Capítulo 296 – Vectora, o mercado nas nuvens!
E finalmente o dia aguardado chegou. A manhã do dia 27 chegou com um sol radiante no horizonte, surgindo por trás do oceano. Legolas e Liodriel despertaram da noite de amor que haviam passado nas colinas de Ab’ Dendriel junto com os primeiros raios solares. Vestiram-se calmamente e foram ao encontro dos outros. Na casa de Anix, Seelan guardava os tesouros de Squall em sua mochila mágica, já que, após a discussão do dia anterior, Nailo havia decidido que não mais carregaria os pertences do feiticeiro. Anix estava eufórico, ansioso por ver com seus próprios olhos as maravilhas das quais apenas tinha ouvido falar. Já Enola e Silfo estavam apreensivos, especialmente a Ninfa, desacostumada aos costumes do mundo civilizado, principalmente de uma cidade grande como Vectora. Lucano e Orion também se preparavam com ansiedade (o guerreiro iria com eles, a pedido de Seelan que desejava brincar mais com ele), bem como os pais de Anix, que haviam sido convidados pelo capitão para acompanharem o grupo à cidade voadora. “Assim, vocês podem me ajudar a teletransportar toda essa multidão para a cidade! Dessa forma evitamos que os patetas dos seus filhos cometam novos equívocos com meus pergaminhos de teletransporte”, disse ele. Squall não gostou da idéia. O feiticeiro havia se tornado egoísta e cruel e não gostava da idéia de seus pais irem junto com eles. Queria ele mesmo usar a magia para transportar o grupo para o mercado voador e não queria a presença de seus pais, nem de Deedlit, que foi deixada para trás sem sequer ser convidada por ele, para que nenhum deles gastasse seu dinheiro (uma fortuna, é importante ressaltar). Squall desejava comprar apenas coisas que lhe interessassem, tais como objetos mágicos que o tornassem mais poderoso e não permitiria que sua ambição fosse ameaçada por algum possível presente para as pessoas que, acreditavam todos, ele amava. Assim, logo todos estavam prontos para partir, todos menos Nailo, que não estava lá desde o dia anterior.
_ Eu vou procurar o Nailo! – disse Legolas.
Assim, o arqueiro saiu, acompanhado de Anix, à procura de Nailo. A busca começou difícil, até Legolas ter uma idéia para encontrar o companheiro facilmente. Saiu pelas ruas, perguntando nos estabelecimentos comerciais e para as pessoas que passavam sobre um elfo acompanhado de um lobo e rapidamente descobriram que Nailo estava dormindo em uma estalagem na cidade. Os dois foram até o local e o encontraram, ainda no quarto, após uma noite calorosa nos braços de Darin.
Com todos reunidos de volta à casa dos Remo, Seelan finalmente pegou os pergaminhos mágicos e os dividiu com Valkyria e Ragnarok. Explicou-lhes o que deveriam fazer, as palavras que deveriam pronunciar, os gestos e para onde deveriam ir, a fronteira norte de Wynlla, onde o reino encontrava Bielefeld, o lar da Ordem da Luz.
Assim, em três grupos os heróis foram magicamente transportados para o local escolhido. Apareceram em uma campina cercada por colinas baixas. Seelan olhou para o céu e apontou para o alto, para uma enorme montanha que flutuava acima das nuvens.
_ Lá está! – disse ele – Vectora, o mercado nas nuvens!
_ E como chegaremos lá? – perguntou Anix.
_ Voando!
E Seelan usou seus poderes de mago para lançar uma magia sobre o numeroso grupo de pessoas e animais, e fez todos flutuarem. Era uma experiência fantástica, voar sem ter asas. Seelan, Ragnarok e Valkyria rasgavam o céu com facilidade e naturalidade, encurtando os metros que os separavam da montanha flutuante. Os outros brincavam no ar, enquanto se acostumavam com aquele novo poder, e subiam mais lentamente. E, enfim, minutos depois, todos conseguiram ultrapassar o cume invertido da montanha e ver a cidade que havia acima dela.
Vectora era um lugar fantástico, isso todos eles sabiam. Mas, qualquer coisa que fora dita sobre a cidade, qualquer história contada por Sam, qualquer detalhe, por mais minuciosamente que possa ter sido descrito, era superado por aquela visão. Era uma cidade gigantesca, bela, rica e planejada. Construída sobre a base uma enorme montanha, que flutuava invertida nos céus de Arton. Balões de ar quente, conduzidos por goblins, chegavam e saíam a todo instante, carregados de passageiros. Navios flutuantes atracavam a cada minuto, aqui e ali em ancoradouros espalhados pelas bordas da metrópole. Outras máquinas voadoras estranhas, parecendo vindas de outros mundos pousavam e decolavam a cada instante. Na cidade, o principal ancoradouro era um burburinho tamanho que podia ser ouvido a vários metros de distância. Pessoas iam e vinham rapidamente, conversando alto em todos os tipos de idiomas, concorrendo com o som ensurdecedor das máquinas voadoras que posavam e decolavam. Prédios belos e luxuosos elevavam-se a vários metros do solo, em vários formatos e cores exóticas. Um enorme palácio circular repleto de vidraças ocupava o centro exato do platô que sustentava a cidade. Dele, quatro avenidas largas e arborizadas se estendiam para as bordas da montanha invertida, dividindo a cidade em quatro partes iguais. E uma outra avenida, tão grande e bela quando as que cortavam a cidade, circundava Vectora, demarcando o limite da cidade. Ao fundo, incrustado nas rochas que se elevavam como uma pequena cordilheira, havia um castelo majestoso no qual habitava o prefeito, dono e criador da cidade flutuante, o arquimago Vectorius. Contam as lendas que três pessoas em Arton possuíam um poder mágico inigualável, algo impossível até mesmo de ser imaginado. Um deles era Talude, o Mestre Máximo da Magia, dono a famosa Academia Arcana de Valkaria, apadrinhado pela deusa Wynna, a deusa da magia. A outra era Niele, a arquimaga elfa de beleza e poderes quase infinitos. E por fim, existia Vectorius. Arqui-rival de Talude, havia erguido uma montanha do chão e construído sua cidade flutuante nela como forma de ganhar uma aposta feita, muitas décadas antes, com Talude. Se para o chefe da Academia Arcana a magia era um presente que não deveria ser negado a ninguém, para Vectorius ela era uma ferramenta, poderosa e perigosa, que não deveria ser usada com leviandade. Assim, com visões opostas, dois dos mais poderosos seres viventes do mundo se tornaram rivais, e um deles estava ali, a poucos metros dos aventureiros, enclausurado em seu magnífico castelo.
Pousaram então os heróis e seus amigos no ancoradouro principal de Vectora. Criaturas das mais estranhas raças passavam por eles, apressados, balbuciando palavras incompreensíveis em suas línguas exóticas. Pessoas gritavam aqui e ali, vendendo todo tipo de produto que se podia imaginar, e até aquilo que não se podia. Pessoas passavam com animais, golens, monstros e outras criaturas impossíveis de serem descritas com palavras. Guias vinham correndo de dentro da cidade, disputando no grito os clientes que chegavam ao mercado. Barracas coloridas espalhavam-se por todos os lados diante da entrada principal da cidade, oferecendo comidas exóticas, e todo tipo que objeto. Não muito distante dali era possível ver um posto da milícia, e soldados vigiando as ruas. Uma outra construção abrigava uma tal Guilda dos Rangers Urbanos, algum tipo de associação que logo despertou o interesse de Nailo. Logo adiante havia também uma enorme estátua, com quatro metros de altura, de um homem sério segurando em sua mão direita uma miniatura da cidade voadora. Era Vectorius, como explicou Seelan. Próximo da estátua havia um obelisco de pedra, onde uma mensagem escrita pulsava como se estivesse viva. Era mágica. Os símbolos grafados no obelisco foram se movendo, até se transformarem em letras élficas, onde se podia ler as leis da cidade: é proibido causar prejuízo a pessoas; é proibida a escravidão; é proibido o porte ou comércio de tóxicos; é proibida a conjuração de magias restritas. Orion também lia a inscrição, mas para ele, ela se apresentava em linguagem humana, da mesma forma que para Silfo as letras formavam caracteres simples e primitivos, símbolos usados pelos povos da floresta. Vectora era uma cidade viva, que pulsava num ritmo alucinante, inebriante. Embriagados com todas aquelas maravilhas que viam, os heróis retomaram seu fôlego para começarem as suas compras.
_ Seelan! Aquelas armas que nós pegamos daquele goblin em Ab’ Dendriel, aquelas que parecem armas de fogo, posso vendê-las aqui? – perguntou Squall.
_ Melhor não, Squall! Elas podem ser confundidas com armas de fogo, que são proibidas em todo o reinado! Você pode ser preso por isso! E se isso acontecer e você for parar nas mãos do Vec! Seus dias de feiticeiro estarão acabados.
_ Bem, vou guardar isso e irei com você! Quero que você me mostre onde comprar algumas coisas! – completou o elfo.
_ E eu irei com vocês! – respondeu Orion. Seelan deu um sorriso malicioso.
_ Bem, então façamos o seguinte! Vão passear a vontade por ai! E amanhã de manhã, neste mesmo horário, nós nos encontraremos aqui para irmos embora! Assim vocês poderão aproveitar tanto o dia quanto a noite. Divirtam-se, garotos! – e Seelan se despediu de todos e entrou na cidade com Squall, Lucano e Orion. Em poucos segundos, haviam desaparecido na multidão.
Assim, os heróis se separavam em vários grupos. Legolas partiu com sua esposa e seu cavalo para dentro do Mercado nas Nuvens. Nailo fez o mesmo com Darin e Relâmpago, logo após contratar alguém para guiá-lo. Anix fez o mesmo, contratando uma pequena elfa como guia e adentrando na metrópole acompanhado de seus pais, Enola e Silfo. Vectora, o Mercado nas Nuvens, era tudo com o que qualquer aventureiro bem sucedido sonhava. E para aquele pequeno grupo de heróis, o sonho acabara de se tornar realidade.
Isso me lembra minhas aventuras em Arton. Vectora é uma cidade divertida de se jogar.
ResponderExcluirMe lembro de um personagem de um amigo jogador que ele abandonou, mas que já era um personagem muito forte. Ele apareceu novamente como NPC, sendo o chefe da guarda da cidade, muito divertida aquela historia....