março 02, 2005

Capítulo 37 - A reunião de Zzssaas

Adrian Sos nunca teve uma vida fácil. Sempre cercado de ódio e preconceito por parte dos humanos, elfos e anões, teve uma juventude sofrida e razões de sobra para odiar a tudo e a todos. Pertencente a uma raça única e desconhecida por todos, sentia-se desprezado pelos deuses e os odiava por isso. A sua face de bode, com chifres inclusive, num corpo humanóide não deveria causar tanto espanto num mundo habitado por minotauros e fadas. Mesmo assim, todos o temiam e evitavam, pois ele tinha um aspecto demoníaco, como se tivesse vindo dos planos infernais para Arton. Mas ele nascera mesmo no reino de Deheon, um lugar densamente habitado, em especial a capital Valkaria. Renegado desde a infância, via-se obrigado a mover-se somente sob a cobertura de Tenebra para não ser apedrejado pelos cidadãos. Pois foi nas noites que ele aprendeu a lei da sobrevivência do mais forte. À seu modo é claro. Adrian matava sem remorso qualquer um que atravessasse seu caminho. Imaginava que assim estaria apenas cuidando apenas de sua sobrevivência. Durante estas matanças, conheceu muitas pessoas boas e outras más. Matou todas, e com essas últimas em especal, aprendeu a sentir prazer na matança. E assim ele passou a matar não só para sobreviver, mas também por prazer.
Logo, passou a ser visto não como um renegado apenas, mas também como uma ameaça a ser contida. Ele passou a ser caçado e foi obrigado a se afastar dos grandes centros de Deheon. Mas essa já era sua vontade há algum tempo. Refugiou-se numa caverna em uma área selvagem para se ver livre da companhia dos despresíveis humanos e elfos. Lá passou a viver como um bárbaro. Saqueava caravanas, matava e estuprava quem por ali passasse. Sua grande força física tornava seu “trabalho” relativamente fácil. Assim, ele foi adiquirindo cada vez mais poder. Em seus ataques, conseguiu equipamentos e itens mágicos que o tornaram mais e mais poderoso.
Numa bela manhã, o destino pareceu lhe sorrir. Ouviu um barulho como o das armas de pólvora dos fugitivos da prisão de Valkaria que matou alguns dias antes. De machado em punho, saiu para ver o que acontecia lá fora. Sentiu-se privilegiado, ao ver uma bela elfa, com fartos seios prontos para serem mastigados por suas presas, em companhia de três jovens que ele poderia matar facilmente. Afinal, um garoto ruivo sem armadura ou armas, um homem aparentando ter idade avaçada devido à sua longa barba branca, e um mísero elfo, não teriam a menor cance contra ele.
Adrian se preparou para o massacre. Moveu-se furtivamente aproximando-se do pequeno e indefeso grupo. Viu a elfa rodopiar um bastão acima da cabeça. Uma luz vinda do bastão o fez fechar os olhos por um breve instante. Quando voltou a abri-los. Estava em outro lugar, logo abaixo de uma colossal estátua de uma mulher ajoelhada com as mãos estendidas ao alto. Adrian sentiu que algo não ia bem. Mas agora já era tarde.

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O jovem Brazuzan desde cedo demonstrava talento para a música. Assim, escolheu a carreira de bardo para garantir seu sustento. Os anos passaram, seu talento musical se aprimorou cada vez mais. Sua música parecia encantar suas platéias. E encantava mesmo. O jovem percebeu que suas notas poderiam enfeitiçar, iludir ferir e até mesmo curar as pessoas. Com esta habilidade especial, logo se tornou um aventureiro em busca de riquezas e fama. Mas nada lhe traria tanta fama quanto se apresentar para a realeza. Assim, Brazuzan instalou-se em Valkaria, apresentando-se periodicamente na praça central da cidade, sob os pés da estátua da deusa da humanidade. Ali ele conseguia seu sustento com as moedas recebidas dos traunseuntes que apreciavam suas apresentações. Seu nome começou a ganhar repercursão na metrópole, e a vida de aventuras cheias de perigo tornou-se uma lembrança distante. Com seu empenho e um pouco de sorte, muita sorte na verdade poderia um dia tocar e cantar para a família real e se Tanah-Toh lhe sorrisse, poderia vir a ocupar o posto de bardo real, assim como Luigi, o sortudo, a maior fonte de inspiração para todos os bardos do mundo. Mas ele não contava com os planos de outro deusssss.
Numa manhã ensolarada, às vésperas do equinócio de outono, Brazuzan tocava sua bandola sob a sombra de Valkaria como de costume. Subtamente, à sua frente surgiram cinco pessoas, um elfo, dois humanos, um outro ser bestial, e uma elfa. Imediatamente ele a reconheceu. A elfa mais cantada por todos os bardos do reinado Niele. Ela estava diante dele com todo sua exuberância, e era mais bela do que cantava as canções. Brazuzan interrompeu sua melodia, guardou sua bandola e aproximou-se de Niele, na esperança de conseguir falar com aquela que todos sonham em conhecer. Viu ela conversando com os humanos e o elfo que a acompanhavam. Viu também quando ela moveu o cajado que portava. Piscou por uma fração de segundo. Quando seus olhos se abriram, viu que Niele e seus acompanhantes ainda estavam lá, já Valkaria, não. Toda a cidade, incluindo a estátua havia sumido. Em seu lugar, somente uma cabana, no alto de uma colina em meio à alguma floresta.

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Jack Ripper, sendo nascido em Zakharov, sempre teve intimidade com armas e a guerra. Já muito jovem, tornou-se um brilhante guerreiro de poder invejável por muitos. Com tantos atributos, não tardou para que ele saísse pelo reino em busca de aventura e fortuna. Enfrentou diversas criaturas perigosas, inimigos astutos, mas venceu a todos e foi se aprimorando cada vez mais. Assim ele conquistou tesouros que um mero camponês jamais sonharia em tocar. Construiu sua morada em uma colina numa área selvagem do reino das armas, e lá passou os dias a treinar e aperfeiçoar suas habilidades. Escolheu uma zona desabitada, pois sem as facilidades das grandes cidades, tornaria-se muito mais forte, tanto de corpo, quanto de espírito. Assim, ele tornou-se um especialista no tipo de terreno em que vivia. Ninguém conseguiria escalar, correr, encontrar alimentos ou realizar qualquer coisa naquela área tão bem quanto ele. Imaginava-se invencível, e nada poderia abalá-lo. Porém, um belo dia, o destino lhe pregou uma peça. Suas grandes habilidades de guerreiro foram requisitadas por alguém com intenções nada altruístasssss.
Naquela manhã, Jack estava nos fundos de sua casa treinando como sempre fazia. Ouviu um ruído estranho vindo da frente da casa, como se uma árvore tivesse tombado no solo pedregoso. Correu para ver o que acontecia, a flamberge em punhos, pronta para qualquer atacar.
Ao dar a volta na casa, viu um grupo composto por um casal de elfos, três humanos e um outro ser de aparência abissal, metade homem, metade bode.
Aproximou-se para indagar quais seriam as intenções dos invasores. Estava tranqüilo, pois, mesmo sendo numerosos, com certeza aquelas pessoas não poderiam fazer-lhe qualquer mal, afinal, Jack era um guerreiro muito poderoso. Enquanto andava, a elfa de aparência exuberante, agitava um tipo estranho de maça sobre sua cabeça. Ela desculpava-se por alguma coisa com seus acompanhantes e prometia não falhar. Segundo as palavras da elfa, a culpa de alguma coisa, desconhecida para Jack, seria do rapaz de cabelos cor de fogo que estava ao lado dela. Jack viu uma luz sendo emanada da maça da elfa. Os seios avantajados da moça balançavam num balé hipnótico. O guerreiro perdeu-de naquelas mamas, sua mente repleta de pensamentos impuros. Quando Jack retomou a atenção e olhou em volta, percebeu que já não estava em casa. A bela visão dos seios chacoalhando fora substituída pela pior coisa que a apenas mente mais insana poderia imaginar. A paisagem tornara-se rubra.

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O jovem Elver Dinho, descendente de tamuranianos, treinou desde pequeno num templo em no bairro de Ni-Tamura, em Valkaria. Sempre demonstrou um talento exepcional para o combate desarmado, e também grande perícia com as armas usadas pelos monges que o instruíram. Seu nome se tornou conhecido entre guerreiros e aventureiros. Vez ou outra alguém aparecia para desafiá-lo para um duelo que ele sempre vencia. Assim levava sua vida, entre treinos e desafios, numa rotina constante.
Mas o mundo em que Elver vivia era um mundo de problemas que precisava de heróis para resolvê-los. Elver era contratado por oficiais do reino para as mais variadas missões, todas elas envolvendo perigo. O jovem monge sempre cumpria as tarefas que lhe eram transmitidas por seus superiores sem pestanejar. Ele apreciava aquela vida de aventuras. Mas um dia uma desgraça aconteceu. A Tormenta surgiu e todos os outros problemas de Arton pareciam insignificantes. A tempestade mística avançou pelo continente, devastando várias áreas do mundo. Até chegar ao reino de Trebuck. Lá, a Tormenta encontrou resistência. Ineficaz, como seria comprovado mais tarde, mas o povo de Trebuck não se de por vencido. Sua regente, Lady Shivara Sharpblade, foi até Valkaria, pedir ajuda ao próprio imperador-rei Thormy. Uma convocação geral foi feita em quase todos os reinos, e o maior exército de todos os tempos foi reunido. Os soldados, junto com mercenários, marcharam por três meses até chegar a Trebck para combater a ameaça da Tormenta. Elver estava entre eles. Convocado em Deheon, o jovem monge, que já desejava aliar-se aos combatentes, partiu para o reino ameaçado para tentar resolver o maior de todos os problemas do mundo.
No campo de batalha, Elver foi escolhido como batedor, para espionar a linha de frente do inimigo. Assim ele se separou do restante do exército que contava com a ajuda de Talude e Vectorius.
Penetrou furtivamente na área de Tormenta. Sentia um medo profundo, mas tentava não deixar se abalar. Apesar de correr maior risco sozinho, sabia que era o melhor modo de minimizar perdas para seus aliados, caso alguma coisa desse errado. E, de fato, alguma coisa saiu errada. Elver avançou pelo campo de batalha até que ouviu, distante, um estranho conjunto de ruídos. Seguiu o som cautelosamente, parou atrás de um pequeno morro e ficou à espreita, tentando identificar os sons que ouvia. Eram demônios. Milhares de demônios da Tormenta logo depois do morro que lhe fornecia proteção. Quis olhar, mas seu corpo não se moveu, para sua sorte, pois se o tivesse feito, com certeza cairia morto só de testemunhar tamanha quantidade de aberreções naquele local, à espera do exército do reinado. Era uma emboscada. Elver correu para avisar seus companheiros, porém, sua velocidade não foi suficiente para evitar a tragédia. As criaturas saíram correndo em disparada logo atrás dele, como se tivessem recebido um comando de seu general para atacar. Ao longe ele ouvia o som dos soldados do reinado se aproximando. Se continuasse correndo em linha reta, não só não alcançaria seus aliados, como também seria atropelado pelos inimigos. Era preciso fugir. Fugir para salvar a si mesmo e para não denunciar a presença dos seus companheiros, pois Elver tinha esperanças de que fosse somente coincidência a presença daquelas criaturas e de que elas não soubessem da chegada do exército a Trebuck. Como se não bastasse isso, veio a chuva. Do céu vermelho começou a cair sangue ácido juntamente com relâmpagos devastadores. Elver sentiu como se algo sugasse sua energia. Era uma sensação diferente daquela sentida quando penetrou na área de Tormenta, mas ele sabia que algo estava errado. Instintivamente, ele correu para uma caverna que viu quando estava no caminho inverso, reconhecendo o terreno. Lá ele se escondeu, pedindo a Lin-Wu para que seus companheiros conseguissem sair vitoriosos. Lá ele os encontrou.
Elver viu, no meio da névoa que turvava sua visão, um grupo de cinco criaturas invadindo seu abrigo. Pensou serem demônios à sua procura. Levantou-se pronto para atacar, e viu um humano vestindo uma armadura negra de escamas de dragão ou outro animal. Sua longa e alva barba revelava tratar-se de uma pessoa com grande sabedoria. Junto dele, estavam um elfo arqueiro, um humano que aparentava ser um bardo, um guerreiro humano que parecia tão confuso quanto poderoso, e um humanóide de aparência bestial, metade homem, metade bode, mas ainda assim infinitamente mais agradável que um demônio da Tormenta.

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