março 02, 2005

Capítulo 35 - A humilhação dos heróis

Já do lado de fora, a alegria e a tristeza misturam-se para formar as lágrimas de Yelenia ao ver seu amado Legolas vivo, mas severamente ferido. Ela o abraça e faz um curativo no local onde instantes atrás havia um braço saudável. Todos se emocionam com o amor dos jovem casal.
Com a ajuda de uma corda cuidadosamente fixada no platô da montanha pelo mago, todos alcançam o solo em segurança. Os tesouros são colocados no lombo dos cavalos. Os heróis seguem a pé, lado a lado com os camponeses. Fildan é o único que vai a cavalo, já que sua condição inspirava cuidados especiais.
Assim, após cerca de quatro horas de caminhada, o grupo chega nos arredores da pequena vila élfica de Aniel. O sol já quase some por trás das gigantescas árvores negras, Feanor sugere montar acampamento na vila e prosseguir a jornada no dia seguinte. Entretanto, quando estão mais próximos do vilarejo, eles ouvem vozes agressivas e percebem que algo estranho está acontecendo. Seguem cautelosamente até a trilha que conduz ao interior da vila e percebem cinco vultos movimentando-se de maneira ameaçadora lá dentro. Fildan leva os aldeões para dentro da mata e os esconde num local seguro. Os demais penetram na aldeia preparados para o combate.
Lá re-encontram Natael, o ranger que cuidava das redondezas, envolvido numa discussão acalorada com quatro estranhos. Shihiro sente que já viu aqueles rostos em algum lugar. Uma mulher de cabelos cor de fogo, com desenhos exóticos tatuados em seu rosto, um homem imponente trajando uma armadura reluzente, um outro calvo com olhar frio e o último... Ele se lembra dos cartazes que viu na Pequena Colina onde aquelas figuras estavam estampadas logo abaixo dos dizeres “Procurados: O Grupo do Mal”. Sim, eles estavam diante do grupo de criminosos mais famosos e perigoso de todo o reinado. A recompensa por eles era enorme, inferior apenas ao temor que a sua fama causava. Antes que o samurai pudesse alertar seus amigos do perigo que corriam, eles foram notados.
A lâmina fria da foice de Scyte parou próximo ao pescoço de Mercurys sem que ele pudesse reagir.
_ E vocês, dão amigos dele? – a cabeça pendendo na direção de Natael com desprezo.
_ Somos, o que se passa aqui? – Legolas grita sem perder a ousadia apesar de suas novas limitações
_ Só estamos de passagem recolhendo suprimentos. Vão embora, ou a mão de Khalmyr cairá sobre vocês! – A voz firme de Arthur Donavan III faz todos estremecerem por dentro.
_ Ora, deixe que eu me encarrego de todos! Mandarei um a um como tributo para o grande Leen! Vocês nem precisam sujar suas mãos! – A foice de Scyte riscando o pescoço do ranger.
_ Não! Não temos tempo para isso agora! Vamos pegar o que precisamos e ir até a cidade mais próxima o mais rápido possível. Lá você poderá honrar seu deus à vontade! – A voz feminina, porém firme de Ellen Redblade veio como um alívio para o grupo.
_ Lá vem ela outra vez! Desmancha prazeres! – resmungou Sean Cavendish – Você só esqueceu de um detalhe Ellen! Está vila está vazia! Não há comida, nem sequer uma mísera moeda! Alguém já limpou a área antes de nós.
_ Mas parece que nossos amigos recém chegados poderão nos dar uma mãozinha! – Sean moveu-se entre os heróis, medindo-os de cima a baixo, como quem escolhece uma fruta num mercado, até sair da vila. – Vejam, eles tem cavalos abarrotados de equipamentos. Isso irá nos poupar tempo!
_ Ótimo, Sean! – Artur se voltou para Feanor. Encarou-o com firmeza. – Eu, Arthur Donavan III, representante máximo de Khalmyr em Arton estou requisitando seu equipamento. Sei que vocês não se recusaram a atender meu pedido, pois isto significaria ir contra a vontade de Khalmyr, contra a justiça. – o Paladino caído passou entre os quatro amigos, seguido pelos outros dois, calados.
Quando já estavam a uma distância segura, o grupo de Shihiro preparou-se para o combate. Natael também se juntou a eles.
_ Parem aí! Vocês não levarão nada! Seus ratos! – Natael saltou na direção do grupo do mal, uma espada em cada mão, surpreendendo Mercurys e seus amigos. Porém, Scyte, o clérigo da morte foi mais veloz. A mão do sacerdote maligno tocou o peito do ranger ao mesmo tempo em que seus lábios recitavam versos profanos.
_ Grande Leen, aqui está um presente pra você! – A mão de Scyte brilhou, e o brilho tomou conta do corpo de Natael, para um segundo depois dar lugar a uma aura negra. Natael Shout caiu sem vida no solo em meio à relva, ao mesmo tempo em que os três vilões restantes retiravam os sacos com o tesouro dos dragões verdes do lombo dos cavalos.
Quem será o próximo? Leen está ansioso! - Scyte encarou Shihiro e Legolas e viu o pavor que sentiam.
_ O próximo será você, seu maldito! – vociferou Shihiro enquanto Arthur, Ellen e Sean se reuniam na estrada, em frente à entrada da vila.
_ Se dão algum valor às suas vidas, é melhor não se moverem. Vocês não tem a menor chance! – Gritou Ellen com desprezo à distância, enquanto fazia um aceno de mão para o céu.
_ Não nos subestime, seu verme! Saiba que acabamos de matar 9 dragões! Vocês é que não pode conosco! – A mão de Legolas move-se para sacar Nazil junto com seus lábios. Feanor e Mercurys também se preparam.
_ Ah! Mataram alguns dragões? Grande coisa! NÓS temos um dragão! Será que vocês mataram algum assim? Querem tentar a sorte? – Scyte dá as costas ao grupo, indo em direção aos seus “amigos” e apontando para Silith, o dragão negro que acabara de pousar na estrada.
Feanor segura seus companheiros. Com um gesto, eles entendem que as palavras dos inimigos eram verdadeiras. Eles não tinham chance de vencer no estado em que se encontravam, e mesmo que tivessem, não deveriam arriscar a segurança dos aldeões que estavam escondidos entre as árvores a poucos metros dali com Fildan. Se o grupo do mal os encontrasse, seria uma tragédia.
Os quatro seres maléficos escalam o dorso do dragão. A fera demonstra pelo seu olhar contrariado que não está contente em servir de montaria para aquele grupo. A única exceção é a mulher, por quem ele demonstra grande simpatia e respeito, eliminando qualquer esperança de convencer o dragão a se voltar contra eles.
_ Vamos para o sul. Lá existem vilas onde poderei encontrar donzelas para sacrificar para Leen! – Ellen faz um gesto com a cabeça, em concordância com as palavras de Scyte. Silith levanta vôo e em pouco minutos, o grupo do mal some nos céus de Tollon.
Mercurys tenta em vão curar Natael com sua varinha mágica. Fildan chega com os aldeões, e o ranger é enterrado em clima de tristeza. Todos partem para Shimei na manhã seguinte, humilhados. Legolas é o último a sair de Aniel. Antes de abandonar os domínios do vilarejo élfico, ele se volta para a aldeia e promete voltar o mais breve possível para ajudar os fantasmas que ali estavam. Mesmo sem ver ou ouvir qualquer coisa, o elfo tem a certeza de que suas palavras foram ouvidas pelos aldeões amaldiçoados.

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