março 02, 2005

Capítulo 38 - A reunião de Zzssaas - Tormenta

As pessoas em Shimei abriram os olhos, constatando a partida de Niele e Sandro. Teleporte, pensaram Shihiro e Mercurys que possuíam mais conhecimento do que os demais ali presentes. Todos foram, então, para suas casas cuidar de seus afazeres, sem nem notar a ausência de Feanor e Legolas. Só perceberam este fato quando Azgher se deitou atrás das árvores Tollon e cedeu espaço para Tenebra cobrir Arton de trevas.
Na manhã seguinte, Mercurys e Shihiro, juntamente com Nobuaki, seus discípulos e os monges do templo Hoizon iniciaram as buscas para encontrar seus dois amigos. Procuraram por seis dias seguidos. Contatram Fildan, que pediu ajuda a outros druidas e rangers. Tudo em vão. Não encontraram nenhuma pista do que teria acontecido aos dois aventureiros. Nenhuma fera, que pudesse ter devorado-os, foi encontrada nas redondezas. Nenhuma pegada, nenhum bilhete. Nada.
Três semanas se passaram sem que eles retornassem ou dessem sinal de vida. Já sem esperanças de encontrá-los vivos, os aldeões realizaram um enterro simbólico dos dois jovens. Yelenia, aos prantos, não aceitava a idéia de que Legolas estivesse morto. Aquilo não era justo para ela. Logo agora que os dois tinham se reconciliado. Ela sabia que o arqueiro voltaria a se aventurar pelo mundo, mas sabia também que ele sempre voltaria para ela. Já com ele morto, ela nunca mais poderia vê-lo. Mas alguma coisa, bem no fundo de sua alma, lhe dizia que ele estava vivo, o que aumentava ainda mais sua angústia.
A cerimônia de enterro foi realizada, um túmulo de honra em homenagem a Legolas e Feanor foi construído o cemitério de Shimei, e a vida prosseguiu naquele lugar.

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Feanor abriu os olhos. Legolas estava ao seu lado. À sua frente Niele e Sandro, resmungando como sempre. À sua volta, uma floresta com algumas colinas próximas. Nada das pessoas de Shimei. Estavam em outro lugar do mundo.
Antes que algum dos três pudesse dizer alguma coisa, Niele foi logo se desculpando pelo “teleporte errado de novo”. Sandro fez uma expressão de frustração. A elfa tentou consolá-lo ao mesmo tempo em que prometia levar Feanor e Legolas de volta para Shimei. Ele agitou o cajado, sussurrou algumas palavras e todos foram teleportados. Para Valkaria. Apareceram sob os pés da estátua homônima, onde podiam ouvir a melodia de algum bardo próximo.
Niele pediu desculpas novamente, e disse que consertaria o erro. Culpou Sandro pelo erro, dizendo que seu mau humor atrapalhava sua concentração. Novamente o cajado mágico foi agitado, palavras mágicas foram proferidas e todos foram teleportados. Para o lugar errado novamente.
Apareceram no alto de uma colina no meio de uma floresta, bem em frente a uma pequena cabana de madeira. Niele ficou furiosa. Acusou Sandro de estar dando azar e prometeu que o azar do filho de Galtran não iria atrapalhar o teleporte desta vez, pois ele não faria parte dele.
_ Vou mandá-los de volta para Shimei, e a besta do Sandrinho vai ficar aqui comigo! Depois iremos para Galrasia. Assim o azar dele não vai me fazer vocês aparecerem no lugar errado de novo. Adeus, amigos!
A elfa agitou o cajado outra vez mais. Feanor viu um homem surgindo por trás da cabana pouco antes da paisagem mudar novamente. Para pior. Niele havia errado mais uma vez. Seu teleporte os havia mandado para o lugar errado novamente, e desta vez, para o mais errado dos lugares.
Os corações de Feanor e Legolas quase pararam ao ver as nuvens rubras. Perceberam que não estavam sozinhos. O homem que surgia por trás da cabana, o bardo que tocava em Valkaria, e uma criatura horrenda, metade homem, metade bode, estavam junto deles. Nem Niele nem Sandro estavam ali, e somente o cajado da elfa conhecia as razões para tê-los mandado para aquele lugar tenebroso.
Ambos tiveram um mau pressentimento, se sentiram que os desafios que haviam enfrentado qté aqui não seriam nada, comparados ao que teriam que enfrentar a partir daquele instante.

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Feanor, Legolas, Adrian, Jack e Brazuzan ainda estavam confusos, quando ouviram os brados de guerra vindos de trás deles. Estavam a beira de uma área de Tormenta, o pior problema do mundo, e quando se viraram, viram um exército imenso, composto por humanos, elfos, anões e outros humanóides ouvindo o discurso acalorado de uma bela dama de longos cabelos ruivos no alto de uma colina.
_ Este dia será lembrado pelas futuras gerações, como o dia em que a Tormenta foi derrotada! Vamos todos juntos derrotar este mal e retomar o nosso Forte Amarid, construído a custa de nosso suor e sangue! Vamos à batalha!!!
Tormenta, Forte Amarid, batalha. Feanor e Legolas lembraram-se da caravana de soldados que viram em Tollon e deduziram onde estavam agora. Trebuck, o reino ameaçado pela Tormenta. Brazuzan lembrou-se das canções e histórias que tinha ouvido recentemente e reconheceu a mulher. Lady Shivara Sharpblade, regente de Trebuck. Sim, eles estavam no meio da batalha de Forte Amarid, a maior invertida do reinado contra a Tormenta.
Atendendo ao comando de Lady Shivara, o numeroso exército marcha na direção da Tormenta, tendo Legolas, Feanor e os demais em seu caminho. Um dos soldados avista Adrian e a situação para eles começa a piorar.
_ Vejam, um demônio da Tormenta! E ele tem aliados humanos e elfos! Traidores! Vamos matar todos! – grita, exaltado, um dos soldados.
Já sob os efeitos de medo da tempestade rubra, e sob a ameaça de milhares de soldados, Feanor e os demais se vêm obrigados a fugir o mais rápido possível. E assim fazem, indo na pior direção possível, direto para dentro da Tormenta.
Todos correm em alta velocidade, seguindo Feanor que vai à frente do grupo. Eles deixam os soldados para trás, e quando pensam que estão todos seguros, o pior acontece. Vindo em direção oposta a eles, o exército de demônios surge em meio à névoa e a poeira. Eles ficam cercados. De um lado, soldados exaltados com sede de vingança, de outro, os piores monstros que já pisaram na face de Arton. Em suas mentes, pensam que a situação não poderia piorar ainda mais. Mas eles se enganam. Uma gota vermelha cai dos céus no ombro de Adrian que solta um grito de dor. É ácido. Sangue ácido começa a jorrar do céu acompanhado de raios e trovões devastadores. O grupo precisa encontrar uma maneira de se abrigar antes que sejam mortos pelos ou humanos, ou pelos demônios, ou pela chuva, ou pelos raios. Adrian vê Feanor correndo para a esquerda e o acompanha, seguido de perto pelos demais.
Na corrida, eles vêem um dos demônios, parecendo portar um arco, correndo em direção ao exército. Por pouco não enloquecem completamente com aquela visão deturbada. Um relâmpago atinge os soldados que vinham à frente e estes dão arremessados ao ar em pedaços.
Eles entram em uma pequena caverna, escondida entre alguns morros baixos. Do fundo do abrigo, uma criatura se levanta. Todos se preparam para o combate. Felismente, não é um inimigo, e sim um humano que provavelmente também foi buscar abrigo naquela caverna. Todos permanecem ali, sem conversar entre si, mas sabendo que precisariam unir-se para sobreviver naquele ambiente inóspito.
Todos sentem que suas energias foram sugadas quando entraram na Tormenta e conferem suas armas mágicas. Adrian deduz que Feanor conhece magia e pede a ele que examine seu equipamento. O mago usa seu poder mágico para analisar a aura de cada item ali presente. Ao final, ele comunica o grupo que todos os itens mágicos tiveram seus poderes diminuídos drasticamente e que os itens mais fracos agora não passavam de peças comuns.
Adrian vai até o fundo da caverna procurar outra saída, mas só encontra pedaços de ossos e algumas poucas moedas enferrujadas. Brazuzan, graças a seus conhecimentos de bardo, começa a explicar a situação ao grupo. Fala sobre os efeitos da tormenta, a chuva ácida, os demônios que podem enlouquercer um homem ao menor contato visual. Ao longe eles ouvem o som da batalha, e os gritos de pavor de dor dos homens do reinado. O silêncio toma conta da caverna assim como o pavor toma conta de todos ali presentes. A Tormenta mostra-se pior do que os bardos cantavam.

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