dezembro 07, 2005

Capítulo 152 - Squall, o vermelho


Anix pegou uma poção em sua bolsa e a tomou num gole só. Sentiu um formigamento familiar em seu corpo e todos olhavam para ele com ar de espanto. Aos poucos o elfo foi desaparecendo, até ficar completamente invisível.
_ Não pense que ficando invisível você vai conseguir fugir de mim! Eu irei encontrá-lo e comerei sua carcaça! – rugiu a dragonesa ao ver Anix desaparecer.
Enquanto seu irmão buscava uma posição melhor para poder atacar, Squall olhou para a criatura com coragem e de sua mão partiu uma pequena esfera escura. A bolinha de guano e enxofre passou por baixo de Escamas da Noite e explodiu quando estava atrás dela. As chamas se expandiram quase seis metros e atingiram a dragonesa, arrancando urros de dor e ódio da fera. Escamas da noite se contorceu e encarou Squall com ódio no olhar. O ódio deu lugar ao espanto. Escamas da Noite farejou o ar e novamente se enfureceu, ainda mais do que ante.
_ Quem é você vermelho? O que quer aqui em meu território? Vá embora daqui agora vermelho, ou então eu o matarei! – gritou a fera para Squall que nada compreendia.
De fato, nenhum dos aventureiros entendia o que ela queria dizer com aquilo. Squall tinha o rosto claro, como o de qualquer elfo. Não havia nada de vermelho nele. Estaria a dragonesa enxergando mal? Mesmo sem entender o que se passava, os heróis continuaram firmes, sem perder tempo com conversas ou divagações. Anix recuou até onde Nailo estava, e este pegou em sua bolsa um frasco com um líquido azul que haviam tirado do orc que jazia solitário na sala inundada onde estiveram. Depois fez uma magia em si e em Relâmpago, uma magia que os tornaria invisíveis aos olhos de qualquer animal.
_ O que você fez aí seu verme? – rugiu Escamas da Noite ao ver Nailo conjurando a magia. Ficou claro então que ela não era um animal comum, e que a magia não tinha efeito sobre ela.
Sam avançou até Legolas, e tocou seu alaúde de forma diferente, tentando tirá-lo daquele estado lastimável em que se encontrava. Mas falhou. Tanto Legolas quanto Nevan continuavam tomados por um medo sobrenatural. Então, o que todos temiam aconteceu.
Escamas da Noite aproveitou a distração do bardo e avançou em sua direção. A bocarra do monstro foi na direção do menestrel e se fechou sobre sua frágil cabeça, esmagando-a com suas presas. O sangue jorrou por entre os dentes da fera, e Sam interrompeu seu repertório. Seus braços e suas pernas amoleceram enquanto o sangue escorria pelo seu corpo. Os corações dos heróis quase saltaram por suas bocas ao ver que, conforme haviam sonhado, o monstro havia arrancado a cabeça de seu amigo Sam Rael. A dragonesa abriu sua boca lentamente, já buscando um novo alvo com seus olhos. O corpo de Sam pendeu para trás, e suas mãos subiram na direção de sua cabeça.
_ Ah! Monstro desgraçado! Mordeu minha cabeça! Maldita! Ainda por cima engoliu meu chapéu! Meu lindo chapéu, você vai me pagar, sua maldita! – gritou Sam, segurando sua cabeça toda cheia de cortes e perfurações, para alívio de todos.
Rapidamente, Lucano conjurou uma magia de cura sobre Sam, e o puxou para trás, afastando-o do perigo. Sairf, Anix e Squall murmuraram seus feitiços ao mesmo tempo.
_ Não vai fazer nenhum feitiço! Eu vou matá-lo vermelho! – gritou a dragonesa ao morder o ombro de Squall.
Squall resistiu à dor e as três magias foram lançadas em conjunto. Duas bolas de fogo explodiram nos dois flancos da criatura, enquanto que uma tempestade glacial se formava sobre seu ventre. As chamas a atingiram e queimaram suas escamas negras. Escamas da Noite novamente amaldiçoou o “vermelho” pela dor que sentia e jurou matá-lo. O turbilhão de gelo se dissipou ao tocar o corpo do monstro de forma estranha. Era como se ela tivesse algum tipo de resistência contra as magias do grupo.
Nailo disparou mais duas flechas contra a fera, mas outra vez elas foram desviadas pelas asas da criatura. Sam resolveu tentar um trunfo que até então mantinha em segredo. Tocou uma melodia que falava sobre coragem e heroísmo. Legolas e Nevan se levantaram e pegaram suas armas. Os dois estavam de volta ao combate.
_ Vermelho! Revele-se mostre sua verdadeira face para mim! Chega de se esconder seu maldito vermelho! – os olhos de Escamas da Noite brilharam enquanto ela gritava com Squall. Da mesma forma, a testa do feiticeiro começou a emitir um brilho dourado. Squall gritava enquanto sua testa queimava. Todos queriam ajudá-lo de alguma forma, mas não sabiam como. Quando o sofrimento de Squall finalmente cessou, havia uma cicatriz em sua testa.
_Maldito vermelho! Juro que vou matá-lo, seu desgraçado! – rugiu a dragonesa pouco antes de saltar e mergulhar nas profundezas do lago.
Lucano tentou curar o ferimento de Squall com sua magia, mas não houve efeito algum. Anix tentou dissipar a marca com sua mágica, mas também não conseguiu. Esbofeteou a cabeça de seu irmão, mas nada fazia efeito contra aquilo. Na testa de Squall, havia uma marca, parecida com uma cicatriz ou uma tatuagem. O mais estranho de tudo, é que a misteriosa marca lembrava o formato da cabeça de um dragão. Qual era o significado daquilo? Era o que todos se perguntavam. Mas não havia tempo para perguntas. O inimigo, o pior que já tinham enfrentado ainda estava vivo e voltaria a atacar em breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário