outubro 10, 2006

Capítulo 243 – Vilarejo atacado

Capítulo 243 Vilarejo atacado

Alegres por finalmente chegarem a algum lugar habitado naquele imenso deserto gelado, e ansiosos por descerem dos cavalos e se aquecerem em alguma taverna aconchegante, os soldados aceleraram o trote rumo à vila. À medida que se aproximavam, notaram que pequenos vultos se deslocavam entre as raras árvores que existiam na vila e entre as casas. Temendo uma emboscada, Legolas pegou seu arco e acionou seu poder mágico, ficando pronto para atacar. Todos os seguiram o exemplo do sargento, e se prepararam para o combate.

Avançaram mais alguns metros, então um virote passou por entre o grupo, indo se perder no meio da neve. Continuaram avançando e veio outro virote, depois outro e mais um. Choviam projéteis na direção dos soldados, sem no entanto, atingi-los. Parecia que alguém queria apenas que eles fossem embora dali. Irritado, Kaen Blaco começou a xingar e a desafiar os atiradores.

_ Parem com isso! Ou eu vou matar todos com meu machado! – urrava o meio-orc.

Um novo virote foi disparado, desta vez bem no peito do bárbaro que empunhava o machado. Kaen Blaco urrou ainda mais, desta vez tomado pela fúria. Enquanto o meio-orc amaldiçoava os inimigos, Legolas viu um deles se ocultando atrás de uma casa. Era um anão.

_ Viemos em missão de paz! Somos do exército de Tollon! Somos amigos de Glorin! – anunciou o arqueiro em voz alta para que pudesse ser ouvido por todos. Depois, guardou seu arco e fez um gesto para que seus soldados fizessem o mesmo com suas armas.

_ E como você prova isso! – gritou uma voz de trás de uma das casas. Provavelmente deve ter pensado “Glorin jamais seria amigo de elfos”.

_ Eu tenho isto para provar! – Legolas estendeu o colar que trazia em seu pescoço, exibindo a bela jóia a todos. Parecia um pedaço de gelo preso a uma corrente prateada.

_ Isso não significa nada! Você pode ter roubado isso dele, ou até mesmo o matado enquanto ele dormia e tomado o colar! – retrucou a voz, enquanto a cabeça de um anão olhava por trás de uma cabana.

_ Bom, ele mandou um recado também! Digam a Bóllor que ele ainda não se esqueceu e que ainda vai raspar a barba dele! – disse o arqueiro.

_ Aquele desgraçado, ele ainda não esqueceu disso! Espere, como você sabe disso? – praguejou um dos anões.

_ Foi o próprio capitão Glorin quem me disse isso! Podem confiar em mim, eu fui mandado por ele! – respondeu Legolas, já descendo do cavalo.

Quatro anões saíram de seus esconderijos atrás das cabanas da vila. Outros três desceram das árvores próximas e mais seis surgiram debaixo da neve, cercando o pelotão, com bestas apontadas para os soldados. Um deles, que estava atrás de uma casa, tomou a dianteira.

_ Podem baixar as armas, companheiros! Ele diz a verdade! Nosso amigo Glorin atendeu ao nosso chamado! Sejam bem vindos! Eu sou Bóllor Trollback!

O pequeno anão deu as boas vindas aos soldados, agradecendo aos deuses por sua presença na vila. Os aventureiros desmontaram e rapidamente os anões pegaram os cavalos e os levaram para um estábulo, onde seriam tratados. Bóllor e os outros anões escoltaram os soldados até o interior da vila. Por onde passavam, os aventureiros viam marcas de destruição. Pegadas imensas de monstros e casas danificadas estavam por todos os lados. Aos poucos os anões foram se dispersando e se dirigindo às suas casas, até que sobraram apenas os soldados, Bóllor e mais dois anões. O pequenino, que parecia ser o líder da aldeia, convidou o grupo de Legolas para sua casa.

Lá dentro, Bóllor pediu a sua esposa, Belala, que preparasse algo para eles comerem, o que deixou Kaen Blaco extremamente ansioso. Todos se sentaram ao redor de uma mesa rústica, diante de uma lareira que aquecia o ambiente e começaram a ouvir a história de Bóllor.

_ Bem, imagino que Glorin já tenha contado por que os chamamos aqui! Vários monstros estão atacando nossa vila ultimamente! Tudo começou há uns doze dias atrás! Apareceu um urso branco enlouquecido na vila, atacando tudo e todos! O animal estava enfurecido, e atacava sem motivo! Sabemos que os animais só atacam quando ameaçados ou quando se sentem ameaçados, mas aquele urso agia muito estranho! Bem, nós juntamos todos os combatentes da vila e conseguimos matá-lo! Pensávamos que tinha sido um fato isolado, mas no dia seguinte apareceu um troll, e depois outros nos dias seguintes! Com muita sorte nós conseguimos apenas espantar os trolls! Então, decidimos que seria melhor buscar ajuda! – disse Bóllor.

O anão falava calmamente, com sua voz grave, enquanto todos prestavam atenção. Interrompeu sua narrativa por um instante para dar uma golada numa caneca de leite de mamute servida por sua esposa a ele e a seus convidados. Kaen Blaco não entendia nada do que Bóllor dizia, nem fazia questão de entender. Estava interessado apenas em comer e em matar, quem quer que fosse. Druidick e Eldon aproveitaram a pausa para saírem.

_ Sargento! Se não se importar, nós dois iremos dar uma olhada ao redor da aldeia, pra analisar as pegadas dos monstros, reconhecer o terreno e procurar alguma outra pista! – pediu o servo de Allihanna.

_ Está bem, mas tome cuidado! – respondeu o sargento.

_ Dak e Morur irão com vocês, eles os ajudarão! – disse Bóllor, fazendo um sinal para os outros dois anões que prontamente se colocaram ao lado dos dois soldados.

_ Muito prazer, eu sou Dark Firehead! – disse o anão de cabelos ruivos, cumprimentando os dois.

_ E eu sou Morur Platetearer! Nós iremos lhes mostrar toda a vila e os locais atacados! Venham conosco! – disse o outro anão, de cabelos louros amarrados em duas longas tranças, assim como sua barba.

_ Cadê minha comida? Eu quero comer! Estou com fome – reclamava Kaen Blaco.

_ Já está sendo preparada, amigo! Aguarde só mais um momento! – respondeu Bóllor.

_ Olha Kaen! Eu sei por experiência própria o quão desagradável deve estar sendo pra você ficar no meio de um monte de elfos e ainda por cima receber ordens de um elfo! Mas, procure se comportar, que eu prometo não pegar no seu pé, nem ficar lhe dando ordens! Está certo? – disse Legolas.

Kaen Blaco pensou por um instante e ameaçou reclamar novamente, mas resolveu se calar no último instante. Trevor e Logan apenas observavam e vez ou outra arriscavam um palpite, ou comentavam algo com relação aos acontecimentos da vila. Takezo somente olhava calado. Legolas pediu a Bóllor que continuasse.

_ Como vocês devem saber, as Montanhas Uivantes não são um reino, mas sim o território de um dragão, ou melhor de Belugha, a rainha dos dragões brancos! Muitos contam teorias sobre ventos, ou sobre demônios do gelo adormecidos sob as montanhas, mas a verdade é que o poder de Belugha é o verdadeiro responsável pelo frio que existe aqui nas Uivantes! Sendo assim, este território não é como os demais reinos que vocês estão acostumados a ver! Aqui não há grandes cidades, nem exército ou milícia! Por conta disto, e pela proximidade da nossa vila de do reino de vocês, é mais fácil para nós pedirmos ajuda a Tollon do que dentro das Montanhas Uivantes! E, como vocês já sabem, Glorin é um grande amigo de nossa aldeia, e por isso recorremos a ele! Nós precisamos que vocês descubram porque esses monstros têm nos atacado e que vocês derrotem essas criaturas para que esses ataques cessem! – concluiu o anão.

_ Não se preocupe, Bóllor, nós iremos cuidar de tudo! – disse Legolas.

_ Ótimo, ficamos muito gratos! Bem, agora vamos comer, Belala está trazendo o almoço de vocês!!!

A anã serviu a refeição aos soldados, um apetitoso ensopado de carne de mamute com castanhas e pinhões. Kaen Blaco enfiou sua cara em um pedaço de pernil e pôs-se a devorá-lo feito um animal. Enquanto comiam, foram surpreendidos pela porta que se abriu abruptamente.

_ Bóllor! Está começando novamente! Um monstro está atacando, e esse é dos grandes! – Morur entrou pela porta, junto com o vento frio, gritando para todos o que estava acontecendo.

Lá fora, Druidick e Eldon, após percorrer quase toda a vila analisando as marcas da destruição causada pelos monstros, corriam entre as casas para tentar cercar a criatura e atacá-la de surpresa pelas costas. Dak Firehead estava com eles, um pouco mais atrás, observando com espanto a criatura que invadia a vila.

Legolas e seus soldados abandonaram a refeição e correram para fora, com armas em punho, para enfrentar a criatura. Kaen Blaco relutou em deixar seu almoço, mas mudou rapidamente de idéia ao saber que enfrentaria uma criatura poderosa e acompanhou os demais.

Todos se reuniram do lado de fora da cabana e puderam ver o que enfrentariam. Era um monstro gigantesco de quase cinco metros de altura e dez de comprimento. Tinha o corpo semelhante ao de um réptil, com uma cauda bifurcada que se agitava freneticamente, derrubando árvores e pedaços de casas. Seis enormes cabeças de serpente ligavam-se ao corpo por longos pescoços que se agitavam de um lado para o outro enquanto suas bocas rugiam e soltavam gelo. Um hidra do gelo, um crio-hidra, invadia Cold Valley.

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