março 10, 2005

Capítulo 1 - Malpetrim, a cidade das oportunidades

Malpetrim, uma das cidades portuárias mais famosas de Arton. Sede de grandes aventuras ocorridas no passado. Sede da mundialmente famosa Grande Feira de Malpetrim. Reduto de piratas e aventureiros de todo o tipo. Sede também das aventuras que estão por vir.
O ano é 1397 do calendário élfico. O dia, Lanag 14 sob o mês de Salizz. A manhã inicia-se com o sol aquecendo tudo e a todos, prometendo um belo dia para aventuras.
Pouco antes das 10:00 horas, o grupo de futuros heróis deixa a famosa Estalagem do Macaco Caolho Empalhado à procura de oportunidades de trabalho. O dinheiro que há haviam juntado com muito esforço já estava no fim. Faltava apenas um mês para o início da grande feira, que atraíra os aventureiros para este reino tão distante, fazendo com que se conhecessem e passassem a andar juntos. Precisavam de dinheiro para poderem divertir-se na tão esperada feira. Dinheiro para comprar todos aqueles objetos incríveis de tanto ouviram falar durante suas infâncias. Agora que haviam finalmente conseguido ir a Malpetrim para participar do evento, seria um sacrilégio se não pudessem aproveitá-lo como deveriam. E para isso precisavam conseguir muitos, muitos tibares.
O jovem elfo Legolas, nascido no reino de Tollon e um exímio arqueiro, foi o primeiro a deixar a estalagem do velho Rud. Durante sua estada na cidade, havia conversado com várias pessoas e descobrira através de um homem de nome Zack Hergrov, um humano ruivo grande apreciador de cerveja e funcionário de uma estrebaria, que vário torneios ocorreriam durante as festividades. Alguns destes torneios eram realizados na clandestinidade, onde altas apostas eram feitas em combates em que se lutava até a morte. Confiante na sua habilidade com seu arco, seguiu até o palácio da administração da cidade para inscrever-se na competição de tiro ao alvo.
Entretanto, sua jornada pelas ruas da metrópole foi curta, pois as inscrições ainda não haviam começado. Diante da grade da prefeitura encontrou somente uma faixa com os dizeres: “Aqui, breve inscrições para os torneios da grande feira”.
Já de volta à estalagem, sentou-se com outros dois elfos que estavam em companhia de um pequeno e brincalhão halfling. Conversaram pelo resto da manhã como velhos amigos, apesar de o começo desta amizade ter sido um pouco atribulada. Não fosse a intervenção de Zulil Alvane, um elfo de fala calma e aparentemente muito sábio, Legolas com certeza teria se desentendido com o halfling Flint Stone e seu companheiro elfo Laurel Arom. Legolas lhes contou que participaria das competições na feira e os três novos amigos prometeram apoiar o arqueiro tolloniense.
Paralelamente, Anix Remo, mago elfo nascido no reino de Wynnlla conversava com o estalajadeiro George Rud, indagando-o sobre as possibilidades de emprego naquela cidade. Conversaram longos minutos enquanto o velho taverneiro cuidava de seus afazeres. Rud lhe contou que o palco da taverna sempre tinha grandes apresentações de bardos e que vez ou outra a própria Niele se apresentava no local para delírio dos freqüentadores. Até mesmo alguns engenhoqueiros goblins faziam demonstração de seus inventos, que sempre terminavam em alguma explosão, divertindo os expectadores. Anix ofereceu-se para fazer pequenos shows de mágica em troca de alguns trocados pois precisava muito ganhar algum dinheiro. Se preciso fosse, ele trabalharia para Rud como garçom ou fazendo propaganda da estalagem pelas ruas da cidade. Rud entretanto não aceitou nem recusou a proposta do elfo, pedindo para pensar até o dia seguinte antes de responder, foi quando um cliente chamou o atendente pedindo mais cerveja.
Um homem que estava ao lado de Anix o cutucou com o cotovelo e discretamente disse:
_ Desculpe senhor, mas não pude deixar de ouvir sua conversa. Meu nome é Argis. Notei que você está precisando de emprego e tenho uma proposta a lhe fazer. Tenho uma barcaça a remo no cais e preciso de uma tripulação para uma viagem de alguns dias no mar negro. Ofereço-lhe 20 tibares de ouro como pagamento. Estaria disposto a me acompanhar?
_ Muito Prazer Argis, eu sou Anix. Tenho interesse sim, mas primeiro preciso esperar a resposta de Rud. Tenho uns amigos que também estariam dispostos a trabalhar para você. Me dê um prazo até amanhã, somente o tempo necessário para saber a decisão de Rud e para contatar meus amigos. Amanhã pela manhã eu o encontrarei aqui e conversaremos a respeito. Agora se me dá licença, eu irei dar uma volta.
_ Até amanhã Anix, estarei esperando!
Anix se despediu do homem e saiu da estalagem acompanhado de seu fiel falcão. Escreveu uma mensagem num pedaço de pergaminho, amarrou-o numa das patas do animal e ordenou que este encontrasse Nailo, um dos seus companheiros.
Enquanto isso, Nailo, e os outros estavam nas ruas de Malpetrim, procurando por si próprios alguma maneira de se sustentar.
Lucano Lireian, elfo nascido na Sambúrdia, um devotado clérigo de Glórien, a mãe de todos os elfos, buscava informações sobre as competições da feira, na esperança de que existisse alguma disputa de magia, na qual os poderes concedidos pela sua deusa poderiam ser muito úteis. Pediu informações a um outro elfo, mas a abordagem pouco sutil do sacerdote quase resultou em um conflito. Porém, quando viu que se tratava de um fiel servo de Glórien, Harel, se desculpou e os ânimos se acalmaram.
Harel deu a Lucano a localização da sede da administração da cidade, onde eram feitas as incrições para os torneios da feira. Pediu também a Lucano que o ajudasse, pois seu filho se encontrava doente em sua casa. O bom clérigo se prontificou a ajudar seu companheiro de raça e o seguiu até sua casa.
Lá encontrou um elfo, ainda uma criança inocente, ardendo em febre sobre uma cama simples. Estendendo suas mãos sobre o menino, Lucano orou a Glórien para que esta ajudasse o pequeno. Suas mão brilharam como a face de Azgher. O brilho tomou conta do corpo da criança que despertou de seu sono já curado. O pai abraçou o filho emocionado e Lucano pode ver na perna do garoto a cicatriz do ferimento que havia causado a infecção desaparecendo pouco a pouco. Lucano agradeceu à sua deusa em pensamento e retirou-se da casa sob os olhares gratos daquela família de elfos. Não recebera nenhum pagamento pelo favor, nenhum tibar, nenhuma jóia. Para ele bastava ver a felicidade de um irmão elfo, isto era maior que qualquer quantia em ouro do mundo.
Lucano foi até a prefeitura e, ao ver a faixa anunciando as inscrições para um futuro próximo, retornou ao Macaco Caolho Empalhado.
Assim como o clérigo, outros dois jovens buscavam informações sobre os eventos na festa vindoura.
Loand Hammerhand, paladino recém ordenado, servo leal de Khalmyr o deus da justiça, era um jovem humano de coração bom e puro. Nascido no reino de Zakharov, há muitas léguas dali, o guerreiro sagrado, acompanhado de sua bela espada, que acompanhava sua família há gerações, buscou informações dobre os torneios. Intencionava participar das competições com o objetivo de se aprimorar no uso da espada, para tornar-se um guerreiro cada vez mais competente e desta forma poder combater o mal por toda Arton. E se por acaso, ainda ganhasse o prêmio dado ao vencedor, este seria bem vindo, já que o dinheiro que trazia consigo quando deixou sua terra estava no fim.
Assim, ele seguiu pelas ruas de Malpetrim, pedindo informações aqui e ali, até chegar ao local das inscrições. Entretanto, ao constatar que havia chegado algumas semanas cedo demais para se inscrever, decidiu retornar para a estalagem e se encontrar com os amigos que conhecera durante a jornada até Petrynia.
Sairf Ridlav, mago humano nascido em Wynnlla e especialista em magias de gelo e água procurava, assim como Lucano, informações sobre competições de magia, onde seus poderes pudessem ser testados e aprimorados. Em suas andanças pela cidade, descobriu com as pessoas com as quais conversou que vários arcanos locais costumavam se reunir durante a semana da grande feira. Interessado na tal reunião, ele foi reunindo informações até chegar à prefeitura, onde um dos guardas da milícia lhe passou a localização de uma torre onde era feita a reunião anual dos magos. Na torre, Sairf encontrou um homem de idade avançada, longa barba e cabelos cinzentos, privado do olho esquerdo, que o atendeu à porta. O homem no entanto não se demonstrou amistoso e deixou bem claro para Sairf, em poucas e agressivas palavras, que a tal reunião dos magos não era da conta de Sairf. Frustrado, o jovem conjurador retornou para a estalagem.
Por fim, o ranger elfo tolloniense de nome Nailo, tentava a todo custo encontrar algum emprego. Acompanhado de seu fiel lobo, com quem fora criado nas florestas de Tollon, conversou com várias pessoas, até que conseguiu a informação que buscava. Um navio de guerra chamado Imperator estava recrutando marujos para uma missão um tanto perigosa. Caçar piratas no mar negro. O soldo de 50 tibares de ouro mensais soou atraente aos ouvidos do elfo que rumou para o cais de Malpetrim imediatamente.
O Imperator era um navio grandioso. Com seus trinta metros da proa a popa, tinha espaço e remos suficientes para uns trinta a quarenta soldados. Muito bem armado com várias balestras, demonstrava estar preparado para o propósito ao qual se destinava, caçar piratas. Vários homens trabalhavam na manutenção da nau e outros tantos levavam suprimentos à bordo.
Em conversa com um dos tripulantes do Imperator, Nailo confirmou as informações que recebera nas ruas. A recompensa era atraente, mas enfrentar piratas parecia um tanto arriscado e Nailo desejava algo melhor e mais seguro. Perguntou se algum outro navio procurava por tripulantes e finalmente ouviu o que tanto desejava. Um navio à vela, o Lazarus, estava á procura de homens corajosos com a promessa de procurarem e dividirem um tesouro fabuloso.
Nailo foi rapidamente até o Lazarus. Tom Bomb Adil, imediato da nau, um homem de baixa estatura e grande largura, calvo e de voz grossa, se prontificou a chamar o capitão Arthur Tym assim que Nailo se mostrou disposto a tripular o Lazarus.
Arthur, homem alto e magro, de voz forte e vibrante se apresentou a Nailo. Propôs ao elfo um soldo de 80 moedas de ouro pela viagem, mais uma parte justa no tesouro que iriam buscar numa ilha chamada Ortenko, há várias milhas dali.
_ Bom meu rapaz, espero que não tenha medo de navegar por este mar selvagem, repleto de piratas e selakos.
_ Não tenho medo pois sou muito forte.
_ Ah, muito forte você diz? Então demonstre sua força erguendo aquela barrica.
Nailo posicionou-se diante do barril indicado. Devia pesar uns duzentos quilos, mas ele precisava demonstrar sua força, pois não poderia perder aquela oportunidade. O soldo, mais a promessa de parte do tesouro eram uma chance única que não podia ser desperdiçada. Segurou o barril e colocou toda sua força em seus braços, queria impressionar o capitão a todo custo. O objeto, porém, não se mexeu um centímetro sequer.
_ Calma senhor Arthur, deixe-me tentar de novo, prometo que vou conseguir.
Novamente Nailo falhou em seu teste de força provocando risos por parte do capitão.
_ Olha eu não consegui levantar, mas minha força não é para erguer coisas, e sim para lutar. Eu e meus amigos podemos defender o navio. Se você nos der uma chance...
_ Silêncio homem! – Arthur interrompeu as risadas e sua voz séria ecoou pelo cais – Mais respeito comigo rapaz! A partir de agora deve se dirigir a mim como Capitão Arthur, pois agora sou seu capitão! Gosto de homens corajosos e destemidos assim como você. S seus amigos forem assim também, a tripulação estará completa. Partiremos amanhã assim que o sol nascer! Não se atrasem!
A decepção pela falha transformou-se em alegria ao ouvir as palavras de seu novo líder. Nailo saiu apressado para contar a novidade aos companheiros com um sorriso em seu rosto.
_ Ah, rapaz! Leve isto com você. Mostre aos seus amigos para que eles saibam que eu não estou brincando!
Arthur Tym arremessou um objeto para o elfo. Nailo sentiu o peso daquilo ao segurá-lo. Quando abriu as mãos, viu uma pepita de ouro de cerca de três centímetros de diâmetro. Seus olhos brilharam tanto quanto aquela pepita, e ele correu para a estalagem.

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