junho 01, 2007

Campanha A - Capítulo 284 – Navio pirata

Capítulo 284 Navio pirata

Já do lado de fora da torre, na pequena porção de praia onde tinham aportado, Anix começou a bater a ponta do pé na areia úmida. A chuva parara há poucos minutos, mas o céu continuava negro, embora de tempos em tempos fosse tomado por um brilho verde assustador.

_ Pessoal! Tenho uma idéia pra salvar a Deedlit! Quero ouvir a opinião de vocês! Eu pensei em abrir um portal mágico debaixo dela, para ela cair dentro dele. A outra ponta do portal ficaria aqui na praia, acima do chão. Assim, quando a Deedlit caísse, seu corpo iria bater na areia e não se quebraria. Depois a gente a levaria para Ab’ Dendriel nesse barco! – disse Anix.

_ É muito arriscado, Anix! E se na hora que você fizer a magia acontecer algo estranho como das outras vezes. Não podemos arriscar! – discordou Nailo.

_ Mas nós não temos outra opção! – insistiu o mago.

_ Temos sim! Tem um navio enorme lá atrás do farol, Legolas, Silfo e eu o encontramos por acaso. Vamos buscar uma das velas dele, e cordas, para descermos Deedlit pendurada até o chão. Depois a gente a coloca no navio e vamos embora com ele, que é muito mais seguro do que esse barquinho que nos trouxe até aqui!

_ Mas a magia será rápida, talvez dê tempo de trazê-la em segurança antes que aconteça algo novamente!

Mas, por ironia do destino, após Anix dizer estas palavras, o céu foi tomado de um verde intenso que parecia bailar entre as nuvens. E a magia desapareceu por completo. Suas armas mágicas se apagaram, seus poderes deixaram seus corpos. E o pavor tomou conta de todos. Estavam em campo aberto, visíveis a qualquer ameaça, e privado de seus principais poderes. Mas, por sorte, o efeito durou pouco e em segundos tudo voltou ao normal. Os heróis viram seus itens mágicos brilharem com maior intensidade e sentiram a mana mágica transbordando em seus corpos. Squall sentiu toda a força roubada pelo pato da perdição retornar para seu corpo, e todos aproveitaram a chance para curarem seus corpos com suas poções mágicas. Com todo aquele poder extra, era impossível a magia de Anix falhar. Com sorte, talvez ele pudesse teletransportar Deedlit e todos para o continente em segurança. Era uma chance muito boa para ser desperdiçada, e a discussão voltou.

Enquanto Nailo e Anix debatiam, Orion, ouvindo sobre a existência do navio, decidiu olhar com seus próprios olhos a tal embarcação. Enquanto caminhava, lembrava das palavras de Deedlit, sobre a bruxa e o amuleto, e perguntava-se se não iria encontrar a tal bruxa no navio e se ela não iria tentar roubar-lhe o amuleto que carregava. Seria aquele o tal amuleto que a bruxa desejava, e pelo qual tinha atacado os pescadores e feito Deedlit prisioneira? Orion desejava encontrar a resposta, e desejava saber o quanto antes qual a missão que sua deusa tinha lhe reservado no meio daquele grupo de elfos arrogantes que o tratavam com desconfiança. Desejava saber quem era a misteriosa velha que encontrara na cabana da estrada e o que era aquele colar que ela tinha lhe dado. E, mais do que tudo, desejava saber quando encontraria o assassino de sua família, para poder vingar seus parentes mortos.

Perdido em seus pensamentos, Orion chegou ao navio mencionado por Nailo. Sem que ele soubesse, os elfos já se dirigiam para o mesmo lugar. Orion estava diante de uma gigantesca embarcação. Tinha três grandes mastros em seu convés, sendo que o central, e o maior deles, media mais de dez metros de altura. Todas as velas estavam recolhidas e o navio permanecia solitário, ancorado vários metros da costa pedregosa. Com um salto de sorte era possível que ele alcançasse o convés do navio, mas teria de ser um pulo sobre humano. Além disso, se falhasse, cairia entre o navio e o paredão rochoso que descia até a superfície agitada do mar e fatalmente morreria afogado ou esmagado, prensado entre o casco do navio e a costa. Orion decidiu não arriscar. Pegou uma corda e amarrou em seu escudo de aço, e arremessou-o dentro do navio. Puxou lentamente a corda, tentando fazer com que ela se prendesse em algo firme, quando viu os elfos se aproximando, furiosos.

_ Idiota! O que está fazendo! Vai atrair os inimigos! Se tiver alguém ai dentro, já deve saber da nossa presença por sua culpa! – gritavam os filhos de Glórienn.

Orion, cansado de ser destratado por aqueles a quem ajudava, largou a corda e o escudo (que se fixara em alguma coisa, mas não estava firme o suficiente para suportar seu peso) e decidiu saltar para o navio.

Tomou distância e saltou. O corpo do guerreiro, revestido de aço reluzente, alcançou grande altura, mas começou a cair na metade da distância que o separava de seu objetivo. Orion ia cair no mar. Mas, todos foram surpreendidos pelo que aconteceu a seguir.

Uma esfera negra, do tamanho de uma cabeça de criança, veio do navio em alta velocidade. Atingiu em cheio o peito do humano. Canhões! Pensaram os elfos, lembrando-se da jornada que fizeram no mar Negro rumo à ilha de Ortenko. Então, a esfera explodiu e, embora uma bala de canhão pudesse estilhaçar o casco de um navio, uma casa ou outra construção, todos sabiam que balas de canhão não explodiam. Mas aquela explodiu. Detonou em chamas que se espalharam rapidamente e cobriram uma vasta área, atingindo até os que estavam na costa. Parecia até uma magia de bola de fogo, como as que Squall e Anix costumavam usar.

Orion foi arremessado de volta para a ilha.Caiu com violência no chão, sua armadura toda chamuscada e amassada. Todos tentavam ainda entender o que tinha acontecido, quando uma risada vinda do navio lhes chamou a atenção. Um ser pequeno e atarracado, com feições brutas e porcinas surgiu de trás da amurada. Era um goblin. Tinha um lenço amarrado à cabeça, e uma máscara estranha com lentes de vidro cobriam seus olhos. Vestia roupas de couro e tecidos coloridos e calçava botas de cano alto com abas dobradas para se ajustarem às suas pernas reduzidas. E trazia uma porção de itens estranhos pendurados ao corpo. Estranhos objetos de metal, com formas grotescas e utilidade duvidosa adornavam o corpo do pequeno e repugnante ser. Nas suas mãos, uma estranha arma, um tubo fumegante de metal preso a um cabo de madeira, cheio de complexas engrenagens, cabos e gatilhos, exalava uma aura de mistério. Uma arma de fogo! Pensaram todos. Mas, não era uma arma de fogo comum, do tipo que tinham ouvido falar, ou das que o capitão Arthur Tym deveria possuir no Lazarus e igualmente diferente das que o pirata Jack de Forte Rodick usava escondido. Essa era complexa e disparava com a potência de um canhão. Com a potência de uma bola de fogo de um conjurador experiente. Com um ar de superioridade que contratava com sua aparência grotesca, o goblin colocou um pé sobre a amurada da nau e fez-se ouvir numa pilhéria.

_ Vamos lá, seus mandriões! Venham e queimarei seus traseiros um a um! Seus batráquios de orelhas compridas! – e deu uma cusparada no chão e moveu as mãos como se carregasse sua estranha arma.

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