outubro 09, 2006

Capítulo 242 – Missão no gelo

Capítulo 242 Missão no gelo

Glorin e seus amigos se dirigiram até o portão, para receber os soldados que retornavam. Todos estavam ansiosos para saber como tinha sido a aventura daquele grupo. Glorin foi o primeiro a se manifestar.

_ E ai garoto! Seja bem vindo de volta! E então, como foi a missão? Conte-nos todos os detalhes! – disse o anão.

Legolas agradeceu as boas vindas e cumprimentou os seus amigos. Depois, começou a contar, em detalhes, tudo aquilo que ele e seus homens haviam enfrentado.

· · · · · ·

Alguns dias antes, no dia 10 de pace, kalag. Glorin começava a distribuir as novas tarefas aos sargentos, quando Legolas pediu para ir para as Uivantes, no lugar de Squall. O anão concordou com o pedido do elfo e permitiu que fosse ele o responsável pela missão na cordilheira congelada. Após instruir Anix sobre a sua missão em Rutorn e dispensá-lo para preparar seu pelotão, o Anão chamou Legolas para uma conversa particular afastada dos outros heróis.

_ Legolas, você irá para Cold Valley! É uma pequena vila no território das Montanhas Uivantes onde vivem alguns amigos pessoais meus! Eles estão com um sério problema de ataques de monstros! Vários monstros têm atacado aquela vila nos últimos dias sem motivo aparente! Quero que você leve os soldados que estão sob sua responsabilidade com você e investigue o que está acontecendo por lá! Se você sentir que o caso é pesado demais para seu grupo, retorne para cá para buscar ajuda! Entendeu? – disse Glorin.

_ Sim capitão! – respondeu Legolas.

_ Outra coisa, tome muito cuidado por lá! Eu sei que você está interessado em treinar no meio do gelo e que você quer aprender a usá-lo como eu! Mas, aquele território é muito traiçoeiro, tome muito cuidado por lá! E tome, leve isto com você! – o anão retirou um colar que estava oculto sob sua armadura e o entregou a Legolas. Era uma bela corrente prateada, presa a uma gema translúcida de tonalidades azuladas e alvas.

_ Obrigado, capitão! – os olhos do arqueiro brilharam ao receber a bela jóia do anão. Ele pegou o colar em suas mãos e o colocou no pescoço, guardando-o embaixo de sua roupa e armadura.

_ Não, não! Deixe isso à mostra! Isso poderá salvar sua vida em caso de problemas! Se tiver algum problema enquanto estiver nas Uivantes, mostre essa pedra! Isso o identificará como um amigo meu e poderá evitar encrencas para vocês! E quando chegar a Cold Valley, se for necessário, diga a Bolor que eu ainda não me esqueci e que vou raspar a barba dele algum dia! Agora vá preparar sua tropa, sargento Legolas! – completou o anão.

Legolas bateu continência e se retirou. Glorin saiu logo depois, indo em direção à taverna. Anix terminava os preparativos para sair em sua jornada. Legolas, foi até o campo de treinamento do forte, reunir seus homens para a tarefa.

O pelotão do arqueiro era composto de seis soldados. Eles eram: Trevor, um mago elfo ainda iniciante no caminho das artes arcanas; Druidick, um jovem elfo seguidor da deusa Allihanna; Takezo, um humano de descendência tamuraniana e um espadachim promissor; Kaen Blaco, um meio-orc indisciplinado, rude e pouco inteligente, porém muito forte; Logan, guerreiro elfo portador de uma poderosa espada de madeira negra; Eldon, um pequeno halfling arremessador de adagas e grande batedor de carteiras. O sargento reuniu o pelotão e ordenou que se preparassem para partir. Instruiu-os a levar roupas de frio, cobertores e tantas camadas de pano quanto coubessem sob suas armaduras. Kaen Blaco, como de costume, mostrava-se um problema. Recusava-se a obedecer as ordens do sargento e desafiava sua autoridade constantemente, zombando de sua masculinidade inclusive. Tratava o arqueiro por orelhudo, ao invés de chamá-lo pelo nome. Legolas tentou intimidá-lo, disparando uma flecha no pé de Kaen Blaco, sem no entanto feri-lo. Mas, o meio-orc apenas pegou seu machado e desafiou Legolas para um combate. O arqueiro então adotou outra tática, ameaçando deixar o soldado para trás, convencendo-o assim, a se preparar para a missão.

Enquanto seus subordinados iam se preparar, Legolas foi até o laboratório, ao encontro de Seelan. Anix acabara de sai de lá, levando consigo o equipamento que usaria em Rutorn. Legolas explicou ao mago pra onde iria e o que precisaria para sobreviver aos rigores das Montanhas Uivantes.

Seelan entregou ao arqueiro vários frascos com poções mágicas. Vinte delas eram para curar ferimentos superficiais, e cinco para tratar de feridas mais graves. Já que Legolas não contava com clérigos em seu pelotão, precisaria do maior número possível de cura mágica. Cinco pergaminhos contendo poderosas magias de cura também foram dados ao arqueiro, para que o druida do grupo pudesse usá-los em caso de necessidade. Legolas também recebeu três frascos contendo um tipo de líquido mágico que poderia tornar ele e seus homens mais resistentes ao frio, extremamente úteis para quem estava indo para a parte mais fria de Arton. Seelan pediu a Legolas que chamasse o mago do grupo para conversar com ele.

O arqueiro saiu para aprontar seu equipamento e dividiu as poções mágicas entre seus homens. Entregou os pergaminhos a Druidick e ordenou que Trevor fosse ao encontro de Seelan. No laboratório, Seelan entregou dois pergaminhos a Trevor.

­_ Bem, Trevor! Você ainda é um mago em início de carreira, portanto as magias nesses pergaminhos ainda são poderosas demais para você! Entretanto, se você se concentrar bem e seguir minhas instruções, você conseguirá ativá-los sem problemas! Esses pergaminhos contêm uma magia de altíssimo nível, que poderá salvar a vida de vocês quando estiverem nas Uivantes! Quando você sentir necessidade, use-os sem hesitar! Esses pergaminhos têm o poder de criar um abrigo mágico para proteger você e seus amigos dos rigores das Uivantes! Guarde-os muito bem, pois eles poderão ser a salvação de todos vocês! – Seelan explicou ao jovem mago como ativar os itens mágicos, pacientemente. Depois, despediu-se dele e deixou o laboratório. Queria se despedir de mais alguém.

Legolas riu, assim como todos os outros, ao ver Seelan dando adeus a Anix que partia com seu grupo. O mago abandonou sua postura afeminada e retornou para dentro do forte, conversando com Glorin. Legolas, Squall, Lucano e Nailo assistiram a tudo e entenderam que Seelan se fingia de homossexual apenas para brincar com Anix e deixá-lo envergonhado diante de todos. Legolas sorriu e entrou no estábulo do forte. Lá, despediu-se de Rassufel, seu estimado cavalo. Legolas detestava ter que se separar dele, mas preferia deixá-lo no forte, em segurança, ao invés de levá-lo para as Montanhas Uivantes, onde, sabia, correriam grandes riscos.

Assim, o grupo partiu, minutos após Anix também partir. Cavalgaram cerca de um dia entre as florestas negras de Tollon, sem encontrar qualquer dificuldade. Após um dia de jornada, entraram no inóspito ambiente das Montanhas Uivantes. Sabiam disso, pois as árvores que recobriam todo o território de Tollon tinham ficado para trás. Em seu lugar, apenas uma paisagem branca e gélida que ofuscava os olhos dos soldados através do reflexo do sol. O próprio sol, antes quente o suficiente para vencer o frio no reino da madeira mágica, agora era apenas um astro apático no céu, que servia apenas para cegar os aventureiros. Seu calor cálido e gentil era agora pouco mais que uma lembrança. Um vento congelante sobrava do norte, parecendo cortar as peles do grupo, que endureciam e perdiam o tato pouco a pouco. As patas dos cavalos, que até então avançavam velozmente pela trilha entre as florestas, agora se moviam lenta e pesadamente, afundando vários centímetros na neve a cada passada. Os animais se deslocavam lentamente, e era preciso parar várias vezes ao dia para que eles pudessem descansar. Suas patas, e seus corpos foram revestidos por várias camadas de pano, para protegê-los do frio que os cercava.

Os heróis sentiam na carne os terríveis efeitos do frio que os castigava. As condições eram mais terríveis que se podia supor, e minavam aos poucos a determinação dos mais valentes viajantes. Apenas Kaen Blaco conseguia quebrar o gelo, reclamando de tudo e de todos, colocando apelidos nos companheiros de grupo e provocando todos eles. Para ele, Druidick era o “boa fruta”. Eldon era o “tampinha”, Takezo o “mudinho” (já que o samurai era surdo e mudo de nascença). E o sargento Legolas era o orelhudo. O grupo se esforçava para não perder a paciência com o meio-orc e para não se deixar vencer pelo frio implacável que os atingia. Corajosamente, os soldados continuaram avançando por aquele interminável mar de neve. Neve. Neve branca e gelada. Neve mortal, por todos os lados. Somente ela cercava os aventureiros nos quatro dias que se seguiram, até que, eles finalmente avistaram duas manchas negras no horizonte.

Eram não mais que dois borrões escuros que manchavam a paisagem branca que os rodeava. Um estava bem ao norte deles, enquanto o outro se desviava um pouco para o leste. Atrás das manchas, havia uma cadeia montanhosa, muito mais alta que as colinas geladas que eles haviam transposto nos últimos dias. Legolas conferiu o mapa entregue pelo capitão Glorin, e confirmou que um dos pontos poderia ser o destino que eles buscavam. Esporearam os cavalos e cavalgaram o mais rápido que o frio permitia em direção ao norte, até que no final do quinto dia de viagem, eles finalmente conseguiram distinguir o que era aquele ponto negro. Um vilarejo. Era o entardecer do 15º dia de pace, um tirag, Legolas e seu grupo finalmente haviam chegado a Cold Valley.

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