dezembro 07, 2005

Capítulo 148 - A partida

Partiram. Sam deu uma última olhada na biblioteca, com uma expressão solitária. Disse a Anix que tinha uma estranha sensação de que nunca mais voltaria àquele lugar e saiu. Atravessaram em fila única o corredor secreto que tanto trabalho haviam tido para encontrar, até finalmente chegarem à beira do precipício. Enquanto Sam testava a escada, para constatar se ela realmente estava segura, Lucano, Sairf e Anix Squall reforçavam o grupo com suas magias.
Anix e Lucano encantaram ambas as espadas de Nailo. A mais longa foi untada pelo mago com um óleo mágico, trazido da caverna do kopru no fundo do mar. A menor recebeu as bênçãos da deusa dos elfos pelas mãos de Lucano. As lâminas brilharam por um breve instante, e ficaram ainda mais poderosas do que já eram. Após isso, Lucano reforçou seu próprio corpo, aumentando sua força física magicamente.
Sairf convocou seus amigos que habitavam o reino do Grande Oceano, Posseidon e Netuno, os dois elementais da água. Para isso, Sairf usou o bastão mágico que pertencia a Kaarghaz. Desta forma, a magia teria sua duração aumentada e os dois seres extraplanares poderiam permanecer por mais tempo em Arton.
Squall usou seus feitiços para aumentar a força de Legolas, Nailo, Nevan e a sua própria. Todos ficaram fortes como touros, e sentiram-se prontos para derrotar qualquer coisa. Squall ainda usou sua varinha mágica, retirada do navio naufragado na costa de Ortenko, para invocar um bando de vaga-lumes gigantes. Os animais seriam a escolta do grupo, enquanto todos estivessem vulneráveis durante a descida na escada.
_ Bem amigos, a escada parece bem firme! Podemos descer sem medo por ela! – anunciou Sam com bom humor.
_ Ainda não Sam! Antes eu quero lhe dizer uma coisa! – respondeu Nailo num tom sério.
A emoção tomou conta do grupo neste instante. Nailo começou a recordar o momento triste em que Sam se atirou de cima da escada sobre as lanças dos soldados de Kaarghaz. Pediu para que Sam nunca mais fizesse aquilo e jurou que não o faria também, desculpando-se com seus amigos por ter saltado também. Num apelo sincero e emocionado, Nailo pediu aos seus amigos que se unissem, para que aquele evento triste nunca mais ocorresse. Sabia que agora eles não tinham mais a maçã mágica de Allihanna, e que qualquer erro agora seria fatal. Sam pousou sua mão no ombro de Nailo e, com os olhos cheios de lágrimas, sorriu para ele.
_ Não se preocupe meu amigo! Prometo que não vou deixar aquilo acontecer de novo! Não deixarei que ninguém aqui tenha que se sacrificar! Nenhum de nós morrerá desta vez! – disse Sam, emocionado.
Todos formaram um grande círculo e uniram suas mãos no centro dele. Novamente juraram não deixar que qualquer integrante daquele valoroso grupo morresse. Desta vez sentiam que a promessa seria cumprida e que ninguém mais teria o trágico destino de Loand.
Sairf aproximou-se de Legolas, olhou-o nos olhos e, muito emocionado disse:
_ Legolas! Durante esse tempo em que estivemos juntos, você se mostrou um homem de valor! Eu cometi erros que quase causaram o nosso fim, todos cometemos! Para que estes erros não aconteçam, todo grupo precisa de um líder, alguém que oriente as ações de todos! Além do mais, é a vida da sua noiva que está em risco aqui hoje! A responsabilidade maior nas decisões será sempre sua! Por isso, não sei quanto aos outros, pois falo por mim apenas, mas de hoje em diante, eu peço que você me lidere, pelo bem do grupo! – Sairf demonstrava sinceridade em suas palavras.
Legolas se emocionou com as palavras do amigo. Sabia que agora a vida de Sairf estava em suas mãos. Não só a dele, como também as vidas de todos os outros, pois sabia que nenhum deles exporia Liodriel a qualquer risco, mesmo à custa de suas vidas. Legolas sabia que precisava libertar sua amada antes que a vida de seus amigos fosse tomada. E ele estava decidido a fazer isso, mesmo que tivesse que pagar com sua própria vida para tanto.
Assim, Legolas iniciou a jornada rumo ao fundo do abismo, descendo pela antiga e enferrujada escada construída pelo povo de Durgedin. Um a um, todos foram seguindo o arqueiro, inclusive Nevan que, apesar das limitações impostas por sua perna quebrada, demonstrou extrema habilidade ao deslizar pelas correntes e descer sem forçar sua perna ferida.

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