julho 05, 2005

Capítulo 68 - O dente de pedra

O grupo seguiu em sua jornada, cruzando uma densa floresta, atravessando colinas e vales verdejantes, até que finalmente, após três dias de viagem, chegaram ao seu destino. Era o décimo dia do mês de Luvitas, um valag, dia de descanso para a maioria das pessoas, menos para aqueles incansáveis heróis. O sol já cruzava a primeira metade do céu da manhã, quando os aventureiros alcançaram a borda de um vale. Do local onde estavam, era possível ver uma pequena trilha que serpenteava entre as árvores, subindo a encosta de uma colina coberta de árvores negras. No topo da colina, uma única rocha escarpada, com o formato de um imenso dente de pedra, dava a certeza de que estavam no lugar certo.
_ Bom meus amigos, vamos nos aproximar pelo meio das árvores, ao lado da estrada, para não sermos vistos seguindo por ela! – sugeriu Sam, enquanto Nailo investigava o solo em busca de rastros daqueles que haviam construído a estrada.
Os três conjuradores arcanos do grupo enviaram seus familiares para fazer o reconhecimento do lugar. Depois de alguns minutos, os pássaros retornaram, para comunicar aos seus mestres que no topo da colina havia duas pessoas muito fortes e cheias de pelos.
O grupo seguiu, paralelo à pequena trilha, por um terreno acidentado e íngreme. Os cavalos avançavam lentamente, enquanto Nailo ia à frente do grupo investigando o solo em busca de rastros, sempre em companhia de seu fiel amigo Relâmpago. A trilha havia sido cuidadosamente construída por mãos hábeis que haviam esculpido cada um de seus blocos de pedra com esmero. Nailo observou cada detalha das pedras, e encontrou nelas runas que indicavam quem havia sido responsável por aquela estrada, anões. O caminho que conduzia até o topo da colina havia sido feito por anões, sempre caprichosos e orgulhosos de suas habilidades no trabalho com pedras.
Então Nailo finalmente encontrou o que buscava. Várias pegadas, de quatro humanóides podiam ser vistas saindo da trilha e indo na direção da floresta. Nailo resolveu seguir os rastros, enquanto Sam lhe dava cobertura à distância com sua besta. O ranger avanços centenas de metros mata adentro, seguido pelo alto pelo falcão de Anix. As pegadas tinham sido feitas no dia anterior, e Nailo sabia disso. Mas os rastros iam muito além da região da estrada, então Nailo resolveu retornar para junto de seu companheiros.
O grupo se reuniu novamente no caminho de pedra, e continuou sua subida rumo ao topo da colina. Andaram ao lado da estrada até ser possível ver o final da estrada ao longe. Desceram dos seus cavalos e os soltaram no meio da mata, para que o som de seus cascos, bem como seu grande tamanho, não despertasse a atenção de possíveis inimigos. O grupo retirou o equipamento dos animais e se preparou para os desafios que estavam por vir. Nailo usou sua mágica para falar com os cavalos e pedir-lhes que os aguardassem próximo daquele lugar. E se os animais sentissem algum perigo, deveriam fugir de volta pelo caminho que haviam feito até ali.
Equipados com suas mochilas e com as armas preparadas para qualquer surpresa, os heróis continuaram a subida a pé. À medida que subiam, o terreno ao lado da estrada ficava cada vez mais inclinado. Então a estrada terminou em um patamar rochoso na lateral da pequena montanha. À direita os heróis tinham um enorme paredão de pedra muito alto. À esquerda, dezenas de metros abaixo, um precipício. Enquanto caminhavam, eram obrigados a pisar sobre um amontoado de sujeira que tomava conta de todo o trajeto após a estrada. Pedras, caixotes e barris de madeira despedaçados, cantis quebrados, terra, galhos, e ossos carbonizados se amontoavam pelo caminho que circundava a montanha. Os heróis caminhavam lentamente, observando cada detalhe do chão, em busca de algo que pudesse ser útil, ou que revelasse pistas sobre quem estivera ali. Ao final do trajeto, o patamar de pedra seguia em direção ao interior da montanha, através de uma grande rachadura natural. Na beirada do precipício, duas criaturas que lembravam humanos primitivos, de feições suínas e com grandes caninos proeminentes, guardavam a entrada da montanha. Eram dois orcs, vigiando com total displicência o seu covil, armados com grandes espadas de lâminas encurvadas. Não havia mais dúvidas, os heróis estavam no lugar certo. Aqueles orcs provavelmente faziam parte do grupo que atacara Darkwod. A primeira batalha, para libertar Liodriel e os outros aldeões cativos, estava preste a começar.

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