dezembro 07, 2005

Capítulo 149 - A lagoa do pecado

Desceram por um longo tempo na fenda úmida de fria. O som da água que despencava com violência, os acompanhava o tempo todo e ia aos poucos se tornando cada vez mais distante. Após uma longa e tediosa descida, os heróis finalmente chegaram ao chão firme, mais de trinta metros escuridão abaixo. Chegaram a uma plataforma de pedra polida, cercada por uma grande caverna natural que se abria à direita e à esquerda. Ao redor da plataforma onde estavam, um rio subterrâneo corria veloz em direção à direita, até desaparecer completamente sob a parede da caverna. Diante deles uma grande e bela cascata despencava do andar superior, formando um pequeno lago e um riacho que se juntava ao rio que os cercava. À esquerda do grupo, a caverna ia se estreitando até formar um túnel de pouco mais de três metros de largura e altura desconhecida. Era impossível, mesmo para os elfos, enxergar o teto que ficava além do alcance de seus olhos. Diante dos heróis, uma ponte arqueada de pedras cruzava o rio na direção da cachoeira. À esquerda, uma outra ponte, igualmente sólida e bela, cruzava o rio e penetrava no túnel.
Sairf usou os olhos apurados de seu familiar para enxergar além do túnel e relatou aos demais o que Ho-oh via. Após a ponte e o túnel, existia uma grande caverna, e luzes da mesma cor das tochas dos heróis brilhavam muito distante dali. Sem hesitar, todos seguiram na direção das luzes, curiosos e apreensivos.
Cruzaram com temor a ponte, já desgastada pelo tempo e corroída de forma estranha. Uma fina camada de gelo revestia as pedras que a formavam, assim como as pontas das várias estalagmites que se levantavam do chão com graça e beleza. Pequenas nuvens de vapor se formavam diante de suas bocas ao respirarem, revelando que o inverno havia finalmente atingido seu ápice.
Depois da ponte, encontraram uma nova plataforma de pedra beirando a parede de uma gigantesca caverna. Um lago subterrâneo preenchia toda a câmara com suas águas geladas e alimentava o rio que corria na direção de onde tinham vindo. Uma bruma branca e fria cobria toda a superfície do lago, dando um aspecto sombrio ao lugar. Algumas rochas alinhadas dentro do lago formavam uma ponte natural que conduzia até uma outra plataforma na beirada do lago. A plataforma se estendia muitos metros adiante. Num determinado ponto as águas do lago a invadiam, dividindo-a em duas partes. A porção que continuava após a fenda formada pelo lago terminava em uma nova ponte natural, formada por várias rochas que se elevavam do fundo do lago para formar um caminho até uma pequena ilha no meio do lago. A ilhota era cercada por estalagmites que se uniam formando uma pequena e baixa muralha ao redor da ilha. Após a ilha, uma nova fileira de pedras conduzia até o outro lado da lagoa e terminava numa pequena plataforma encravada numa cavidade na parede de rocha. Todo o lugar era iluminado por vária tochas presas às paredes que seguiam todo o caminho em direção à ilha. A muralha que cercava a ilha tinha também vária tochas cravadas em sua estrutura e duas outras tochas uma de cada lado da cavidade da parede, permitiam enxergar o caminho além da ilha.
Os heróis avançaram cautelosos, até que seus ouvidos e seus olhos os alertaram da presença de alguém. Peles de animais se debruçavam sobre a mureta na ilhota, como se formassem uma cama ou um ninho macio. Sussuros, gemidos e gritos de prazer ecoavam por trás do muro de pedra. Duas vozes, uma masculina e outra feminina, se confundiam entre um orgasmo e outro.. Era quase possível sentir o cheiro de suor que emanava daquele lugar repleto tomado pela luxúria e pelo pecado. Dois corpos se entregam de tal forma aos prazeres carnais que faziam com que mesmo o mais devotado paladino fraquejasse em sua vontade e sentisse o desejo de participar daquela deliciosa orgia.
Todos pararam, espantados, imaginando o que se passava atrás daquele muro. Legolas mantinha sua cabeça baixa. Seus olhos fitavam a ilha com ódio e angústia. Era tarde demais. Eles haviam chegado muito tarde. O maldito mago, que havia aprisionado Idalla, e que controlava o dragão e possivelmente os orcs e os trogloditas, já havia feito uma nova vítima. A essa altura, ali bem diante de seus narizes, ele já havia tomado para si a pureza de uma nova donzela. Mais um corpo havia sido maculado por suas mãos imundas e malignas. A bela e inocente Liodriel já havia sido possuída.

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