outubro 22, 2012

Capítulo 380 – Contra-ataque


_ Intrusos! Tirem suas mãos do tesouro de Ashardalon! – a voz do fantasma ecoou sombria de trás da parede além do tesouro. Numa fração de segundo o guardião do tesouro a atravessou e atacou. Sua mão espectral atravessou o rosto de Orion num tapa violento. O guerreiro sentiu suas forças sendo sugadas, como se sua alma fosse arrancada de seu corpo. Antes que o humano pudesse entender o que lhe acontecia, dois outros inimigos surgiram ao seu lado, saídos das sombras no chão. Suas peles eram douradas como ouro, mas num tom estranhamente pálido. Exibiram seus caninos pontudos, voando para cima de Mexkialroy e da cópia ilusória de Guiltespin. Um dos genasis vampiros cravou seus dentes pontudos no pescoço de Mex e começou a sugar o sangue do dragão. O outro quase foi ao chão, ao tentar segurar a imagem falsa à sua frente.

Mexkialroy se debatia, tentando se libertar do abraço mortal do vampiro que lhe sugava o precioso líquido vermelho. Vendo o desespero do dragão, Yczar correu em seu auxílio, estendendo a mão sobre suas escamas azuis e invocando o poder de Khalmyr.
_ Ai! Humano maldito! O que estais fazendo? Isto dói! – gritou Mexkialroy. Sua pele ardia como se estivesse em chamas.
_ Não resista, dragão – disse Yczar. – Esta magia o protegerá destas criaturas malignas! O mal não poderá chegar perto de você! Somente as criaturas malignas serão afetadas!
_ Ah! Então desliga isto, humano, pois eu serei o maior afetado aqui! – reclamou o dragão que, sendo também maligno, sofria os efeitos da magia. Mex esperneou e rugiu, até que a magia de Yczar deixou de fazer efeito sobre seu corpo.
Preso dentro do cilindro de pedra criado pelo anão, Squall gritava para que o libertassem. Ouvindo os sons da batalha, o dragão vermelho lutava para se libertar. Squall cuspia fogo contra a muralha de pedra e a golpeava com suas garras. Pouco a pouco a rocha foi tornando-se vermelha, incandescente, e cedendo ao poder de Squall. Enquanto o feiticeiro lutava para se soltar, Orion defendia seus amigos. Sua espada golpeava incessantemente os vampiros, levando uma das criaturas ao chão diversas vezes com a potência do impacto dos golpes do guerreiro. Protegido por sua cópia ilusória, Guiltespin teve a chance de escapar para local seguro. O anão escalou as paredes como se fosse uma aranha e, do alto, usou seus poderes para ajudar os companheiros. Uma gigantesca mão, maior que um búfalo, formou-se magicamente abaixo dele, voando violentamente na direção do monstro que drenava o sangue de Mexkialroy. O punho cerrado golpeou as costas do morto-vivo, arremessando-o contra a parede com força espantosa. Era a chance que Anix esperava.
O mago invadiu a sala após receber cura mágica dos clérigos de Khalmyr. Gesticulou e murmurou as palavras corretas, abriu os braços subitamente num movimento em arco e diante de seus amigos surgiu uma muralha brilhante e ofuscante. A parede multicolorida se expandiu velozmente do centro da pilha de tesouro para as paredes laterais, era certo que o muro prismático esmagaria os dois vampiros. No entanto, ao tocar as criaturas, a muralha se desfez no ar, restando dela apenas uma tênue chuva de pó colorido e reluzente. O plano de Anix falhara, era melhor pensar rápido.
_ Squall! Lembre-se das palavras do altar e diga-as em voz alta – gritou Anix. – Use a armadilha para ajudá-lo a derreter a rocha.
Contudo, não foram as chamas da estátua do dragão que Anix viu brilhar, mas sim as de seu inimigo. O mago recuou com a vassoura mágica, colocando-se a salvo do sopro de fogo do fantasma que queimava seus amigos. O calor das chamas atingiu em cheio o peito de Orion, cujos ferimentos ao invés de dor, despertaram novamente uma fúria insana que o dominou completamente. O guerreiro golpeou enlouquecidamente o vampiro que tentava se levantar para atacá-lo, até que este transformasse numa nuvem de fumaça inofensiva. O outro genasi, subjugado pelo punho mágico criado por Guiltespin, também assumiu a forma gasosa para flutuar por cima de todos e bloquear a porta de saída do salão, de onde planejava atacar os heróis. Mexkialroy tentava impedi-lo de escapar, atacando com suas garras, presas e asas, sem conseguir qualquer resultado contra a névoa na qual o monstro se transformara. Somente Yczar conseguiu feri-lo, chamando o nome de Khalmyr com fervor e irradiando energia positiva ao seu redor. As nuvens tremularam, tornando sua dor visível. O fantasma, que desaparecera dentro da parede para se proteger, esticou seus braços translúcidos para fora da pedra em visível agonia. Seus braços foram lentamente se desmanchando, como se evaporassem, até desaparecerem por completo, junto com o grito angustiante da aparição.
Mais atrás, Squall usava seu próprio sopro ardente para derreter as pedras que o aprisionavam. O Vermelho também recitou os versos inscritos no altar, ativando a armadilha mágica. E tal qual Mex fizera antes, Squall respondeu que ele próprio era capaz de sobrepujar Ashardalon. Os olhos da estátua brilharam vermelhos e outra vez mais sua boca metálica cuspiu uma torrente de fogo, aumentando ainda mais o calor das pedras que impediam Squall de lutar ao lado dos amigos.
Yczar, Orion e Mexkialroy postaram-se lado a lado diante do tesouro, esperando por um possível retorno do fantasma. Guiltespin arremessou uma pequena bola de pêlos mágica ao lado deles, que se transformou num grande leão, para ajudá-los. Legolas, que finalmente retornara do corredor, canalizava sua aura de frio nas rochas incandescentes para, com o choque térmico, ajudar a libertar Squall de sua prisão. Os dois vampiros flutuavam em forma de gás, já se preparando para atacarem novamente, quando Anix decidiu usar todo o poder que lhe restava para encerrar o combate.
_ Grande Deus Sol! Oh Azgher todo poderoso, suplico por tua luz neste momento em que as crias de Tenebra reinam. Preencha todo este ambiente com sua luz. Que assim seja! – Anix concentrou todo seu poder em suas mãos, que se seguravam à vassoura voadora, e pediu ajuda a Azgher. A vassoura começou a brilhar, timidamente de início, mas poderosa, como o próprio sol, logo em seguida. Era como se um pedaço do próprio sol tivesse se fundido à madeira, assim como acontecia com as espadas gêmeas de Nailo.
As fumaças flutuaram para o corredor, fugindo da luz mágica. Anix as perseguia, esperando que estas se destruíssem, enquanto Orion o acompanhava um pouco mais atrás. Para sua surpresa, os dois vampiros não foram destruídos, apenas fugiram até chegarem ao final do corredor e desaparecerem além da porta dupla que o encerrava.
Os dois companheiros de jornada retornaram para junto dos amigos. Anix estava intrigado com o fato de os inimigos terem conseguido escapar.
_ Yczar, Guiltespin – chamou o elfo. – Vocês devem entender mais que eu de vampiros. Eu usei minha magia mais poderosa para trazer a luz do sol aqui para dentro, mas mesmo assim os vampiros não foram destruídos. Sabem explicar o por quê?
_ Bem, pelo que eu sei, magias de luz não conseguem destruir vampiros. Somente o próprio sol é capaz disso – respondeu Yczar.
_ Mas então, por que os outros vampiros foram destruídos quando o Nailo fez suas espadas brilharem assim como a vassoura de Anix? – perguntou Orion.
_ Como assim? Eles foram destruídos? Isso não deveria acontecer! – espantou-se o paladino.
_ Bem, talvez as espadas do Nailo sejam muito poderosas, então – sugeriu Orion.
_ Ou talvez os outros vampiros que vocês destruíram fossem mais fracos que estes dois – disse Guiltespin.
_ Sim, afinal de contas, eles são genasis. E de ouro! Faz sentido! – concordou Anix.
_ Não faz não! – o anão cofiou a barba chamuscada, franzindo o cenho, pensativo. – Genasis são seres de origem planar. Seus corpos são diferentes dos nossos. Eles não deveriam ser capazes de se tornarem vampiros. Isso é muito estranho.
_ Bem, vamos parar de especular e vamos trabalhar – disse Legolas, seu arco apontado para a parede atrás do tesouro. – aquele fantasma ainda pode estar atrás dessa parede.
Yczar usou seus dons de paladino e vasculhou os arredores sem encontrar sinal do espírito maligno. Depois junto com Anix investigou o abismo além do corredor, obtendo o mesmo resultado.
_ Ou o fantasma fugiu, ou foi destruído! – concluiu o cavaleiro.
_ Bem, vamos aproveitar e descansar, então. Alguém, por favor, ajude-me a tirar a armadura – pediu Orion.
Guiltespin ajudou o humano a retirar a pesada indumentária. Por baixo do metal negro, seu corpo exibia inúmeros cortes e queimaduras. Era difícil crer que alguém era capaz de sobreviver com tantos ferimentos. Orion, no entanto, parecia bem, sem sentir qualquer dor, até se despir. O cansaço e a dor tomaram conta do corpo do guerreiro, abatendo-o.
_ Acho melhor pararmos por hoje e descansarmos até o amanhecer. Estamos todos feridos e cansados, especialmente o Orion – sugeriu Legolas, que recolhia com Anix o tesouro da sala – uma pilha de moedas de ouro, pedras preciosas, uma malha de mithral, alguns pergaminhos e uma varinha mágica que revelava portas secretas. – Além disso, Anix tem que sair da torre para...caçar.
_ Tem razão, Legolas – respondeu Anix, que analisava com curiosidade o que deveria ser a segunda parte da chave, apenas outro pedaço de metal dourado recurvado e cheio de pontas. – Sinto que a noite chegou. Tenho um trato a cumprir e do qual não posso fugir. Preciso ir para a superfície e deixar que Ele saia.
_ Bem, vamos erguer acampamento, então. Vamos voltar para aquela caverna lá fora – disse Yczar.
_ Bem, na verdade, só o Anix precisa sair. Eu vou acompanhá-lo, mas os demais podem ficar aqui mesmo – disse Legolas.
_ Sim, vamos ficar aqui mesmo nesta sala. Vamos trancar a porta e dormir aqui – pediu Orion, exausto.
_ Está certo! Faremos o seguinte, então. Vocês sobem enquanto Orion, Guiltespin e os outros descansam aqui. Eu pegarei alguns homens e irei com eles procurar Nailo e Batloc. Tenho receio de que eles também possam estar em perigo. Assim que eu os encontrar, voltaremos para cá e aguardaremos o retorno de vocês.
_ Certo! Vamos Anix! – chamou o arqueiro. – Hei Mex! Não quer vir também?
_ Depende – falou o dragão. – O que vou ganhar com isso?
_ Descubra por si próprio, dragão. Ou será que está com medo? – desafiou Anix.
_ Medo? Eu? Ora, elfo, não me faça rir.
_ Venha, Mex. Acho que você ganhará um parceiro de caça, por mais estranho que isso possa parecer – insistiu Legolas.
_ Vamos logo, então – resmungou o dragão, voando para o corredor.
Legolas, Anix e Mexkialroy partiram para os andares superiores. Yczar levou alguns soldados consigo para explorar o lado sul das catacumbas em busca dos amigos. Squall, Guiltespin, Orion e alguns soldados ficaram na sala do altar. A porta foi trancada e congelada por fora por Legolas, garantindo a segurança dos que estavam lá dentro.
Já na caverna, o Beholder despertou novamente, logo após Anix adormecer. A criatura deixou a caverna, acompanhado de Mexkialroy, que só pode se juntar a ele com a condição de que não o atrapalhasse. Juntos os dois monstros foram caçar na floresta escura. Legolas os seguia furtivamente, observando seus passos atentamente. Ficou satisfeito ao ver que os dois, para sua surpresa, estavam se entendendo bem. Assistiu com assombro aos dois abaterem um enorme dinossauro, agindo em sintonia como uma verdadeira equipe, como se trabalhassem juntos há muito tempo. Com seus temores afastados, o arqueiro foi finalmente dormir.


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