março 30, 2005

Capítulo 10 - O mineiro insano

Os trabalhos na mina se iniciaram assim que Teztal se retirou. Tinham apenas uma semana para preparar a fuga se quisessem salvar a pele do pobre Elesin. Três semanas após o sacrifício do doente, outro seria escolhido para ser morto por Teztal e os heróis eram os candidatos ao posto. Deveriam se apressar para evitar novas mortes de inocentes.
Subitamente, Guiltespin levantou-se de sua cadeira gritando que havia encontrado alguma coisa. Os genasis se reuniram em volta do anão que começou a gesticular e falar apontando para baixo. Rapidamente os soldados reuniram os escravos e os conduziram para o andar inferior da mina. O piso inferior não possuía celas, já que havia uma única saída, o andar inteiro era uma grande prisão. Apenas um genasi vigiava os escravos, ficando próximo ao elevador que conduzia para cima. Todos foram postos para trabalharem juntos, escavando num mesmo local. Da parede escavada, brotavam pepitas de ouro muito mais brilhantes que as vistas antes pelos aventureiros dentro da mina. Compreenderam que o que o genasi de prata exigia de Guiltespin era que ele indicasse uma jazida de ouro de alta qualidade.
Um homem chamado Malkut, empolgado com a notícia da fuga, iniciou uma conversa com Anix. Ele estava visivelmente emocionado ao conhecer os valentes guerreiros que haviam eliminado os monstros que impediam o acesso ao cemitério de navios. Anix perguntou-lhe sobre as histórias de fantasmas na mina, na esperança de que alguma dessas informações pudesse ser útil para o plano de fuga. Ele estava certo. Malkut lhe contou que mineiros haviam visto vultos percorrendo as câmaras e que estes vultos poderiam ser as almas dos escravos que haviam morrido na mina, incapazes de encontrar o descanso eterno. Também contou que Vernt havia descoberto um monstro gigantesco na mina, mas como o mineiro havia enlouquecido devido ao trabalho escravo, ninguém acreditava em sua história. Entretanto, o que os mineiros não sabiam, é que a história de Vernt era verdadeira.
Vernt era um homem atormentado que enlouquecera após ter visto algo tão terrível quanto um demônio da tormenta. Durante suas escavações na mina, o pobre homem deparou-se com a pior das criaturas algo que todos acreditavam não existir mais, o famoso Destruidor de Mundos. Segundo as lendas contam, um grande paladino de Azgher havia confrontado essa criatura no passado e a derrotado. O monstro, também conhecido como Tarrasque, entrou em hibernação e, quando estava prestes a despertar, um grupo de heróis aventureiros arriscou suas vidas para entrar na famosa tumba de Dezzaroh, e recuperar a espada sagrada do paladino Morkh Amhor e eliminar o monstro para sempre enquanto ele ainda dormia. Mas de alguma forma, a criatura havia sobrevivido e se encontrava em hibernação sob a montanha na ilha de Ortenko. Desde então, Vernt havia perdido a sanidade, e suas noites eram atormentadas por pesadelos e alucinações.
Os heróis foram conversar com Vernt sobre a tal criatura, mas o pobre de olhos esbugalhados e mãos trêmulas não conseguia falar sobre o monstro sem entrar em pânico. Seriam precisos anos de terapia para que aquele trauma pudesse ser removido de sua mente, se é que isto era possível. Cada vez que Vernt era indagado sobre o monstro, entrava em pânico e se negava a informar a localização da criatura. O mineiro louco se limitava a dizer que o monstro era tremendamente assustador e que desde que o vira não tivera mais paz. Segundo suas próprias palavras, ele não conseguia mais pregar os olhos, sempre atormentado por pesadelos e alucinações.
Squall prometeu que ajudaria Vernt a superar o trauma e que o ajudaria a dormir novamente. Os outros já estavam irritados com a insanidade do mineiro e pretendiam colocá-lo para dormir a base de pancadas. Sairf gritou “olha o monstro”, assustando o pobre coitado que se retraiu no canto da parede. Squall foi até ele e com todo cuidado o levantou e prometeu que lhe ajudaria a dormir novamente se Vernt lhe dissesse onde o monstro estava. Vernt com sua voz trêmula e em frases mal construídas, disse ter visto “aquela de cabelos dourados” fazer uma pantera dormir com uma flecha, que segundo ele, deveria possuir algum tipo de sonífero na ponta.
A pessoa com cabelos dourados à qual ele se referia só poderia ser Guncha, a genasi de ouro. Squall lembrou-se de ter visto flechas no baú na cabine de Guncha quando a limpou e prometeu a Vernt que conseguiria para ele uma das flechas que faziam dormir se em troca ele lhe contasse mais detalhes sobre o monstro. Vernt novamente entrou em pânico ao ouvir falar do monstro e se negou a dar qualquer informação sem receber a tal flecha primeiro.
Irritado com o medo de Vernt, Sairf assustou-o novamente dando um falso alarme de monstro. Assustado, o mineiro virou-se para fugir e atingiu a cabeça de Sairf com sua picareta. Vernt entrou em pânico e começou a gritar, atraindo a atenção do vigia. O soldado que guardava o andar inferior afastou os heróis de Vernt e ordenou que ninguém importunasse o louco para que ele não causasse transtornos. Sob a ameaça do chicote do genasi de cobre, todos se calaram e voltaram ao trabalho.

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