junho 12, 2007

Campanha A - Capítulo 285 – Engenhoqueiro goblin

Capítulo 285 Engenhoqueiro goblin

_ Vamos ver quem vai queimar quem! – gritou Nailo. Uma flecha partiu de seu arco e foi cravar-se no pé do goblin.

_ Seu orelhudo desgraçado! Furou minha bota! E me machucou! Vou assar você vivo! – praguejou o monstro. – E essas suas flechas não vão mais funcionar comigo, seu verme! – e pegou uma outra arma estranha de sua mochila. Disparou-a apara o alto e inúmeras esferas de metal, do tamanho de um punho, saíram de dentro do cano comprido da arma. As esferas subiram e começaram a cair. E, antes que tocassem o chão, elas se abriram e pequenas hastes com hélices metálicas se projetaram para fora de cada esfera, girando velozmente. E cada esfera passou a flutuar ao redor do goblin, uma hélice apontada para o alto, sustentando-a, outra apontada para frente, como se protegesse o goblin. – Podem disparar quantas flechas quiserem agora, seus imprestáveis!

_ Vamos ver se elas não vão funcionar! – Legolas gritou em desafio e disparou duas flechas, quase simultâneas. Sua mão era firme como rocha e os projéteis saíram em altíssima velocidade, traçando um rastro de minúsculos cristais de gelo pelo ar. Peito e pescoço. As setas atingiram o alvo com grande violência, e o inimigo vomitou sangue e sentiu a garganta ser recoberta por uma camada de gelo.

_ Maldito! Vai me pagar por isso! Será o primeiro a morrer! – vociferou o monstro, engasgado com o próprio sangue.

_ Cale-se, seu desgraçado! Vou tirar suas forças! Arëmikeali – Squall apontou a varinha mágica e um raio negro saiu de sua ponta, mas a criatura reagiu rápido, evitando o disparo com facilidade. Squall praguejou.

_ Qual seu nome? – gritou Anix.

_ Pergunta pra sua mãe, que está aqui no convés, nua! – respondeu o inimigo. Deu um sorriso ao ver a reação do mago. – Ta bom! Eu sou Grinch! Guarde este nome! Pois é o nome do cara que vai te matar, seu orelhudo imprestável!

_ Pois então segure isso, seu maldito! Dare bia natha!!! – Anix apontou a mão para o goblin e uma pequena pedra flamejante voou em sua direção. Parecia prestes a explodir e Anix sabia qual seria o resultado daquilo no meio daquela tempestade de magia caótica, sabia que seus poderes mágicos estavam ampliados, sentia que a sorte estava a seu lado. Nimb apenas sorria.

Uma explosão se formou, envolvendo metade do convés da embarcação e avançando para a ilha além daquilo que Anix previra. Por pouco Nailo não foi ferido também. A explosão fez o navio tremer e chacoalhar, o mastro principal ficou enegrecido. No meio de todas aquelas chamas, o goblin pulava de um lado pra outro, se jogava no chão, levantava, dava cambalhotas. Parecia desesperado, queimando no meio do fogo maximizado pelo estranho clima de Wynlla. Mas, ao se dissiparem as chamas, o goblin permanecia em pé, sem sequer um arranhão. Estava ileso.

_ O que você queria me mostrar, orelhudo? Sua mãe sabe fazer coisas melhores que isso! – provocou o monstrinho. Squall se enfureceu.

_ Não fale assim da minha mãe!

_ Ora, ela não liga! Vem perguntar pra ela aqui no convés!

Enquanto discutiam, Lucano clamou por sua deusa e seu corpo foi tomado de um brilho intenso. Correu até a beirada do pequeno penhasco que era o fim da ilha e saltou, superando sem dificuldade os vários metros que o separavam do navio. Pousou no meio do convés.

_ Ora, veio ver a mãe deles? – provocou o monstro, se dirigindo a Lucano.

_ Não! Vim acabar com você! – foi a resposta do clérigo. Dililiümi tremia e brilhava em suas mãos.

Orion se levantou, com muita dificuldade e com o corpo ferido e queimado. Pegou uma poção mágica para restaurar seu vigor, enquanto Nailo aumentava o seu próprio magicamente e sacava suas espadas. Anix ainda discutia com o goblin.

_ Ah! Cansei de você! Cale essa boca, seu orelhudo chato! – Grinch sacou outra arma estranha, um pedaço de cano preso a um cabo de madeira com uma manivela. Tinha duas pontas afiadas na frente, eram como duas flechas, mas estavam ligadas por uma pequena haste. O goblin pressionou um gatilho, as duas setas foram disparadas em grande velocidade e se fincaram no peito de Anix. O monstro girou a manivela e uma faísca saiu da arma, percorrendo um fio metálico que a ligava às setas cravadas em Anix. Era um relâmpago. O mago tombou, fulminado pela descarga elétrica. Grinch gargalhou.

Legolas disparou seu arco novamente, mas o monstro se esquivou de todos os ataques e riu do elfo. Squall mandou Cloud atacar, e com sua mágica aumentou a força física de Nailo. O pássaro voou num rasante sobre o inimigo, cuspindo fogo sobre ele. O goblin deu uma cambalhota para trás, escapando das chamas sem dano algum. Riu novamente.

_ Idiotas! Não dão conta do recado e mandam esse passarinho vir me atacar! Vou fazer espetinho com esse pardal idiota!

_ Cale a boca! – Era Lucano. Dililiümi ardeu e sua lâmina flamejante golpeou o estômago da criatura. As chamas aumentaram furiosamente, e o sangue do monstro brotou farto.

_ Desgraçado! Agora o primeiro a morrer vai ser você! Não vai mais encostar em mim! – Grinch saltou para longe de Lucano, dando piruetas no ar. Mexeu em sua mochila e pressionou um outro gatilho. Uma enorme hélice surgiu, girando sobre a cabeça do goblin, e ele voou. – Agora você não chegará nem perto de mim!

Orion dava a Anix a poção que ele pretendia tomar, salvando o elfo da morte. Nailo lançava sobre si mesmo outra magia, para também saltar no navio, assim como Lucano. Legolas retesava a corda de seu arco. Então o céu rugiu.

Um relâmpago. Um trovão. E o céu tornou-se verde. O cheiro de cloro juntou-se ao da água salgada e a magia se foi. As armas mágicas se apagaram e os heróis sentiram-se mais fracos. Desesperaram-se.

Legolas disparou suas flechas. Mas, desta vez, foram desviadas pelas esferas que flutuavam ao redor do monstro. Squall enfiou uma poção mágica na boca de Orion, mas ela não fez efeito. Anix levantou e correu, não sentia mais seus poderes, era assustador.

Lucano correu, e saltou para atacar o dispositivo de vôo do monstro. Grinch foi mais rápido e golpeou a cabeça do clérigo com sua arma. Mas o elfo resistiu à dor e prosseguiu no ataque, atingindo em cheio o estranho aparato que mantinha o goblin no ar. E Dililiümi quase quebrou. Nailo, Orion, e todos os outros ficaram paralisados.

_ Há! Há! Há! Isso que dá dependerem de magia! Seus batráquios! Orelhudos inúteis! Eu já não tenho desses problemas! Minhas engenhocas não dependem dessa porcaria! Isso não é feitiçaria, é tecnologia! Agora vocês vão se ferrar, seus vermes! – Grinch levantou vôo com sua engenhoca sinistra. Lucano o atacou novamente, rasgando a mochila que ele tinhas nas costas. Mas, nada caiu da bolsa. – Orelhudo desgraçado! Rasgou minha mochila do espaço etéreo! Perdi minhas engenhocas! Vou matar vocês todos por isso! – Do alto, o engenhoqueiro pegou outra arma, que tinha presa à perna, um cilindro metálico comprido, preso a um cabo de madeira, havia alavancas e manivelas por todos os lados. Pressionou um gatilho, engrenagens giraram e uma esfera cinzenta foi disparada, explodindo próximo ao chão, ao lado de Orion.

Um estranho pó se espalhou, criando uma névoa espessa, quase sólida, que envolveu Orion, Squall, Anix e Legolas. Os olhos dos heróis arderam como se tivessem sal, seus pulmões queimaram como se em chamas, e seus corpos e suas armas e armaduras começaram a derreter. Era ácido.

Legolas correu para longe da névoa ácida, enfiou a mão em sua bolsa marrom e arremessou uma bola felpuda que se transformou em um lobo. O animal espreitava logo abaixo do goblin voador, esperando que ele caísse. Orion caiu, desmaiado, mas foi salvo por Squall, que o arrastou para fora da nuvem corrosiva. Anix fugiu para fora da nuvem, enquanto Lucano tentava usar a arma elétrica que o monstro deixara caída no convés do navio após quase matar Anix com ela.

O engenhoqueiro ganhou altura e transpôs a faixa de água e penhasco que separava a ilha do navio. Em poucos segundos, estava sobre Legolas. Os heróis tentavam ainda se recuperar dos efeitos nocivos do ácido lançado pelo inimigo, Nailo mirava-o, tentando prever o local onde pousaria para atacá-lo, se é que ele retornaria ao chão. Então, o destino lhes sorriu. Um relâmpago cortou o céu verde e a benção de Wynna voltou a se derramar sobre os aventureiros. A magia voltara.

_ Tome isso, inseto orelhudo! – Grinch disparou outra de suas armas sobre Legolas. Um estranho pó amarelado caiu sobre ele, em grande velocidade, penetrando em sua pele, olhos e narinas. Legolas começou a rir e soluçar, como se tivesse ouvido alguma anedota engraçada. Mas, o arqueiro percebeu o intento do monstro e se controlou antes que fosse tarde demais. Engoliu o riso e disparou duas flechas encantadas no inimigo, trespassando seu corpo. Grinch finalmente demonstrou sinais de cansaço.

_ Squall prepare-se para lançar seus mísseis mágicos ao meu sinal! – gritou Anix. O mago, de posse novamente de seus plenos poderes, entoou um feitiço e desapareceu no ar. Teletransporte.

Anix surgiu novamente, no mesmo instante, no alto, atrás do goblin. Agarrou-o pelo pescoço, tentando impedi-lo de usar suas armas novamente, e o peso dos dois se somou para fazer com que o dispositivo de vôo começasse a retornar ao solo, gradativamente.

_ Agora!!! – gritou Anix.

Squall lançou seu feitiço e projéteis de energia saíram de seus dedos, serpenteando pelo ar, e atingiram o corpo de Grinch. Não longe dali, no navio, Lucano evocou o nome de Glórienn, e uma espada de luz surgiu acima de sua cabeça, para fulminar o pequeno monstro com um raio mágico.

Ferido e humilhado, o engenhoqueiro goblin amaldiçoou os heróis, largou a arma que disparava bolas de fogo, sacou uma pequena arma pendurada na perna direita e a disparou para trás, tentando atingir Anix. O mago tentou se desviar do disparo, mas, para sua sorte, o projétil se chocou contra o corpo do próprio Grinch. Era uma pequena esfera rosada que explodiu ao se chocar no ombro do seu criador. A bola se expandiu e inchou, como um imenso balão, e envolveu os corpos de Anix e Grinch, fechando-se sobre eles. Os dois ficaram presos, dentro de uma enorme esfera rosada translúcida e flexível. Os pequenos globos que flutuavam ao redor do monstro foram envolvidos e esmagados pela esfera e ficaram destruídos. A hélice do aparato voador de Grinch se enroscou na parede da esfera, quebrando-se, e os dois despencaram. Chocaram-se violentamente contra o solo, Anix desmaiado, Grinch perto disso.

Legolas saltou sobre o globo com sua faca de caça, tentando rasgá-lo, mas não conseguiu sequer arranhar o objeto. Squall tentou com sua espada e obteve o mesmo resultado. Lucano saltou de volta para a ilha, pronto para matar o monstro e salvar a vida de Anix. O humano Orion tinha menor importância para todos, embora estivesse em pior estado.

O céu brilhou verde novamente, e uma muralha feita de energia pura surgiu no meio do oceano, brilhante. Quatro criaturas elementais de enorme tamanho, compostas apenas de água, surgiram sobre a ilha e mergulharam nas águas turbulentas. Gotas de chuva transformavam-se em mariposas de fogo, antes de sequer se aproximarem do solo, iluminando a noite escura. O reino da magia parecia saldar a visita dos heróis com seus fogos de artifício exóticos.

Em meio a todo esse caos mágico, Nailo apanhou do chão a arma mais perigosa de Grinch, a mesma que disparara um projétil explosivo no peito de Orion. Encostou o cano da arma na bolha e pressionou-o até amassar a parede flexível e cobrir o cano por completo. Disparou. Um enorme estrondo foi ouvido, e as chamas espirraram pela lateral da bolha, ferindo o ranger e Squall, que estava mais próximo. O globo finalmente foi furado, e o ar que estava dentro dele começou a vazar, lentamente. Grinch amaldiçoou uma última vez os heróis, e desfaleceu.

Legolas deu um pontapé na boca do inimigo abatido, e Squall enfiou a mão na abertura da bolha e puxou a cabeça de Grinch pra fora, agarrado pelo pescoço. O feiticeiro mostrou suas presas, e Nailo tentou segurá-lo e impedi-lo, mas já era tarde. Squall rasgou a garganta de Grinch a dentadas, retirando o pouco que restava de vida no goblin engenhoqueiro.

Nailo protestava, enfurecido. Queria manter o goblin vivo para interrogá-lo e descobrir mais sobre ele e seus companheiros. Num ímpeto de raiva, no calor da discussão, desferiu um soco no rosto de Squall. Cheio de cólera, o feiticeiro energizou sua espada, seus olhos brilharam vermelhos, sua lâmina era fogo. A espada de Squall rasgou o peito de Nailo e bebeu seu sangue com fartura. Nailo nada fez. Continuou se afastando do grupo, segurando o ferimento que sangrava, e foi ajudar Orion. Ainda cheio de ira, Squall rasgou o que restava da bolha, abrindo caminho para Lucano curar os ferimentos de Anix. O mago despertou, quase ao mesmo tempo em que o humano, e os dois se juntaram ao grupo para inspecionar as estranhas armas portadas pelo goblin. Ao menos, o que havia restado delas.

Um comentário:

  1. Bah! Engenhoqueiros Goblins são super legais! Tive o prazer (e desprazer) de lutar com um em uma mesa de RPG, bixinho danado de matar rapaz! Puxava engenhocas que pareciam tiradas daqueles animes malucos! rsrsrrsrs...
    Continue assim, seus textos estão melhorando!
    -Escriba.

    ResponderExcluir