março 02, 2005

Capítulo 40 - Perdidos na escuridão

O caminho vai se estreitando à medida que desce rumo às trevas. O grupo sente que a descida descreve uma curva ao redor do abismo. A declividade acentuada, faz com que cheguem rapidamente ao fundo do precipício, terminando a caminhada em uma gigantesca câmara.
Adrian se afasta e começa a percorrer o local, mantendo uma distância fixa em relação às paredes, para ter noção da dimensão do local.
O solo é arenoso e macio, como a areia seca da praia. As paredes exibem marcas lineares por toda sua extensão, como se uma imensa mão tivesse escavado a caverna.
Antes de completar uma volta completa na gruta, ele avista dois túnei circulares escavados na parede. Aproxima-se o bastante para enxergar os detalhes dos túneis. Ambos parecem-se com buracos de minhocas. Um deles está a doze metros do chão. O outro, ao nível do solo, parece conduzir para as entranhas do mundo subterrâneo. Talvez fosse até mesmo uma entrada para o reino dos anões. Adrian lança uma pedra dentro da caverna mais baixa e grita como se desafiasse alguém.
Os outros rapazes, que apenas observavam, ouvem o grito do bárbaro e, acreditando que ele estivesse em perigo, correm em direção ao som para ajudá-lo.
Todos voltam a reunir-se diante dos túneis, no exato momento em que o som de alguma criatura rastejante podia se ouvido saindo da caverna.
De dentro do túnel, uma gigantesca centopéia emerge. A criatura levanta-se a nove metros do solo e fareja o sangue no rosto de Adrian. O monstro, faminto, ataca os heróis. Entretanto, o tamanho avantajado da criatura a torna lenta, dando chance para o grupo reagir primeiro e ganhar tempo.
Brazuzan se desloca para a lateral da fera e crava a tocha no chão arenoso para ficar com as mãos livres para lutar. Todos os outros o seguem, para poderem se beneficiar da única fonte de luz do local. Legolas dispara um flecha que se estilhaça ao se chocar contra a resistente pele do monstro.
O monstro, que somente acompanhava a movimentação das suas presas, volta-se para a direção da tocha, e do cheiro de sangue emanado por Adrian. Com suas presas gotejando veneno, a centopéia abocanha Brazuzan, que por azar, encontrava-se mais próximo ao monstro. O bardo, no entanto, consegue esquivar-se do ataque e sente as presas apenas tocarem de raspão seu camisão de cota de malha.
Os pés de Jack movem-se rapidamente na direção do inimigo, a flamberge refletindo a luz da tocha. Entretanto, a criatura sente sua aproximação e o ataca antes que o guerreiro possa chegar até ela. O ataque, porém, é detido pela poderosa armadura de escamas de dragão usada pelo aventureiro. Jack esquiva-se, ficando lado a lado com o monstro. A lâmina irregular da espada corta o ar e o corpo da besta como se fossem um. O sangue pegajoso e fétido do monstro espalha-se pelo chão e pelo corpo de Jack.
Ao ver o ataque bem sucedido do amigo, Adrian corre para perto da criatura e ataca o flanco oposto com seu machado. Ainda mais ferida, a criatura começa a demonstrar cansaço. Percebendo a vitória próxima, o grupo abandona seus temores e ataca sem hesitar.
Das mãos de Brazuzan, a pequena esfera arremessada torna-se um cavalo de guerra bem diante da centopéia. O bardo tenta corrigir o erro e começa a dedilhar algumas notas extremamente agudas. No entanto, sua magia não alcança os ouvidos do monstro, deixando o jovem menestrel frustrado.
Para compensar a falha do músico, duas flechas lançam-se ao ar, indo para sua trajetória no corpo da centopéia. Legolas comemora o ataque bem sucedido e, assim, pouco a pouco a criatura é contida.
Após a vitória, os aventureiros têm dois caminhos a seguir: escalar o paredão de pedra, ou entrar no túnel de onde saiu a centopéia.
A toca do monstro parece ser o mais simples dos dois, por estar no nível do solo. Adrian segue à frente pelo túnel e, no momento em que seus ouvidos detectam o som de outras criaturas rastejando, decide voltar em escalar a parede da caverna.
O bárbaro é o primeiro a subir. O paredão de rocha e terra torna-se um obstáculo maior do que aparentava ser. As pedras soltas e a inclinação acentuada, aliadas à escuridão, fazem a subida traiçoeira e perigosa. Adrian cai várias vezes no chão, mas consegue, depois de muito esforço, chegar até o túnel doze metros acima.
Chega a vez de Legolas tentar a escalada. Apesar de possuir uma corda, o elfo não se sente seguro em pedir ajuda a Adrian, já que eles haviam acabado de se conhecer, e o bárbaro demonstrava ser uma pessoa em que não se podia confiar. O arqueiro cai diversas vezes antes de conseguir chegar, demasiadamente ferido, ao seu objetivo. Já no túnel, ele descansa algum tempo, enquanto Brazuzan tenta a sorte contra o paredão.
O bardo não consegue sequer superar os primeiros seis metros da subida e, exausto, cede a vez para Jack. Este, por sua vez, prefere arriscar confiar nos companheiros recém conhecidos. Ele joga sua corda para Legolas que a segura para o guerreiro subir. Puxado pelo elfo, Jack não tem dificuldades em subir. Legolas começa a recolher a corda, mas Jack o interrompe e lança a corda para os demais subirem por ela. Assim, com a ajuda da corda, Brazuzan, Feanor e Elver conseguem chegar ao túnel em segurança.
Com todos reunidos novamente, o grupo avança pela caverna, que vai se tornando cada vez mais estreita, à medida que desce nas profundezas da terra. Em determinado momento da jornada, todos são obrigados a rastejar pelo túnel, fazendo com que a travessia se torne mais penosa ainda.
A apertada passagem termina em uma caverna natural, escavada possivelmente pela ação da água de lençóis subterrâneos em tempos remotos. Aliviados por saírem do buraco em que se encontravam, seguem sem qualquer precaução. O barulho de suas armaduras e vozes, faz com que o frágil teto desabe sobre suas cabeças com suas estalactites afiadas. Todos sobrevivem, mas os danos sofridos são grandes e enfraquecem ainda mais os heróis.

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