março 18, 2005

Capítulo 3 - Piratas e Tempestades

O som do combate chamou a atenção do capitão e dos outros tripulantes que chegaram ao convés poucos instantes após o término da batalha.
Todos ficaram admirados com a façanha do grupo. Embora os heróis não desconfiassem disso, os marinheiros sabiam muito bem que aquele tipo de criatura era muito perigosa, portanto, eliminar os quatro kuo-toas, tinha sido uma tarefa digna de nota.
O capitão Arthur, também conhecia a fama das criaturas e percebendo o potencial dos aventureiros, os recompensou devidamente.
_ Tom, dobre a ração destes homens, e lhes dê uma boa dose de rum! A partir de agora, vocês não mais precisarão trabalhar como os outros marujos, mexendo com velas e âncoras. De agora em diante, a função de vocês será proteger o navio de ataques. Não são mais simples marujos, vocês são nossa guarda de elite! – Arthur falava e gesticulava sob os aplausos e gritos da tripulação, enquanto caminhava pelo convés.
Alegres, os jovens heróis puseram-se a comemorar a vitória junto de Tom, Arthur e dos outros tripulantes.
Nailo, enquanto Legolas se fartava com a garrafa de rum trazida por Tom, amarrou um dos inimigos abatidos numa corda e o atirou ao mar. Disse ao capitão que pescaria comida para uma semana e ordenou que seu fiel lobo vigiasse a isca.
Assim, após uma terrível tempestade e uma difícil batalha, todos tem uma noite extremamente agradável.
Quando o sol nasce, iluminando as águas do mar negro, o Lázarus segue sua viagem rumo a Ortenko.
Durante quatro dias, os novos protetores da nau não tem trabalho a fazer. São dias tranqüilos, com o sol a iluminá-los e vento de popa à impulsioná-los à frente. Sem nenhum incidente, o navio avança várias milhas e o destino fica cada vez mais próximo.
Porém, os dados de Nimb nem sempre trazem bons resultados.
O dia 26, um kalag, havia começado calmo como os dias que o precederam. Todos já estavam quase perdendo o temor pelo mar, quando Legolas, do alto do mastro principal, avistou um homem boiando agarrado a um barril. As velas foram arreadas e a âncora lançada ao mar. Legolas, amarrou uma corda em volta de sua cintura e saltou no mar. O homem resgatado por Legolas era um elfo que dizia se chamar Squall. Ao ser interrogado pelo capitão, Saquall disse não se lembrar direito do que lhe acontecera antes, lembrava apenas o seu nome e nada mais. Sairf notou um falcão que o acompanhava em todos os lugares e deduziu que deveria ser um familiar. As suspeitas de Sairf mostraram-se corretas, Squall era um conjurador, um feiticeiro, já que não trazia nenhum livro de magias consigo. Sairf sugeriu que ele os ajudasse na proteção do navio e todos concordaram, incluindo o capitão. Com um novo tripulante à bordo, o Lázarus prosseguiu em sua viagem.
Já haviam passado cerca de duas horas desde que Tom servira o almoço aos marujos. O peixe defumado, o feijão cozido e o rum, servidos com fartura aos aventureiros, já permaneciam somente nas lembranças dos heróis quando Legolas avistou uma embarcação aproximando-se pela proa. A bandeira negra, tremulando freneticamente no mastro mais alto do navio, fez com que todos os tripulantes do Lázarus se calassem por longos e intermináveis segundos. Capitão Arthur, com a ajuda de uma luneta, confirmou aquilo que todos temiam. Eram piratas. E não piratas comuns. Era o navio de Selakos, um dos piratas mais cruéis de todo o mar negro. Segundo as palavras do próprio capitão, se você possuísse um bastão de raio desintegrador e pudesse efetuar dois disparos, tendo como inimigos Mestre Arsenal, um demônio da Tormenta e Selakos, os dois disparos deveriam ser dados em Selakos.
Sob as ordens de um capitão Arthur inseguro e assustado, as velas foram arreadas e todos os tripulantes baixaram suas armas. Ainda seguindo ordens de Arthur, Anix hasteou uma bandeira, que até então estava escondida. Uma bandeira pirata, como a do Selakon, mas no Lázarus. Sim, para espanto dos aventureiros, agora eles também eram piratas.
O grupo de Legolas estava insatisfeito com as ordens de seu capitão. O desejo de todos, principalmente de Nailo e Sairf era enfrentar Selakos e seu bando e dar-lhes uma lição. Tinham certeza de que poderiam vencer facilmente. Ledo engano.
O Selakon se aproximou até ficar paralelo ao Lázarus. Os comandados do temível pirata, rapidamente prenderam os dois navios, como se fossem abordá-los. O clima era extremamente tenso. Nailo e seus companheiros encaravam com desafio e temor os tripulantes do navio rival. A maioria dos piratas não parecia ter grandes habilidades de combate. Se vencessem os heróis, seria apenas por causa da superioridade numérica. Entretanto, além do próprio Selakos com seus dentes afiados como os do animal que lhe dera o nome, outros quatro piratas chamavam a atenção dos tripulantes do Lázarus. Dois humanos, um portando uma capa misteriosa, e outro cuja mão havia substituída por uma cabeça de serpente negra, inspiravam medo e desconfiança por parte dos heróis. Um halfling, vestindo um corselete de couro, repleto de adagas penduradas, parecia mais perigoso dos que o seu tamanho diminuto permitia supor. Por último, um ser de aparência humanóide, quase tão grande quanto um ogro e apresentando uma textura que lembrava argila fresca, era o que mais intrigava a todos.
_ Ora se não é o velho Arthur Tym. Vejo que conseguiu um barco novo. Tente tomar o cuidado de não atrapalhar os negócios dos outros desta vez. – o tom insano da voz de Selakos fez com que todos despertassem de seus pensamentos.
_ Pode deixar capitão, não cometerei o mesmo erro. – Arthur iniciou um diálogo amistoso com Selakos, diminuindo o clima de tensão no local.
Enquanto os dois capitães piratas conversavam, Sairf, no cesto da gávea do Lázarus, fez um gesto desafiando os homens de Selakos. Mostrou sua língua para Charles, o portador da Hidra Negra. Num rápido movimento, Charles respondeu à provocação, fazendo com que a cabeça de hidra negra que tomava o lugar de uma de suas mão se esticasse até o peito de Sairf, golpeando-o e arrancando-lhe um pedaço do manto com as presas.
Os dois começaram a trocar insultos. Nailo apoiou seu amigo, enquanto Legolas tentava acalmar os ânimos e os demais suavam de tensão.
_ Melekão, bota esse inútil pra dormir!!! – atendendo à ordem de Charles, Melekashiro, a criatura feita de barro, projetou um de seus braços até o local onde estava Sairf. A mão de Melekashiro moldou-se para formar algo que lembrava uma marreta, e num único golpe, levou o mago a nocaute. Atônitos, os tripulantes do Lázarus emudeceram por alguns instantes. Legolas, tentando evitar o que seria um possível massacre, pediu desculpas a Charles e aos outros comandados de Selakos. Com os ânimos acalmados, o diálogo dos comandantes prosseguiu. Após alguns minutos de conversa, Selakos advertiu Arthur sobre uma tempestade que estava a caminho e seguiu viagem com seu navio. Na direção oposta ao Selakon, o Lázarus reiniciou sua jornada.
Capitão Arthur contou que há algum tempo no passado, tinha atacado um navio visado por Selakos, que considerou este fato uma ofensa e vingou-se afundando o antigo navio de Arthur. Anix, durante quase todo o resto da viagem, permaneceu próximo ao capitão, conversando com o mesmo. Entre histórias de monstros, saques piratas e outras, Arthur pouco revelou sobre a ilha de Ortenko. Limitou-se a dizer que encontrara um homem com ouro que havia trazido da tal ilha, mas não revelou nenhum detalhe esclarecedor sobre o tal homem, ou mesmo sobre a ilha e seus tesouros. A bandeira pirata tremulava cada vez mais rápido para preocupação de Loand. Como se não bastasse o fato do paladino da justiça, fiel seguidor do deus Khalmyr, estar em um navio de piratas, ainda havia uma tempestade aproximando-se.
Anix e Loand desceram junto com os demais marinheiros, no convés permaneceram apenas o restante dos heróis e o capitão. Então a tempestade veio. Sob fortes ventos e ondas gigantescas, o Lázarus era jogado de um lado para outro no mar, como se os deuses brincassem com a nau. Ao comando do capitão, Squall e seus novos amigos, deslocavam-se de um lado para outro no convés para servir de contra peso. Uma onda tão alta quanto o mastro principal ameaçava virar o navio e levá-lo a pique. Todos os homens correram para bombordo e agarraram-se à lateral do navio. Sairf, agarrado ao cesto da gávea, assistia impotente à cena. A onda gigante cobriu todo o navio, arrastando consigo barris e caixas, ferramentas e por pouco os heróis também não foram arrastados. Se não tivessem se posicionado rapidamente todos de um mesmo lado do navio, com certeza ele teria virado. Agarrados ao gradil da nau, todos puderam ver a quilha levantando-se e quase saindo de dentro da água.
Antes que pudessem se refazer do susto, uma nova onda, tão grande e assustadora quanto a primeira, atingiu o Lázarus com igual potência. Segurando-se como podiam, viram a onda arrastar tudo que estava no convés, além de uma parte do mastro principal. Com a força das águas e do vento, a vela que estava fechada, inflou-se o suficiente para permitir que a onda arrancasse um pedaço do mastro durante sua passagem. O enorme tronco, arrancado do mastro com violência pela onda, ficou dependurado na lateral do navio pelas amarras e pela vela, formando um tipo de âncora. O peso do mastro, aliado aos ventos, começaram a virar a nau, ameaçando afundá-la se não fosse tomada nenhuma atitude rapidamente. Num impulso instintivo, Legolas e Nailo correram até o outro lado do navio, equilibrando-se com todo aquele balanço nauseante, como se fossem marinheiros de longa data. Dois golpes de espada, um de Legolas e outro de Nailo, foram suficientes para cortar as amarras e a vela, deixando a embarcação livre do peso. O navio retornou à posição normal com tamanha força e velocidade que Sairf quase foi arremessado para fora como uma pedra em uma catapulta.
Mesmo sem o pedaço de mastro ameaçando afundá-los, os heróis ainda não estavam em segurança. A tempestade durou várias horas infindáveis e inesquecíveis. Noite à dentro, equilibrando-se em meio às ondas, segurando-se para não ser arrastado pelo vento, o grupo de aventureiros, liderado pelo experiente capitão, conseguiu sobreviver.
Quando o mar finalmente se acalmou, o navio foi ancorado, e todos puderam repousar.

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