Capítulo 254 – Outro gigante...uma missão para Nailo
Taverna do forte Rodick, dia 27 de pace, lanag, início da noite. Após um longo dia de trabalhos e treinamentos no forte, vários soldados se reuniam ali, para comer e beber, conversar e aliviar suas mentes e corpos da pressão do cotidiano do exército. Alguns preferiam dormir, outros aproveitavam o momento de folga para fazer outras coisas, e alguns ainda permaneciam em trabalho, cuidando dos postos de vigia do forte. Glorin e seus subordinados passavam alguns momentos de descontração no estabelecimento de Belie.
Entre um gole e outro, fosse de vinho, rum ou cerveja, os aventureiros tentavam descobrir mais sobre o passado do capitão Glorin, além de fazer brincadeiras, zombando de seu tamanho, para deixá-lo irritado. A cada provocação, Glorin acionava o poder elétrico da espada que pertencera a Dekyon, e ameaçava os rapazes. Os olhos de Nailo brilhavam a cada vez que a espada faiscava.
_ Capitão, quando é que o senhor vai me devolver essa espada? Lembre-se que eu a deixei temporariamente com o senhor porque seu machado tinha virado farelo! Não esqueça que na verdade ela é a minha parte do tesouro da caveira! – reclamou Nailo, apontando para a espada com ar de autoridade.
_ Rere! Que devolver que nada, essa espada vai ficar comigo! Ela foi feita por mãos anãs, pelas mãos do fabuloso Durgedin! Isso não é coisa pra elfos colocarem suas mãos sujas! Além do mais, você não tem nem do que reclamar! Você ficou com a maioria dos tesouros daquela caveira idiota! Então não venha me importunar! – Glorin desativou a espada e a embainhou, depois deu um gole em sua caneca de cerveja e respondeu com desdém a exigência do ranger.
_ Mas, capitão! Isso não é justo, eu... – Nailo começou a reclamar, mas foi subitamente interrompido pela chegada de um soldado na taverna.
_ Capitão! Capitão Glorin! Tenho novidades! Acaba de chegar uma mensagem vinda de forte novo! Eles estão com problemas por lá! – gritou o soldado, esbaforido, trazendo uma carta nas mãos.
_ Forte Novo?! É onde estava um de nossos soldados, certo? Deixe-me ver isso aqui! Hum....pois é, a situação lá não parece boa! Vamos ter que mandar uma equipe para lá! – Glorin pegou a carta e a leu em voz baixa. Depois coçou a barba enquanto pensava e falava com os soldados.
_ Deixa eu! – gritou Nailo.
_ Hum....não sei não, esse caso parece meio complicado! Tem a ver com um gigante! Você acha que dá conta de um gigante enfurecido? – disse o anão, medindo Nailo com os olhos.
_ Claro que sim, capitão! Se o senhor não sabe, gigante é uma das minhas especialidades! Nas minhas horas de folga, eu fico estudando e treinando estratégias e técnicas para enfrentar gigantes e dragões! Conheço várias formas de combater essas criaturas, sei onde bater neles pra fazer doer mais! Conheço os pontos fracos dessas criaturas! – respondeu Nailo, cheio de orgulho.
_ Hum.....não sabia que você tinha essas qualidades, me surpreendeu garoto! – sorriu o capitão.
_ É, por isso que sou conhecido como ranger! Sou um caçador oras! E minhas caças favoritas são dragões e gigantes! Mas eu já estou estudando outras criaturas também! – concluiu Nailo, falando num tom que toda a taverna podia ouvir e sorrindo de orelha a orelha.
_ Está certo então! Reúna seus homens, amanhã pela manhã vocês partem para Forte Novo! Agora me deixe terminar minha cerveja! – e Glorin encerrou a conversa entornando sua caneca.
Nailo ainda tentou argumentar, pedir a espada para Glorin novamente, mas o anão se esquivava com suas respostas secas e rudes entre um gole e outro. Nailo saiu da taverna, irritado com o capitão, e foi comunicar seus soldados que partiriam no dia seguinte.
· · · · · ·
Manhã do dia 28 de pace, jetag. Nailo e seus soldados foram tirados da cama bem cedo pelo capitão Todd Flathead. O goblin, hábil batedor de carteiras, estava acompanhado de outro goblin, que se vestia e se portava de maneira semelhante.
_ Nailo! Mande seus soldados se prepararem para viajar! E você, venha comigo! – disse o goblin, em tom autoritário, e usando o valkar, o idioma comum no reinado.
_ Sim senhor! Mas, espere, o senhor não falava só o idioma dos goblins? – Nailo recebeu com espanto o comunicado dado em idioma comum.
_ Claro que não! Vamos logo! – respondeu Todd.
_ Está bem! Mas, onde está o capitão Glorin? Não era ele que ia me passar a missão? – perguntou o ranger.
_ Sei lá onde ele está! Mas não importa, eu vou lhe passar a missão no lugar dele! Pra isso eu estou aqui! Agora venha logo! – Flathead saiu da cabana, acompanhado por seu fiel seguidor, que parecia imitá-lo em tudo. Nailo seguiu os dois.
Foram até a centro de comando do forte, onde o capitão Todd mostrou um mapa a Nailo e explicou-lhe o que deveria fazer.
_ Ao oeste daqui está essa vila, Forte Novo! Vocês devem ir até lá para ajudar os moradores, pois um gigante os está atacando! Descubra o que está acontecendo, porque o gigante está atacando a vila e resolva a situação! Se for preciso, mate o gigante! Entendeu! – disse o capitão, enquanto gesticulava e apontava para o mapa.
_ Sim, entendi! – respondeu Nailo.
_ Ótimo, bom garoto! Agora parta imediatamente com seus homens! – Todd sorriu e deu um leve tapa nas costas de Nailo, como se tentasse ser amistoso. Nailo assentiu com a cabeça e foi em direção à porta.
_ Ah! E leve isto com você! – Todd Flathead arremessou uma pequena bolsa de couro na direção de Nailo. O ranger a agarrou habilmente e foi conferir o seu conteúdo. Eram moedas, as suas moedas, a sua bolsa de moedas, tirada de seu cinto pelo goblin sem que Nailo pudesse perceber. Todd sorriu, enquanto Nailo olhava confuso, ainda tentando entender o que tinha acontecido, e dispensou o ranger com um aceno de mão.
Nailo saiu pelo forte, em busca de Glorin. Queria que o anão lhe desse a espada elétrica a todo custo. Mas, apesar de sua insistência e determinação, ele não conseguiu encontrar o anão em lugar algum. O tempo passava e ele tinha uma missão a cumprir. Decidiu então preparar tudo e depois voltar a procurar por Glorin.
O sargento se reuniu em frente ao portão do forte, já do lado de fora, com sua tropa. Prepararam os cavalos, arrumaram os equipamentos, suas armas e tudo aquilo que precisariam durante a viagem, mas nem sinal de Glorin. Nailo decidiu procurar mais uma vez, mas não o encontrou em lugar nenhum. Desistindo da busca, Nailo resolveu partir e deixar para conversar com o capitão Glorin quando voltasse de sua missão, quando ele exigiria a espada que tanto queria. Nailo foi para a saída do forte, montou em seu cavalo e convocou seus soldados para partirem, quando ouviu uma voz familiar.
_ Rere! Ei garoto! Mata no peito! – era Glorin. O anão estava sobre a muralha do forte, com a espada faiscando em sua mão. Com um movimento rápido o anão arremessou a espada na direção de Nailo.
A espada desceu do céu brilhando, como um relâmpago. Os cavalos se assustaram, os soldados ficaram apreensivos. A lâmina atingiu o seu alvo e cravou-se profundamente nele. A espada estava agora fincada no chão de terra, entre as patas do cavalo de Nailo.
_ Tome conta dessa espada direito garoto! Ela não é uma espada comum! E tome cuidado também! Boa sorte! – disse Glorin sorrindo e acenando para Nailo. O ranger pegou sua nova e desejada espada e partiu em seu cavalo rumo ao oeste, acompanhado de seu fiel pelotão.
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