março 23, 2005

Capítulo 7 - Uma nova esperança

_ Acordem seus escravos imprestáveis, é hora de trabalhar!!! – o grito de um dos genasis de cobre, aliado à água fria despejada sobre os heróis cativos, fez com que todos acordassem, com seus corpos ainda doloridos e cheios de hematomas.
Era dia 21 sob Salizz, Aztag, com o sol ainda nascendo, todos foram forçados a levantar e trabalhar. Um a um, os prisioneiros receberam pás e picaretas e foram conduzidos pelos feitores cada um para um local diferente. Puseram-se a escavar as paredes da montanha e a cada golpe de picareta, ouro e prata brotavam como água em uma nascente. Pepitas de variados tamanhos eram removidas junto com o cascalho das rochas estilhaçadas pelos trabalhadores. Enquanto uns trabalhavam escavando, outros trabalhavam separando pedras simples das preciosas. O grupo de heróis tentava a todo custo dialogar com os genasis, mas cada tentativa de conversação era rechaçada com chicotadas e gritos. Nailo, o que menos se curvava aos feitores foi novamente espancado pelos soldados. Desmaiado, foi arrastado até a cela e lá permaneceu pelo resto do dia.
Giali, um dos trabalhadores, puxou conversa com Legolas e seus companheiros. Giali comentou que Nailo era criador de caso, e não duraria muito tempo nas minas se não se comportasse direito. Irritado, Legolas disse que preferia morrer lutando a ter que trabalhar como escravo até a morte naquela mina. Giali, por sua vez, preferia continuar submisso, na esperança de que algum dia alguém surgisse para salvar todos os operários de Ortenko. Ele contou também sobre Guiltespin, o anão que trabalhava isolado dos outros, realizando avaliação das gemas retiradas da montanha. Segundo Giali, o anão tinha poderes mágicos poderosos, por isso ficava sob constante vigilância de um dos genasis de cobre. Entretanto, segundo Giali, Guiltespin tentara em vão se aliar a Teztal quando fora capturado para escapar da vida de escravidão. Por essa razão, os outros escravos não confiavam nele.
Legolas tentou falar com o soldado que o vigiava, oferecendo-se para trabalhar como avalista, mas quase foi espancado novamente. As únicas respostas dadas pelo frio e cruel genasi foram a chibatada nas costas do elfo e um não tão seco quanto o pó que cobria o ambiente da caverna.
_ Quando o anão morrer, se você ainda estiver vivo, você poderá ocupar o lugar dele. – as palavras do soldado doeram fundo em Legolas, que ainda se contorcia de dor no chão pela chicotada recebida.
Durante todo o dia, trabalharam nas minas com os demais prisioneiros. Legolas e seus amigos, de tempos em tempos, pediam para tomar água, sendo conduzidos, um de cada vez, para os barris de água pelo soldado que os vigiava. Com grande astúcia, os aventureiros sedentos, ao se saciarem nos barris, guardavam parte da água em suas bocas, para depois cuspi-la no local onde estavam escavando. Dessa forma, a rocha amolecia e o trabalho ficava um pouco menos cansativo.
Sempre que tentavam afastar-se do feitor para tentar alguma ação de fuga, como cavar perto da cela para enfraquecê-la, ou se aproximar dos prisioneiros isolados ou de Guiltespin, recebiam chicotadas e ordens para não se afastarem. Parecia realmente impossível fugir dali, e todos começaram a perder as esperanças.
No meio da manhã, outros genasis de pele dourada como o próprio sol entraram na mina. Eram Guncha e seus genasis de ouro. Acompanhados de outros genasis de cobre que traziam escravos para a mina, a bela mulher começou a inspecionar os mineiros e a escolher alguns deles. Os escravos trazidos por Guncha foram encaminhados para os trabalhos na mina, e a genasi escolheu outros para que lhe servissem em seu navio, o Imperatriz Dourada. Squall foi um dos escolhidos. Levado com outros para o navio de Guncha, foi forçado a trabalhar na limpeza da embarcação, enquanto os outros escolhidos cuidavam de fazer o almoço, preparar o banho, ou amaciar a cama da genasi dourada. Enquanto limpava a cabine de Guncha, o jovem feiticeiro viu sobre uma mesa vários mapas náuticos e uma bússola. Também viu em um baú várias flechas, mas como estava sendo vigiado de perto por um genasi de ouro, não pode olhar mais detalhadamente, muito menos pegar algum desses itens. Ao menos o elfo havia se livrado de um trabalho muito mais duro na mina, sorte que seus amigos infelizmente não tiveram. Enquanto ele varria todo o convés, seus companheiros eram forçados a escavar a rocha bruta, sob as chicotadas dos soldados de Teztal.
Quando o sol brilhava no meio do céu, o almoço foi servido. Novamente um pão mofado e sujo foi entregue aos escravos, que comeram nos próprios locais que escavavam, com as mãos sujas e empoeiradas. O gosto da massa misturada com terra e poeira de pedra se tornava ainda mais amargo sob o som dos chicotes estalando por toda a mina. Nailo foi acordado com um balde de água fria derramado sobre seu corpo, e após comer, foi obrigado a retornar ao trabalho. Entretanto, o elfo ainda não havia se dado por vencido. Enquanto trabalhava, escondeu em seu cabelo uma pepita de ouro sem que nenhum dos guardas percebesse. Tinha esperanças de poder usar aquilo de alguma forma para escapar, quando fosse o momento certo.
Quando o sol finalmente se pôs, após um dia que parecia não ter fim, os escravos foram confinados em suas celas. Com todos reunidos novamente, e com os guardas mais distantes, apenas fazendo rondas pelo complexo, os heróis puseram-se a planejar sua fuga. Nenhum deles tinha armas, mas ainda podiam contar com o apoio mágico de Lucano e Squall, que não precisavam ler grimórios para lançar magias. Os dois conjuradores puseram-se a orar e meditar para se tornarem capazes de conjurar magias. Os poucos minutos que puderam se concentrar foram suficientes para que Lucano preparasse apenas uma magia para ser lançada. Squall, entretanto, podia contar com todos os seus poderes. Cerca de trinta minutos após o término do expediente, os soldados chegaram trazendo o jantar. Atiraram os pães como se jogassem milho aos pombos e serviram água em abundância para todos.
Quando os soldados se retiraram, o grupo aguardou o momento certo para agir. Sabiam pela observação que demorava cerca de um minuto para que um dos genasis passasse em frente a cela e observasse o movimento lá dentro. Como todos haviam se comportado bem durante a tarde, a vigilância era mais branda do que na noite anterior.
Então, quando um dos guardas se aproximou, Lucano o chamou, pedindo água a ele. O soldado chegou bem próximo da grade que o separava dos escravos, esticou a mão segurando a concha cheia d’água, na direção de Lucano. O clérigo de Glórien invocou o nome de sua deusa e ordenou ao soldado “solte”. A magia de comando funcionou perfeitamente, e o genasi obedeceu, largando tudo que tinha nas mãos. A concha cheia de água, bem como o mangual portado pelo soldado, foram ao chão quase que ao mesmo tempo.
Rapidamente, Nailo atirou-se ao chão e foi com a mão em direção à arma do vigia. Squall, à distância, usou sua magia de prestidigitação e começou a puxar a chave no cinto do soldado para suas mãos. Entretanto, o plano dos heróis falhou drasticamente. Ao perceber a tentativa de fuga, o guarda pisou na mão de Nailo que puxava o mangual para dentro da cela, e, ao ver a chave sendo puxada por Squall, deu o alerta de rebelião. Rapidamente os outros soldados chegaram, invadiram a cela e começaram a espancar todos os que ali estavam. Em poucos segundos a rebelião foi contida. Nailo, que ainda discutia com um dos guardas, foi levado para a solitária para aprender a não causar mais confusão. O ranger recebeu toda a culpa do incidente, e foi trancafiado no cubículo que servia de cela, junto com Yczar.
Com a rebelião contida, e o causador do distúrbio isolado na solitária, os sentinelas voltaram à rotina normal de vigia. Assim, os soldados se afastaram, retornando de tempos em tempos para averiguar a situação. Sem a presença dos sentinelas, os outros prisioneiros cercaram os revoltosos em um grande círculo. Não demonstravam hostilidade, mas sim admiração pelos heróis, como se tivessem encontrado uma jóia rara. De trás da multidão, surgiu um homem baixo, de idade avançada e aparência sábia. O velho aproximou-se dos aventureiros e começou a falar.
_ Vejo que vocês tem intenção de fugir daqui, e que possuem grandes poderes. Porém, se querem realmente sair daqui, assim como todos nós, os meios que estão usando jamais darão certo. Meu nome é Roryn, muito prazer. E vocês, quem são? – o velho estendeu sua mão aos heróis num gesto amistoso e todos se apresentaram.
Roryn lhes contou que Teztal e seus asseclas eram muito poderosos, e que no passado, outras pessoas poderosas tentaram enfrentá-lo e perderam suas vidas. Segundo ele, confrontar Teztal, mesmo que todos os escravos se unissem, e que Guiltespin e Yczar ajudassem , ainda assim eles seriam massacrados pelo genasi de platina e seus subordinados. Para fugir daquela ilha, seria preciso muito mais do que força bruta, era necessário um plano a prova de falhas. E Roryn apresentou esse plano, ou parte dele ao menos, aos jovens rebeldes.
Secretamente, os escravos haviam escavado um túnel sob a cela, que conduzia até uma gruta com acesso direto para o mar, onde diversas carcaças de navios e pedaços de embarcações acumulavam-se, constituindo um verdadeiro cemitério de navios. Os destroços, eram usados como matéria-prima para fazer reparos no navio de Guncha. No cemitério, entre as carcaças de navios há muito abandonados, havia um em condições de navegar. Claro, seria necessário fazer alguns reparos na nau, mas nada que fosse muito difícil de fazer. Mas havia um problema. Duas criaturas que habitavam o local impedia o acesso dos escravos ao local. Os dois monstros já haviam matado outros que haviam tentado derrotá-los. Roryn implorava aos deuses para que enviassem alguém que fosse capaz de eliminar os monstros, deixando acesso livre ao navio e criando uma possibilidade de fuga para os escravos. Ao ver os poderes de Lucano, Squall e seus amigos, Roryn teve a certeza de que os deuses haviam ouvido suas preces. O grupo de heróis com certeza seria capaz de eliminar os monstros e deixar o cemitério de navios livre para que os escravos começassem a reparar o navio e pudessem novamente sonhar com a liberdade.

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