assim como você. S seus amigos forem assim também, a tripulação estará completa. Partiremos amanhã assim que o sol nascer! Não se atrasem!
A decepção pela falha transformou-se em alegria ao ouvir as palavras de seu novo líder. Nailo saiu apressado para contar a novidade aos companheiros com um sorriso em seu rosto.
_ Ah, rapaz! Leve isto com você. Mostre aos seus amigos para que eles saibam que eu não estou brincando!
Arthur Tym arremessou um objeto para o elfo. Nailo sentiu o peso daquilo ao segurá-lo. Quando abriu as mãos, viu uma pepita de ouro de cerca de três centímetros de diâmetro. Seus olhos brilharam tanto quanto aquela pepita, e ele correu para a estalagem.

Recomeço

A partir desta semana começo a jogar com um novo grupo e, ao que parece, este grupo será bem melhor que os anteriores (acho que agora a coisa vai). Desisti de mestrar para marmanjos que se acham donos da verdade só porque já são "grandinhos". Danem-se seus inúteis.
A partir de agora jogarei com uma turma jovem com jogadores entre 14 e 15 anos. O mais velho do grupo tem 17, mas age como um cara de 15.
Do grupo antigo somente 2 jogadores serão mantidos. O jogador que interpretava o elfo Legolas (que já matou metade do elenco do Senhor dos Anéis quando começou a jogar) que jogará também com um elfo arqueiro de nome ........ Legolas (o_O)!?!?
O outro é o cara que jogava com o Tau/Darnan/Belit/Brazuzan, que já está craque em montar fichas de personagens e agora será um mago da água/gelo chamado Sairf Ridlav (o cara pegou o nome do pai e escreveu ao contrário ^_^).
Irei atualizando semanalmente as aventuras deste novo grupo a medida que elas forem acontecendo (quase em tempo real, hehe)

março 02, 2005

Notas da campanha - considerações do DM

Como pode-se notar, esta campanha teve diversas pontas soltas não exploradas e terminou de maneira inesperada por motivos alheios à vontade deste DM.
O principal motivo se deve ao fato de os jogadores não serem rpgistas, mas sim game maníacos (jogadores de videogame). Todos eles interpretavam seus personagens raciocinando como um jogador de videogame faria (arrombe todas as portas, pegue todos os tesouros, mate todo mundo, fim). Por vezes esse raciocínio ia contra a filosofia de vida de seus personagens (como quando Shihiro invadiu a aldeia Aniel para saquear as casas), o que gerou inúmeras discussões entre os jogadores e o DM e entre eles próprios, além do fato dos jogadores abandonarem missões pela metade por simplesmente não encontrarem tesouros interessantes de imediato. O único personagem com um histórico construído e seguido pelo jogador era Legolas, por isso, como pode-se notar, a maioria das aventuras girou em torno de fatos que envolviam o elfo. Ele foi o grande condutor das aventuras. Outro jogador que também se destacou por manter um comportamento coerente durante o jogo, e por ser o cérebro da equipe foi o que interpretou o mago Feanor.
Outro problema que levou ao fim da campanha e à dissolução do grupo foi o fato dos jogadores terem linhas de raciocínio diferentes e não aceitarem ceder nem um pouco para manter o bom jogo. O exemplo disso é o jogador de Adrian que teimava em interpretar um personagem caótico e mal numa campanha clássica onde os personagens atuariam como heróis defensores do bem.
Outro fator decisivo foi a falta de interesse dos jogadores pelo hobby. Alguns deles começaram a jogar por curiosidade (como é o caso de Mercurys) mas não se adaptaram à filosofia do RPG e continuaram jogando apenas por inércia. Outros (como é o caso de Shihiro) começaram a jogar porque o grupo de amigos com o qual conviviam era o grupo que estava jogando RPG (começaram a jogar para não ficarem sem fazer nada). Devido a isso, eram comuns nas seções de jogo jogadores faltarem (quando arrumavam programas melhores pro sábado à noite) ou dormirem enquanto este DM mestrava para um ou dois jogadores que permaneciam acordados.
Também era comum os jogadores faltarem às sessões ou se atrasarem sem ao mesno avisar ao DM para que este não perdesse seu precioso e curto tempo preparando aventura, montando mesa de jogo, etc.
Por último, o jogador Fenor ficou "grávido" e teve que parar de jogar para cuidar de sua filha recém nascida.
Todos esses fatores fizeram com que o DM se cansasse e terminasse de vez as atividades deste grupo, sacrificando uma campanha no mínimo promissora.
Dentre os planos do mestre que não puderam ser levados à diante devido a estes problemas estavam:
- conclusão da aventura em Valkaria, na qual os personagens iriam desmascarar uma conspiração Yudeniana para desmoralizar e enfraquecer o Rei Thormy por meio de atentados e da ajuda de um espião de Yuden disfarçado de nobre Deheoni e seu ajudante halfling (o que roubou o rubi da virtude), o que traria fama aos pjs e os permitiriam conhecer os personagens ilustres do mundo.
- concluir a aventura na mansão de Abacuc (que fazia parte da trama acima) onde havia um demônio aprisionado pelos experimentos fracassados do velhos excêntrico, levando os pjs a conhecerem Vladislav Tpish.
- concluir a aventura do sequestro dos aldeões de Shimei pelos dragões (os jogadores simplesmente ignoraram o pedido de ajuda de Legolas zombando do mesmo; a descrição da aventura foi terminada por este DM sem participação dos jogadores; da chegada ao covil até o retorno à Shimei não houve interação com os jogadores).
- Concluir a aventura final, na qual os pjs enfrentariam um feiticeiro vermelho que pesquisava um meio de dominar os demônios da tormenta pela praga coral para usá-los como seus escravos. Os pjs seriam contaminados pela doença e deveriam permanecer juntos até encontrarem a cura (vinda de uma clériga de Lena que lhes passaria a próxima missão). Após isso, o próximo inimigo amaldiçoaria a união dos pjs, lançando sobre eles um feitiço que os impediria de se separarem (medida apelativa para manter o grupo unido sem se matarem uns aos outros).
- permitir maior envolvimento nos acontecimentos de Holy Avenger. Os pjs seriam manipulados por Zzssaas e seu cajado (em posse de Niele)para conduzirem os rubis da virtude para os locais planejados pelo corruptor (o rubi de Valkaria é o do torneio; na torre do feiticeiro vermelho haveria outro que iria parar nas mãos de Schar...) culminando com o presenciamento da luta final contra o Paladino em Deheon.
- usar num futuro distante o filho de Legolas com Alura (um 1/2 dríade poderoso) contra os pjs como um inimigo que buscaria vingança contra o pai que o abandonou.
- um retorno futuro à Shimei onde Legolas e Feanor (dados como mortos) reencontrariam seus antigos amigos e Legolas descobriria sua ex-noiva casado com outro.

e muitas outras idéias...

Esta campanha terminou, mas a próxima, com um novo grupo de jogadores (somente Legolas e Darnan permanecerão) está a caminho, até lá...


Jogadores e seus personagens:

Jogador 1 - Feanor
Jogador 2 - Shihiro, Elver
Jogador 3 - Legolas
Jogador 4 - Lorde Bill (o mesmo do Sir. Benjamim ver http://tocadodragao.tripod.com)
Jogador 5 - Velab Silar, Lucius
Jogador 6 - Tau, Darnan, Fildan, Brazuzan, Belit (esse cara só morria)
Jogador 7 - Mercurys
Jogador 8 - Adrian S.O.S. (o mesmo do Evil Dead; ver em http://tocadodragao.tripod.com)
Jogador 9 - Jack

Capítulo 43 - Um futuro promissor

Morag 4, Cyd, 1400 C.E. (19/05/1400)
É o penúltimo dia do mês da batalha, a manhão começa quente e ensolarada, não fosse pela proximidade das nuvens rubras e tenebrosas da Tormenta, aquela seria uma manhã perfeita. Após uma rápida refeição, Legolas vai procurar por Talude, na esperança de que algum mensageiro pudesse levar notícias suas e de Feanor para os aldeões Shimei. Infelismente ele não obtem êxito, pois, conforme as palavras do arquimago, nenhum mensageiro sairia dali tão cedo rumo a Tollon. Desconsolado, o elfo retorna para junto de seus companheiros, bem no momento em que Arkan chega para entregar os suprimentos e cavalos ao grupo.
O líder do protetorado do reino apresenta aos heróis Zolfo Ulbre, um clérigo de Tanna-Toh que iria acompanhá-los para suprir a ausência de magia divina no grupo.
Legolas, Adrian e Jack vão até os cavalos, que já estão selados e carregados com alimentos e poções de cura, e escolhem para si aqueles que mais lhes convém. Retornam para o acampamento, menos Adrian que já parte em direção ao norte, o local assinalado no mapa com um “X”.
Dentro da tenda, Talude, sob o olhar vigilante dos heróis, restaura o poder mágico dos itens danificados pelos efeitos nocivos da Tormenta.
Assim, com o poder de suas armas restaurado, todos partem em disparada para alcançar Adrian.
O primeiro dia de viagem segue tranqüilo, sem transtornos que fossem capazes de interromper a jornada dos aventureiros. Atravessam campos e colinas desertos, mutilados pela influência negativa da Tormenta. O pouco de vegetação encontrada constitui-se de arbustos rasteiros já ressecados, e alguns pequenos bosques que teimam em existir diante da maior ameaça do mundo. O bárbaro segue um pouco à frente do grupo, sem se importar com os demais, que já conseguem vê-lo a distância. Já no final do dia, por volta da 4:00 ou 5:00 h, Adrian se surpreende ao ver um pequeno bando de javalis atravessando a trilha que corta um pequeno bosque cheio de árvores retorcidas. Sua natureza maléfica faz com que ele ataque os animais com crueldade. Ele consegue abater um dos animais, e começa a preparar um banquete.
Sem que ele percebesse, um grupo de javalis monstruosos, verdadeiros javalis atrozes, o cercam pelos quatro lados e atacam ferosmente, em defesa de sua prole, molestada pelo bárbaro.
Adrian se sente privilegiado e imagina que com uma caça tão farta, teria comida para meses. Porém ele subestima a força dos animais e tem um terrível revés. Ele luta com todas as suas forças, seu machado flamejante fica tingido de vermelho pelo sangue dos inimigos, mas quando os quatro javalis o cercam, ele não tem como reagir e é nocauteado, ficando à beira da morte.
Para sorte do bárbaro, o grupo que ele deveria acompanhar chega a tempo de salvá-lo. Num movimento rápido, Zolfo salta do cavalo e corre para auxiliar Adrian, assim que Legolas o avisa que o corpo caído é de um aliado. O clérigo ora à sua deusa e de suas mãos um surge um brilho cegante. O corpo de Adrian brilha com a mesma intensidade e logo depois o de Zolfo sofre o mesmo efeito. Embora os demais não entendessem o que estava acontecendo, Zolfo sabia que sua deusa o atendera, e que agora ele estava ligado ao herói caído. Se Adrian fosse atacado, não receberia mais ferimentos, pois o clérigo os absorveria.
Jack salta de seu cavalo e com sua espada começa a combater os javalis. De cima da montaria parada, Legolas dá apoio com suas flechas.
Apesar de serem apenas animais, os inimigos se mostram muito fortes e dão grande trabalho aos heróis. Jack e Zolfo, ficam muito feridos, mas o sacerdote ainda tem tempo de alcançar o corpo de Adrian e traze-lo de volta da entrada do mundo dos mortos com uma magia de cura.
Assim, com a ajuda do bárbaro, a batalha se torna um pouco menos difícil e os aventureiros conseguem a vitória.
Zolfo utiliza suas magias para curar os ferimentos do grupo e, sentindo na própria pele o peso da luta que tiveram, sugere a todos que acampassem naquele local para recuperarem suas energias.
Nenhum dos heróis se opõe à sugestão do clérigo, eles montam um acampamento ao redor de uma fogueira e descansam para proseguir no dia seguinte. Adrian enfim consegue os que desejava, após assar a carne do javali morto por ele, o bárbaro se delicia com a saborosa carne, e a reparte com seus companheiros famintos.

Assim, um novo grupo se forma de maneira inesperada. E os novos heróis, ainda que não quisessem, iriam viver várias aventuras juntos, lutando lado a lado, combatendo as forças do mal e lutando pela própria sobrevivência. Mas os desafios que viriam a seguir, somente a entidade sobrenatural conhecida com DM poderia nos dizer.

FIM