março 21, 2005

Capítulo 5 - Escravizados - A ilha maldita

Com todos refeitos do susto, e sem nenhuma baixa, felizmente, o Lázarus prosseguiu viagem. Lucano curou os ferimentos de todos, incluindo a coruja de Sairf. Viajaram por mais dois dias inteiros, sem que nenhum incidente os atrasasse, até que, finalmente, no dia 20 de Sailzz, um Valag, Legolas pode gritar “terra à vista”, ao ver a ilha de Ortenko na linha do horizonte.
Estavam no meio da manhã, a clepsidra do navio marcava dez horas, quando o elfo avistou a ilha do tesouro. Felizes, os marinheiros começaram a comemorar, finalmente poriam os pés em terra firme e as mãos no tão sonhado tesouro. Entretanto, para infelicidade de todos, nem tudo era tão simples como parecia.
A medida que se aproximavam da ilha, puderam ver um pequeno ancoradouro com um navio à vela atracado nele. No centro da ilha, havia uma montanha com mais de mil metros de altitude, e esculpida nela, uma construção que lembrava uma pirâmide podia ser vista. Nessa mesma construção, como se estivesse sentado sobre ela, um colosso aguçava a visão de todos. Era uma estátua de uma homem, com centenas de metros de altura, adornando a montanha. O navio foi chegando cada vez mais próximo e a montanha brilhava como se fosse coberta de ouro e pedras preciosas, chamando a atenção dos tripulantes do Lázarus. Distraídos com a beleza da montanha, quase ninguém se deu conta do movimento no topo da mesma. Quando perceberam o brilho vindo em sua direção já era tarde demais. Do alto topo da montanha, raios solares ofuscantes incineravam tudo em seu caminho. Capitão Arthur Tym foi carbonizado instantaneamente com apenas um raio. O convés começou a pegar fogo e o Lázarus foi tomado pelas chamas. Desesperados, os heróis saltaram no mar e viram o navio ser engolido pelas chamas e pelo mar. Nadaram com todas as suas forças para a praia, fugindo dos selakos que rondavam o local. De toda a tripulação do Lázarus, somente a guarda de elite, composta pelos heróis, e mais dois triupulantes, sendo Tom um deles, conseguiram chegar vivos à terra firme. Mas o destino dos sobreviventes não seria tão melhor que o dos que haviam morrido pelo fogo, por afogamento os nas mandíbulas dos selakos famintos. Quando abriram os olhos, ao recuperarem suas energias, os heróis se viram cercados.
Sete criaturas, com manguais enormes e bestas pesadas os esperavam na praia. Tinham a aparência de humanos fortes e grandes, mas sua pele era dourada da coloração de moedas de cobre. Seus cabelos, dourados, pareciam ser feitos de finos fios de metal. O sol refletia em suas peles quase ofuscando os sobreviventes. Esses estranhos homens cercavam o grupo de náufragos formando um semi-círculo em volta deles. Um pouco mais atrás, um outro homem, com o mesmo aspecto misterioso, mas ainda maior e mais forte, portando uma espada bastarda ornamentada com jóias e um enorme escudo que parecia se feito de ouro puro, parecia ser o líder de todos.
_ Sejam bem vindos à Ortenko escravos. De hoje em diante vocês trabalharão para o grande Teztal até o fim de seus dias. – as palavras do homem de pele de cobre soaram como um desafio aos ouvidos dos heróis. Após enfrentar raios ardentes, um naufrágio e selakos famintos, ninguém estava disposto a tolerar um insulto daqueles. Todos levantaram-se e sacaram suas armas, prontos para derrotar os inimigos. Um dos homens de cobre foi na direção de Legolas, que o atingiu com uma flecha. Porém o ataque do elfo não causou dano algum ao inimigo que revidou com um golpe certeiro de mangual, deixando Legolas completamente atortdoado.
Sairf deu a ordem para que seu familiar voasse e atacou com seu bordão. O bastão atingiu o braço de um dos atacantes, provocando um som parecido com o de um sino. A haste de madeira quase se partiu em duas no braço da criatura, que revidou o ataque com um soco, levando o mago a nocaute. Enquanto ia ao chão, já quase sem sentidos, Sairf pode ver sua coruja ser atingida por um virote e cair no chão, imóvel. Era o fim, pensou o conjurador antes de desfalecer completamente.
Percebendo o poder dos adversários, todos soltaram as armas no chão e se renderam. Rapidamente os soldados de pele de cobre puseram-se a algemar os novos escravos. Os heróis e os dois tripulantes que sobreviveram, tiveram suas mãos presas para trás por pesados grilhões de aço. Das algemas, partia uma corrente de elos grossos que se prendia ao pescoço do homem de trás. Assim foram postos em fila indiana, amarrados uns aos outros, sem qualquer chance de reagir. Quando um dos soldados se aproximou de Nailo, o lobo companheiro do ranger, rosnou furioso, querendo atacar os captor de seu mestre. O elfo ornenou que o animal ficasse quieto, mas era tarde. Irritado com a reação do lobo, o captor ergueu seu mangual acima de sua cabeça e com fúria no olhar, mirou o crânio do animal. Sua mão desceu, cortando o ar com velocidade, mas foi impedida por um dos outros soldados. Esse homem, vestindo uma armadura de cota de malha reluzente, prometeu encarregar-se dos animais, dizendo não ser necessário matá-los. Acorrentou o lobo com cuidado, como se tentasse não machucá-lo. Depois, retirou três pequenas gaiolas de sua mochila e colocou nelas os falcões de Anix e Squall. Enquanto os heróis acorrentados eram conduzidos para o interior da ilha sob chicotadas e empurrões, esse misterioso homem recolheu a coruja de Sairf e retirou o virote que a havia atingido. Olhou em volta desconfiado para os seus próprios companheiros que recolhiam o equipamento dos aventureiros e carregavam o corpo desmaiado de Sairf. Acariciou a pequena coruja por alguns instantes como se tentasse reanimá-la. E isso foi tudo que puderam ver.
Logo após sair da praia, os heróis subiram um pequeno morro e penetraram numa densa floresta. Viram de relance muitos outros soldados, alguns com a pela prateada e outros com a pele da cor do ouro. Caminharam por cerca de trinta minutos em uma trilha sinuosa em direção ao interior de Ortenko. Os poucos espaços entre a folhagem das árvores, mostravam que eles andavam rumo à montanha. Contornaram o pico pelo lado esquerdo do mesmo e chegaram até uma enorme caverna que servia de entrada para a montanha. Lá dentro, encontraram uma mina, escavada por vários escravos, em sua maioria humanos. De suas paredes, brotavam pepita de ouro, prata, cobre e platina bruta. Ortenko era realmente uma ilha repleta de tesouros, mas eles não poderiam desfrutá-lo se fossem escravos. Caminhando sobre trilhos de carros que carregavam pedras pela mina toda e para um andar acima e um andar à baixo deles, os heróis foram conduzidos até uma cela esculpida na rocha bruta. Foram atirados dentro da cela com violência. Pouco tempo depois, chegaram os outros soldados, carregando Sairf e seus equipamentos e armas. O mago, ainda desmaiado, foi jogado dentro da mesma cela, e os pertences do grupo, colocados dentro de uma caixa e trancados.
Por toda a mina, havia caixotes e barris em meio a montes de cascalho, ouro e prata. Próximo à entrada, um anão trabalhava incansavelmente debruçado sobre uma mesa avaliando as pepitas extraídas pelos escravos. A qualquer movimento esboçado pelo anão, este era golpeado por um dos soldados que o vigiava de perto. Em frente à cela onde estavam, havia uma outra, menor, onde um homem tossia sem parar, deitado sobre uma cama de palha improvisada. Ao lado desta cela, uma outra prisão minúscula, com cerca de um metro de largura e de altura, abrigava um único homem cabisbaixo.
Pouco tempo depois, o soldado que havia impedido a morte do lobo de Nailo, chegou com os animais. Amarrou o lobo em uma rocha, e sobre um caixote depositou duas gaiolas com os falcões de Anix e Squall, e uma terceira com a coruja de Sairf, que, para surpresa de todos, estava viva.
Revoltados com o cativeiro, os heróis começaram a discutir com os soldados que os vigiavam. Nailo gritou para o homem que se encontrava na preso no cubículo, e os vigias invadiram a sela. O ranger foi espancado até ficar descordado. Aqueles que tentaram reagir de alguma forma também foram agredidos, e sentiram na própria carne o peso das mãos dos adversários. Legolas também desmaiou sob os socos e pontapés recebidos, e aqueles que conseguiram ficar acordados, se viram obrigados a se submeter às ordens dos seus captores. Sem condições de vencer os inimigos, que além de fortes eram muito numerosos, os aventureiros passaram longas horas imóveis na cela imersos em seus próprios pensamentos, enquanto viam os escravos sendo chicoteados e forçados a trabalhar além de suas capacidades. Lucano orava à Glórien para que alquilo fosse apenas um pesadelo, segurando com força seu símbolo sagrado, único item, além das próprias roupas que havia permanecido com ele. Ninguém sabia o porquê, mas com exceção de suas roupas de baixo, somente os símbolos sagrados portados por Lucano e Loand não haviam sido tomados deles. Talvez aí estivesse uma pista para uma possível chance de fuga, se é que fugir daquele inferno era possível. Assim, com suas mentes confusas e atormentadas, e com os corpos doloridos e cheios de hematomas, os heróis passaram o dia, trancafiados na cela, até que finalmente a noite chegou.

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