março 02, 2005

Capítulo 36 - Niele

Kalag 3, Cyd, 1400 C.E. (13/05/1400)
O sol já está quase a pino quando os moradores de Shimei correm para a praça central da vila para receber com festa os heróis locais. Todos os camponeses se reúnem para reverenciar os que chegam. Todos são saudados com gritos de “viva” e aplausos.
Mestre Nobuaki se aproxima demonstrando querer dizer algo. Todos se calam para ouvir as palavras do sábio. Entretanto, antes que possa dizer qualquer coisa, um grito agudo quebra o silêncio como uma pedra faria a um cristal.
_ Oi, zentêê!!! Então estes é que são os famosos heróis de Shimei?! Ai, estava louca para conhecê-los! Nossa que gatos! – uma elfa exuberante abre caminho entre a multidão com seus seios, seguida de perto por um jovem ruivo.
_ Muito prazer, eu sou Niele, a arquimaga, linda maravilhosa, gostosa e tudo mais! Este aqui meio tímido é meu amigo Sandrinho! E vocês quem são?
Todos se apresentam orgulhosos por serem tratados como heróis e emocionados por conhecerem uma das personalidades mais famosas e queridas do mundo. Niele, a arquimaga que salvou a cidade de Malpetrin. Aquela cujo poder talvez fosse maior até mesmo que o de Talude e Vectorius. Niele, a elfa mais peituda de Arton. Seus corações se encheram de emoção e suas mentes de pensamentos impuros enquanto os olhos percorriam as curvas da elfa.
_ Noooossa! Mas vocês estão acabadinhos, hein?! Foram os dragões que fizeram isso?
Antes que alguém pudesse responder a pergunta de elfa, um grito ensurdecedor chamou a atenção da multidão. Todos se voltam para a entrada de Shimei e vêem um gigante avançando vila a dentro em enorme velocidade. Suas poderosas pernas destroçando o tori que marcava a entrada dolocal como se fosse um graveto seco. Em suas mãos, um pedaço do tronco de uma árvore Tollon, ainda com raízes, formando uma clava intimidadora. O gigante estava furioso por algum motivo desconhecido, e sua fúria só seria contida quando a vila estivesse em ruínas.
O grupo de Fenor se prepara para o combate. Mercurys grita para todos fugirem dali rapidamente enquanto saca sua espada larga. Todos ficam a postos, esperando para cumprir seu destino. Nas condições que se encontravam, o máximo que conseguiriam seria atrazar o inimigo para que os aldeões tivessem a chance de fugir.
O humanóide de proporções titânicas se aproxima. A clava desce em direção ao corpo dos heróis. Desaparece, junto com o gigante, envolta em luzes e faíscas. Mágica. Todos se voltam para Feanor, que se mostra tão confuso quanto os demais.
_ Há há há há há!!! – Niele gargalha, o cajado ainda emando um brilho mágico. – Agora ele vai aprender a não mexer com os pequenos!
À frente do grupo, bem onde antes estava o gigante, um pequeno camundongo corria, assustado, para fora do vilarejo.
Todos se reúnem novamente e dão vivas à elfa. Niele salva o dia, mas seus feitos não param por ai.
_ Agora vou dar um jeito nesses ferimentos de vocês! Prometo que não vai doer nadinha! – ela agita o cajado no ar recitando um verso em élfico.
_ tüliam lipodü kea i geliü lii dolii, dema ij eamoliij liajgaj qüüdarj a gümra-üj jieliidaoj rüdilarga!! (poder mágico que a tudo dá vida, cure as feridas destes jovens e torne-os saudáveis novamente!)
Uma luz mágica envolve a todos. Seus ferimentos são totalmente curados. Mercurys volta a enxergar, Fildan tem seu pulmão restaurado, Legolas recebe um novo braço. Um braço Preto!
Niele se desculpa e novamente gira o cajado acima de sua cabeça, restaurando a cor natural do braço de Legolas. As tristezas são esquecidas e todos voltam a sorrir. Quando cai a noite, uma festa é dada em homenagem aos heróis de Shimei. Niele, sob protestos de Sandro Galtran, fica para a festa e se torna o foco das atenções com suas canções. Ela encanta a todos e o lugarejo se esquece dos terríveis problemas que enfrentaram nos últimos tempos. A esperança de que a paz finalmente volte a reinar ali, faz com que todos se sintam à vontade para dançar, cantar e apreciar o bom vinho daquela região. O clima de festa ajuda os casais a ficarem juntos. Legolas se reconcilia com Yelenia e Mercurys e Ayanami apaixonam-se cada vez mais.
E assim passam-se os dias em Shimei, a pequena comunidade de imigrantes Tamuranianos no reino de Tollon. As comemorações prosseguem por mais alguns dias, intercaladas com o trabalho dos camponeses. Os heróis se envolvem com o cotidiano do local, e o desejo de deixar a perigosa vida de aventuras começa a tomar conta de suas mentes. Feanor é o único com intenção de deixar a vila, para continuar seu aperfeiçoamento nos caminhos da magia e adiquirir cada vez mais conhecimento. Legolas se mostra indeciso entre casar e ter uma vida normal, ou seguir seu amigo mago. Quando passa pela vila um mercador cheio de armas e armaduras, os dois são os únicos que se interessam em melhorar o equipamento. As noites de todos são embaladas pela voz melodiosa de Niele, que permanece na taverna mais alguns dias junto com Sandro.
Lunag 4, Cyd, 1400 C.E. (17/05/1400)
O povo se acostuma com a presença da elfa, mas chega o momento de sua partida. Todos se reúnem na praça central logo pela manhã para se despedir dos dois ilustres visitantes. Alguns choram, outros levam presentes. Mercurys, já acostumado com a rotina local, veste roupas típicas dos tollonienses, ao invés da costumaeira armadura. O mesmo faz Shihiro, que só empunha sua espada para limpá-la da poeira. Legolas que retornava de uma caçada e Feanor, sempre previdente, estão na despedida com todo seu equipamento, como se pressentissem alguma coisa. Fildan também está de partida, mas ao contrário de Niele, não quer ser o centro das atenções. O jovem druida despede-se de seus pais e retorna em silêncio para a floresta em companhia de seu fiel amigo urso.
Niele agradece a hospitalidade do povo local e diz que gostaria de ficar mais tempo ali. Só não poderia fazê-lo porque precisava ajudar seu amigo Sandrinho a levar um rubi da virtude para uma certa druidinha por quem o rapaz é apaixonado. Sandro enrubrece, a elfa despede-se de todos e começa a realizar movimentos circulares com o cajado. Sandro tenta impedi-la, pedindo para que ela não use teleporte outra vez.
_ Não, Niele, teleporte de novo não. Isso não vai dar certo. Vamos à cavalo, é mais seguro!
_ Fica frio, Sandrinho! Se você ficar com esses pensamentos negativos só vai atrair azar e atrapalhar minha concentração. Se alguma coisa sair errada, a culpa será sua! Tchau zentêêêêê!!!
Ela completa o movimento do cajado, sussura algumas palavras e eles desaparecem num piscar de olhos.

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