junho 01, 2007

Campanha A - Capítulo 282 – Pato da perdição

Capítulo 282 Pato da perdição

Guardaram rapidamente todas as suas armas, julgando que embainhadas elas estariam protegidas dos efeitos caóticos do reino de Wynlla. Quando decidiram avançar convocados por Anix para irem até o andar térreo, um novo relâmpago invadiu a câmara, fulminando uma das portas num estrondo reverberante. E novamente o ambiente tornou-se esverdeado. Com a nova porta aberta, não tinham outra opção a não ser investigar a tal porta, antes que alguma outra ameaça surgisse através dela para atacá-los. Squall tomou a frente do grupo.

Era um salão de proporções semelhantes ao anterior, paredes e piso de pedra envelhecida e suja. Espalhados pelo chão vários colchões rústicos de palha e panos apodrecidos amontoavam-se pelos cantos das paredes, formando um repugnante dormitório de goblinóides. Mas, ao invés dos esperados goblins, hobgoblins, orcs e outros monstros, havia somente animais dentro do dormitório. Eram galinhas, pardais, porcos, cabras, carneiros e muitos outros tipos de bichos que estranhamente dividiam o lugar. Squall entrou, cauteloso, e foi até o meio do salão. Nailo aguardava por ele, com seus olhos atentos, na entrada.

Squall foi estranhamente recepcionado por um simpático pato, que passou a segui-lo onde quer que ele fosse, de bico aberto grasnando. Como o animal não desistia de acompanhar o elfo, Squall decidiu livrar-se dele, empurrando-o com o pé (dessa forma também teria certeza de que aquilo não era apenas uma ilusão). Mas, ao tocar o animal com o pé, percebeu o tamanho do erro que cometera e o quanto Nimb, ou Wynna ou até mesmo Hyninn poderia ser cruel. Assim como muitas coisas naquele reino eram estranhas, o pato também tinha seu lado estranho.

Squall empalideceu, por um instante ficou mais alvo que as penas do animal. Sentiu o ar sendo retirado dos pulmões à força, queimando-o como brasa. Sentiu seu coração ser apertado, como se uma mão fantasmagórica o espremesse. E sentiu seus poderes abandonando-o. Squall enfraqueceu, teve sua energia sugada pelo animal e por pouco não desfaleceu. O pato, ao contrário, cresceu e se fortaleceu, ficando tão grande quanto um cão pastor.

O animal avançou na direção de Nailo, tentando bicá-lo. O ranger se esquivou e sacou o arco para se defender. Apesar do perigo, não desejava matar o animal.

Squall avançou contra a ave, tentando agarrá-la e reaver a energia roubada, nem que fosse a dentadas. Em sua investida, percebeu algo estranho. Suas mãos estavam cobertas de penas. Eram asas. Squall estava se transformando num pato também. Olhou em volta, e percebeu enfim ao que acontecera na sala. Viu, jogado num canto, um goblin agonizando. Seu corpo se contorcia e se remexia de forma estranha. Seu nariz se alongava e tomava forma de um focinho. Mãos e pés encolhiam transformando-se em patas, roupas fundiam-se ao corpo, formando uma pele rósea e lisa, até que o goblin se transformou em um porco. Uma galinha, que já fora um goblin, pousou sobre a cabeça do elfo, mas Squall ignorou, só tinha olhos para a bizarra transformação. Vendo isso, Squall entendeu que todos na sala eram goblinóides, que haviam se transformado em animais, e correu para fora da sala antes que se transformasse por completo em um pato. Squall atirou-se para fora e sua metamorfose foi se revertendo aos poucos.

Agora que sabia que o pato na verdade era um goblin ou outro monstro qualquer, Nailo disparou suas flechas sem piedade, matando-o antes que pudesse atacar mais alguém. Nailo e Lucano já começavam a arrastar um armário para lacrar aquela sala amaldiçoada, quando Legolas interferiu.

_ Esperem! Quero ver que tipo de animal eu seria!

Legolas entrou na sala, ficando próximo da saída. Seu corpo se contorceu e se transformou. Legolas ganhou asas transparentes, seus olhos se tornaram negros e grandes e suas nádegas começaram a brilhar. O arqueiro estava se tornando um vaga-lume.

Legolas saiu assustado da sala, retornando à forma original. Squall também ficou curioso e mandou cloud entrar na sala. O falcão voou até o interior do ambiente maldito e despencou no chão, enquanto se tornava uma minhoca. Squall salvou seu amigo antes da transformação se completar e Nailo e Lucano fecharam aquele lugar maldito. E, o mais estranho de tudo é que, enquanto estivera dentro da sala, Squall não sentira nenhuma aura mágica no ambiente, como se não houvesse ali magia alguma.

Após o susto, deram uma busca rápida na sala, procurando algo que pudesse ajudá-los a salvar Deedlit. Mas, a única coisa valiosa encontrada foi um diário, que pertencia ao antigo guardião do farol. Nas últimas linhas escritas do livro, o inquilino descrevia a aproximação de um grande navio, o qual ele foi recepcionar e não retornou. Era o navio dos goblins.

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