_ Senhor Ragnarok, senhora Valkyria, foi um prazer conhecê-los! Você também, Rael. Até algum dia amigos! – Seelan e os demais se despediram dos pais e do amigo de Anix e Squall. O capitão entregou-lhes um pergaminho mágico para que pudessem se teletransportar de volta para casa.
_ Bem, agora vamos para a Sambúrdia, conhecer a casa de Lucano – anunciou o mago.
_ Seelan! Deixa eu ajudar no teletransporte. Prometo que irei me comportar, me dá uma segunda chance, vai! – pediu Squall.
_ Tudo bem, você e o Anix terão que ajudar dessa vez. Mas nem tentem aprontar outra gracinha, pois desta vez os pergaminhos tem apenas uma magia. Se fizer outra das suas, Squall, não terá como voltar! – Seelan entregou um pergaminho a Squall e outro a Anix, olhando-os com frieza.
_ É, eles ganham uma segunda chance. Eu fiz uma coisinha de nada e até agora não tive chance alguma, continuo como cabo! – protestou Nailo. Seelan ignorou-o.
_ Pensando bem, - comentou Seelan – tenho uma idéia melhor. Devolvam-me esses pergaminhos já. Isso vai me custar muito dinheiro, mas vai nos poupar problemas. Não sabemos onde fica a casa de Lucano e além disso eu sinto que devo guardar esses pergaminhos para mais tarde. – O mago recolheu os papiros mágicos e os enrolou novamente. Dobrou a ponta de cada um deles, como se os marcasse, e os guardou. Pegou outro pergaminho e começou a lê-lo em voz alta.
Diante de todos um enorme portal mágico se formou. Além dele era possível ver uma vasta e antiga floresta, tomada por árvores gigantescas.
_ Entrem! – disse Seelan, concentrado. Os heróis começaram a atravessar o portal ainda receosos.
_ Ah! Squall! Quando você voltar para casa, nós iremos ter uma boa conversa! – exclamou Ragnarok, ainda com a imagem da noite anterior em sua mente. Sua esposa baixou a cabeça com pesar.
_ Não consigo ouvir, pai! Depois a gente conversa! – Squall saltou rapidamente através do portal, fingindo não ouvir as palavras do pai. Os dois últimos a atravessarem foram Orion e Seelan, quando a passagem já começava a se fechar.
_ Vamos Orion, rápido, vai fechar! – gritou Seelan, batendo a palma da mão nas nádegas de Orion, e saltando através da passagem mágica. Irritado e envergonhado, o guerreiro finalmente atingiu o outro lado e o portal se fechou. Restavam apenas Vectora e a multidão.
_ Bem, eles partiram novamente – suspirou Valkyria.
_ Pois é. Nossos filhos cresceram – concordou Ragnarok.
_ Mas eles ainda têm muito a crescer para enfrentarem os desafios que estão por vir. – a voz de Rael soou de forma estranha, grave e alta, e parecia emitir um tipo de eco, como se não saísse de sua boca, mas de algum lugar distante.
_ O que você disse, Rael?
_ Hã?! Eu?! Eu não falei nada senhor Ragnarok – a voz do clérigo voltara ao normal.
_ Bom, deixa pra lá! Vamos voltar para casa. Precisamos ter uma conversa com a Deedlit, e prepará-la para o pior, pois nosso Squall já não é mais o mesmo de antes. Aquele jovem apaixonado (e fiel) parece não existir mais. Acho que ela terá que encontrar outro namorado. – lamentou o mago. Os olhos de Rael brilharam.
_ Ela encontrará alguém que cuide dela, tenho certeza. Deedlit merece isso. – disse o clérigo.
_ Sim, no final essas coisas sempre se resolvem. Venham, meus queridos, vamos aproveitar um pouco mais o esplendor dessa cidade antes de voltarmos pra casa. – E dizendo isso, lady Valkyria envolveu os dois num abraço materno e todos juntos retornaram para as ruas tumultuadas de Vectora.
· · · · · ·
_ Onde estamos?
_ Em Sambúrdia, oras! Essa é a floresta Greenaria. Sam já nos falou dela várias vezes. Ele é desse reino, não se lembram? – respondeu Nailo a Anix. Parecia conhecer bem o local, apesar de nunca ter colocado os pés naquela mata.
_ Sim, isso mesmo, Nailo. Estamos na Sambúrdia, o Celeiro de Arton. Um reino rico e próspero, cheio de fazendas e densas florestas por todos os lados. – respondeu Seelan.
De fato aquele reino era exatamente o que o mago dissera, o Celeiro de Arton. No passado, quase todo o território da Sambúrdia era tomado por uma profunda e exuberante floresta, nascida muitas eras antes. De terra extremamente fértil o local se tornou morada de agricultores que prosperaram formando uma das nações mais ricas do Reinado. Passados muitos anos após a colonização, as florestas passaram a dividir espaço com plantações e criação de animais, atividades devidamente reguladas por druidas e rangers de Allihanna, garantindo assim o equilíbrio entre a natureza e as comunidades do reino.
_ Ah! Ali está! Olhem para a direita! – disse Seelan. Todos olharam e com espanto viram um enorme buraco, uma cratera gigantesca de mais de mil metros de diâmetro e de profundidade desconhecida. – Olhem esse buraco – continuou ele. – Não é magnífico? Sabem o que ele é?
_ Eu acho que sei, Seelan. Esse é o buraco de onde saiu Vectora, não é mesmo?
_ Sim, Nailo. Exatamente. Muitos anos atrás, Vectorius fez uma montanha inteira levitar, arrancando-a do chão. Depois ele a virou de cabeça pra baixo, cortou e aplainou sua base e sobre ela construiu sua cidade voadora. Apenas esse buraco restou aqui, como uma lembrança, uma marca de que por aqui passou Vectorius.
_ Nossa, ele é realmente poderoso! – era Anix, admirado.
_ Sim, muito. Mas poder não é tudo nesse mundo. Sabedoria também é importante, especialmente quando se usa grandes poderes. Observem aquele esquilo ali. – Seelan apontou para o pequeno mamífero que espreitava ao redor da cratera e arremessou uma pedra em sua direção. O animal correu e saltou para o buraco, flutuando em seguida em direção às árvores que circundavam o buraco a vários metros de distância. O animal voara como que por mágica.
_ Viram o esquilo voando? Isso foi uma conseqüência das poderosas magias que foram usadas nesse lugar. E é pelo mesmo motivo que ao redor do buraco existe uma larga faixa sem árvores ou qualquer tipo de planta. Lembrem-se, quando forem usar magias poderosas, tomem muito cuidado com suas conseqüências. – Seelan discursava como um professor ou um pai dedicado. Depois de adverti-los, voltou-se para Lucano. – Bem, Lucano. Agora que temos um ponto de referência dentro de Sambúrdia, diga-nos em qual direção e a qual distância está sua casa.
_ Bem, meu vilarejo fica a uns quinhentos quilômetros daqui, na direção noroeste, quase na fronteira com Trebuck e Pondsmânia. – respondeu o clérigo.
_ Está certo! Vamos embora, então. – e Seelan abriu um novo portal mágico para que todos passassem. Anix jogava pequenas pedras dentro do fosso de Vectora, na esperança de vê-las voando como o esquilo, mas nada acontecia. Todos atravessaram o portal, cruzando em uma fração de segundo quase a metade do reino. A milhas dali, após cruzar a abertura mágica no tecido do tempo e do espaço, o grupo de heróis ressurgiu, novamente em meio às árvores ancestrais da floresta Greenaria.
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