agosto 30, 2007

Campanha A - Capítulo 292 – Encontro com o Senhor dos Mares

Capítulo 292 Encontro com o Senhor dos Mares

Latnemeleangus, o guardião, tornou-se um com a água que inundava o túnel, desfazendo-se de sua forma humanóide e se unindo ao mar para formar um turbilhão. A forte corrente envolveu e arrastou os três escolhidos que o acompanhavam, numa velocidade estonteante, percorrendo diversos túneis tortuosos e escuros. Os três tentavam com esforço entender e memorizar o caminho que percorriam, ainda que isso fosse dificultoso pela velocidade e escuridão. Mas logo as trevas foram quebradas por uma forte luz que se fazia presente no final do caminho e envolvia todo o perímetro do túnel. Latnemeleangus e os três aventureiros atravessaram a luz, e num instante estavam em outro lugar, em outro mundo.

_ Olhem jovens escolhidos! Este é Pelágia, o reino de Oceano! – disse o elemental, imponente.

Nailo, Orion e Squall olharam ao redor. Estavam dentro de um imenso oceano, de dimensões incalculáveis e impressionantes. Havia enormes corais e algas que cresciam no fundo, muitos metros abaixo dali. Um sol tímido e difuso brilhava acima de suas cabeças, centenas de quilômetros acima de suas cabeças, mostrando que naquele lugar, além de mares infindáveis, também havia céu. Atrás deles havia apenas um disco luminoso, flutuando sob a água e emitindo uma luz alva. O portal. Não havia sinal de montanha ou caverna ali, o portal permanecia, imóvel, suspenso na água.

Um gigantesco molusco passou ligeiro, nadando diante dos heróis, causando pequenos maremotos enquanto se deslocava. Um peixe com mais de trezentos metros de comprimento, de presas do tamanho de prédios e olhos do tamanho de casas, perseguia o molusco, tentando devorá-lo. Tudo enorme e fantástico, e no entanto, os três não sentiam o pavor que deveria ser esperado, frente àquela grandiosidade toda. Ao contrário, sentiam-se muito bem, confortáveis naquele lugar. A água, apesar de estarem em profundezas maiores que a mais funda fossa de Arton, era quente e aconchegante, e transmitia um bem estar e confiança, como o abraço de alguém muito querido era capaz de fazer.

_ Então esse é o reino do seu deus? Incrível!!! – admirou-se Orion.

_ Fantástico! E, me diga, aqui existe a Tormenta? – perguntou Squall

_ Claro que não! Aqui é um lugar abençoado, protegido pelo Grande Oceano! – respondeu Latnemeleangus.

_ Falando em seu deus, será que você poderia levar uma mensagem minha até ele? Eu tenho uma pergunta para fazer! – pediu Nailo.

_ Pois então faça sua pergunta, Nailo! O Grande Senhor das Águas está ouvindo! – disse o elemental, estendendo seu braço adiante, com reverência.

_ E onde está ele? – indagou o ranger.

_ Está bem aqui, agora, neste lugar, em todos os lugares! Ele é este lugar! – explicou o guardião. Todos ficaram boquiabertos e finalmente entenderam porque tinham aquela sensação boa ao entrar em contato com aquelas águas. Aquele mar todo era o deus Oceano. Ele os rodeava, os envolvia, tocava e preenchia, ele estava em tudo e todos.

_ Ó Grande Oceano! Tenho uma pergunta a lhe fazer! O senhor que conhece tudo que se passa nos mares, diga-me se meu amigo Sairf está aqui? – perguntou Nailo.

_ Não! O mago Sairf Ridlav não está aqui! Ele está muito distante daqui, em Arton, e muito distante do reino onde vocês estavam! – uma voz que parecia vinda de todos os lugares e lugar nenhum ao mesmo tempo, ecoou como uma trombeta por todos os lados.

_ E o que ele faz? Ele irá nos trair? – perguntou novamente o ranger. Squall estranhou a pergunta, mas Nailo lhe explicou que, após a traição de Zulil, sua confiança nas outras pessoas, especialmente as que se separavam deles, estava abalada.

_ Se Sairf irá traí-los ou não, isso será ele quem decidirá! Mas no momento ele não trai nenhum de vocês, neste momento ele apenas persegue o seu próprio destino! E, não se preocupe, pois vocês irão revê-lo um dia, e esse dia está se aproximando! – a voz de Oceano novamente voltava a preencher todo o lugar.

_ Grande Oceano! Saberia me dizer o que é esse amuleto que eu carrego? – perguntou Orion, mostrando o pingente para o mar.

_ Quando chegar o devido momento, você descobrirá o que este objeto faz! Não posso lhe revelar isso neste momento!

Orion guardou seu amuleto, conformado e confiante.

_ Senhor! Somente as criaturas aquáticas vivem aqui? Não existe ninguém como nós, do mundo seco, vivendo por aqui? – indagou Nailo.

_ Sim, há pés secos aqui! Eles vivem lá em cima, na superfície! Da mesma forma que acontece com as criaturas aquáticas, aqueles do mundo seco que são fiéis a mim, vêm para cá depois que suas vidas em Arton terminam!

_ Senhor! Tenho um pedido a lhe fazer! Poderia nos dar alguma coisa, alguma prova de que falamos com o senhor? Alguma prova para que se, algum dia, encontrarmos algum dos seus servos, nós sermos reconhecidos como aliados e não como inimigos, assim como aconteceu com o guardião? – pediu Squall.

_ Isso não é necessário! Quando chegar o momento de retornarem aqui, e vocês voltarão a esse lugar algum dia! Quando esse dia chegar, Latnemeleangus não os impedirá! Mas vocês receberão algo, será a única ajuda que lhes darei! Vocês até agora provaram seu valor, e se continuarem a fazê-lo, superando as dificuldades cada vez que eu os testar, receberão novamente minha ajuda!

Então, seis pequenos redemoinhos se formaram diante dos heróis. As águas giravam cada vez mais rápido, condensando os pequenos redemoinhos mais e mais, reunindo grandes quantidades de água em pequenos pontos, até que pararam de girar. Seis gotas d’água, do tamanho de polegares, se formaram diante do grupo. Eram feitas de água, e pareciam sólidas e líquidas ao mesmo tempo. Da extremidade mais fina de cada uma saia uma corrente de gotas de água trançadas magicamente para formar um colar magnífico.

_ Peguem cada um de vocês um pingente e levem os que sobrarem para os que os aguardam em Arton! – ordenou Oceano.

_ Sim, senhor! Por acaso isso nos concederá o poder de respirar na água? – disse Nailo.

_ Não! Agora vão e cumpram seu destino! E um dia nos encontraremos novamente, quando vocês retornarem a meu reino! Adeus! – despediu-se o deus. Os três temeram que o dia do reencontro fosse o dia de suas mortes, já que somente os que morriam em Arton iam para os reinos dos deuses. Mas não tiveram tempo de perguntar mais nada. Uma forte onda os empurrou para além do portal, através do túnel, até a câmara onde Anix e Lucano aguardavam. Nailo e os outros contaram o que havia acontecido e entregaram aos amigos os colares dados por Oceano. Um turbilhão d’água invadiu a câmara logo depois. Era o guardião.

_ Partam em paz, filhos de Glórien! Mas antes, trago-lhes uma última mensagem de meu mestre! Essa será uma das poucas vezes que ele interferirá e lhes dará ajuda, portanto aproveitem-na sabiamente! O Grande Oceano em pessoa mandou avisar-lhes para que abrandem seus corações para com o humano que os acompanha! Ele também é um escolhido, assim como vocês, e nele vocês podem confiar! Ele se juntou a vocês todos para ajudá-los em sua missão! Agora partam! Não revelem a ninguém a existência desse lugar! E nos encontraremos em breve! Adeus! – Latnemeleangus falou com sua voz de tempestade e partiu, retornando pelo túnel que levava até Pelágia. Lucano, Orion, Anix, Nailo e Squall foram reunir-se com Legolas, nos destroços do Trinidade.

O arqueiro carregava um baú e o corpo de Silmara, e já nadava em direção à superfície. Os outros se juntaram a ele, Orion o ajudou a carregar o pesado fardo, e todos retornaram à superfície. Lá em cima, fora dos domínios de Oceano, uma terrível surpresa os aguardava. O navio pirata, do qual Legolas pretendia se apossar, não estava mais lá. Enquanto estiveram submersos, algo muito ruim acontecera fora da água.

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