dezembro 14, 2005

Capítulo 159 - A redenção de Draco

Liodriel levantou sua cabeça e viu seu amado em pé, vivo. A bela dama correu pela ponte de pedras em direção ao seu amado, saltando em seu colo e beijando-lhe a boca. Após muitos meses, e longas e difíceis batalhas, os dois amantes estavam juntos novamente. Poderiam finalmente ficar juntos e viver seu grande amor. Todos os outros aventureiros, cuja ajuda tinha sido fundamental para permitir aquele emocionante reencontro, olhavam felizes para o belo casal. Os heróis se reuniram no centro da ilha com a consciência de que haviam cumprido sua difícil missão. Mas restava ainda uma coisa. Havia um tesouro para recompensá-los pelos duros momentos que passaram dentro daquela montanha. Nailo e os outros começaram a se afastar para deixar o casal mais à vontade e se dirigiram para a caverna do tesouro. Mas, quando o primeiro deles colocou o pé para fora da ilhota, uma voz sussurrante tirou a tranqüilidade de todos.
_ Legolas! Legolas! Preciso lhe falar! – sussurrava Draco, agarrado à perna de Legolas.
Todos ficaram prontos para reiniciar o combate, mas as palavras que vieram a seguir emocionaram a todos.
_ Legolas! Eu quero lhe pedir perdão! Quero pedir perdão por todo o mal que eu lhe causei! Tenho que me desculpar com você antes que eu parta! Tenho que pedir perdão a todos! – os olhos de Draco estavam cobertos por lágrimas, provando a sinceridade das palavras do elfo. – Perdão meu amigo, por todo o mal que eu lhe causei! Você me derrotou completamente! Eu nunca seria capaz de ter Liodriel! Seu amor por ela sempre foi mais forte que o meu! Além disso, é você quem ela ama! Perdão meu amigo!
_ Não é a mim que você deve desculpas Draco! Você deve pedir perdão a outra pessoa! – respondeu Legolas.
_ Eu sei disso! Perdão Liodriel! Perdão por todo o mal que lhe causei! Eu me arrependo de tudo que fiz, de todo o sofrimento que fiz você passar!
_ Não se esqueça do Nevan! Você o abandonou! Deixou seu amigo à própria sorte! Deve pedir perdão a ele também! – continuou Legolas.
_ Nevan, meu amigo! Realmente eu não fui leal com você! Devo-lhe desculpas! Quando você desapareceu, eu e os outros fomos procurá-lo! Chegamos nas margens do lago enquanto procurávamos seus rastros! Então Escamas da Noite apareceu de dentro das águas! Ela matou todos os nossos amigos! Mas me poupou! Nos apaixonamos um pelo outro e passamos a viver junto! Como eu fui fraco! Entreguei-me a ela e me esqueci completamente de você, meu amigo! Perdão! – Draco falava com dificuldade, devido ao seu estado crítico e à emoção que sentia.
A essa altura, todos estavam reunidos num grande círculo ao redor de Draco. Ouviam emocionados às últimas palavras do pior inimigo que já haviam enfrentado. Nailo pegou sua varinha mágica e tentou parar o sangramento de Draco com sua magia. Mas a varinha não funcionava. Nem mesmo com a ajuda de uma poção mágica Nailo conseguiu interromper a hemorragia de seu ex-inimigo.
_ Não perca seu tempo comigo Nailo, meu amigo! Meu tempo já está se esgotando! Não terei tempo de lhes contar todos os detalhes mas quero que saibam, ainda que resumidamente, o que aconteceu quando partimos. Nós viemos aqui, seguindo as pegadas dos orcs, para exterminá-los e vingar todas as barbaridades que fizeram em nossa vila! Mas Nevan desapareceu quando foi fazer o reconhecimento do terreno e quando fomos procurá-lo, Escamas da Noite apareceu! Eu me entreguei a ela, abandonando minha família e meus amigos e passei a viver com ela, como um dragão! Como todos os dragões tem um tesouro, eu também precisava ter o meu tesouro! Então lembrei de você, Liodriel! Fui com Escamas da Noite até Darkwood e a raptei na calada da noite. Já que ela não aceitava ser minha mulher, seria então o meu tesouro! Eu estava cego, completamente obcecado e agi de forma egoísta! Por isso eu lhes peço perdão, meus amigos! – Draco interrompeu seu discurso, tossindo e vomitando sangue. Sua hora estava chegando.
_ Meus amigos, quero lhes dar alguma coisa para compensá-los por tudo que passaram por minha causa e para provar meu arrependimento! Meu tempo está se esgotando, então serei breve. Legolas! Você sempre foi o melhor arqueiro, que quero que fique com meu arco! Este arco mágico foi retirado de um dragão branco por escamas da noite. Eu não conheço todos os poderes que ele possui, mas basta que diga Kamthiaria e todas as flechas disparadas por ele serão congelantes.
Legolas tomou o arco branco como o leite em suas mãos. Era uma peça de beleza sem igual, construída no mais puro marfim, todo decorado com entalhes de dragões e runas no idioma dracônico. Draco continuou.
_ Nailo! Meu velho amigo Nailo! Sua roupa está toda gasta e suja! Tome, eu quero que você com esta armadura! Você é um grande guerreiro, ela lhe será muito útil!
Draco retirou sua roupa com muita dificuldade e entregou uma camisa feita de anéis metálicos de mithral trançados. Nailo recolheu a cota de malha, emocionado, e agradeceu ao amigo.
_ Nevan, meu grande amigo Nevan! Amigo que eu abandonei, mas que nunca virou as costas pra mim! Eu quero que fique com isto! Sei que nunca trocará sua espada por esta, mas quero lhe dar minha espada, meu amigo!
Nevan pegou a bela espada de Draco. Uma arma tão bela e bem confeccionada quanto as famosas armas de Durgedin. Sua lâmina brilhava como a prata e seu cabo, feito de marfim e cravejado com pequenos rubis era como a lua cheia no alto do céu. Nevan guardou a espada consigo, prometendo que a usaria sim, mas apenas em ocasiões especiais, não gastando seu fio com coisas sem importância.
_ Você mago! Quero que fique com isto! Este anel lhe ajudará a nadar como um peixe! Ele é mágico! – continuou Draco.
_ Obrigado, e muito prazer em conhecê-lo, verdadeiro Draco! – Sairf pegou o anel prateado das mãos do elfo. Em seu interior era possível ler em dracônico a frase “nadar como os peixes”.
_ Você, o outro mago, aproxime-se! Pela marca na sua testa, presumo que você seja o vermelho. Suas roupas também estão sujas e velhas, quero que fique com isto, com este manto mágico! Tome vermelho, ele ajudará a proteger seu corpo e sua mente!
Squall vestiu o manto verde e marrom feito de seda e algodão. Depois se afastou, dando lugar para seu irmão atender ao chamado de Draco, que acenava para Anix. Draco tossiu forte mais uma vez. Seu peito se encheu de sangue. Anix segurou sua mão e ele prosseguiu.
_ Mago! Para você tenho um presente que está dentro da caverna do tesouro! Liodriel conhece o lugar secreto onde vocês devem pressionar a parede e dizer “Inesh” para abrir a porta! Lá dentro, mago, você encontrará uma caixa de madeira e nela há equipamentos para você construir um laboratório de alquimia. Tenho certeza de que isto será muito útil para você! Aliás, para todos vocês magos! Quero que fique com o laboratório para você! Lá dentro também existem alguns pergaminhos mágicos! Quero que você os divida com seus companheiros de magia! Entre estes pergaminhos existem dois que servem para permitir respirar livremente dentro da água. Vocês podem utilizá-los para sair daqui! Basta nadarem sob o lago e chegarão ao lago na superfície, na praia onde conheci Escamas da Noite!
Anix acenou positivamente com a cabeça e se afastou Draco olhou para Legolas, Nailo e Nevan e continuou.
_ Lá dentro também existe muito dinheiro! Eu peço a vocês que dividam igualmente o dinheiro entre vocês e que dêem uma parte dele para meus pais. Eu deveria cuidar deles, mas não poderei mais fazer isso! Este dinheiro servirá para que eles possam se sustentar na minha ausência!
Todos concordaram e prometeram entregar o dinheiro para os pais de Draco.
_ Clérigo! Chegue mais perto! Já não posso vê-lo direito! Minha hora já está próxima! Diga-me clérigo, a qual deus você serve? – perguntou Draco.
_ Eu sou um servo de Glórien! A mãe de todos os elfos! – respondeu Lucano com orgulho.
_ Glórien...há muito tempo não ouço o nome dela! Até minha fé eu perdi quando vim para este lugar! Eu quero que você fique com isto! – Draco retirou de seu pescoço um medalhão de ouro maciço no qual podia se ver o símbolo da deusa dos elfos cunhado em alto relevo e o entregou para Lucano. – Você é um protetor dos elfos, um servo de nossa mãe! Quero que fique com esses vidros também! Os líquidos verdes são poções de cura! O líquido branco serve para proteger do frio, e o amarelo contra eletricidade! Quero que fique com isso e que tome conta de nossos irmãos elfos!
Lucano guardou as poções em sua bolsa e colocou o símbolo dourado em seu pescoço, por baixo do seu velho símbolo de madeira. Draco esticou sua mão na direção de Lucano, com lágrimas de sangue tomando seus olhos e prosseguiu.
_ Perdão padre, por todos os insultos! Perdão a todos vocês amigos, por todos os perigos que tiveram que correr por minha causa! Perdão Liodriel, por todo o sofrimento que causei! Perdão mãe de todos os elfos, por ter virado minhas costas para você! Perdão minha deusa querida, por todos os pecados que cometi! Perdão Glórien! – Draco estendeu sua mão ferida para o alto, implorando pelo perdão de sua deusa criadora e deu seu último suspiro. Draco morreu. Seus olhos se fecharam lentamente e seu corpo deslizou suavemente até repousar no chão. Liodriel e Legolas se abraçaram, com lágrimas nos olhos, assim como todos os outros heróis. Todos estavam emocionados. Aquele que havia sido um de seus piores inimigos havia se arrependido de seus crimes e conquistado o perdão de todos no final. Draco perdeu sua vida, mas reconquistou seus amigos no último instante de sua vida.

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